27 de dez. de 2021

REDE EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA BUSCA AVANÇOS DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO LESTE PAULISTA

JUNTOS SOMOS FORTES!!!

Na pandemia de Covid-19 tem sido um desafio fazer os mutirões agroflorestais acontecerem com segurança e não menos desafiador tem sido realizar as pesquisas. 

Em um retrocesso nunca visto antes no Brasil, a tentativa de desmonte do serviço público está sendo frustrada e embora deixe graves sequelas, não desistiremos e vamos nos reerguer... porque somos UM como os ramos de uma árvore que se lança ao alto para absorver a energia do Universo e se fortalecer...

Imagem: Lucas Lacaz Ruiz / A13

Há 10 anos que os SISTEMAS AGROFLORESTAIS estão na pauta das Instituições Públicas e Privadas de Ciência e Tecnologia do Vale do Paraíba.

No ano de 2021, durante o XII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (CBSAF 2021), foram apresentados diversos trabalhos sobre SAF desenvolvidos no Leste Paulista. 

Aqui, divulgaremos informações resumidas e importantes, resultados da união da APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - Polo Regional Vale do Paraíba, INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, UNESP - Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" - Instituto de Ciência e Tecnologia - Departamento de Engenharia Ambiental, IPA - Instituto de Pesquisas Ambientais da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, Universidade Federal Fluminense e Instituto Auá/Edital Ecoforte.

Mas esses trabalhos não seriam possíveis sem o protagonismo das famílias camponesas que implantam e manejam os Sistemas Agroflorestais e que também participam de diversas pesquisas cujos resultados são apresentados para que possam se beneficiar e ajudar a divulgar os avanços dos SAF na região.

Em resumo, são sete trabalhos que abordam o estado da arte sobre os SAF no estado de São Paulo à luz da Resolução 189, os resultados do Plano de Ação da Rede Agroflorestal, contribuições dos SAF para o aumento do componente arbóreo no Assentamento Nova Esperança de São José dos Campos, a caracterização da produção de bananas em SAF no Leste paulista, produção de araruta e cúrcuma em sistema agroflorestal, sobre o controle biológico da broca da bananeira e levantamento de matrizes de frutíferas nativas. 


Articular a Rede Agroflorestal para transformar a paisagem regional

ESTADO DA ARTE DOS TRABALHOS SOBRE SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Autores: Klécia Gilli Massi, Rafael Bignotto Beltrame, Humberto Gallo Junior, Antonio Carlos Pries Devide

ResumoO estado de São Paulo possui muitas propriedades rurais com sistemas agroflorestais (SAF), com diferentes arranjos no campo e distintas características ambientais, ecológicas e florísticas. Além disso, múltiplos indicadores têm sido adotados para avaliá-los. Assim, o objetivo deste estudo foi organizar, sistematizar e avaliar as informações sobre os SAF no estado de São Paulo para observar a existência de arranjos agroflorestais diversificados nas propriedades. A metodologia utilizada na pesquisa foi uma busca de artigos científicos nas bases de dados Scopus, ISI-Web of Science e Google acadêmico, Scielo e de instituições governamentais com os termos em língua inglesa e portuguesa: "Agrofloresta*" ou "Agrosilvipastoril" ou "Silvipastoril", e "Mata Atlântica" e "Cerrado" e "São Paulo", publicados entre 1990 e 2021, com dados empíricos, textos completos acessíveis em inglês, espanhol ou português, revisados por pares ou que passaram por uma banca revisora. Trinta indicadores foram usados para avaliar os estudos. Foram sistematizados 53 estudos. A maior parte dos SAF avaliados foi biodiverso, com média de 29,3 espécies por local e grande variação entre as áreas amostradas (de duas a 194 espécies). No que tange à idade, os SAF tiveram entre 1 e 25 anos e média de 10,9 anos. Os SAF avaliados foram em média de 3,7 ha. Os principais produtos agrícolas produzidos dentro dos SAF estudados foram banana, hortaliças e outras frutas exóticas e nativas. Quanto à localidade, os trabalhos estiveram bem distribuídos pelo estado e a maior parte deles foi realizado em áreas do Bioma Mata Atlântica. 

Palavras-chave: agrofloresta; estatística descritiva; indicadores; Resolução SMA 189



Link de acesso: https://www.researchgate.net/publication/357355450_ESTADO_DA_ARTE_DOS_TRABALHOS_SOBRE_SISTEMAS_AGROFLORESTAIS_NO_ESTADO_DE_SAO_PAULO


PLANO DE AÇÃO DA REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA

  • Autores: 
  • Antonio Carlos Pries Devide, 
  • Patrícia Lopes, 
  • Leandro Braz Camillo, 
  • Thales Guedes Ferreira, Anna Cláudia Leite, Rodrigo Dametto Faria Santos, Mariana 
  • Oliveira

    Resumo: A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba se constitui como um grupo de pessoas conceituadas em implantar, manejar e estudar os sistemas agroflorestais (SAF), para restaurar a paisagem com princípios na agroecologia. Há 10 anos organiza mutirões que potencializam o apoio mútuo e chamam a atenção para novos valores sobre o ensino, assistência técnica (ATER) e pesquisa com a participação popular. O objetivo do trabalho é apresentar as demandas levantadas, que envolvem questionários aos agricultores e não agricultores, oficinas e reunião técnica. Responderam aos questionários 71 agricultores da reforma agrária e novo rural. Os principais fatores que limitam a produção agroflorestal são os poucos recursos financeiros e ausência de crédito, déficit de mão de obra, insumos, ATER e apoio à comercialização. Dos 58 técnicos que responderam ao questionário, a maioria conheceu a Rede Agroflorestal em mutirões e 55% se sente capaz de manejar SAF e as principais especialidades são Ciências Agrárias e Sociais Aplicadas. Como metas do Plano de Ação, elencadas por esses atores devem fortalecer uma governança; divulgação dos SAF por meio de mutirões agroflorestais organizados; melhorar a capacitação e o ensino formal; organizar o trabalho dos coletores e produtores de sementes e mudas; e fortalecer a comercialização de produtos agroflorestais. 

