31 de mai. de 2019

Capacitação Pedagógico-Profissional em Agroecologia

Curso de Longa Duração
Carga horária: 160 horas
Primeiro módulo: 04, 05 e 06/06/2019 na APTA em Pindamonhangaba/SP







EXPERIÊNCIAS:PRÓXIMOS MÓDULOS









29 de mai. de 2019

Agricultura orgânica no Brasil

Um estudo sobre o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos

Autores: Vilela et al. 2019

Publicação da Embrapa Territorialidade mostra a evolução da certificação orgânica no Brasil.

Tendo em vista a perda crescente de solo em terras aráveis usadas em monocultivos de
grande escala e a alta eficiência energética dos pequenos produtores rurais, fica evidente
a necessidade de adotar sistemas de produção de base ecológica para produzir e distribuir
alimentos (Khatounian, 2001, Bai et al., 2008, FAO; ITPS, 2015).

A agricultura orgânica, por meio de sistemas de produção baseados em Agroecologia, Permacultura, Agricultura Biodinâmica, Agricultura Sintrópica, Agricultura Natural, [SISTEMAS AGROFLORESTAIS] entre outros, tem o potencial de catalisar a produção de alimentos de forma sustentável e de maneira energeticamente muito mais eficiente." (Vilela et al, 2019)


Figura 1. Mapa representativo da participação dos sistemas de certificação (certificação por auditoria, Opac e OCS) por estado em 2017 .

Histórico da certificação

A história do mercado de orgânicos no Brasil começou a ser expressiva no início da década de
1990, com destaque para o pioneirismo das iniciativas criadas pela Associação de Agricultores
Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (Abio) em 1985, pela Cooperativa Ecológica Coolmeia
de Porto Alegre em 1989, e pela Associação de Agricultura Orgânica (AAO) de São Paulo em
1991 (Baptista da Costa et al., 2017).

Entenda a certificação

A normatização do mercado interno veio com a lei federal sobre a produção e comercialização dos
orgânicos, Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003 (Brasil, 2003), e com a sua regulamentação
pelo Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007 (Brasil, 2007). A regulamentação impulsionou
o setor no Brasil, que cresceu 25% em média ao ano desde 2009 e movimentou um total de
R$ 3 bilhões em 2016 (Bacoccina, 2017). A lei estabeleceu o uso do selo SisOrg para os produtos
certificados (Figura 1). O selo SisOrg é único e identifica que o produto é certificado pelo Mapa
como produto orgânico (Brasil, 2014).
Figura 2. Selo SisOrg
A legislação brasileira para produção e comercialização de produtos orgânicos atualmente prevê a regulamentação por três sistemas de certificação:

  • Certificação por auditoria (Cert) – A concessão do selo SisOrg é feita por uma certificadora pública ou privada credenciada no Mapa.
  • Certificação por sistema participativo de garantia da qualidade orgânica (Opac) – Caracteriza-se pela responsabilidade coletiva dos membros do sistema, que podem ser produtores, consumidores, técnicos e demais interessados. Para estar em conformidade com a lei, esse sistema precisa ter um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (Opac) legalmente constituído, que responderá pela emissão do selo.
  • Certificação por controle social na venda direta (OCS) – Usado apenas para certificação dos produtos orgânicos da agricultura familiar. Exige credenciamento em uma organização de controle social (OCS) cadastrada em órgão fiscalizador oficial (Brasil, 2014). Uma OCS pode ser formada por um grupo, uma associação, cooperativa ou um consórcio de agricultores familiares, com ou sem personalidade jurídica.


No Vale do Paraíba do Sul, cresce o interesse de agricultores orgânicos pela certificação participativa. A Rede APOENA é uma dessas articulações, que vêm experimentando o sistema agroflorestal como meio de expansão da produção orgânica.
Figura 3. Logomarca da Rede APOENA.



Literatura citada:
BACOCCINA, D. O dilema dos orgânicos. Plant Project, ed. 05, jul./ago. p. 28-35, 2017.
BAI, Z. G.; DENT, D. L.; OLSSON, L.; SCHAEPMAN, M. E. Proxy global assessment of land degradation. Soil Use and Management, v. 24, p. 223–234, sep. 2008.
BRASIL. Decreto de regulamentação da produção orgânica. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6323.htm.>. Acesso em: 01 abr. 2018.
BRASIL. Lei federal da produção e comercialização dos orgânicos. 2003. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.831.htm>. Acesso em: 01 abr. 2018.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Orgânicos: Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. Disponível em:<http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/organicos/cadastro-nacional-produtoresorganicos>. Acesso em: 10 set. 2014.
FAO. FAOSTAT. 2018. Disponível em: <http://www.fao.org/faostat/>. Acesso em: 29 nov. 2018.
KHATOUNIAN, C. A. A reconstrução ecológica da agricultura. Agroecológica, Botucatu, 2001.

