29 de jan. de 2024

MANIFESTO CONTRA TERMOELÉTRICA

 Termelétrica coloca em risco todo o trabalho desenvolvido pelos integrantes da 

REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA E LITORAL NORTE!


    A REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA E LITORAL NORTE é contra a instalação da Termoelétrica no Vale. A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba se constitui como um grupo de pessoas interessadas em implantar, manejar e estudar os sistemas agroflorestais (SAF) com a participação popular para restaurar a paisagem com princípios na agroecologia. Há 10 anos organiza mutirões que potencializam o apoio mútuo e chamam a atenção para novos valores sobre o ensino, assistência técnica (ATER) e pesquisa.

    Temos registrado, ao longo de 10 anos, 53 mutirões e 28 capacitações que envolveram mais de mil agricultores (as) e 250 não agricultores (as), abrangendo 41 municípios e 66 instituições públicas e privadas. Coutinho et al. (2021) estimam que esses registros representem apenas 30% das atividades efetivamente realizadas no período de 2011 a 2021. As atividades da termoelétrica podem comprometer estes trabalhos desenvolvidos com tanto empenho nestes anos.

    O licenciamento de uma termelétrica de grande porte em Caçapava-SP que segue avançando, colocando em risco o meio ambiente e principalmente a saúde da população do Vale do Paraíba, pois se construída, está termoelétrica utilizará gás natural, liberando substâncias poluentes e tóxicas como gás metano, monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio. A magnitude dessa poluição é alarmante, equiparando-se à emissão anual de centenas de milhares de veículos. O impacto ambiental será significativo, afetando a flora e a fauna da região, com consequências que podem perdurar por décadas.

    O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado aponta três fontes principais de poluentes atmosféricas:

    - Monóxido de Carbono (CO) - Emissão de 3.303 toneladas por ano

    - Óxidos de Nitrogênio (NOx) - Emissão de 2.541 toneladas por ano

    - Hidrocarbonetos Totais (HC) - Emissão de 579 toneladas por ano,

que “são substâncias precursoras (produtoras) do ozônio. Todo este conjunto de substâncias tóxicas provocam e agravam doenças respiratórias como bronquite, asma, alergias, enfisema e inflamações de regiões com mucosa no corpo e humano. Além de outros impactos ao meio ambiente como chuvas ácidas e danos à vegetação1 (até os alimentos como verduras que comemos vão sofrer danos)”, explica Gatti¹.

           Os óxidos de nitrogênio, no que diz respeito aos danos ao meio ambiente, tem
como exemplo a redução da permeabilidade das membranas celulares que impede
 as trocas gasosas das folhas e prejudica a realização da fotossíntese. 

    Além da poluição local, teremos a emissão de grande quantidade (5,8 milhões de toneladas) de dióxido de carbono (CO2) por ano, acelerando o aquecimento global, que já castiga o país com desastres e ondas de calor. Para se ter uma ideia da magnitude do empreendimento, esta usina sozinha causará um aumento de 13,8% nas emissões de CO2 do setor elétrico brasileiro.2

    É importante ressaltar que a geomorfologia do Vale do Paraíba, na qual Caçapava está situada, é uma planície entre as Serras do Mar e da Mantiqueira, e é servida pela predominância de ventos oceânicos circulares de baixa intensidade, fator que não proporciona dispersão atmosférica. Em outras palavras, venta muito pouco nos municípios da região Vale do Paraíba localizado entres as serras, assim todas as emissões permanecem concentradas na atmosfera da região, o que é agravado nos períodos de estiagens prolongadas, e no inverno quando ocorrem as inversões térmicas. Esses fatores que também proporcionam as chuvas ácidas, devido à alta concentração de gases e particulados suspensos na atmosfera, que leva a contaminação das águas e do solo.

    Segundo Dra. Luciana Gatti, “a modelagem matemática de dispersão de poluentes apresentada no EIA afirma que as concentrações destes poluentes permanecerão dentro dos limites de qualidade do ar definidos pelo estado de SP. Porém o estudo não apresenta qualquer validação do modelo para a região. Dentre as limitações identificadas estão: a utilização de uma única estação de superfície como referência para ventos e concentrações de poluentes; a falta de clareza quanto aos critérios de qualificação dos dados medidos; e a ausência de sondagens de perfis atmosféricos, negligenciando as inversões térmicas e nevoeiros recorrentes em boa parte do ano que prejudicam a dispersão dos poluentes em nossa região, sem considerar que estamos em um vale e o quanto isto dificulta a dispersão e afeta a todas as cidades do Vale do Paraíba. Ou seja, não há evidência que ateste que a ferramenta utilizada é capaz de estimar adequadamente a dispersão de poluentes em nossa região. Isso destoa das boas práticas científicas e coloca dúvidas quanto aos resultados apresentados.