    Palavras-chave: política pública; agricultura familiar; agroecologia; planejamento participativo

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355397_PLANO_DE_ACAO_DA_REDE_AGROFLORESTAL_DO_VALE_DO_PARAIBA


    CONTRIBUIÇÕES DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO NDVI DO ASSENTAMENTO NOVA ESPERANÇA I EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS -SP

    Autores: Débora Guerreiro Silva, Antonio Carlos Pries Devide

    Resumo: A introdução dos Sistemas Agroflorestais (SAF) na reforma agrária no Vale do Paraíba do Sul ocorreu em 2013, com mutirões organizados pela Rede Agroflorestal. O objetivo deste trabalho foi caracterizar as contribuições dos SAF no incremento da vegetação arbórea e verificar o reforço na formação de um corredor ecológico no assentamento Nova Esperança I, em São José dos Campos - SP. Foram aplicadas técnicas de sensoriamento remoto para análise NDVI de sete unidades de produção com SAF e outras sete sem SAF a fim de comparar a cobertura do solo. O maior índice de área recoberta por vegetação arbórea foi obtido nas unidades com SAF, enquanto as demais apresentaram os maiores índices de áreas de solo exposto, pastagens degradadas, gramíneas e agricultura. Os SAF contribuem com a formação de corredor ecológico que liga as várzeas do Rio Paraíba do Sul ao fragmento de Mata Atlântica na transição com a Serra da Mantiqueira. 

    Palavras-chave: sensoriamento remoto; reforma agrária; corredor ecológico; restauração florestal

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355448_CONTRIBUICOES_DOS_SISTEMAS_AGROFLORESTAIS_NO_INDICE_DE_VEGETACAO_NDVI_DO_ASSENTAMENTO_NOVA_ESPERANCA_I_EM_SAO_JOSE_DOS_CAMPOS_-SP


    PRODUÇÃO DE BANANA EM SISTEMA AGROFLORESTAL NO LESTE PAULISTA

    Autores: Antonio Carlos Pries Devide, Julia Mesquita Trommer, José Miguel Garrido Quevedo

    Resumo: A bananeira está presente em sistemas agroflorestais (SAF) em diversos biomas brasileiros. A prospecção tecnológica é importante para incentivar a expansão desse modelo de produção. O objetivo dessa pesquisa é apresentar um panorama sobre o cultivo de banana no Leste Paulista, caracterizar o perfil dos produtores de um grupo de compra de mudas certificadas e a preferência por cultivares; além do perfil de pessoas que cultivam bananas em SAF, levantado por meio de questionário com aplicativo de gerenciamento remoto de pesquisa, caracterizando-se, também, a localização e área cultivada, aspectos fitotécnicos e fitossanitários, geração de renda e demandas tecnológicas. A bananeira está presente em 2mil hectares, destacando-se São Bento do Sapucaí, na Serra da Mantiqueira e Ubatuba, no Litoral Norte. Adquiriram mudas certificadas agricultores familiares e o novo rural, com preferência por Grande naine e Prata Anã. Foram respondidos 50 questionários por esses atores que cultivam até 25% da área com aptidão em até 1,0ha de pequenas propriedades no Vale do Paraíba (84%) e Serra do Mar (12%). Predomina o manejo agroflorestal (64%) e consórcios com culturas agrícolas (26%). A regeneração de plantas nativas e a ocorrência de fauna é superior nestas áreas (55%), em comparação ao entorno. Metade das pessoas cultivam variedades locais. Predomina o comércio in natura (44%) em venda direta ao consumidor (46%). Os respondentes conhecem o cultivo de banana em SAF (92%), 86% participam da Rede Agroflorestal e a prioridade para o investimento público recai sobre ATER (40%) e pesquisas de manejo agroflorestal (54%). 

    Palavras-chave: tecnologia de produção; fruticultura; política pública 

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355548_PRODUCAO_DE_BANANA_EM_SISTEMA_AGROFLORESTAL_NO_LESTE_PAULISTA


    PRODUÇÃO DE ARARUTA E CÚRCUMA EM SISTEMA AGROFLORESTAL

    Autores: Cristina Maria de Castro, Antonio Carlos Pries Devide

    Resumo: Os sistemas de cultivo que combinam árvores, frutas e espécies anuais em arranjos produtivos, como os sistemas agroflorestais (SAF), são estratégicos, pois promovem e conservam a sociobiodiversidade e fortalecem a segurança alimentar e nutricional. Adaptadas ao cultivo em áreas semi-sombreadas, a araruta (Maranta arundinacea) e a cúrcuma (Curcuma longa) são plantas ricas em compostos bioativos, que lhes conferem propriedades funcionais inigualáveis. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o desempenho produtivo da araruta e da cúrcuma em SAF, com fileiras da leguminosa arbórea gliricidia (Gliricidia sepium) espaçada 6x3m, intercalada nas fileiras externas com bananeiras (Musa spp.) e mamoeiros (Caryca papaya) e tutorando ora-pro-nobis (Pereskia aculeata). O manejo da gliricídia com poda e o desbaste das bananeiras foi realizado na primavera-verão, com todos os resíduos vegetais gerados sendo devolvidos ao solo. Nesta área, a produção total de rizomas de cúrcuma e araruta foi avaliada por um período de 5 anos (2013 a 2017). A produtividade (t/ha) para os anos 15,4 (cúrcuma). Esses valores são satisfatórios para a densidade utilizada (17.500 plantas/ha), comparado às monoculturas comerciais que empregam 30.000 plantas/ha. A correlação da produção de cúrcuma com a precipitação foi alta (0,88), enquanto para araruta foi baixa (0,02). O potencial produtivo da araruta e da cúrcuma pode ser explorado em SAF, justificando pesquisas para aperfeiçoar o manejo agroflorestal. 