Documento Original:
Agricultura orgânica no Brasil: um estudo sobre o Cadastro Nacional
de Produtores Orgânicos / Gisele Freitas Vilela... [et al.]. – Campinas:
Embrapa Territorial, 2019.
20 p.: il. ; (Documentos / Embrapa Territorial, ISSN 0103-7811; 127).

Editado por: Devide, A. C. P. (maio/2019)
Agradecimento: pesquisador Joaquim Adelino de Azevedo Filho (APTA/SAA)


24 de mai. de 2019

PESQUISA PARTICIPATIVA COM AGRICULTURA FAMILIAR: AÇÕES NO POLO REGIONAL VALE DO PARAÍBA - APTA


ACONTECEU

Curso de Capacitação Pedagógico-Profissional de Agroecologia

Por: Antonio Carlos Pries Devide - pesquisador APTA
 
Público alvo: agricultores e agricultoras da Rede APOENA do Vale do Paraíba
Local: APTA – POLO REGIONAL VALE DO PARAÍBA
Data: 14/05/2019

Área de pesquisas em Agroecologia do Polo Regional Vale do Paraíba - APTA, em Pindamonhangaba - SP.
No setor de fitotecnia do Polo Vale do Paraíba, a unidade da APTA é amplamente utilizada para atividades de pesquisa participativa com agricultores familiares, produtores rurais e técnicos em geral, unindo a pesquisa, ensino e extensão rural.

As pesquisas focam o cultivo de diversas culturas (cultivares de banana, variedades crioulas e cultivares de feijões, milho, cana, olerícolas, mandioca, plantas alimentícias não convencionais – PANC e outras espécies) em sistemas de produção agroecológica. As tecnologias abrangem o cultivo mínimo, plantio direto, sistemas agroflorestais, alley cropping, e outros métodos de conservação do solo e da biodiversidade.

A atividade teve ênfase nos estudos sobre Agrofloresta, por meio do projeto Vitrine Agroecológica – Bases Tecnológicas das Pesquisas em Agroecologia e Agroecologia e plantas alimentícias não convencionais (PANC) - projeto Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
Os agricultores e agricultoras familiares visitaram na unidade da APTA a área de compostagem, produção de biofertilizantes e caldas alternativas, manejo de plantas adubadeiras, moirão vivo de gliricídia (para pastagem ecológica), produção de sementes de adubos verdes, produção de plantas medicinais, condimentares e aromáticas com a extração de óleos essenciais e a unidade de produção de agentes de biocontrole com bioensaio de controle da broca da bananeira em Sistema Agroflorestal.

O objetivo do Curso foi capacitar agricultores da Rede APOENA do Vale do Paraíba sobre Agroecologia e Sistemas Agroflorestais, fomentando a agricultura de base ecológica na região. 

O coletivo de agricultores da APOENA está focado em um Sistema Participativo de Garantia, ou seja, com um modelo de certificação orgânica criado no Brasil que se diferencia dos modelos de auditoria convencional.

ATIVIDADES
Mutirão agroflorestal para o manejo de sistema agroflorestal experimental com cultivares de banana, macaúba, juçara, cambucá, araribá e diversidade de espécies nativas e exóticas adubadas com a mamoneira e gliricídia.
Pesquisa em sistema agroflorestal com cultivares de banana, macaúba, juçara, cambucá, araribá e diversidade de espécies nativas e exóticas.
SAF antes do manejo. A poda vai permitir maior insolação para o plantio de novas culturas agrícolas.
Colheita e poda da mameira Paraguaçu, após estimativa do aporte de matéria fresca. Produção de um saco de 20 litros de cachos de mamona por linha de 70m (15 plantas/linha no espaçamento 5m entre plantas de mamona).

Colheita e poda da mamoneira Paraguaçu, sendo os resíduos aportados nas frutíferas nativas, bananeira. Semeadura de fava (inverno) nos pés de gliricídia (moirão vivo). Atividade orientada pelo pesquisador Dr. Antonio Devide.