    Além disso, a água subterrânea e superficial abastece a população e outras atividades econômicas da região e o Rio Paraíba do Sul, que já se apresenta numa situação crítica de conflitos no uso da água, também é responsável pelo abastecimento do sistema Cantareira, que sofre com as recorrentes crises hídricas, tendo assim, uma contribuição importante no abastecimento público também da cidade de São Paulo. E aí temos os Sistemas Agroflorestais (SAFs) que contribuem com a formação de corredor ecológico que liga as várzeas do Rio Paraíba do Sul ao fragmento de Mata Atlântica na transição com a Serra da Mantiqueira.

    O Vale do Paraíba é considerado um hotspot pois a região é uma das cinco mais ricas em biodiversidade e a implantação dos SAFs são considerados uma das formas mais sustentáveis de se restaurar a Floresta Atlântica, convertendo o ecossistema degradado em outro, com destino e uso distintos, tornando-o produtivo com baixo uso de recursos externos e capital. Os SAFs podem recuperar a capacidade produtiva dos solos reduzindo processos erosivos, aumentando a recarga hídrica para os aquíferos subterrâneos, melhorando a paisagem, agregando valor a terra e conservando habitats naturais. Também, podem se tornar um dos vetores de ligação entre fragmentos florestais remanescentes, ligando a Serra do Mar à Mantiqueira, melhorando o fluxo de animais silvestres, beneficiando, também, a diversidade biológica.

    Em todas as regiões geográficas brasileiras acontecem episódios extremos do clima, desde mudanças no regime de chuvas e secas intensas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste e chuvas e ventos extremos na região Sudeste e Sul. Como consequência, há sérios problemas como a falta de abastecimento de água, perda da biodiversidade, inundações, movimentos de massa, causando sérios prejuízos econômicos e principalmente, impactos à qualidade de vida e gerando vítimas fatais, principalmente em comunidades periféricas e mais vulneráveis.

    Este momento é um marco de resistência para chamar atenção global a este projeto de termelétrica movida a metano que está se desenvolvendo com pouco diálogo e transparência para a população por parte da requerente e da prefeitura municipal.

    Não podemos permitir a instalação de um empreendimento tão prejudicial à nossa saúde, à nossa população e à Mata Atlântica em nossa região!

    Divulgue! Manifeste-se! Termelétrica aqui NÃO!!!






1 Profª Dra. Luciana Gatti – Coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do , INPE – Instituto Nacional de Pesquisas.
2 Fonte: EIA e Balanço Energético Nacional 2023 (EPE)


OBS: Documento elaborado por membros do Conselho Deliberativo e integrantes da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba.


20 de jan. de 2024

Relato sobre o Mutirão do Plantio de Juçara, ocorrido na Igreja Céu do Vale-Ribeirão Grande-Pindamonhangaba-SP.

Por André Luís de Souza - Assentamento Luís  Carlos Prestes - Taubaté


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Iniciar o ano com o Mutirão  do Plantio da Palmeira Juçara, foi como plantar afetos e imprimir na alma a sensibilidade depositada por todos dentro de um ambiente acolhedor e rico de significados. 

Na ida para a Comunidade da Igreja Céu do Vale, no bairro Ribeirão  Grande em Pindamonhangaba, vários sentimentos e sensações despertaram em mim. Primeiro foi a incerteza por não  saber de como iria rolar o mutirão. 

Depois, quem seriam as pessoas que iriam compor os nossos momentos de diálogo, de trocas de afetos e do despertar de sentimentos  e por último, de como seria a distribuição  dos trabalhos, tais como: separar as mudas, fazer os berçários, plantio só da juçara em áreas  alagadas ou da mistura com a muvucas das sementes, etc. 

Posso afirmar que já  na ida para o local nos deparamos com muitas paisagens que nos remete a paz, a estética e a integração. Com a chegada fomos todos bem recepcionados. Tivemos um tempinho para tomar o café  e depois todos encaminhados para uma roda de conversa com o intuito de nos apresentar, falar das nossas motivações e  da vontade de estar aberto a aprendizagens novas. Ali na apresentação senti que a conexão e a rede de afetos e significados se expandiram nos tornando uma coisa só pertencentes a esse planeta maravilhoso de tantas possibilidades e de situações.  

O fato de ter deixado os meus compromissos para somar a outros no plantio da Juçara, não só  me despertou um olhar cuidadoso,  mas como aquele que adota uma semente para ver germinar, crescer e dar seus frutos. 

Acho que para quem foi nessa vivência do mutirão fica difícil de mensurar o quanto foi saudável participar de um momento único, de encontrar com nós mesmos integrados a Mãe Terra. 

Agradeço aqui, especialmente  a Deise da Rede Agroflorestal que me convidou para fazer parte desse mutirão. Por isso digo, que este mutirão foi único e irrepetivel e estará  marcado em nossas memórias,  pois cada gesto, cada olhar, cada lançamento de sementes, cada cântico perpetuou a nossa vida. Que os astros possam acolher o que nós  plantamos naquele dia e para aqueles que não  puderam participar, tentem viabilizar vivências de mutirão, principalmente quando for para plantar porque o planeta precisa dessas atitudes para regenerar a nossa Mãe Terra que grita por socorro.



