28 de set. de 2022

Edital de Convocação para Assembleia Geral Extraordinária da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba

 

Prezados Senhores(as) Associados(as)

O Diretor Presidente da REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA, no uso de suas atribuições, convoca todos os associados para Assembleia Geral Extraordinária a realizar-se no próximo dia 06/10/2022, na Rua Jorge Migoto, nº 25, no Assentamento de Reforma Agrária Olga Benário, no bairro denominado Fazenda Kanegae, município de Tremembé – SP, CEP 12120-000. Os trabalhos serão iniciados às 14h, em primeira convocação, ou na falta de quórum necessário às 14:30h em segunda convocação, com qualquer número de presentes para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia:

(i)         adesão de novos associados;

(ii)      inclusão de novas atividades da associação no Estatuto Social relacionadas com plantio, poda de árvores e assessoria técnica especializada.

 

Pindamonhangaba, 28 de setembro, de 2022.

 Antonio Carlos Pries Devide
Diretor Presidente


RELATO: Feira de Troca de Sementes em Cunha reúne agricultores, técnicos, artistas e crianças

Texto e fotos de Haroldo Castro - associado da SerrAcima

Cunha realizou nesse sábado 10 de setembro sua 10ª Feira de Troca de Sementes Crioulas e Mudas Nativas. A Praça do Rosário, enfeitada com barracas multicoloridas, recebeu durante o dia mais de 400 pessoas representando cerca de 50 coletivos entre associações e grupos de agricultores que vieram de 20 municípios da região. Os presentes foram brindados com um farto café-da-manhã, exibindo as delícias produzidas na roça: só de bolos, havia 40 diferentes. 


Quatro palestras realizadas por especialistas nas salas de aula da Escola Casemiro da Rocha, situada na própria Praça do Rosário, compartilharam conhecimentos valiosos sobre espécies crioulas, armazenamento de sementes, agroecologia, regularização de produtos de origem animal, agricultura urbana e o emblemático pinhão. A escola também abrigou crianças em atividades educativas, incluindo a “bomba de sementes”, uma técnica lúdica agroecológica com a finalidade de propagar a diversidade biológica. 


No espaço central da praça e no elegante coreto, aconteceram várias manifestações artísticas, como danças circulares, shows de viola, duplas de música popular e aulas de pífano. Ao redor, além da venda semanal dos produtos orgânicos nas barracas da APAC, agricultores familiares e feirantes ofereciam mel, artesanato, peças de cerâmica, caldo de cana moída na hora e... uma dezena de bolos!

Filme: Michel Bottan www.desperto.com.br 

A culminação do evento, após o almoço, foi o tão esperado ritual de troca de produtos entre os participantes. Sobre longos tecidos de chita de cores fortes, foram expostos pilhas de sementes, crioulas e florestais, mudas em tubetes e até árvores nativas de dois metros. Só de variedades de milho, haviam 15 diferentes. As negociações foram na base da permuta, sem ninguém precisar abrir a carteira. E mesmo quem não tinha nada para trocar, saiu com as mãos cheias. 

“Além da troca de sementes, a feira promoveu intercâmbios, articulações e aprendizagens, tudo com muita alegria. Cumprimos nosso papel de cidadãos ativos que trabalham para o desenvolvimento de nossa cidade e região”, disse Jessica Marques, diretora da SerrAcima, organização que inspirou a realização do evento. “As parcerias estão se fortalecendo e a feira vem pertencendo cada vez mais a um coletivo do que apenas a uma entidade”.


14 de set. de 2022

Relato: CURSO DE MANEJO AVANÇADO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO SITIO ECOLÓGICO

Por Carlos Alberto Silvestre 
Eng. Ambientel e coagricultor da CSA Sítio Ecológico
 
Nos dias 26, 27 e 28 de agosto de 2022 houve o curso de manejo avançado em Sistemas Agroflorestais (SAF) no Sítio Ecológico da família Martins (Regiane, Valdir, Carol e Vitor), localizado no Assentamento Nova Esperança I, bairro Vargem Grande em São José Campos - SP. 

Por: @maria.dlm9

 O curso foi ministrado de forma teórica e prática pelos Agrofloresteiros Valdir Martins (Valdirzinho) e Namastê Messerschmidt, os quais abordaram diversos temas, tais como: 

  • planejamento da propriedade; 
  • objetivo de produção; 
  • consorcio de hortaliças; 
  • sucessão vegetal e 
  • estratificação vegetal; 
  • capina seletiva; 
  • tipos de ferramentas de podas, seus cuidados e usos; 
  • tipos de podas (condução e estratificação) e 
  • funções no sistema; 
  • cuidados pessoais e com a plantas ao fazer as podas; 
  • importância do reconhecimento vegetal sua função, seu tempo de vida e seu estrato; 
  • importância do uso do material podado como cobertura do solo; 
entre muitas outras coisas que acabamos não lembrando pela quantidade abundante de informação. 

Manejo no SAF horta: poda e capina seletiva
No primeiro dia fizemos uma apresentação pessoal breve para nos conhecer, decidimos coletivamente como seriam as ações para um bom convívio no período do curso, nos alimentamos e fomos ao primeiro local de estudo onde existe um SAF horta a 'pleno vapor'. 

Linhas de diversidade com canteiros cultivados com hortaliças plantadas em consórcio. 

 


Lá foi abordado alguns dos consórcios feitos pelo Valdirzinho que consorcia couve, rabanete, alface, alho-poró, beterraba entre outras espécies em canteiros, os quais são plantados estrategicamente para que ocorra um amadurecimento da planta, sua retirada e a liberação de espaço para que sua sucessora no tempo possa crescer livre e feliz até o encerramento do ciclo desse sistema.

