27 de abr. de 2022

1ª Formação em CSA do Vale do Paraíba

Por
Bruna Tau 
Co-agricultora da CSA Guajuvira

No último feriado (21-24/Abril/2022) tivemos a 1ª Formação em CSA do Vale do Paraíba! Foram 4 dias de formação no Sítio Ecológico dentro do assentamento Nova Esperança aqui em SJC, tudo organizado pelo balaio de CSAs do Vale do Paraíba. 


Os coordenadores Nacionais da CSA Claudia e Wagner estiveram presentes contando a história desde quando a CSA veio da Alemanha para o Brasil e através de aulas teóricas e vivências passamos por toda base filosófica e metodológica de como é a formação de uma CSA.


Na Quinta tivemos a presença da Valéria Pascoal, uma das fundadoras da CSA Brasil, falando sobre saúde numa aula bastante interativa com os participantes.


Na sexta fizemos visitas aos sítios onde estão as CSAs Pindorama e Sítio Ecológico, conhecendo as atividades dos agricultores de perto.

Já no Sábado a tarde tivemos a presença da agrônoma Luciana falando sobre planejamento de produção, uma ferramenta extremamente importante para as CSAs.


Finalizamos o 4º e último dia com uma noite cultural animada em volta da fogueira conversando sobre a história do assentamento do MST, Nova Esperança e violão.


Agradecemos toda colaboração voluntária que tivemos, seja com algum valor, com alimentos, na cozinha ou na organização de todo operacional. Foram aproximadamente 40 pessoas! Participantes de vários lugares. Teve gente de Tremembé, Lagoinha, Monteiro, São Luís do Paraitinga, Taubaté, Pinda, Piracicaba, Sul de Minas e São José dos Campos. Algumas pessoas já eram coagricultoras, outras agricultoras e outras queriam conhecer o conceito de CSA pra fundar novas CSAs ou simplesmente conhecer o que é uma CSA.

Agradecemos também o Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos e região que deram um aporte financeiro e de estrutura para que este encontro acontecesse. 

@csa_brasil 
#sjc #agroecologiafamiliar #csabrasil #saojosedoscampos

Organização: Thais Rodrigues da Silva  - CSA Guajuvira e equipe do Assentamento Nova Esperança
Imagens: Doni Firmino, Thais Rodrigues da Silva e Bruna

19 de abr. de 2022

1º Encontro de restauradores da paisagem de Pindamonhangaba

Por
Luis Fernando Souza de Oliveira - Engº Agrônomo, bolsista Fapesp
Antonio Carlos Pries Devide - Pesquisador da APTA

A restauração de áreas degradadas por meio dos SAF - Sistemas agroflorestais com o uso de árvores frutíferas nativas e plantas alimentícias não convencionais (PANC) está em crescente evolução no Vale do Paraíba paulista.

 

Figs. 1 e 2. Produção de PANC, destaque para os rizomas tropicais e sementes diversas para SAF.

A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba tem sido importante no fomento da restauração de áreas por meio dos mutirões agroflorestais que unem pessoas de diferentes origens. O ‘estudo da paisagem’ e o ‘aprender fazendo’ são métodos de trabalho que despertam a sensibilidade para a análise do ambiente e o aprendizado prático insere as pessoas na restauração através do manejo agroflorestal.

A APTA - Unidade Regional de Pesquisa e Desenvolvimento de Pindamonhangaba (Polo Regional) também trabalha para fortalecer a Rede Agroflorestal por meio de projetos, cursos, oficinas, dias de campo, mutirões e informações técnicas de pesquisas como subsídios à implantação de SAF.

 

Figs. 3 e 4. Rizomas tropicais em SAF com gliricídia, linhas externas com banana e ora-pro-nóbis. 

Os SAF e a Segurança Alimentar e Nutricional são temas trabalhados em conjunto nas pesquisas. O uso das PANC na alimentação e o resgate de espécies alimentícias negligenciadas visa contribuir na promoção da alimentação equilibrada e saudável, rica em fontes de fibras, proteínas e minerais.

Figs. 5 e 6. Cultivo de amendoim amazônico, detalhe dos frutos com sementes ricas em ômega 3, 6 e 9. 

Valorizar as espécies alimentícias e as frutas nativas do bioma Mata Atlântica nos projetos de restauração com SAF também fortalece a geração de renda e a valorização das propriedades rurais com um paisagismo regenerativo que fortalece os corredores ecológicos necessários para a conservação da biodiversidade.

 

Figs. 7 e 8. SAF com araribá, macaúba e frutas nativas e suas contribuições como corredor ecológico.