Rede Agroflorestal: https://www.instagram.com/p/C2KeF2rr8Lu/

29 de dez. de 2023

Aspectos Econômicos dos Sistemas Agroflorestais Biodiversos e seus desafios - por Renata Egydio

O tema “Aspectos Econômicos dos Sistemas Agroflorestais e seus desafios” foi apresentado no XIII Encontro de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, que aconteceu no dia 15 de dezembro, na Universidade de Araraquara (UNIARA). O objetivo desse trabalho é avaliar os aspectos econômicos e os desafios para tornar os SAFs Biodiversos rentáveis, contemplando a agrobiodiversidade dentro no conjunto da biodiversidade do bioma Mata Atlântica. O trabalho foi apresentado pela pesquisadora Renata Egydio de Carvalho, sob a orientação do Prof. Dr. José Maria G. Ferraz (UNIARA) e Dra. Maria Teresa N. V. Abdo (Apta Regional de Pindorama).

Existem inúmeras lacunas de conhecimento sobre os agrossistemas biodiversos, com muitos projetos pilotos em andamento, para resultados que satisfaçam as dimensões ecológicas e econômicas. Agregar questões financeiras às abordagens relacionadas aos SAFs traz benefícios e as potencializa, pois, a luta efetiva contra a pobreza no campo exige desenvolvimento de sistemas produtivos e que gerem aportes financeiros em todo o período de existência do sistema. 

No Vale do Paraíba, as áreas de SAF já implantadas assumem papel relevante para as pesquisas, que podem indicar as tipologias e as espécies mais adaptadas às diferentes formações florestais nos diferentes compartimentos da bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul (SP), contribuindo no aumento da capacidade de conservação da biodiversidade e mudança na vida dos agricultores.

Para fazer essa análise foi utilizada dados do Questionário da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e WRI -World Resources Institute, aplicado em 2021, para o Plano de Ação da REDE. São apresentadas propostas de soluções para tentar absorver os desafios para criar uma cultura florestal, num país que tem 58,5 %  do seu território coberto por florestas, com perguntas que precisam ser respondidas, através de pesquisas, fomentando projetos para identificar as melhores opções, cujo maior desafio são as mudanças climáticas.

O SAFs Biodiversos podem competir, em lucros, com as monoculturas do Agronegócio? 

O Climatologista Carlos Nobre, integrante da equipe de pesquisadores do IPCC, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007, por alertar sobre os riscos do aquecimento global e lutar pela preservação ambiental, falando sobre os negócios sustentáveis que fazem frente ao desmatamento da Amazônia, declarou que “um hectare de sistema agroflorestal rende, em média, mil dólares por ano, o que é cinco vezes mais que o rendimento da soja e dez vezes mais o do gado (ECOA UOL). O Globo Rural de dois anos atrás (04/09/2020) já havia publicado que “Segundo modelo de viabilidade econômica desenvolvido pelo WWF-Brasil em parceria com Universidade Federal do Acre, Embrapa e Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a recuperação da vegetação nativa em sistemas agroflorestais pode gerar um retorno médio anual de mais de R$ 4.500 por hectare.

“Os sistemas agroflorestais, além de serem uma importante alternativa para manter a cobertura vegetal, geram 20 vezes mais empregos e até 93 vezes mais renda que a bovinocultura extensiva” é o que conclui a dissertação de mestrado do pesquisador Robert Davnport, aprovada pelo Centro de Pós-Graduação em Agronomia Tropical, Pesquisa e Ensino (Catie), da Costa Rica ( AgroLink, 2013).

Se os SAFs são tão bons economicamente, onde estão os gargalos?

A questão colocada pelo pesquisador João Carlos Canuto, da Embrapa é: os Sistemas Agroflorestais (SAFs) têm capacidade de suprir as demandas globais por alimentos e ainda promover a conservação dos recursos naturais para as próximas gerações (Embrapa, 2018). Segundo Canuto, atualmente contamos com SAFs (agroecológicos e biodiversos) consolidados, que funcionam. “O aprofundamento do conhecimento sobre formas mais adequadas de projetar e desenvolver sistemas complexos é um dos pilares para suplantar a escala de experiências pilotos hoje existentes em direção à aplicação socialmente ampla dos SAFs” (Canuto et al. 2013). 

É muito importante uma análise das relações econômicas fundamentais relacionadas aos sistemas biodiversos, e especial a análise de viabilidade econômica e a formulação de índices de desempenho dos sistemas complexos, mas como afirma a pesquisadora Denise Bittencourt Amador, da ONG Mutirão Agroflorestal, para considerarmos a economia ecológica, os ganhos devem ser colocados numa planilha,  custos e receitas, gerando dados para estudos, pesquisas de longo prazo nas academias e sistematizar conhecimentos e experiências do campo. “Não temos esses dados aglutinados”.

É necessário redesenhar os agroecossistemas, modificando a forma de utilização da terra e do espaço, consorciando espécies para potencializar os benefícios prestados pela biodiversidade (controle do clima) e pela agrobiodiversidade (segurança alimentar).   A difusão de projetos assertivos, resilientes, produtivos, que possibilitem reforçar os vínculos dos agricultores com os mercados e que sejam adequados às pessoas e aos lugares onde serão implantados, são ferramentas cruciais para melhor uso da terra (Banco Mundial, 2016).

