Os sistemas de produção praticados nos SAFs do Vale do Paraíba (Fig. 1) o sistema de consorcio de espécies vegetais é predominante, com 88,7%, mas a tipologia silvipastoril também está presente em 25,4% dos SAFS, com a integração da produção vegetal e animal na mesma área.
Fig. 1 - Sistemas de produção de SAFs
Observamos na Fig. 3 que em 65,2% das respostas, informaram que os SAFs ajudaram a aumentar a oferta de alimentos nas mesas das famílias.
Fig. 3 - Se a produção agroflorestal aumentou oferta de alimentos na mesa da família
Os principais fatores identificados que limitam a produção agroflorestal são: a escassez de recursos financeiros (23%), mão de obra (14%), equipamentos adequados (13%) e irrigação (11%). São prioridades: melhoria da organização dos mutirões agroflorestais (23%), ATER especializada em SAF (14%), produção de mudas e sementes (14%) e comercialização de produtos dos SAFs, como mostrado no gráfico 1.
Gráfico 1 – Fatores que limitam a produção agroecológica
Fonte: Questionário da Rede Agroflorestal e WRI (2021)
Quais são os caminhos a seguir?
Para concluir esse trabalho foram apresentadas propostas de soluções, discutidas com a banca na apresentação do trabalho, foi formuladas perguntas que precisam ser respondidas, através de pesquisas, fomentando projetos para identificar as melhores opções para:
- Criar Políticas Públicas e incentivos fiscais e também, políticas de comercialização, além do PAA e PNAE, e facilitar o acesso a creditos;
- Os SAFs devem ocupar maiores espaços públicos e ampliar a dinâmica da educação ambiental;
- Especializar a ATER e extensão rural para que dialoguem com as questões agrflorestais;
- Abrir frentes de mercados alternativos para o escoamento da produção, que é pequena em quantidade e com grande diversidade. Temos que trabalhar o associativismo para que os produtores se unam e ganhem em escala na hora de comercializar;
- Os agricultores tem que ganhar na diversidade e não na quantidade, senão não mudam o pensamento exploratório da monocultura capitalista. O maior legado de um SAF é a sua diversidade, que garante a estabilidade do sistema;
- Ter como foco a agregação de valor ao produto para ter um rendimento que compense a pequena produção cujo ganho acaba ficando com quem faz esta agregação de valor na cadeia produtiva.
- E muito importante a quebra de paradigma na cabeça das pessoas. Elas esperam que todas as maçãs, laranjas etc...sejam identicas, como clones e produzidas o ano todo . Valorizam as plantas pela sua aparência e não pelo valor nutricional.
- Trabalhar numa monocultura é fácil, você precisa dominar uma planta/ cultura com receitas previamente determinadas pelas corporaçõaes. No SAF você tem que conhecer várias plantas/ culturas, os ciclos/ colheitas se sobrepõem . É um trabalho que exige conhecimento da natureza;
- Deve ser incentivado o beneficiamento, assim conservam os produtos por mais tempo, além de agregar valor a produção. Fazer sucos, polpas das frutas, fazer farinha, sabonete, geléias, conservas, chocolate, pó de café, etc.
- Agregar valor ao produto florestal através da certificação, processamento, maquinização própria – desenvolvimento de máquinas apropriadas e acessíveis para todas as escalas;
- Estruturar os desenhos dos SAFs, de acordo com o produto principal elencados pelo agricultor, consorciados a outras espécies sinérgicas, como dimensionar a mão de obra e facilitar a mecanização; Faltam dados sobre a interação das espécies;
- Como ampliar as escalas de produção, mantendo toda a complexização? Qual é o limite da simplificação que não pode ser ultrapassado para que os SAFs não deixem de ser sustentáveis?
- Ampliar os PSAs – Pagamentos por Serviços Ambientais
- Melhorar a estrutura rural – estradas, internet, serviços essenciais de água e esgoto, etc.
- Criar alternativas (internet; turismo rural, esportes, arte, etc.) para manter o jovem no campo. Agrofloresta requer trabalho de jovens.
- Ampliar as escalas de produção, mantendo toda a complexização, e saber qual é o limite da simplificação que não pode ser ultrapassado para que os SAFs não deixem de ser sustentáveis;
Enfrentar, as Mudanças Climáticas é o maior desafio apesar dos SAFs proporcionarem resiliência.
SAF no lote da Deise, em Tremembé
SAFs no Sítio Bela Vista, em São Luiz do Paraitinga
APTA Pindamonhangaba
Referências bibliográficas
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