    Palavras-chave: cultura alimentar; segurança alimentar e nutricional; Maranta arundinacea; Curcuma longa

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355648_PRODUCAO_DE_ARARUTA_E_CURCUMA_EM_SISTEMA_AGROFLORESTAL


    AVALIAÇÃO DO MANEJO DA BROCA DA BANANEIRA COM CONTROLE BIOLÓGICO EM SISTEMA AGROFLORESTAL

    Autores: José Miguel Garrido Quevedo, Rudson Haber Canuto, Guilherme Silva Godoy, Hélio Minoru Takada, Antonio Carlos Pries Devide, Cristina Maria de Castro

    Resumo: A cultura da banana está presente na maioria dos sistemas agroflorestais (SAF) do Brasil, por sua rápida produção de frutos, recobrimento do solo e aporte de fitomassa no pseudocaule, que aberto longitudinalmente e disposto sobre o solo na forma de telha transfere sua rica seiva mineral ao redor de culturas consortes de valor econômico. Não é costume no manejo agroflorestal utilizar os restos culturais da bananeira para adubar a própria touceira. O moleque-da-bananeira (Cosmopolites sordidus) é um besouro que sobrevive em restos culturais e danifica os bananais no mundo todo, causando redução de produtividade e levando o bananal à extinção ao introduzir o fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubenseO objetivo desta pesquisa foi avaliar o controle biológico de C. sordidus em SAF através do manejo de pseudocaule na forma de telha e queijo, com e sem isolado de Beauveria bassiana estirpe IBCB66. Há diferentes espécies de curculinídeos atacando a cultura da bananeira no Vale do Paraíba. Para este SAF, uma isca tipo telha foi mais eficiente para C. sordidusOutro curculionídeo capturado foi Metamasius sp. com maior presença na isca tipo queijo com fungo. Sua mobilidade superior, se comparado a C. sordidus, e a consequente infecção por B. bassiana, possibilita disseminar o controle biológico no SAF. São necessárias novas pesquisas de longa duração sobre os efeitos do manejo do pseudocaule das diferentes variedades de banana em relação ao controle biológico e à dinâmica das espécies de curculionídeos no SAF. 

    Palavras-chave: Beauveria bassianaCosmopolites sordidusMetamasius sp.; agroecologia; manejo do pseudocaule 

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355408_AVALIACAO_DO_MANEJO_DA_BROCA_DA_BANANEIRA_COM_CONTROLE_BIOLOGICO_EM_SISTEMA_AGROFLORESTAL


    LEVANTAMENTO DE MATRIZES E CONSERVAÇÃO NA ROÇA DE FRUTAS NATIVAS

    Autores: Thiago Ribeiro Coutinho, Mariana Pimentel Pereira

    ResumoA ocupação territorial a partir da invasão colonizadora dá início a um modo de produção caracterizado pela intensa destruição ambiental. Tem -se a perda da biodiversidade e, simultaneamente, a perda dos conhecimentos e das culturas alimentares no entorno das espécies nativas frutíferas. A esses fenômenos dá-se o nome “erosão genética” e “erosão cultural”, respectivamente. Para o enfrentamento da dupla problemática, criar estratégias para a valorização do trabalho que comunidades camponesas e sujeitos do campo vêm desenvolvendo no sentido da promoção da etnobiodiversidade por meio da “conservação na roça”, é aliada nas alternativas encontradas. O objetivo da pesquisa é apreender a conservação na roça de frutíferas da família Myrtaceae nativas do bioma da Mata Atlântica. A coleta de dados envolveu a observação participante, caminhada transversal, intervenção educadora ambientalista e entrevista semiestruturada. A identificação das matrizes utilizou as informações de coletores e mateiros da região do Vale do Paraíba, somando-se a aplicação do questionário semiestruturado. Como resultados foram identificados dois eixos centrais, o primeiro ligado à botânica, coleta de sementes, produção de mudas, identificação das espécies e o mapeamento da ocorrência no território. O segundo eixo combina o mapeamento e a interação dos sujeitos atuantes nas atividades produtivas que envolvem os esforços para constituir as cadeias produtivas da sociobiodiversidade e consequente conservação. A experiência abriu caminho para o início da construção de pomares de sementes, fortalecimento da apropriação e os esforços na disseminação das técnicas agroflorestais, bem como a salvaguarda dos materiais genéticos como crucias para o enfrentamento da crise socioambiental global

    Palavras-chave: Conservação na Roça; Sociobiodiversidade; Sustentabilidade; Etnobotânica; Banco de Germoplasma.

    Link (para livro de resumos): https://www.sbsaf.org.br/xiicbsaf-anais


    Boa leitura!


    22 de dez. de 2021

    Mutirões e Vivências são retomados no Vale do Paraíba em 2022


    No ano de 2022 algumas atividades já estão agendadas.

    Imagem: Lucas Lacaz Ruiz

    Em Lagoinha, os mutirões foram reiniciados em 2021 com o plantio de muvucas de sementes florestais, coleta e beneficiamento de sementes florestais para atender projetos de restauração. 

    Em São José dos Campos, as atividades também foram retomadas para implantação de experimento no Sítio Ecológico com a implantação e manejo de SAF com membros da CSA Sítio Ecológico, CSA Guajuvira e CSA Sítio Nossa Senhora Aparecida. 

    Essas atividades foram desenvolvidas com toda cautela, tomando os devidos cuidados diante da pandemia de covid-19. Assim, a participação foi restrita ao pessoal local e alguns visitantes e por isso não foram divulgadas para o público externo.

    Em 2022, já com os avanços positivos da vacinação, haverá nos dias 15 e 16 de janeiro uma Vivência no Assentamento Egídio Brunetto, em Lagoinha, organizada pelo casal Daniella e Higor. A unidade familiar é referência na produção hortícola em Sistemas Agroflorestais desde os primeiros anos de ocupação. Daniella também é a pessoa que lidera o preparo de conservas, banana chips, doces, com receitas tradicionais resgatadas na comunidade, que utilizam os produtos da terra, como ora-pro-nóbis e o açafrão. A atividade demanda um investimento de R$120,00 que cobre as despesas de hospedagem (barracas) e alimentação agroecológica. Mais detalhes são obtidos pelo fone (12) 99680-0656.