Existem desafios econômicos como falta de linhas de créditos e financiamentos adequados, o menor volume por espécies dificulta a comercialização, maior custo de produção, incerteza temporal do retorno financeiro e desafios operacionais, pois faltam conhecimentos para manejar plantios mistos com espécies em ritmos distintos de crescimento, desafios de mudar procedimentos já consolidados e aumentar a escala de plantios. E tudo isso tem que ser colocado “na ponta do lápis”!

O que temos no Vale do Paraíba? 

Os sistemas de produção praticados nos SAFs do Vale do Paraíba (Fig. 1)  o sistema de consorcio de espécies vegetais é predominante, com  88,7%, mas a tipologia silvipastoril também está presente em 25,4% dos SAFS, com a integração da produção vegetal e animal na mesma área.

Fig. 1 - Sistemas de produção de SAFs 

Fonte: Questionário da Rede Agroflorestal e WRI (2021)

Na Fig. 2a, o cultivo de plantas nativas temos a goiaba (80,9%), pitanga (73,5%), Araçá (58,8%) e jabuticaba (55,9%) são as frutas mais cultivadas nas propriedades agrícolas do Vale e a maior parte da produção dos SAFs é para o autoconsumo (64,8%), mas o excesso é vendido diretamente ao consumidor (63,4%), em feiras-livres (25,4%), vendas de cestas vivas (36,6%) e outras menos expressivas (Fig. 2b).

Fig 2a - Cultivo de plantas nativas e 2b – Destinação da produção
Fonte: Questionário da Rede Agroflorestal e WRI (2021)

Observamos na Fig. 3 que em 65,2% das respostas, informaram que os SAFs ajudaram a aumentar a oferta de alimentos nas mesas das famílias.

Fig. 3 - Se a produção agroflorestal aumentou oferta de alimentos na mesa da família
Fonte: Questionário da Rede Agroflorestal e WRI (2021)

Os principais fatores identificados que limitam a produção agroflorestal são: a escassez de recursos financeiros (23%), mão de obra (14%), equipamentos adequados (13%) e irrigação (11%). São prioridades: melhoria da organização dos mutirões agroflorestais (23%), ATER especializada em SAF (14%), produção de mudas e sementes (14%) e comercialização de produtos dos SAFs, como mostrado no gráfico 1.

Gráfico 1 – Fatores que limitam a produção agroecológica
Fonte: Questionário da Rede Agroflorestal e WRI (2021)

Quais são os caminhos a seguir?

Para concluir esse trabalho foram apresentadas propostas de soluções, discutidas com a banca na apresentação do trabalho,  foi formuladas perguntas que precisam ser respondidas, através de pesquisas, fomentando projetos para identificar as melhores opções para:

- Criar Políticas Públicas e incentivos fiscais e também,  políticas de comercialização, além do PAA e PNAE, e facilitar o acesso a creditos;

- Os SAFs devem ocupar maiores espaços públicos e ampliar a dinâmica da educação ambiental;

- Especializar a ATER e extensão rural para que dialoguem com as questões agrflorestais;

-  Abrir frentes de mercados alternativos para o escoamento da produção, que é pequena em quantidade  e com grande diversidade. Temos que trabalhar o associativismo para que os produtores se unam e ganhem em escala na hora de comercializar;

- Os agricultores tem que ganhar na diversidade e não na quantidade, senão não mudam o pensamento exploratório da monocultura capitalista. O maior legado de um SAF é a sua diversidade, que garante a estabilidade do sistema;

- Ter como foco a agregação de valor ao produto para ter um rendimento que compense a pequena produção cujo ganho acaba ficando com quem faz esta agregação de valor na cadeia produtiva. 

-  E muito importante a quebra de paradigma  na cabeça  das pessoas. Elas esperam que todas as maçãs, laranjas etc...sejam identicas, como clones e produzidas o ano todo . Valorizam as plantas pela sua aparência e não pelo valor nutricional.

- Trabalhar numa monocultura é fácil, você precisa dominar uma planta/ cultura com receitas previamente determinadas pelas corporaçõaes.  No SAF você tem que conhecer várias plantas/ culturas, os ciclos/ colheitas se sobrepõem . É um trabalho  que exige conhecimento da natureza; 

- Deve ser incentivado o beneficiamento, assim conservam os produtos por mais tempo,  além de agregar valor a produção.  Fazer sucos, polpas das frutas, fazer farinha, sabonete, geléias, conservas, chocolate, pó de café, etc.

- Agregar valor ao produto florestal através da certificação, processamento, maquinização própria – desenvolvimento de máquinas apropriadas e acessíveis para todas as escalas;

- Estruturar os desenhos dos SAFs, de acordo com o produto principal elencados pelo agricultor, consorciados a outras espécies sinérgicas, como dimensionar a mão de obra e facilitar a mecanização; Faltam dados sobre a interação das espécies;

 - Como ampliar as escalas de produção,  mantendo toda a complexização? Qual é o limite da simplificação que não pode ser ultrapassado para que os SAFs  não deixem de ser sustentáveis?

