28 de mar. de 2013

Projeto Rio Sesmaria convida


Projeto resgata feijão guandu no Vale do Paraíba


Sustentabilidade: Produto entra no cardápio da iniciativa “Retratos do Gosto”, lançada por Alex Atala. Projeto resgata feijão guandu no Vale do Paraíba; Bettina Barros. De Pindamonhangaba (SP)




Ele tem cor e forma de uma lentilha, mas é um feijão.  Desconhecido de grande parte dos brasileiros, o feijão guandu pode sair do anonimato com a chegada ao cardápio de grandes chefs de cozinha que provaram e gostaram dessa variedade que começa a ser resgatada no Vale do Paraíba, em São Paulo.

Mais que o apelo de ser um produto "novo" nos restaurantes, o resgate do feijão guandu tem por trás um forte componente social e ambiental.  O primeiro lote experimental, de 300 quilos, inaugura a sua participação no "Retratos do Gosto", projeto lançado há um ano pelo chef Alex Atala como tentativa de resgatar produtos do campo que foram esquecidos no tempo - ou preteridos por culturas comercialmente mais rentáveis do agronegócio.  E ainda fomentar pequenos produtores, preferencialmente próximos à capital paulista, na esteira de um movimento gourmet global de compra de alimentos frescos e de origem conhecida.

O feijão é o quarto produto do "Retratos", que estreou com uma variedade de miniarroz também do Vale do Paraíba, o cacau Pará-Parazinho produzido na Bahia (originário da Amazônia e hoje raro no país) e uma farinha de milho caipira da região de Lindoia.

Diferentemente dos outros, porém, sua produção tem benefícios extras: o guandu está sendo plantado no sistema agroflorestal, que mistura culturas agrícolas com culturas florestais de valor comercial.  Na Fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba, onde a experiência está sendo realizada, o guandu é consorciado com mandioca, banana, araruta (tubérculo usado como farinha e espessante), palmito e o guanandi, árvore da Mata Atlântica que tem uma madeira com alta resistência à agua.

"Queremos mostrar que é possível aos outros agricultores voltar às culturas agrícolas plantadas antes da industrialização da região", afirma Patrick Assumpção, dono da fazenda e entusiasta da formação de uma rede de produtores agroflorestais no Vale do Ribeira.  "O que falta ainda é informação".

Herdeiro da fazenda centenária - um emblema de Pindamonhangaba por sua importância econômica à cidade nos tempos em que ali havia uma fábrica de papel e celulose, vendida nos anos 80 -, Assumpção chegou ao feijão guandu graças à decisão de diversificar a produção de eucalipto até então predominante na Coruputuba e no Vale como um todo.  Após muita pesquisa, apostou na guanandi (Calophyllum brasiliense), que se estendeu dos mangues do Sudeste à serra mineira, e na acácia (Acacia mangium), outra nativa.  Hoje, 28 hectares da fazenda estão cobertos pelo guanandi, 50 pela acácia e outros 50 hectares com plantação de eucalipto.

O consórcio com outras plantas teve início há dois anos, no âmbito do programa de pós-graduação do pesquisador Antonio Device, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e funcionário da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), ligada à Secretaria de Agricultura.  Assumpção entrou com terra e disposição.  O custeio do plantio é da APTA e as análises de solo e físico-químicas são feitas nas instalações da UFRRJ.

A árvore escolhida foi o guanandi.  Assumpção tem lotes com guanandis "solteiros" e "casados" com pão-viola, imbiruçu, aroeira e angico preto e branco, além das variedades agrícolas, sendo a mandioca, o palmito, a araruta e o guandu as mais promissoras.  Mais recentemente, introduziu árvores de frutas menos populares, como o umbu.  "Estamos testando para ver se são economicamente viáveis aqui", diz o empresário-produtor.

Segundo ele, o ambiente saudável propiciado por essa diversidade, associado ao manejo correto (o espaçamento necessário entre as mudas, o raleio para evitar competição por sol), antecipou o corte do guanandi em dois anos.  Assim, ele recebe mais cedo com a venda da madeira, seu ganha-pão, mas usufrui de mais opções comerciais.

"Vi o que o pessoal do Retratos estava fazendo e fui atrás.  Eu também tenho resgatado culturas agrícolas", diz.  Da ligação telefônica resultou o primeiro embarque de guandu no início de março.  





"Nos pareceu um produto interessante porque pode mudar a realidade local", diz Bruno Zucato, gestor da Mie Brasil, empresa que desenvolve marcas na área de alimentos e parceira essencial ao "Retratos do Gosto".  "Essa iniciativa deve incentivar os produtores vizinhos a investir no sistema agroflorestal e fortalecer a rede".

Nas mãos da Mie, o feijão de Pindamonhangaba ganhará embalagem apropriada, rótulo e logotipo que permitirão a sua entrada nos dois pontos de venda do projeto - o Santa Luzia e a loja do restaurante Lá da Venda, da chef e escritora Heloisa Bacellar, em São Paulo.

Segundo Zucato, a proposta é sempre associar o produto a um chef que tenha ligação com o campo.  Preço combinado - acima do praticado no mercado, diz Assumpção -, a condição para manter a parceria é que 25% do lucro líquido das vendas seja direcionado pelos produtores a programas sociais ou de assistência técnica.


Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 26/3/2013 (21:5) - Página 15

6 de mar. de 2013

IPEMA promove Curso de Habitações Sustentáveis com Marcelo Bueno


Oportunidade: Curso de Habitações Sustentáveis
A Permacultura é uma poderosa ferramenta para se atingir a sustentabilidade necessária para a nossa sobrevivência no planeta neste novo milênio.
Este curso oferece um despertar para práticas simples de planejamento onde você possa utilizar em sua casa, na sua vida e começar a caminhar em busca da sustentabilidade ecológica.
O curso visa a capacitar as pessoas para projetarem e reformarem suas casas, para que se tornem o mais sustentável possível, mesmo vivendo em uma cidade. Fonte: IPEMA