24 de set. de 2014

Mutirão Agroflorestal - Daniel e Raimunda

Relato de vivência
MUTIRÃO AGROFLORESTAL NO ASSENTAMENTO NOVA ESPERANÇA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP.
Lote 24 do casal Daniel da Silva e Raimunda de Andrade

chegada do pessoal, as mudas, sementes para o plantio... 



Resumo da vivência do agricultor: Daniel da Silva realiza a produção orgânica e convencional no lote 24. Sua família tem origem na área rural, mas trabalhou muitos anos em fábricas de Suzano/SP, passando a integrar o MST e vindo a ser assentado em São José dos Campos, onde vive eminentemente da agricultura de pequena escala em bases quase sustentáveis. Anteriormente (2011), participou de trabalho promovido pelo ITESP – Instituto de Terras do Estado de São Paulo com apoio da APTA – Polo Vale do Paraíba, realizando o plantio de novas variedades de mandioca amarelas do IAC – Instituto Agronômico de Campinas, ricas em vitamina A, que ainda conserva. Em 2013, integrou o grupo de técnicos e agricultores que elaborou de maneira participativa o projeto ‘Regeneração: religando o homem à natureza’ submetido ao PDRS-Microbacias II, indeferido pela SMA-SP, e que está sendo conduzido de maneira altruísta e independente por técnicos e produtores vinculados à Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, agricultores vinculados ao MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, APEP – Associação de Produtores Ecológicos de Pindamonhangaba, APROVAP – Associação de Produtores Orgânicos do Vale do Paraíba e INCRA/IBS – Instituto Biossistêmico.

Resumo do mutirão
Preparo do solo: o plantio do SAF se deu em uma roça de mandioca de 60 dias. A braquiária espontânea foi capinada previamente e o agricultor já havia aberto os berços de banana (4x4m), adubados com cinzas, composto orgânico e calcário. O solo arenoso estava bastante solto e um pouco compactado em profundidade (20cm). O plantio se deu em linhas intercaladas com a banana. Na linha da banana introduziram-se arbóreas frutíferas, adubadeiras (pioneiras e secundárias iniciais) e do futuro (secundárias tardias e climácicas). Nas entrelinhas, contendo a mandioca, intercalou-se uma linha central de cana alternada com margaridão. A adubação verde foi misturada em coquetel e adicionada nos berços de banana, florestais e entrelinhas de mandioca. Ainda plantou-se taro (Colocasia esculenta), araruta ou açafrão nos berços de banana.

Avaliação: positiva, os grupos trabalharam de maneira mais organizada porque o plantio foi facilitado pelo agricultor Daniel, que já havia planejado previamente o sistema e aberto os berços para o plantio das bananeiras BRS Conquista e IAC 2001 (prata).

Visita à propriedade: após a troca de sementes foi feita uma visita à propriedade. Cota abaixo do SAF instalado, observamos o bananal decadente em meio a forte estiagem, porém, conservando o ambiente úmido com vegetação de sombra, muitas taiobas e major gomes (PANCs – Plantas Alimentícias Não Convencionais), sendo esse um local ideal a ser convertido em SAF, dado o farto material orgânico da bananeira para adubação verde (bananagel). Adiante, contornando a estrada que passa logo abaixo, a roça de maracujá solteiro, ainda com herbicida. Sugeriu-se plantar o amendoim forrageiro (Arachis pintoi), tendo em vista que controla as plantas invasoras indesejáveis, aporta nitrogênio por meio da simbiose com bactérias que fazem a nodulação nas raízes, descompacta camadas sub-superficiais do solo adensadas, melhora a infiltração da água no solo e combate a erosão. Adiante, visitou-se a horta orgânica, que mistura hortaliças convencionais e PANCS. O sistema elaborado pelo próprio agricultor para captação de água e irrigação deveria servir de exemplo para todos os demais assentados, especialmente, para àqueles que não dispõem de água na propriedade. Daniel desenvolveu um sistema de fertirrigação por aspersão muito simples e de fácil manejo. A água é captada por meio de mangueira a 500m de distância, abastece um reservatório, é bombeada para uma caixa d’água no alto do morro e segue para irrigação. Uma vez por semana adiciona em outra caixa de passagem menor o esterco de aves dentro de um saco de cebola, que permanece submerso por dois dias. A mistura é coada e bombeada para a caixa maior no alto do morro e segue para a fertirrigação. Quando há pragas, adiciona à caixa de passagem uma planta de mamona picada no mesmo saco, deixando de molho e seguindo o mesmo tratamento de aspersão. Ainda que seja aspersão convencional, cujo uso da água é abundante, Daniel relata que não precisa fazer muitas irrigações na semana, porque o uso de composto e a adubação orgânica via fertirrigação deixa as plantas mais resistentes à seca. Seu interesse pelo SAF está relacionado à necessidade de aperfeiçoar a fruticultura (banana e citros, principalmente), combater o fogo com quebra ventos, conservar o solo, criar um ambiente mais agradável e substituir os insumos químicos para um sistema mais equilibrado.