O incentivo ao cultivo de frutas nativas deve aumentar a demanda por uma área equipada para o processamento dos alimentos, pois algumas frutas, como a palmeira juçara e a uvaia, necessitam ser despolpadas para o uso e a comercialização, gerando renda aos produtores rurais

 

Fig. 9. Cerca viva de pitanga em plantio direto 

É nesse sentido que se desenvolve o projeto Sistemas Agroflorestais (SAF) com Frutas Nativas e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) em Pindamonhangaba – SP”, executado pela APTA e Corredor Ecológico do Vale do Paraíba, com financiamento da empresa ‘Performance Specialty Products do Brasil Serviços e Comércios de Produtos Eletrônicos e de Proteção e Segurança Ltda.’ (‘Dupont’), para fortalecer a Rede Agroflorestal. Conta com o apoio da Prefeitura Municipal (Secretaria de Meio Ambiente) e do Governo do Estado (Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente). 

São objetivos do projeto: 

  • fortalecer a Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba
  • realizar oficinas de sensibilização para proprietários rurais
  • pesquisar a agrobiodiversidade em propriedades rurais
  • implantar SAF com ênfase em frutas nativas e PANC em propriedades rurais
  • elaborar o planejamento individual das propriedades rurais (PIP)
  • elaborar uma cartilha sobre o manejo e licenciamento ambiental dos SAF na propriedade rural
  • reformar uma área da APTA para implantação de uma cozinha experimental 
  • iniciar a pesquisa sobre produção e processamento de frutas nativas e PANC em conjunto com  os produtores rurais

No que diz respeito ao incentivo do processamento de alimentos, o apoio do projeto deve buscar adequar as instalações da APTA para receber equipamentos adquiridos pelo Instituto Auá, no âmbito do edital Ecoforte da Fundação Banco do Brasil. Esses equipamentos foram direcionados para a Rede Agroflorestal, para fomentar, através da APTA, a pesquisa aplicada e a capacitação de agricultores familiares. A pesquisa deve identificar as áreas de produção, as espécies nativas e exóticas utilizadas, a produção de frutos e outros dados de plantios, colheitas e processamento, a qualidade das sementes e do alimento, a produção de mudas, dentre outros aspectos.

Fig. 10.  Confraternização na cozinha experimental para o processamento de frutas nativas e PANC.

Atividade de sensibilização do 1º Encontro de restauradores

Ocorreu na APTA, em Pindamonhangaba, um encontro envolvendo 20 pessoas, entre técnicos e proprietários rurais que visitaram pela primeira vez os sistemas de produção de base agroecológica, onde conheceram diversas PANC, frutas nativas, adubos verdes e sistemas de produção, com destaque para os SAF produtivos e com foco na restauração de áreas de proteção permanente (APP), implantados em mutirão agroflorestal, por meio de mudas e através da semeadura direta (muvuca) entorno do ano de 2013. Além disso, participaram de atividade prática.

Prática de manejo agroflorestal

A prática de manejo agroflorestal foi realizada em uma área experimental implantada em parceria com a Urbam de São José dos Campos no ano de 2021 e consistiu no plantio de uvaia, açafrão e feijão de porco. 

 
Figs. 11 e 12. Corte do feijão de porco, plantio de uvaia e açafrão na faixa interna entre as bananeiras.

Descrição da área experimental

Linhas com bananeira BRS Princesa (tipo maçã) espaçadas 5,0x2,5m, intercalada na linha com mamona Paraguaçú em associação com as arbóreas exótica gliricídia e nativa eritrina mulungu,  avaliadas em parcelas separadas quanto ao crescimento e aporte de fitomassa em poda (adubo verde)

Nas entrelinhas da banana o feijão de porco (adubo verde) foi cortado e ressemeado junto com o plantio de mudas de uvaia plantadas a cada 5,0m, associadas de cada lado com uma fileira de açafrão.

Fig. 13. Croqui do SAF simplificado para pesquisa do manejo de arbóreas para adubação verde.

Dados do 1º Encontro de restauradores da paisagem de Pindamonhangaba-SP

  • Local: APTA - URPD Pindamonhangaba (Polo Regional)
  • Data: 13/04/2022
  • Horário: 7:30-12:00 h
  • Programação:
  • 7:30-8:00 h -Acolhimento e café colaborativo
  • 8:00-9:00 h -Corredor Ecológico e Serviços Ecossistêmicos (Corredor Ecológico)
  • 9:00-10:00h -Visita ao Banco de Matrizes e Mudas de PANC - PqC. Cristina Castro, APTA/SAA
  • 10:00-11:00h -Modelos de Sistemas Agroflorestais com Frutas Nativas - PqC Antonio Devide, APTA/SAA; Engº Agrº Luis Fernando Sousa
  • 11:00-11:30h - Avaliação e Encerramento
  • Degustação de alimentos da Mata Atlântica compartilhados por todos contendo sucos de polpa de juçara e de cajá, chá de capim limão, combuchas diversas, café do Vale do Paraíba, pão de abóbora, geleia de beterraba com especiarias, castanha de amendoim amazônico dentre outros alimentos. 

Fig. 14. Produtos locais do lanche compartilhado pelos participantes.