- Ampliar os PSAs – Pagamentos por Serviços Ambientais 

- Melhorar a estrutura rural – estradas, internet, serviços essenciais de água e esgoto, etc.

- Criar alternativas (internet; turismo rural, esportes, arte, etc.) para manter o jovem no campo. Agrofloresta requer trabalho de jovens.

- Ampliar as escalas de produção,  mantendo toda a complexização, e saber qual é o limite da simplificação que não pode ser ultrapassado para que os SAFs  não deixem de ser sustentáveis;

Enfrentar, as Mudanças Climáticas é o maior desafio apesar dos SAFs proporcionarem resiliência.


SAF no lote da Deise, em Tremembé

SAFs no Sítio Bela Vista, em São Luiz do Paraitinga

APTA Pindamonhangaba

Referências bibliográficas

AMADOR, D. B. Sistemas Agroflorestais: Como funcionam e aspectos econômicos. EPBIO 2023 . SEMIL- Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo.

AGROLINK - Sistemas Agroflorestais geram mais renda e emprego que pecuária, aponta estudo feito em MT. Portal do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Publicado em 19/09/2013. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/noticias/sistemas-agroflorestais-geram-mais-renda-e-emprego-que-pecuaria--aponta-estudo-feito-em-mt_183685.ht. Acessado em : 14/11/2023.

BANCO MUNDIAL. Relatório Anual de 2016 do Banco Mundial. Washington, DC, 2016.

CANUTO, J.C.; QUEIROGA, J. L.; CAMARGO, R. C. R. de; BRAGA, K. S. M. URCHEI, M. A.; WATANAB, M. A. Sistemas Biodiversos em assentamentos rurais: monitoramento, papel do conhecimento e especulações sobre políticas públicas. In: JORNADA E ESTUDOS ESM ASSENTAMENTOS RURAIS, 6. 2013, Campina. Caderno de resumos. Campinas: Unicamp, 2013. 14 p.

EOA UOL. Sistema Agroflorestal rende  dez vezes mais que gado. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/carlos-nobre-sistema-agroflorestal-rende-dez-vezes-mais-que-gado/#cover. Acessado em 14/11/2023.

EMBRAPA .  Sistemas Agroflorestais: experiências e reflexões. Organização de João Carlos Canuto. Brasília (DF), 2018.

FAO. Dimensions of Need - Staple Foods: What do People Eat? Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2015. Disponível em: https://www.fao.org/forestry/agroforestry/80339/en/. Acessado em 14/11/2023. 

FAO. Agroforestry provides practical solutions to global problems. Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2016. Disponível em: https://www.fao.org/forestry/agroforestry/80339/en/. Acessado em 14/11/2023.

REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA. Plano de Ação da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba. Orgs.: DEVIDE A.C.P., LOPES P., CAMILO L.B., FERREIRA T..G, OLIVEIRA M.F. São Paulo, Brasil: Relatório técnico.57 pp. 2021

18 de dez. de 2023

Curso de Documentário para a Juventude do MST - por Felipe Gemelli

A tarefa da comunicação, pra qualquer movimento social, é uma tarefa fundamental, que envolve não somente aqueles que estão designados, mas todas, todos e todes que fazem parte da luta e da história. 

Nós dias 02 e 03 de Dezembro, o Assentamento Agroecológico Egídio Brunetto, em Lagoinha, executou uma segunda formação do *Curso de Documentarismo de Impacto Social*, um projeto que envolve o coletivo regional de comunicação do MST Vale do Paraiba, a Grão Filmes e o Sesc, tendo como objetivo, capacitar a base a utilizar as ferramentas do áudio visual, numa ótica contra hegemônica e em defesa do território. 

Dominar essas ferramentas também é uma importante forma de luta contra as imposições do capital, construindo narrativas populares, que representam não somente nas palavras, mas também numa nova estética popular.

A ampliação e o acesso as ferramentas tecnológicas como os celulares, por exemplo, poderia ser um grande avanço na democratização, mas não é o que aconteceu. O capital nos ludibria, constantemente com a individualização do ser e a mercantilização da cultura, da estética e da informação. Tornaram a comunicação, comoddities, mas não qualquer, porque a comunicação perdura nas mentes e nos corações das pessoas, disseminando valores, comportamentos e ideias. 

Durante a execução do curso de documentarismo social, pudemos aprofundar nossos debates e estudos sobre uma nova forma de construir narrativas. Trabalhando a temática dos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, podemos criar uma relação de compreensão sobre o protagonismo e a importância de cada história para o conjunto de uma organização que desempenha um importante papel na luta pela reforma agrária popular. 

As experiências se somaram de diversas localidades, na pluralidade da base onde se idade, cor, gênero ou sexualidade,  são amparados pelo vermelho da bandeira e se transformam em arte. Mais do que dominar uma estética predeterminado pelo cinema estadunidense, pudemos trabalhar os valores políticos que nós unem, pavimentando, mesmo que numa escala pequena, o exercício democrático da comunicação.

por Felipe Gemelli 





30 de nov. de 2023

Relato de vivência em Horta Medicinal - por Nelson Pompeu

 Olá a todas e todos !