    O lote de reforma agrária vem sendo manejado desde o ano de 2017 com sistemas agroflorestais. A meta é transformar toda a unidade de produção em SAF, com diferentes modelos de sistemas, alguns com foco em hortícolas, outros visando a fruticultura e a restauração das matas do rio Paraitinga. O assentamento é referência na articulação popular que conta com o apoio governamental e instituições do terceiro setor para a estruturação da rede de coletores de sementes florestais.



    Em São José dos Campos, o mutirão liderado pelo camponês Valdir Martins e seus familiares, tem o objetivo de plantar mudas arbóreas para enriquecer os sistemas agroflorestais e promover a arborização do Sítio Ecológico, referência de Sistemas Agroflorestais Agroecológicos (SAFAS) no Vale do Paraíba. A atividade será realizada no dia 15 de janeiro e deve iniciar às 8:00h. É necessário confirmar a presença, levar gêneros alimentícios e utensílios para alimentação compartilhada, mudas e ferramentas próprias para o plantio. 



    O projeto do Sítio ecológico é um projeto familiar que envolve a comunidade local e inspira mudanças em uma escala que já supera as fronteiras do assentamento. São 10 anos de desenvolvimento das agroflorestas com o registro de muitos mutirões, vivências, cursos, oficinas e pesquisas realizadas em parceria com diversas instituições de ciência e tecnologia do Vale do Paraíba. Mais informações devem ser obtidas com Valdir Martins pelo telefone (12) 99620-6611. 


    Pedimos a máxima cautela aos participantes: usem máscara o tempo todo, não compartilhem utensílios, e só compareçam se estiverem totalmente imunizados (vacinados). Ótimos eventos!

    Participação dos membros da Rede Agroflorestal no CBSAF 2021


    Nesta postagem compartilhamos alguns trechos do Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (CBSAF2021) com a participação dos membros da Rede Agroflorestal nas Rodas de Conversa.

    Infelizmente, só as pessoas inscritas ou que receberam a inscrição de cortesia e receberam uma senha poderão acessar. Lembramos que a oferta de vagas de cortesia foi apresentada de maneira ampla através do whatsapp da Rede Agroflorestal. Todos os que solicitaram vaga receberam a senha.

    [RODA DE CONVERSA] ECONOMIA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL: Redes Agroflorestais e Organização Social no Território

    Data: 14/12/2021
    Copie o link e cole na barra de busca da internet: 
    https://eventos.congresse.me/xiicbsaf/edicoes/xii-congresso-brasileiro-de-sistemas-agroflorestais-1-edicao/conteudos/roda-de-conversa-economia-e-organizacao-social-redes-agroflorestais-e-organizacao-social-no-territorio/sala-de-transmissao


    Palestrante: Thiago Coutinho - assentamento Egídio Brunetto, Lagoinha/SP.
    Palestrante: Janaína Anacleto - assentamento Conquista, Tremembé/SP.


    [RODA DE CONVERSA] POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: Potencial de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) em SAFs e Resgate das Culturas Alimentares

    Data: 16/12/2021
    Copie o link e cole na barra de busca da internet:
    https://eventos.congresse.me/xiicbsaf/edicoes/xii-congresso-brasileiro-de-sistemas-agroflorestais-1-edicao/conteudos/roda-de-conversa-politicas-publicas-e-legislacao-ambiental-potencial-de-plantas-alimenticias-nao-convencionais-pancs-em-safs-e-resgate-das-culturas-alimentares/sala-de-transmissao


    Palestrante: Cristina Maria de Castro - APTA - Polo Regional Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP.
    Palestrante: Valdir Martins- assentamento Nova Esperança I, São José dos Campos/SP.
    Palestrante: Jorge Ferreira - Sítio São José, Paraty/RJ.




    15 de nov. de 2021

    CONTRIBUIÇÕES DE ATORES DA REDE AGROFLORESTAL NO XII CBSAF - CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS

     



    XII CBSAF - Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais

    Conciliando Pessoas e Evoluindo Paradigmas
    13 a 17 de dezembro de 2021
    100% online


    Contribuições no XII CBSAF dos Atores da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba:


    Veja a programação abaixo com a participação de membros da Rede Agroflorestal:





    Patrick Assumpção (esquerda) é produtor rural membro fundador da Rede Agroflorestal, que desenvolve plantios experimentais com madeiras nativas, ênfase em guanandi, na Fazenda Coruputuba, em Pindamonhangaba/SP. É referência no Vale do Paraíba sobre o cultivo e agregação de valor de madeiras nativas. Pesquisa novas formas de negócio a partir das transformações dos produtos que colhe nos SAF, tais como banana, PANC, mandioca amarela, guandu, e frutas nativas. Também trabalha com restauração florestal a partir de semeadura direta (muvuca de sementes florestais). No XII CBSAF apresentará no Seminário Economia e Organização Social as experiências do Instituto Coruputuba sobre Agregação de Valor para Espécies Arbóreas em SAF.
    Informações: https://twitter.com/wwfbrasil/status/1330284540632371201

    Clóvis José Fernandes de Oliveira Jr (direita) é pesquisador científico do Instituto de Botânica que integra atualmente o Instituto de Pesquisas Ambientais do Estado de São Paulo. É membro fundador da Rede Agroflorestal e referência em pesquisas sobre sistemas agroflorestais, plantas medicinais e sociobiodiversidade.  No XII CBSAF coordenará a Roda de Conversa  com o Tema Plantas Medicinais em Sistemas Agroflorestais.
    Informações: https://www.researchgate.net/profile/Clovis-Oliveira-Jr
     




    Janaína Anacleto (esquerda) é agricultora da reforma agrária que desenvolve projeto de cestas agroecológicas do Sítio Anacleto, assentamento Conquista, Tremembé/SP. Produz, transforma e comercializa alimentos  com suas duas filhas e o esposo. No ano de 2019, conheceu a Rede Agroflorestal, durante o Curso de Longa Duração de Agroecologia, e com apoio da APTA e do INCRA está diversificando e transformando a paisagem do sítio com sistemas de cultivo biodiversos. É uma referência feminina sobre sistemas agroflorestais e agroecologia no Vale do Paraíba.
    Informações: https://www.facebook.com/sitioanacletoorganico/videos/4221834107842536

