31 de mar. de 2022

1ª Reunião da Rede Agroflorestal - 2022

Terça-feira, 5 de abril · 18:00 até 19:30
Informações de participação do Google Meet
Link da videochamada: https://meet.google.com/zzg-ybta-xde

Programação: 

  • Apresentações: 18-18:30h
  • Informes: 18:30-19:30h
    • Plano de Ação (prioridades e publicação)
    • Formação de Grupos de Trabalho
    • Projetos em andamento em 2022 (Pinda. e Lagoinha)
    • Regimento interno (calendário de oficinas para elaboração)
  • Avaliação e encaminhamentos
Memórias dos diálogos virtuais por whatsapp: 

"Podemos ir trocando impressões sobre a proposta que está nessa imagem. Onde fala Plenária aberta - leia-se: Assembleia Geral. Representantes de Núcleos são pessoas que transitam no território e tem facilidade de atualizar os assuntos que precisam ser de conhecimento público. Muitas vezes nem todas as pessoas conseguem participar. Principalmente para os assentados de reforma agrária. Ter um representante de núcleo articulando um assentamento, uma região, ajuda muito. Por exemplo, o nosso amigo Guilherme Ferrão lá na Mantiqueira, dando um acompanhamento maior nas atividades da Rede, repassando as informações na região que atua, trazendo demandas, impressões..."

"Onde consta Conselho diretor, leia-se: Conselho Deliberativo - está trabalhando para finalizar a institucionalização da Rede. Mas o mais importante nesse processo é a participação de todos na elaboração de um Regimento interno. Muitas questões precisam ser respondidas: Quem é da Rede? O que é preciso para fazer parte da Rede? Precisa criar uma mensalidade? Precisa ter carteirinha? Qualquer pessoa pode falar em nome da Rede? Como a Rede pode se fazer presente nos conselhos municipais? Como podemos elaborar e encaminhar propostas para que políticas públicas de apoio aos SAF sejam criadas em cada município? ..."

"Os GT são Grupos de Trabalho. Muitas atividades já acontecem, mas quase sempre as pessoas não se enxergam como parte de um GT. É importante organizar essas dinâmicas e estabelecer padrões (essa palavra não é muito boa). Por exemplo: pré requisitos para fazer um mutirão - vistoria prévia com facilitadores (agricultorxs e/ou técnicos), avaliação com a pessoa da localidade + estudo da paisagem + definir o foco do SAF + definir se a situação demanda restauração ou já pode iniciar com a produção... metodologia do mutirão: roda de apresentação + acolhimento + cantoria/dança circular + estudo da paisagem + apresentação da proposta de trabalho + formação de equipes + avaliação e calendário de mutirão + almoço + confraternização + troca de sementes e mudas. Não somos tarefistas!!!"

Lista de pessoas que confirmaram a presença: 

- Antonio
-Guilherme
- Marcielle
- Ana
- Goura
- Oliver
- Renata Egydio
- Doni
- Pedro/São Luiz do Paraitinga - Sítio Flor da Rainha
- Guilherme Ferrão
- Cacau
- Rogério Rabelo
- Leonardo
- José Miguel
- Bruno Pardal
- Isabela
- Valdir Martins
- Lucas Lacaz Ruiz
- Vinícius Favato
- Any Bittar
- Fabio 
- Eduardo Bellesini

23 de mar. de 2022

...é desafiador sair ilesa dos momentos em que olhar e mãos ganham sentido de profundeza.

Por Dábila Cazarotto*

Escrevo porque é desafiador sair ilesa dos momentos em que olhar e mãos ganham sentido de profundeza. 

 

Das caminhadas que meu pensamento faz, eis que mais uma delas ganha realidade na tessitura dos meus dias.

Sim, lá onde o dia começa antes do amanhecer: dormir com a lua de farol na janela aberta, acordar com café e atenção para não pisar em cobra, dividir em pão e palavras a vontade de fazer com que as coisas cresçam e deem certo para todas e todos juntos da terra!

Acordar o irmão que acorda o filho, que acorda um caminho longo a ser seguido. Pegar as mudas que mesmo caladas, ecoam os seus cânticos de verdejar o dia que aflora. É roça, é boi, fio, enxada e facão. É a vida tentando dilatar entre os canteiros do latifúndio. Vida que se faz comunitária, transpassa lote do outro na tecnologia social de cooperar para que unidos possam crescer. 