Os consórcios de espécies hortícolas simulam a sucessão como em um SAF.

Nesse mesmo local conversamos sobre a importância de impulsionar a informação de crescimento do sistema como um todo, uma vez que as hortaliças tinham sidas plantadas a poucos dias. Daí, para ajudarmos nesse processo, fizemos as primeiras podas nas linhas de plantas de serviços/criadoras, que intercalam a cada 3 canteiros de hortaliças. 
Poda de mamona.

Com essas podas foram 'mandadas informações' de crescimento para o seu entorno. Ali podamos feijão guandu, tefrosia, ingás, bananeiras, assa peixe, aroeiras, bem como capinamos seletivamente plantas já maduras como: picão, cosmo, caruru entre outras. 

SAF com frutíferas - manejo de guandu 
No período da tarde, depois de um belo almoço, colhemos e descascamos mandioca para o café da tarde e janta. 

 
Colheita de mandioca de mesa e descascamento.

Depois fomos a uma área com 2,5 anos de implementada onde o carro chefe era a produção de frutíferas. Lá o sistema era intercalado plantas frutíferas e de serviço com linhas capim mombaça, o qual era a principal planta de poda para recobrimento das linhas de frutíferas. 
Poda: técnica de poda para fortalecer a cicatrização e evitar lascas.

Nessa área, colhemos bastante feijão guandu, podando eles na sequência, cobrindo as frutíferas em suas linhas. No fim do dia comemos um delicioso caldinho de mandioca para fechar o dia. 

Manejando um SAF 'maduro'
No segundo dia iniciamos as atividades com um círculo em frente a casa dos Martins, com a dinâmica do “ E ai”. Nela, falamos o que aprendemos no dia anterior. Foi uma conversar muito boa pois, cada participante lembrava de uma coisa e no final tínhamos conversados sobre quase tudo que aconteceu no dia anterior. 


Explicação de como se faz o corte da Acacia mangium.

Depois da conversa fomos para uma região que tinha 7 anos de implementada, era muito diferente das outras áreas e dava a ideia de como as áreas anteriores ficariam daqui algum tempo. Nessa área já tinha sombra, o ambiente era mais gostoso e a diversidade de arvores era muito maior. 

Lá vimos o quanto era importante conhecer bem a planta que estava na nossa frente, saber se ela pertencia àquele estágio do sistema ou se já tinha comprido sua função. Um exemplo que foi mostrado, foi do assa peixe. Era nítido suas marcas de planta que já cumpriu sua função, ele estava com muito poucas folhas e com sua madeira sem cor e com feridas que não cicatrizavam, mostrando que estava na hora dele se despedir e se doar para as árvores que estavam cumprindo sua função no seu estágio.

 

Raleio das plantas na linha de diversidade. 

Também vimos ali mais que nas outras áreas o quanto era importe saber qual era o estrato de cada árvore, para fazemos podas que passariam informações de um sistema estratificado e em pleno crescimento. Nesse trabalho podamos a cabeça de emergentes deste estagio, como guapuruvú, acácia e cinamomo, rebaixamos os estratos altos que se sobressaiam com emergentes do futuro como o jatobá.
 
Etapa inicial do corte da Acacia mangium e guapuruvú.

Ahhh!!! Antes de tudo isso, primeiro fizemos uma capina seletiva também para diminuir a incidência de espontâneas de estagio anteriores. 

Para esse trabalho usamos motosserras, serrotes e tesouras de poda, fações. Uma coisa bem legal foi o trabalho feito pelas mulheres usando motosserra, subindo em arvores e podando lá alto, desmistificando a ideia equivocada que isso é trabalho para homens. 

 
 

 
Poda com serrote da copa do ingazeiro e beneficiamento com motosserra do tronco do guapuruvú.

Ali, ainda podamos bananeiras usando a técnica do copinho na maioria das bananeiras, deixando somente os brotos  novos tipo 'chifre'; derrubamos algumas árvores emergente com a motosserra, para ficar com a quantidade adequada ocupando esse andar. 

No final da tarde tivemos a visita ilustre da Sonia Guajajara e Eduardo Suplicy que conheceram o Sítio Ecológico e se encantaram com o trabalho feito pela família Martins, conversaram sobre as questões da reforma agrária no Brasil, o uso da Agrofloresta com ferramenta da melhoria da quantidade e qualidade de vida como um todo dentro dos assentamentos, bem como a importância de fomentar essa iniciativa com ações e leis governamentais. 
 

Namastê e Valdirzinho com Sônia e Suplicy.

No final do segundo dia teve uma fogueirinha para esquentar a noite e uns tocadores dos bão pra esquentar o coração. O pessoal contou causos e piadas para alegrar ainda mais esse dia. 

SAF com abacate - Poda de formação
No último dia, fizemos novamente o “E ai”, voltamos aos trabalhos na mesma área do dia anterior, para finalizar esse manejo. 

A tarde fomos em outra área onde o carro chefe era o abacate, vimos como fazer uma poda de condução, rebaixando um pouco a copa e retirando os galhos que poderia quebrar ao crescer mais. Ali, também, manejamos as plantas do entorno para passar a informação de um sistema em crescimento.


Poda de formação e limpeza em mangueira

Depois, no final da tarde, fizemos um fechamento breve e voltamos para nossos lares empolgados e com gostinho de quero mais....... mais plantar, para mais podar, para mais plantar.


Filmes: Maria de la Mora @maria.dlm9
Imagens: Lucas Lacaz Ruiz / A13, Doni Firmino, Marcelo V. da Fonseca e outr@s pessoas