    Thiago Ribeiro Coutinho (direita) é biólogo e agricultor da reforma agrária do assentamento Egídio Brunetto, Lagoinha/SP. É membro fundador da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, trabalha com sistemas agroflorestais e pedagogia há 10 anos, disseminando os SAF por meio de mutirões que coordena em unidades em cinco assentamentos de reforma agrária no Vale do Paraíba. 
    Informações: (a partir de 3:30minutos) https://www.youtube.com/watch?v=rsb01LJ2mXk&t=149s




    Valdir Martins (esquerda, camisa verde), agricultor do assentamento Nova Esperança de São José dos Campos/SP, produz PANC em sistema agroflorestal há 10 anos. Promove o consumo consciente de PANC por meio de cestas de produtos agroecológicos que entrega aos consumidores via CSA Sítio Ecológico que formou com seus familiares. 
    Informações: https://www.youtube.com/watch?v=culpNPJT5uU 

    Cristina Maria de Castro (direita, braço estendido), é pesquisadora do Polo Regional Vale do Paraíba - APTA/SAA, desenvolve pesquisas sobre segurança e soberania alimentar e nutricional, com jardim de PANC em sistema agroflorestal em Pindamonhangaba que utiliza para pesquisas e aulas de campo. Para popularizar o uso das PANC desenvolve trabalhos com famílias camponesas e profissionais de saúde de Secretarias Municipais do Vale do Paraíba. 
    Informações: https://www.portalr3.com.br/2021/03/video-pesquisadora-fala-sobre-estudos-com-pancs-na-apta-em-pindamonhangaba/




    link para programação completa: 

    https://5b3ee301-bccd-4e57-bbae-8a7de3965245.filesusr.com/ugd/61c566_c258e2e13a624492bea3e9f2f26b6dce.pdf

     


    Contatos:

    contato@sbsaf.org.br  I  91 9 8761-3474 (WhatsApp)



    10 de nov. de 2021

    MUTIRÃO AGROFLORESTAL PARA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁREA COMUNITÁRIA EM TREMEMBÉ - SP

    Data: 13/11/2021 - próximo sábado

    Início: 8:00 h 


    Fig.1. Equipe de jovens que iniciaram a restauração ecológica e detalhe do local de plantio.

    Local: Assentamento de Reforma Agrária Olga Benário, Tremembé - SP

    Endereço: Acesso a partir da Estrada do Kanegae, ponto de referência bar do Farias, situado a 2km da rodovia Pedro Celete, via Tremembé ou a 8km da SP-132 via Pindamonhangaba.

    Link com endereço: https://goo.gl/maps/duUpT2gzM9JWJeUj8

    Avisos: só participe se estiver totalmente imunizado, use máscara, levar ferramentas para o plantio (motocoveador, cavadeira e enxadão), copos.

    Organização: MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

    Parceiros: 

    Universidade de São Paulo - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - Projeto de doação de mudas para reflorestamento nos assentamentos do estado de São Paulo.

    APTA - Polo Vale do Paraíba, projetos: Fapesp - 18/17044-4 - 'Avaliação de crescimento e produção de espécies florestais nativas e culturas usando os modelos 3-PG e YieldSafe', 'Vitrine Agroecológica' e 'Agroecologia, Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional' 

    Contatos: Carmem - 12-9-97055-5592 e Valdir - 12-9-9799-9629



    3 de nov. de 2021

    ENTREVISTA COM DEISE ALVES PARA O PLANO DE AÇÃO DA REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA

     

    Data: 10.04.2021

    Local: Assentamento Conquista, Tremembé - SP

    Por: Patrícia Lopes

     

    Esta entrevista com Deise Alves (Figura 1) traz muitas informações sobre as dinâmicas da introdução dos SAF em uma unidade de produção agroecológica em um assentamento de reforma agrária agroecológica do Vale do Paraíba, em Tremembé, bem como as prioridades para a Rede Agroflorestal trabalhar nos próximos anos. Boa leitura.  



    Figura 1. Deise Alves (ao centro de máscara) em confraternização com equipe parceira após mutirão agroflorestal.

    Bom dia. Patrícia aqui. Estou conversando com a Deise. Deise, qual é o seu nome completo, por favor?

    DEISE: Deise Alves.

    Onde você reside atualmente?

    DEISE: Atualmente, ou melhor dizendo, há 27 anos, na estrada 13 e lote 28, no assentamento Conquista, no município de Tremembé (Figura 2).

    Figura 2. Sítio de Agricultura Orgânica e Agroecológica Benvinda Conatti, Estrada 3, nº 1082 - Tremembé, Vale do Paraíba paulista.

    E como que você chegou até aí, como começou essa vida no campo de produtora rural? Você sempre viveu aí? Qual foi o caminho que fez você chegar até aí? O que te motivou a fazer essa escolha?


    DEISE: Essa escolha se deve a uma luta pela conquista da terra e à reforma agrária, através do MST. Desde 1986. Eu fui dirigente da frente de massa do MST, na década de 80 e 90, e a última ocupação que realizei foi aqui no assentamento Conquista, em Tremembé, em 1994.

    O que te motivou?

    DEISE: O que me motivou foi uma posição política, ideológica e de vida.

    De que forma vocês estão organizados aí, tanto dentro da sua propriedade, mas também com o coletivo aí no assentamento? Como é que vocês se organizam?