Nesse fermento, acaba que cresce também a terra, os insetos, a água, a palavra, o desabafo, o lamento.. logo, uma canção aparece e ecoa uma rima, um trocadilho e o olhar serpenteado faz rir as mãos calejadas.
 

Quando chegamos no lote de Kombi, percebi buracos cavados no chão. Minha mente tropeçou na surpresa de ver maneiras tão redondas de se fazer furo na terra. Ver tantos buracos levou para um lugar distante dentro de mim.. "a gente já nasceu com tantos furos no peito e as contradições da vida só fazem eles crescerem, né?".. Penso: 

- quem faz os buracos dentro da gente? 

- quantos buracos cabem em cada corpo? 

- porque deixamos fazer? 

- como tapar buracos? 

- como semear remendos?

Provocações fazem dança dentro da cabeça, enquanto isso, o corpo pega nutrientes, esterco, gel para hidratar o solo, enxada e mudas. Lá vamos.. de buraco em buraco, preparando as camadas para plantar as árvores do sistema agroflorestal: a gente intercala uma árvore nativa, com uma bananeira, no final somos 4 e plantamos +/-30! Somos poucos e fazemos muito no que é possível! 

Olhei para longe, as colinas do Vale tem essa mania de encantar, ainda mais de manhã quando o sol entra nelas. Olhar para longe me fez perceber a grandeza do perto. Após o trabalho, não havia mais buracos eles não deixaram de existir mas, sim, ganharam novos significados de direções. Buracos que não fazem mais furo no sentido para baixo, agora buraco virou semente em ninho de árvore para criar vida e alimento, limpar água e ar, ser casa para bicho voador... Buraco, agora, vai cutucar o céu com esperança da partilha entre os diversos que se unem em um propósito comum. 

Pisco olho e sinto uma quentura. Ela não vem do Sol de fora, é de dentro do tórax que cresce acho que com tais pensamentos e vivência ao lado dos companheiros, algum buraco foi "replantado" aqui dentro deste corpo. 

Aprendo novamente que plantar é cura!

Estar juntos na fúria da Esperança em luta também! 

Que nossas escolhas sejam coletivas e compartilhadas, igual colheita de São João!!!

Agradeço por estar com vocês! 

Até abril, 

Lagoinha, 20 de Março de 2022.

Dábila Cazarotto - autora do texto e imagens. 


*participante da vivência agroflorestal do MST (janeiro/2022) (short laranja), participante da Ciranda e da Inauguração da Biblioteca 'Joel Gama' da Escola Popular Ana Primavesi no Assentamento de Reforma Agrária Egídio Brunetto e do lançamento do livro "Krenak, o menino de braços compridos" (19/03/2022), da Marcha Mundial de Mulheres e Teia dos Povos.

 

  







10 de mar. de 2022

A Lua – O Sol noturno nos trópicos e sua influência na agricultura

 Por Jairo Restrepo Rivera

Tradução: José Miguel Garrido Quevedo e Thiago Ribeiro Coutinho.

Rede Agroflorestal Vale do Paraíba.

1) Introdução

Muitos estudos consideram a luminosidade lunar essencial para a vida e o desenvolvimento das plantas. Diferentemente da luz solar que recebemos, a luz lunar exerce diretamente uma forte influência na germinação das sementes, quando sutilmente seus raios luminosos penetram com relativa profundidade, quando comparada com a força dos raios solares que não conseguem penetrar em sua intimidade. Parece que o excesso de pressão que exerce os fótons solares sobre os vegetais não permite o intercâmbio de substâncias nutritivas que as plantas necessitam para seu crescimento normal, ficando, por tanto, a missão de estímulos sedutores a luminosidade lunar para que as sementes germinem fortes e sadias.

Por outro lado, está demonstrado, que a intensidade da fotossíntese é bem superior em todas as plantas a partir da lua crescente até o desenvolvimento pleno na lua cheia, o qual está compreendido entre os três dias depois da lua crescente até três dias depois da lua cheia, fenômeno atribuído cientificamente ao incremento da intensidade da luz lunar sobre o nosso planeta.