    Quero compartilhar uma experiência transformadora que vivenciei neste mês de novembro de 2023, no Assentamento Agroecológico Egídio Brunetto, na cidade de Lagoinha/SP, onde tive a oportunidade de mergulhar na riqueza da vida comunitária e na cultura da plantação de ervas medicinais.

    Ao adentrar aos portões do assentamento, fui recebido calorosamente pela comunidade local, unida por um propósito comum: a busca por justiça social e a construção de um modo de vida mais equitativo. 

    A solidariedade era palpável, permeando cada interação e projeto desenvolvido pelos moradores. A sensação de pertencimento era intensa, criando laços que transcendiam as fronteiras físicas das pequenas casas e se estendiam até os campos onde a vida pulsava em suas formas mais diversas.

    Uma das práticas mais fascinantes que testemunhei, foi a dedicação ao mutirão da horta medicinal. Os membros da comunidade tinham o cuidado de cultivar uma variedade de plantas, algumas delas  nativas da região.

    Ao caminhar pelos canteiros, fui guiado por moradores experientes, que compartilhavam seus conhecimentos sobre as propriedades curativas de cada erva e a forma de cultivá-las. 

    Pude notar, que a gestão da horta, era de um esforço coletivo, onde todos contribuíam com seu tempo e habilidades.

    No vibrante cenário do assentamento, pude notar a importância da presença feminina no mutirão de plantação de ervas medicinais, se destacando como um elemento vital e transformador. Nesse contexto, as mulheres desempenhavam papel fundamental, não apenas como participantes ativas, mas como líderes e guardiãs do conhecimento relacionado às plantas e seus cultivos.

    Além do aspecto medicinal, a plantação de ervas também era encarada como uma forma de resistência. Os membros do assentamento entendiam que a preservação da biodiversidade local era essencial para a sustentabilidade ecológica e para a preservação das tradições culturais. 

    Assim, o cultivo das ervas medicinais era um  ato de resistência e preservação do conhecimento ancestral.

    Os benefícios dessa prática eram notáveis não apenas para a comunidade, mas também para aqueles que buscavam conhecimento. Pude testemunhar histórias de cura e renovação que ecoavam a ideia de que a natureza, quando respeitada e compreendida, oferece recursos inestimáveis para o bem-estar humano.

    Minha vivência nesse assentamento do MST,  foi marcada pela beleza da solidariedade, pelo compromisso com a justiça social e pela conexão profunda com a natureza. Aprendi que a vida em comunidade, aliada ao cultivo consciente da terra, é uma fonte inesgotável de sabedoria e cura.

    Essa experiência deixou uma impressão duradoura em mim, reforçando a importância de construirmos sociedades baseadas na colaboração, na justiça e no respeito à natureza.

    Que possamos, todos, aprender com essas lições e trabalhar juntos para criar um mundo onde a comunidade e a natureza prosperem em harmonia.

    Muito obrigado.
    Sem dúvida, voltarei outras vezes !

Nelson Camargo Pompeu é advogado trabalhista, fotógrafo e apoiador das causas do MST.

Foto por: Nelson Camargo Pompeu

Foto por: Nelson Camargo Pompeu

Foto por: Nelson Camargo Pompeu

24 de out. de 2023

Semeando a Rede da Cadeia Produtiva Agroflorestal da Juçara - O Açaí da Mata Atlântica

O Grupo Rede de Coletores de Sementes do Vale do Paraíba e a Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, foram contemplados em Setembro de 2023 na chamada de projetos da Organização Fundo Casa Socioambiental (associação sem fins lucrativos que busca promover a conservação e a sustentabilidade ambiental, a democracia, o respeito aos direitos socioambientais), com o projeto:

Semeando a Rede da Cadeia Produtiva Agroflorestal da Juçara. O “açaí” da Mata Atlântica –

(Promovendo a restauração, fomentando a produção, agregando valor, disseminando o consumo e expandindo o mercado)

O projeto conta com duas frentes:

O Projeto será desenvolvido a partir do bairro rural do Ribeirão Grande, em Pindamonhangaba-SP, cuja renda local recai na agropecuária, exploração florestal de eucalipto e turismo. Boa parte das terras localizadas na franja da Serra da Mantiqueira também estão inseridas na APA da Mantiqueira, cujo zoneamento permite o uso sustentável agropecuário e prevê a recuperação dos mananciais.