    DEISE: Se tratando da agroecologia, antes da pandemia, no nosso grupo aqui da agroecologia, que somos em cinco... havia esse compartilhamento, essa parceria de ajuda. Com a vinda da pandemia, isso anulou. Está muito difícil. No meu território, eu tenho que frequenta por aqui: o Rodrigo (Dametto Faria Santos), que é agrônomo e vem voluntariamente 2x por semana, e um outro rapaz de 20 anos que eu pago por mês para ele trabalhar aqui. Com a assessoria do Rodrigo, e que em breve, também vai ser incorporado aqui, com as atividades da horta agroecológica. Nos SAFs o Rodrigo está “tocando”. Ele minimamente já tem feito algumas coisas, pois só consegue vir 2x por semana. O rapaz fica direto, e mora aqui de 2ª a 6ª feira, e “toca” as demandas. A partir de 2ª feira será instalada a irrigação na horta agroecológica (fiz uma compra grande para irrigação), e a expectativa é de se viver com a renda dessa horta. Está tudo sendo feito na “raça”, com recursos próprios. O que temos de liderança, concretamente hoje, é a reestruturação de uma cooperativa. É uma cooperativa mista, que vai englobar o assentamento Nova Esperança (Mara Lúcia Galvão e outros), o pessoal de Lagoinha (que é um pessoal determinante, que produz) agroecologia, alguns aqui do Conquista, alguns pequenos produtores de Pindamonhangaba. A Cooperativa abriu para técnicos, agrônomos e outros técnicos que também irão entrar para a cooperativa. A gente espera que para o mês de maio a gente consiga definir a nova diretoria (a gestão anterior está vencendo). Estou muito envolvida porque essa questão da cooperativa dá muito trabalho. Se tem alguma liderança, vai ser essa entidade jurídica, essa diretoria que a gente vai formar. E o restante do assentamento – que aqui são 103 lotes, o restante trabalha no convencional. Infelizmente, aqui no assentamento, tem algumas deformações, sob o ponto de vista político, moral, e outras questões internas. Então, estamos priorizando pessoas que estão envolvidas com a agroecologia, na questão organizativa.

    E o que você vê de importante, de diferente, que te fez escolher esse tipo de produção agroflorestal?

    DEISE: Estamos em um processo bem inicial. Mas o que já estou vendo de importância é a mudança no solo, os pássaros que vem no SAFs, as sementes que a gente já começou a colher. No momento estou com muita tefrósia para colher (e vou ter de colher sozinha mesmo). Quer dizer, a paisagem já começa a mudar. Agora é mão-de-obra, né. Estou com um SAF de outubro do ano passado que estou com o serviço atrasado lá. Embora eu tenha feito um empréstimo e consegui comprar um tratorito, já tenho uma roçadeira, mas ainda sim é muito pouco. Precisa de gente para operar. Eu já não tenho mais força física para tal. Enfim, a ideia é a gente fazer parceria com as universidades, não só por uma visão utilitarista dos jovens estagiários, mas também para trazer essas pessoas para colocar a mão na massa (ampliar o aprendizado). Não adianta ficar só falando de agroecologia e as pessoas não virem até aqui participar. Aqui no lote onde eu moro, eu tomei a decisão de abrir para sociedade. Mas a sociedade tem que participar. E como que a gente faz isso? Amanhã vou ter uma visita – abri uma exceção, para três profissionais (fisioterapeutas) que querem desenvolver um trabalho com ervas medicinais aqui e vamos nos reunir para discutir essa parceria. Já fizeram o curso com o Hamilton (Trajano Cabral), e vou destinar uma parte aqui da área para as ervas medicinais e aromáticas. Acho importante. As pessoas estão vindo com propostas concretas. E eu tenho que coordenar isso para não chocar com outras coisas. Como já tem pessoas aqui, como o Rodrigo, que é técnico, agrônomo profissional, e voluntário, tem que vir pessoas, mas tudo muito bem-organizado para não chocar com o trabalho do outro que já está aqui. Embora eu acredite que está tudo integrado.

    Figura 3. Deise Alves reuniu uma rede de parcerias com os assentados de reforma agrária Paulinho, Thiago Coutinho, Michelle Anita, Guilherme e outras pessoas de diversos assentamentos do Vale do Paraíba, além do apoio do agrônomo Rodrigo Dametto, para juntos realizarem o planejamento, a implantação e o manejo de SAF entre 2019-2021. 

    A outra pergunta é mais ou menos o que você já respondeu, mas se você tiver mais alguma coisa para complementar, da forma como você vê a atuação da Rede Agroflorestal, até o momento.

    DEISE: Eu sou nova na Rede. Eu, quando não tenho um tempo (de vivência) – como o Thiaguinho (Thiago Ribeiro Coutinho), a Mariana (Pimentel Pereira) e o Antonio (Devide), eu sou ainda “caloura” na Rede Agroflorestal. Eu posso mencionar os pontos positivos: é uma Rede que motiva. Quando você abre o grupo no whatsapp você vê uma diversidade de pessoas. Você vê técnicos, de todos os níveis sociais e econômicos, pessoas de classe média (a maioria), que mora no seu apartamento, que não tem terras, e que tem história diferente daqueles que conquistaram a terra, como nós assentados, que participam da Rede. Acho que tem essa parte super bacana, essa troca. E os especialistas, no caso do Antonio (Devide) e outros, que fazem parte como ele, que são fundamentais nesse processo. Isso é o que eu vejo de positivo. Agora, quando se trata de questões referentes a metodologia, de como vamos fazer, aí começa a dar problema... porque cada um tem a sua realidade, e não é fácil fazer essa troca. Principalmente nesse momento que estamos atravessando, muito difícil. Tem que ter muito tato, tem que ter muita paciência, de ver como a gente faz essa troca. Por exemplo, tem situações, do ponto de vista geográfico, nos assentamentos, principalmente, que não tem internet ou tem problemas de internet, como é o caso do Olga Benário (Tremembé) e de Lagoinha... e um pouco lá em Nova Esperança (São José dos Campos). Nós, aqui de Tremembé, a gente tem condição, um pouco. Porque aí precisa ter dinheiro para pagar o plano da internet, que nem todo mundo tem. Então, é difícil. Se não fosse a pandemia, com certeza você estaria aqui falando comigo pessoalmente e não fazendo essa conversa por telefone. Estaria fazendo presencialmente. Por causa da pandemia tem que ser dessa forma, não tem jeito. O desafio presencial é depois, pós pandemia, como vai se dar isso. Pois a Rede Agroflorestal é muito ampla. Você conhece as postagens no whatsapp, mas essa questão de dinamizar os SAFs, isso é uma coisa difícil. Não é fácil. E a questão da democracia, né. Quais são as formas de participação? Isso a gente só faz quando tem um processo de acúmulo, quando você já conhece a Rede. Quem são as pessoas, qual o engajamento dessas pessoas, efetivamente? Com um trabalho de base, do universo da agroecologia. É difícil. Mas tem pontos positivos.