Aula de cultivo de plantas alimentícias não convencionais (PANC): como diferenciar TAIOBA de INHAME/TARO,
com a pesquisadora Drª Cristina Maria de Castro.

Aula sobre cultivo de plantas alimentícias não convencionais (PANC) para cultivo em sub-bosque de sistemas agroflorestais: PARIPAROBA, ARARUTÃO, ARARUTA, AÇAFRÃO, ZEDOÁRIA, ARIÁ, MANGARITO e outras espécies,
com a pesquisadora Drª Cristina Maria de Castro.
Visita aos módulos experimentais de sistemas agroflorestais biodiversos para restauração da mata ciliar. Os sistemas foram implantados a partir do ano de 2013, em mutirões agroflorestais com a metodologia APRENDER FAZENDO, em que os participantes auxiliam na criação do sistema através da interação com os pesquisadores. 
SAF biodiverso implantado com coquetel de sementes de espécies florestais em mata ciliar (ano de implantação 2013).

SAf biodiverso misto (sementes e mudas arbóreas) em mata ciliar (ano de implantação 2016).
Explicação do manejo da bananeira BRS Conquista em SAF biodiverso: para cada quilo de fruto, a bananeira aporta o dobro de fitomassa que retorna ao solo após a colheita. A fitomassa do pseudocaule é rica em seiva (80%).
Por Dr. Antonio Carlos Pries Devide 
Sub-bosque de SAF Biodiverso em área ciliar com araruta e juçara.

Regeneração de plântulas de juçara (Euterpe edulis) semeadas em chuvas de sementes.
Adubação verde de pseudocaule de bananeiras, ricos em seiva repleta de minerais (fertirrigação).
  
Horto de PANC em SAF com aleias de gliricídia (adubadeira multiuso) alternada com bananeiras.


Cultivo de capim guatemala em sistema de aleias (alley cropping).

Pesquisa de aleia com guandu em fileira dupla. No interior da fileira está em desenvolvimento plântulas de pitanga preta, que foram semeadas para formar barreira viva perene visando a colheita de frutos.
Cultura de cobertura leguminosa para adubação verde do solo entre aleias de flemíngia.
Pesquisador Dr Antonio Devide
Pesquisa de aleia com flemíngia em fileira dupla. A espécie é perene e multicaule, tolera a sombra e a inundação do solo. Recebe poda anualmente para aporte de matéria orgânica ao solo, na faixa de cultivo de plantas anuais em sistema de plantio direto ou cultivo mínimo. Pesquisadora Drª Cristina Maria de Castro.

Cultura de cobertura - Aveia branca (Avena sativa) - inverno.
Viveiro de pesquisas e produção de mudas de plantas medicinais e aromáticas.
Pesquisadora Drª Sandra Pereira da Silva.

Aula demonstrativa de extração de óleos essenciais para fins diversos, inclusive, uso na agropecuária ecológica.  Pesquisadora Drª Sandra Pereira da Silva.

Aula prática de preparo de agentes de biocontrole com foco na broca da bananeira (Cosmopolistes sordidus), com fungos produzidos em arroz (Beaveria bassiana) realizando o preparo de pasta base que foi aplicada nos pseudocaules após a colheota dos frutos de banana em SAF. O líquido foi coado e utilizado para pulverização na região basal da touceira.  Pesquisador Dr Hélio Minoru Takada.


Integrantes da APOENA - encerramento.

Imagens: Doni Firmino, Giovana Soares, Antonio Devide, Cristina Casto. 
Relato: Antonio Devide

22 de mai. de 2019

CURSOS E MUTIRÕES AGROFLORESTAIS EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP

Atividades no Assentamento Nova Esperança espalham conhecimentos sobre Agroecologia, Sistemas Agroflorestais  e Bioconstrução 


SÍTIO ECOLÓGICO

O Sítio Ecológico do casal Regiane e Valdir vem desenvolvendo ao longo de alguns anos diversas atividades em Agroecologia com foco no Sistema Agroflorestal Agroecológico, dentre elas: mutirões, cursos e visitas guiadas.

Cursos
Dentre as atividades no Sítio Ecológico, uma que se destaca: é o Curso de Sistema Agroflorestal Agroecológico com o agrofloresteiro Namastê Messerschimidt que teve grande participação de pessoas nas duas edições (junho/2018 e fevereiro/2019).
Curso de Horticultura - agricultura sintrópica.