Veja abaixo como o projeto irá funcionar:

Esse projeto é a necessária etapa inicial (por isso, Semeando) de uma visão e caminhada de mobilização e expansão da cadeia produtiva agroflorestal da Juçara e demais Frutas Nativas da Mata Atlântica, tendo como carro chefe, a Palmeira Juçara, do ponto que se encontra, até atingir o nível de um APL (Arranjo Produtivo Local), com potencial de gerar centenas ou até milhares de possibilidades de emprego e renda para a região e entorno. A massiva divulgação e marketing buscará o aumento exponencial da demanda por produtos oriundos da Palmeira Juçara, extraídos sustentavelmente ou através da agricultura regenerativa e agroflorestal, inserindo gradualmente, mais agentes coletores e produtores (jovens e famílias agricultoras) ampliando a cadeia de produção dessa importante espécie nativa que já esteve ameaçada de extinção, promovendo, assim, a preservação e o cultivo da espécie, colaborando também, com a restauração da paisagem do Vale do Paraíba. 

A Cadeia Produtiva da Juçara, consorciada com a produção de outras Frutas Nativas, vai trabalhar por uma dinâmica organizativa entre diversos empreendimentos, famílias agricultoras, cooperativas, associações do campo agroecológico e da economia solidária, e organizações de assessoria, comunicação e marketing, as quais partilham de um conjunto de princípios e constroem de maneira coletiva acordos operacionais.

A etapa da produção está assentada em dois tipos de manejo: sistemas agroflorestais e extrativismo tanto em áreas de roça como também de matas nativas e quintais. A etapa do processamento é realizada por famílias, associações e cooperativas de agricultores, que transformam a fruta em polpa e produtos mais elaborados, como pães, bolos, sucos, sorvetes, geleias e picolés. Num formato de produção, processamento e distribuição de alimentos, dentro de uma lógica de estímulo à conservação da biodiversidade local onde os trabalhadores sejam os protagonistas numa rede colaborativa. 

Este presente projeto, sendo a base da construção dessa Rede, terá como produtos:



Objetivos realizados:

Planejamento de Atividades, Planejamento de Planos de Marketing, elaboração de criativos (anúncios e panfletos), Concepção de site e e-commerce, Identificação de Campo (mapeamento de matrizes), Interlocução com Câmara de Vereadores de Pindamonhangaba e Secretarias Municipais de agricultura, meio-ambiente e educação de Pindamonhangaba, além de outras entidades que serão divulgadas após estabelecimento efetivo de parcerias. 

Em andamento:

  1. Divulgação, chamamento e inscrição de interessados(as) em compor a Rede em um dos elos da cadeia (restauração, preservação, plantio comercial, coleta, produção e beneficiamento dos derivados, lojística, divulgação e marketing, comércio).
  2. Reunião de apresentação do Projeto da Rede, com comunidade, beneficiários(as) e interessados(as) no Centro Comunitário do Ribeirão Grande.
  3. Lançamento do site da Rede Juçara e Cia 
  4. Reunião com a comunidade do Ribeirão Grande, no centro comunitário do bairro: 9 de Novembro de 2023
  5. Mutirão de repovoamento de 1 hectare na Fazenda Nova Gokula (área da Hospedaria Lótus) com Oficina sobre o potencial econômico da Juçara: 02 de Dezembro de 2023
  6. Oficina de produção de mudas de Juçara no Assentamento Conquista: 10 de Novembro de 2023
  7. Mutirão de repovoamento de 1 hectare no Sitio Céu do Vale, com Oficina sobre Manejo da Palmeira Juçara: 24 de Novembro de 2023 (vide agenda a seguir)
  8. Lançamento de Cartilha e Boletim da Rede Juçara e Frutas Nativas: Dezembro de 2023 

Demais atividades, reuniões e mutirões serão divulgados em breve. As datas das atividades serão sempre confirmadas com antecedência e devidamente divulgadas!

A equipe deste projeto é composta por:

  • Coordenadores, Planejamento, Compras, Oficinas e Monitoramento: Mariana Pereira e Kirttan Godoi.
  • Oficinas de SAF, coleta e processamento de Juçara e apoio no planejamento: Pedro Valadares.
  • Comunicação e Marketing: Arthur Fermiano.
  • Secretaria e documentação: Juliane Ferreira.

Para acessar o projeto na íntegra, clique no link: https://bit.ly/projetoredejuçara

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@rede.agroflorestal

@sementesdovaledoparaiba



23 de out. de 2023

Formação prática em Horta Agroflorestal - por Renata Siegmann

Relato da Renata Siegmann em relação a sua participação no curso gratuito:  “Formação prática em Horta Agroflorestal: Compartilhando conhecimento agroflorestal com ações práticas” com os instrutores Altamir Bastos e Valdir Martins, que ocorreu nos dias 6, 7 e 8 de Outubro no Sítio Guajuvira - Assentamento Nova Esperança em São José dos Campos.  A Realização foi da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e o apoio do Fundo Casa Socioambiental.

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Dediquei os últimos anos a aprofundar meu conhecimento e prática em Sistemas Agroflorestais. Isso me levou a trabalhar em diversas fazendas que utilizam essa forma de agricultura, me envolver em mutirões e cursos de diversos mentores. Acredito que essa jornada nunca acaba e esse é o grande sentido dela: Conectar, aprender, praticar e repetir.