     

    Como é uma “rede” entorno da agroecologia... 

    DEISE: eu vejo assim... isso já está no estatuto da associação da Rede Agroflorestal. Eu vejo que a Rede tem que cumprir o seu papel social, acima de tudo, e isso ela está cumprindo, com alguns limites, mas está cumprindo. Só o fato de ter tido um primeiro mutirão aqui e eu conseguir colher esse quiabo lá do SAF, e estar comendo esse quiabo ou estar dando continuidade no projeto, a Rede já está cumprindo o seu papel. Como em outros lotes dos assentados. Então, acho que esse papel social é importante. Agora, também não dá pra gente fugir da questão política, conjuntural. Porque nós estamos passando por uma fase muito difícil, que tem tudo a ver com meio ambiente. O meio ambiente está inserido nesse universo da conjuntura política, da conjuntura econômica do nosso país. Não dá pra dizer, “ah isso é separado, não quero saber de política”... isso não existe. Isso não existe! Então como uma sugestão para os próximos encontros: seja via on line ou seja presencial daqui um tempo... mas nós temos que trazer pessoas para fazer análise de conjuntura. É o que eu sinto falta na Rede Agroflorestal. Uma coisa é você fazer uma análise de conjuntura, especificamente da agroecologia dentro do universo do meio ambiente. Entendeu? Isso é uma coisa. Agora a gente precisa trazer especialistas, até para as pessoas que participam da Rede ter esse debate. Se não faz o debate, a gente “atrofia”. A gente não sabe como é essa coisa do debate dentro do campo da democracia. Então, a minha sugestão (não sei se eu posso fazer essa proposta) é colocar essa proposta para as pessoas que participam da Rede e ter essa iniciativa, e encontrar alguns nomes de especialistas que fariam isso na maior boa vontade, de fazer essa análise de conjuntura para os participantes da Rede. A questão da mulher, é muito importante, a participação da mulher nessa conjuntura. Por já termos um ano muito difícil, o ano que vem vai ser um ano decisivo para o país, que vai eleições em 2022. Mas não se trata de fazer campanha política. A questão é já ir preparando as pessoas. Eu estou sentindo falta de ter alguém dentro do nosso campo, da Rede Agroflorestal, fazendo análise de conjuntura. Mesmo que tenha discordância, importante debater as discordâncias, entendeu? Acho importante fazer uma análise de conjuntura política pra nós. Da Rede Agroflorestal tomar essa iniciativa. 

    Legal importante mesmo, né? Fazer as pessoas para esse exercício, de refletir e de discutir. A nossa forma de viver é um ato político. Pode ser ou não, dependendo de como se vive..

    DEISE: É. É verdade.

    O que que você vê como importante para ser trabalhado para ser desenvolvido daqui para frente? Para os próximos anos, o que a Rede precisa se preocupar, quais as demandas? O que que você vê que falta e que precisa melhorar?

    DEISE: Mais essa questão técnica, eu mesma ainda continuo tendo dúvidas. As vezes tiro dúvidas com o Thiago. Importante ter uma avaliação técnica do SAF, por exemplo (algo como um monitoramento). Um SAF está aqui há dois anos. Seria bom ter alguém da Rede que a gente possa trocar essas ideias com pessoas que tem SAFs, que tem essa vivência, mais do que nós aqui, para saber se o que a gente está fazendo está certo. Por exemplo, ainda não tenho irrigação do SAF – só consegui irrigação para a horta. Saber como aproveitar a irrigação para o SAF, de alguma forma. Levar para o SAF também. Outra coisa, além disso, conseguir mais mudas - pra quem é jovem tudo bem demorar mais 5 ou 10 anos, mas pra mim que... se eu não conseguir mais mudas da Mata Atlântica... que aqui ainda tem muito pouco.. Eu acho que a gente precisa conseguir mais mudas. Eu já consegui uma doação de 2 mil mudas, entre nativas e outras, que nós distribuímos em vários assentamentos da nossa região. Agora, a gente precisa de mais mudas. E esse monitoramento de mudas que foram para os assentamentos (Olga Benário, o Conquista, Nova Esperança)... fazer um levantamento para saber se as pessoas cuidaram dessas mudas. Porque algum dia, a pessoa que me doou essas mudas vai querer saber, vai me cobrar, como que ficaram as mudas? Estão cuidando? Isso é uma responsabilidade que a gente tem que ter. Entendeu? Mas eu acho que tem que ter alguém para saber como está o SAF no lote 28 onde a Deise mora. Perguntar de precisamos de mais alguma coisa. Digo isso pós pandemia. Para a gente retomar essa troca.

    Figura 4. Reuniões e oficinas são atividades regulares para o planejamento das atividades ao nível local e relação com parceiros do Sítio Benvinda Conatti, Tremembé - SP. 

    É troca e fundamental mesmo. Agradeço muito.

    DEISE:  Está certo.

    27 de out. de 2021

    CAPACITAÇÃO EM TÉCNICAS PARA MAIOR EFICIÊNCIA EM RESTAURAÇÃO FLORESTAL

    Data: 29/09/2021 das 8 as 15 horas.

    Por: Ceceo Chaves - Engenheiro Agrônomo da URBAM, membro fundador da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, responsável por articular os agricultores para implantação de SAF experimentais na APTA - Polo Regional do Vale do Paraíba entre os anos de 2014-2016.

    Objetivo: capacitar os funcionários da URBAM, empresa pública de São José dos Campos, que atuam em atividades de recomposição florestal.  

    Metodologia/ Conteúdo programático:  Visita aos módulos de restauração florestal e banco de sementes de adubação verde da APTA. Técnicas de plantio e manejo de espécies utilizadas para adubação verde, cercas vivas e cordões vegetados em sistemas de restauração florestal. Manejo da matéria orgânica nos sistemas. Métodos de restauração com sementes X restauração com mudas.

    Local: Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio, Polo Regional Vale do Paraíba – Avenida Dr. Antônio Pinheiro Junior, 4009 - Pindamonhangaba SP.