Participantes: 

  • Proprietários Rurais - Pedro Magalhães, Aline Lopes, Eleandra Plosch, Andreas Plosch, Marcelo Rebellato, Ana Paula do Amaral, Gabriel Bustamante Souza, Marcielle Monize, Luciano Costa, Irineu Pinto.
  • APTA - Antonio Devide, Cristina Castro, Luis Fernando Oliveira.
  • Corredor Ecológico - João Vitor Mariano, Giovana Neves, Carlos Silvestre.
  • Instituto Auá - Thiago Mônaco e Adrian Pereira.
  • IA3 - Flavia Tiaki.

Imagens: Luis Souza Oliveira, Giovana Neves, Antonio Devide, Carlos Silvestre, Luciano Souza.

Edição para o blog: Antonio Devide - pesquisador da APTA

Fig. 15. Equipe de trabalho do projeto Sistemas Agroflorestais (SAF) com Frutas Nativas e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) em Pindamonhangaba – SP.

14 de abr. de 2022

Cartografia Biogeográfica e da Paisagem

LANÇAMENTO: 

O livro Cartografia Biogeográfica e da Paisagem Vol.III, organizado pelo Prof Eduardo Salinas Chavéz e Leonice Seolin Dias, está disponível gratuitamente no site:  

https://www.estantedaanap.org/product-page/cartografia-biogeogr%C3%A1fica-e-da-paisagem-volume-iii

O capítulo 11 intitulado: 

"Estudos de representações cartográficas de riscos de desastres socioambientais a partir de informações cidadãs", de autoria: Débora Olivato, Humberto Gallo Junior, Fabio L. Pincinato e Izabela de Souza, encontra-se entre as páginas 247 à 266. E apresenta algumas técnicas para levantar e cartografar informações referentes às percepções e vivências dos cidadãos/ãs sobre ameaças e riscos socioambientais do lugar onde residem. 

Os três estudos demonstram a viabilidade  de registrar as informações e promover espaços de diálogos e aprendizagens conjuntas- sociedade-técnicos - pesquisadores.

Boa leitura! Abraço

Débora Olivato

12 de abr. de 2022

MANEJO DE PODA PARA CONTROLE DO ÁCARO DA LICHIA

Dia de Campo na Unidade Demonstrativa Agroecológica – Sítio Benvinda Conatti, no Projeto de Assentamento Conquista em Tremembé da companheira Deise Alves.

Por: José Miguel Garrido Quevedo, Perito Federal Agrário do INCRA SP

A Cooperativa Mista de Agricultores de Tremembé e Região vêm se esforçando para incentivar a Transição Agroecológica de seus cooperados. 

O Objetivo da Unidade Demonstrativa Agroecológica é propiciar caminhos buscando esta transição, particularmente na instalação de Sistemas Agroflorestais. Assim foi instalado a unidade demonstrativa apoiada pelo Instituto Auá, visando o manejo de Sistemas Agroflorestais com ênfase na Restauração, mas também com foco na produção de citros, lichia e frutíferas nativas, tais como uvaia, cambuci, grumixama, cereja do rio grande, jabuticaba e as espécies nativas para madeira, como o guanandi, louro pardo, ipês, mognos e a exótica eucalipto. 

O Projeto é financiado pela Fundação Banco do Brasil - FBB, que forneceu os fertilizantes Yoorin, Ekosil, calcário, além de farinha de osso, composto pró-vaso e adubos nitrogenados torta de mamona e N organ; as sementes de adubo verde feijão de porco, feijão guandu, crotalária, nabo forrageiro e girassol, além do preparo de solo.

Já a TNC (The Nature Conservancy) proporcionou o plantio por muvuca, onde o solo foi preparado por meio de gradagens a fim de controlar a braquiária e deixar o solo solto. Depois foi passado o tratorito fazendo linhas em sulco num espaçamento de três metros para permitir que se fizesse a passada de roçadeira para incorporar matéria orgânica na linha. Nesta linha de plantio foi semeado as sementes de 80 espécies de nativas, mais os adubos verdes guandu, feijão de porco e crotalária, além de milho e abóbora. Na lateral destas linhas foi plantado manivas de mandioca.

O grande desafio desta agricultora é tornar o carro chefe do lote, o produção de Lichia, orgânico. O convívio com o ácaro da erinose e o tratamento com homeopatia e a adubação orgânica vem sendo o manejo aplicado. Este ano vai ser realizado o manejo da poda que até os dias atuais vêm se mostrando como o melhor forma de controle para a infestação pelo ácaro da erinose da lichia. Trata-se da poda preventiva e poda de controle permitindo que a atividade da lichicultura seja conduzida de forma satisfatória.


Takanoli Tokunaga: engenheiro agrônomo aposentado, diretor por vários anos do Núcleo de Produção de Mudas de São Bento de Sapucaí do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM), da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CATI-CDRS) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, foi o introdutor da Atemoia no Estado de São Paulo.