Conforme o tempo foi passando, só foi ficando mais claro que a Agrofloresta é solução para muitos problemas que enfrentamos hoje: Perda de biodiversidade, solos deficientes de nutrientes e biologia, desertificações, dependência de insumos químicos, pragas, erosão, compactação do solo e a lista segue. O próprio Valdir chamou nossa atenção durante o curso: “Precisamos buscar uma agricultura que não seja de deserto”.


Chegando na formação, pude conectar com os outros participantes, dentre eles, alunas do curso de Agronomia da Esalq que pra minha surpresa compartilharam que nem mesmo adubação orgânica faz parte do currículo do curso, muito menos práticas regenerativas de agricultura. Desde o início já deu pra sentir que formações como essa, carregam um potencial enorme de difundir e preparar produtores, profissionais e pesquisadores para se juntar nesse movimento de reflorestar terras e corações. 


Durante os 3 dias do curso, passamos por todas as etapas de elaboração de uma Horta Agroflorestal: Preparação da terra, modelamento dos canteiros, adição de matéria orgânica (muita matéria orgânica) tanto nos caminhos como claro, no canteiro, adubação, irrigação, consórcios de hortaliças e espécies arbóreas, manejo e plantio. Nos momentos que a chuva caiu forte, aproveitamos para repassar a parte teórica e ouvir sobre o trabalho interessantíssimo dos coletores de semente que também fazem parte da Rede Agroflorestal. As partes que não entram na programação oficial completam a experiência, como comer amora e Uvaia do pé e ouvir do Altamir sobre como o CSA (Comunidade que sustenta a Agricultura) é um modelo de responsabilidade compartilhada onde consumidores se transformam em co-agricultores. 


E como a gente assume essa responsabilidade? De produzir alimento sem degradar o solo e o ecossistema que estamos inseridos? Justamente, aprendendo a linguagem desse ecossistema. Sabendo como ele opera, podemos participar para contribuir com seu funcionamento. Naquela área do Sítio Guajuvira, onde trabalhamos naqueles dias, falamos todos a mesma língua de forma prática. A cobertura de solo vira alimento e protege os microorganismos, além de minimizar a necessidade de irrigação. Os troncos de madeira colocados nos caminhos minimizam a compactação e vão se transformando em solo graças aos decompositores. As árvores de poda que ficavam em uma linha a cada três de hortaliças, receberam poda drástica. Espécies como o Ingá, Assa Peixe e Boldo são ótimas de rebrota e vão produzir bastante matéria orgânica e hormônios de crescimento pro resto do sistema. Sem falar dos consórcios de hortaliças que seguindo as combinações certas de sucessão e estratificação, funcionam como uma mini-floresta e trazem a vantagem da diversidade como controle biológico. 


No fim do curso reforcei meu compromisso do fazer, de estar em campo com agricultores experientes, de praticar e colocar a mão na massa. Saí de lá não só inspirada, mas muito mais capacitada para implementar um SAF horta. 


Queremos salvar o planeta com Agrofloresta, mas precisamos fazer isso salvando a nós mesmos e isso se faz produzindo alimento. A agrofloresta deve ser acima de tudo produtiva, só assim ela se torna sustentável do ponto de vista econômico, social e também ecológico. Como o Altamir compartilhou: “Nosso alimento deveria ser nossa prioridade nº 1” então que seja da melhor forma possível: Agroflorestal.


Obrigada a todos os envolvidos nesse trabalho lindo. Eu sigo nessa jornada de Conectar, aprender, praticar e repetir.


Desenho feito pela Renata no dia do curso 


11 de set. de 2023


✨ É com muita alegria que a Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba abre as inscrições para a Formação prática em Horta Agroflorestal, o curso de 3 dias terá início no Assentamento Nova Esperança, sítio Guajuvira em São José dos Campos - SP nos dias 6, 7 e 8 de outubro de 2023. ✨

Podem se inscrever gratuitamente na formação: agricultoras e agricultores dos 6 Assentamentos do Vale do Paraíba e parte das vagas também poderá ser preenchida por agricultoras e agricultores familiares que possuem sítio próprio com interesse no Sistema Agroflorestal. A organização das atividades de alimentação e hospedagem será de forma compartilhada com todos os participantes e seus familiares, formato mutirão. 💫🌱

🌿_A atividade está sendo viabilizada através do projeto: Formação Prática em Agrofloresta, para produção de alimentos e preservação da Floresta Atlântica em Assentamentos Rurais com apoio do Fundo Casa Socioambiental._ @fundocasasocioambiental

🎯 As atividades serão orientadas por Altamir Bastos e Valdir Martins. Os sítios parceiros que receberão a implantação da horta agroflorestal são representados por Thais Rodrigues, Maria do Carmo e Janaína Cristina. Você gostaria de ter um SAF em seu sítio mas não sabe como fazer? Vem aprender com a gente!!!

Confira a data e inscreva-se para participar:

✔ Dias 06, 07 e 08 de outubro de 2023, no SÍTIO GUAJUVIRA, localizado no Assentamento Nova Esperança em São José dos Campos-SP.


inscreva-se pelo perfil da @rede.agrofloretal ou no link de inscrição: https://linktr.ee/redeagroflorestal