    Professores/facilitadores: Antonio Carlos Pries Devide e Cristina Maria de Castro, pesquisadores  da APTA.

     

    Introdução

    Participaram desta capacitação 18 funcionários da URBAM , sendo que 17 não tinham praticamente nenhuma experiência com agroecologia, adubação verde e os temas abordados.  Todos trabalharam até o momento apenas com arborização urbana, paisagismo , viveiros e sistemas de restauração florestal simplificados que utilizam apenas plantios das mudas nativas exigidas nas compensações determinadas pela CETESB. Esses sistemas simplificados geralmente são pouco eficientes, com alta mortalidade de mudas, desenvolvimento lento e altos custos de manutenção , principalmente com a roçada das gramíneas espontâneas e reposição de mudas. Ao encerrar o processo de compensação (geralmente 36 meses após a conclusão do plantio), a diversidade de espécies arbóreas é muitas vezes baixa, predominando espécies pioneiras de crescimento mais rápido que geralmente são as espécies menos ameaçadas e de menor importância ecológica.

    Objetivos:

    Essa capacitação visou mudar a realidade dos trabalhos de restauração florestal realizados pela URBAM, empoderando os funcionários na compreensão da dinâmica dos sistemas, tornando-os ativos nos processos de decisão e não apenas meros executores das ordens dos responsáveis técnicos. Com emprego de plantas de serviço (adubação verde) e manejo da matéria orgânica espera-se aumentar a eficiência da mão de obra empregada, reduzindo a necessidade de roçadas e reposição de mudas e um desenvolvimento mais rápido das mudas nativas com resultado final mais biodiverso e ecologicamente relevante.

    Desenvolvimento das atividades:

    Conhecendo um módulo de SAF:

    O dia iniciou com visita ao módulo SAF mais recente da APTA, (macaúba, frutas nativas, banana, mandioca , gliricídia e outras plantas de serviço) onde o pesquisador da APTA Antonio Devide apresentou uma breve introdução aos sistemas agroflorestais e de restauração florestal produtiva com emprego de plantas de serviço (adubações verdes) e as diversas vantagens em relação aos sistemas de restauração simplificados sem o emprego de outras plantas além das árboreas nativas (Figura 1).


     Figura 1. Diálogo no SAF macaúba sobre recobrimento do solo, manejo de Gliricidia sepium em consórcio com bananeira e frutas nativas da família Myrtacea.

    Atividade prática:

    Após conhecer um modelo de sistema já implantado como exemplo, o grupo realizou a prática de plantio escalonado de um pequeno módulo de  500 m2 com plantio de Eritrina (árvore nativa da mata atlântica, pioneira de rápido crescimento) feijão de porco e mamona como adubação verde, banana BRS Princesa, tipo maçã, cultivar da Embrapa tolerante ao mal do panamá e quiabo. Estas espécies plantadas inicialmente são pioneiras,  de rápido crescimento para recobrimento da área. Posteriormente numa 2° etapa de plantio serão plantadas espécies secundárias de crescimento mais lento e que se desenvolvem melhor nos ambientes parcialmente sombreados e mais protegidos proporcionados pelas plantas de recobrimento.

     

    Figura 1. Orientação para realização da prática de plantio.

    Figura 2. Atividade prática de plantio.

    Conhecendo outros sistemas de restauração produtivos:

    Após a prática de plantio foi realizada visita a outros módulos de restauração mais antigos, instalados na APTA. No “SAF Olho D’água” cuja implantação iniciou em janeiro de 2012 e encerrou em 2013 os visitantes puderam conhecer as diferenças entre os plantios realizados a partir de sementes e os realizados com mudas. Nessa área de 2000 m² foi realizado plantio no espaçamento comercial em área total de banana BRS Conquista, cultivar tolerante às principais doenças que atacam a cultura da banana juntamente com diversas árvores nativas como o guapuruvú e a palmeira jerivá e as frutíferas grumixama, araçá, cabeludinha, entre outras.

    Em seguida o grupo conheceu uma área de pouco mais de 1 hectare , vizinha ao SAF olho d’água onde foi realizado um plantio de restauração exclusivo com sementes, em área total no sistema muvuca de sementes. Nessa área foram semeadas diversas espécies de adubação verde como feijão de porco e crotalária (exóticas) com adubações verdes nativas como o Anil (Indigofera tinctoria) e diversas espécies arbóreas nativas como pau viola, jatobá, sangra d'água e outras (Figura 2).

    Figura 2. Plantio realizado por semeadura direta com mix de espécies nativas arbóreas e adubação verde

    O pesquisador ressaltou as vantagens do plantio por sementes, que é realizado muito mais rápido e com baixo custo e ´menor necessidade de mão de obra em relação ao plantio de sementes.  Um diferencial específico desse plantio é o uso de  espécies nativas como adubação verde (o anil por exemplo) ao invés de apenas as espécies exóticas mais comumente utilizadas.

    No período da tarde foram visitados ou 2 módulos de SAF mais antigos da APTA , implantados em 2011, o SAF Pupunha  e o SAF Banana. Nesses locais falou-se sobre a importância de fechar a área com cerca viva (nesse caso cerca de margaridão) para reduzir efeito de borda e a entrada de sementes de gramíneas indesejadas nos sistemas com o vento. Conheceram as espécies exóticas ornamentais que ocupam espaços no sistema e podem ser consideradas invasoras embora realizem a função ecológica ocupando o extrato herbáceo no sistema. Também viram os rizomas de cúrcuma espalhados na área que se desenvolvem espontaneamente com o início das chuvas, podendo ser colhidos todos os anos sem a necessidade de replantio posterior.  Em ambos os módulos, as bananeiras plantadas inicialmente foram retiradas do sistema devido ao sombreamento proporcionado com o avanço do desenvolvimento das árvores nos sistemas (Figura 3).

    Figura 3. Visita ao SAF Pupunha.

    Ao final conheceram o horta/coleção de PANCs apresentada pela pesquisadora Cristina Castro com diversas espécies que toleram sombra e podem ser cultivadas nos sistemas agroflorestais, e o banco de sementes de adubação verde podendo conhecer as diversas espécies e suas aplicações na restauração florestal.