Aula de campo com Namastê.

O Sítio Ecológico é referência em sistemas agroflorestais no Vale do Paraíba.

O Curso é um programa introdutório com aulas teóricas e práticas em campo, sobre planejamento, implantação e manejo de sistemas agroflorestais.
A primeira edição teve como foco ‘Horticultura’ e a segunda, ‘Fruticultura’.

  
Agricultor Valdir Martins explica a agrofloresta do Sítio Ecológico.

Mutirões
Os mutirões têm acontecido com certa frequência e o último foi em novembro/2018. Com grande participação do público da região, cerca de 30 participantes realizaram um plantio de diversas árvores nativas, consorciando frutíferas e outras espécies arbóreas, arbustivas com culturas agrícolas.

O Sítio Ecológico é referência em sistemas agroflorestais no Vale do Paraíba.

Valdir Martins relata que a procura por atividades de capacitação no Sítio é intensa e muitas vezes não consegue atender as solicitações de trabalho voluntário, estagiários...
Pensando em melhorar o trabalho de capacitação profissional, está sendo criado o projeto “Casa das Atividades”, onde poderão ser recebidas com mais conforto comitivas de alunos e visitantes.

Oficinas de Bioconstrução no Sítio Ecológico
As obras consistem em um salão, cozinha, dormitórios e sanitários. Tudo construído com técnicas de bioconstrução. Com ajuda de voluntários, a construção está sendo custeada, até o presente momento, com os recursos arrecadados nos cursos.


 No mês de junho/2019 acontece o primeiro curso de Bioconstrução, com Cobi Shalev, dando sequência a obra.


  ACONTECEU

SÍTIO NOSSA SENHORA APARECIDA


O agrofloresteiro Luciano Correia coordenou o MUTIRÃO AGROFLORESTAL sobre Plantio e Manejo de Sistemas Agroflorestais, no Sítio Nossa Senhora Aparecida, no dia 26 de Janeiro de 2019.
 

O objetivo foi intensificar a integração de monoculturas mediante a conversão das áreas do lote de reforma agrária em sistemas agroflorestais.
 
Foram plantadas diversas árvores frutíferas (grumixama, abacate, nêspera...) e outras espécies nativas variadas.
O plantio foi feito em linhas espaçadas um metro entre si, intercalando uma frutífera com duas arbóreas nativas em conjunto com o coquetel de sementes de adubação verde (guandu, mamona, girassol, feijão de porco e outras espécies), com mandiocas plantadas nas entre linhas.
A atividade contou com a participação de cerca de 40 pessoas vindas de diversas cidades da região.

Relato: Doni Firmino
Revisão: Antonio Devide

Imagens: Doni Firmino 

16 de mai. de 2019

CULTIVO AGROFLORESTAL DE BANANEIRA COM GUANANDI RESILIENTE ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Artigo de Pesquisa sobre a Bananeira em Sistemas Agroflorestais Biodiversos

Artigo científico publicado por pesquisadores relata a resiliência dos sistemas agroflorestais no advento de mudanças climáticas no Vale do Paraíba.

A pesquisa foi desenvolvida na Fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba - SP, no âmbito do doutoramento do primeiro autor, Antonio Carlos Pries Devide, pesquisador do Polo Regional do Vale do Paraíba - APTA/SAA, vinculado ao Curso de Pós-Graduação em Fitotecnia, área de concentração em Agroecologia, orientado pelo Professor Dr. Raul de Lucena Duarte Ribeiro com co-orientação do professor Dr. Antônio Carlos de Souza Abboud.

Bananeira BRS Conquista em Sistema Agroflorestal Biodiverso com Guanandi (Calophyllum brasiliense Cambess.) na Fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba - SP.



Além da produção de frutos estável no SAF, a bananeira cria um ambiente favorável ao morcego Artibeus, o principal dispersor das sementes de guanandi (Calophyllum brasiliense Cambess.).

Cline no link abaixo para acessar a matéria completa:
http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-tecnologia/edicao-2019/2019-janeiro-junho/1777-cultivo-agroflorestal-de-bananeira-com-guanandi-resiliente-as-alteracoes-climaticas/file.html?force_download=1

Por: Antonio C.P. Devide- Pesquisador da APTA