Tecnologias em debate: revisitaram o plantio em mandala, separaram as mudas para o plantio, porém, não houve facilitador e interessados em vivenciá-la.

Troca de sementes: após a reunião de avaliação/confraternização realizou-se a troca de sementes e de fascículos da Revista Agriculturas da AS-PTA (Acessoria de serviços e Projetos em Tecnologias Alternativas), também, disponível no endereço eletrônico, 
<http://aspta.org.br/revista-agriculturas/> 
Disponibilizadas pela APTA – Vale do Paraíba, os agricultores levam as revistas para suas casas comprometendo-se em realizar a leitura, muitas vezes com a ajuda dos filhos em função da baixa formação escolar, depois realizam a troca e os relatos dos novos aprendizados.


Relatores: Antonio Devide – pesquisador da APTA, membro da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba


visitando a área destinada para o SAF. Daniel já havia adiantado o serviço.

O pessoal trabalhando em grupos, no plantio.

Muitas mudas produzidas pelos próprios agricultores, outras trazidas por membros da Rede Agroflorestal.

Adagilson PT abrindo sulcos para o plantio de cana/margaridão e adubação verde, que veio sendo plantada pelo seo Geraldo.


Visita à horta orgânica.


Daniel mostrando a captação de água, a caixa de passagem com adubo orgânico e adiante a caixa maior para irrigação/fertirrigação.
Horta sendo irrigada.

Troca de sementes e revistas












10 de set. de 2014

MUTIRÃO AGROFLORESTAL NO ASSENTAMENTO NOVA ESPERANÇA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP

DATA: 17/09/2014

Horário: 8-17h


Lote nº 51 de Adagilson e Maria Lúcia no Assentamento Nova Esperança - SP



Resumo: Mutirão agroflorestal no Assentamento Nova Esperança, São José dos Campos, no lote do casal Adagilson e Maria Lúcia, agricultores familiares protagonistas nos encontros organizados pela Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e colaboradores. 

O objetivo desse mutirão é implantar um SAF com sementes e mudas florestais, com agricultores locais, ressaltando o protagonismo destes na solução dos problemas, apoiando-os com informações técnicas, acesso às coleções de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), adubos verdes e sócio-biodiversidade de espécies nativas e exóticas, incentivando a troca e o compartilhamento desses recursos.


Endereço: Saindo pela Rodovia Dutra em direção ao Centro de São José, segue para a Via Norte em direção ao Bairro Alto da Ponte. O ponto de referência é o Clube Luso Brasileiro na Estrada Pedro Moacir de Almeida, km 13. No final do asfalto, sair na 1ª esquerda e está no Assentamento Nova Esperança, segue subindo pegando à direita. Quem vem de Caçapava, é na 1ª entrada.

Contato: Adagilson/Maria Lúcia (12) 99779-9776 (agendar inscrição/alimentação). 
Trazer SEMENTES FLORESTAIS e mudas para o plantio e troca. 
Trazer ferramentas próprias (cavadeira/enxadão) e utensílios (caneca/prato/talher).