2) Influência das fases da lua no movimento da seiva das plantas:

Uma exemplificação: Quando cortamos as madeiras para as construções na fase da lua no quarto crescente até a lua cheia, as madeiras duram bem pouco, porque suas fibras estão carregadas com o máximo de água, que quando secas continuam com as fibras abertas, cheias de ar. As madeiras racham e resistem pouco as intempéries. Quando cortadas na lua minguante duravam mais e são mais resistentes a deterioração, por que a madeira tinha menos água e ao secar suas fibras ficavam fechadas, resistente ao tempo e aos insetos.

Por outro lado, associado a esta prática das fases lunares, o corte das madeiras é feito no final de outono e nos meses de inverno, época onde praticamente todas as árvores têm perdido as folhas e sua atividade fotossintética se encontra reduzida.

Assim a prática dos campesinos é o corte das árvores madeireiras estar limitado quase exclusivamente aos quatro meses do ano que se escrevem sem a letra R, como são maio, junho, julho e agosto.

Outro exemplo de conhecimento campesino é a semeadura de grãos na lua minguante, como milho e feijão a fim de se evitar a proliferação de carunchos, ou ainda, o plantio de culturas que enramam como batata, mandioca e abóbora na lua minguante e na lua nova.

3)Influência das fases lunares na fruticultura: Podas – A tarefa das podas e as limpezas de árvores enfermas, se centralizam na fase da lua minguante até a lua nova, evitando podridões e obtendo-se uma rápida e melhor cicatrização. A plena lua nova é considerada como a fase onde tudo se limpa. Todas estas atividades não são executadas entre a lua crescente e a lua cheia, (período intensivo “águas  acima”) porque a seiva das plantas e das árvores está nos brotos e nas partes mais novas das mesmas, muitas plantas ou árvores podem debilitar-se e até morrer se não estão bem nutridas e bem fortificadas. Em compensação, esta fase lunar – crescente e cheia – é ideal para colher frutos em seu estado mais rugoso, tais como, mamão, pinha, manga, fruta do conde, limões, tomates, pêssego, uva, carambola, ciriguela, goiaba, melão, melancia, amora, etc. Para a realização de podas em árvores novas, período de formação de copa e produção de estacas, se recomenda realizar estas atividades entre a lua nova e a lua crescente, com a finalidade de estimular o rebrote vegetativo dos mesmos; por outro lado, este período lunar – nova e crescente – é o mais apropriado para o transplante de plantas de um lugar para outro, e é o espaço ideal para a poda de raízes das árvores ornamentais tipo bonsais. Finalmente, a poda dos brotos vegetativos, no cultivo do morango, se deve realizar durante a influência da lua minguante, para evitar o debilitamento do cultivo e a queda da produção de frutos.

4) Influência das fases lunares no semeio e transplante de plantas que crescem e frutificam acima da terra: Parece que a norma comum seguida nas “épocas do passado” era semear na lua crescente (depois dos três primeiros dias da lua nova, até os últimos dias de lua cheia – período extensivo “águas acima”), de preferência dois ou três dias antes da lua cheia, todas as plantas que crescem em altura e dão frutos, como tomates, pimentas, berinjelas, pimentões, pepinos, feijão, favas, allho porró, couve chinesa e outros legumes. E os cereais, cevada, aveia, arroz, trigo, milho, etc.

5) Influência das fases lunares no semeio e transplante de plantas que desenvolvem debaixo da terra: Semeiam-se na lua minguante (depois dos três últimos dias da lua cheia, até os três primeiros dias de lua nova, período extensivo “águas abaixo”) todas as plantas que se desenvolvem abaixo da terra, como cenouras, nabos, batatas, beterrabas, cebolas de cabeça, alhos, rabanetes, etc.

Observação importante: Todas as plantas que nascem rente a terra, como alfaces, acelgas, espinafres, couve de folhas, cujo produto para consumo são as folhas frescas, deverão ser semeadas na fase lunar minguante, por que quando se semeiam na lua crescente, tendem a subir a flor prematuramente, fenômeno mais comum com as alfaces.

6) Influência da lua na colheita de frutos, hortaliças, legumes frescos e grãos verdes para consumo imediato: A colheita de frutos, hortaliças,  legumes frescos e grãos verdes para o consumo imediado pode ser dividido em dois períodos:

6.a) Período intensivo de colheita: Com aproximadamente sete dias de duração, compreendidos entre os três depois da lua crescente, até três dias depois da lua cheia (período intensivo de “águas acima”). É o momento onde frutos, hortaliças, legumes, grãos verdes e milho verde se encontram em seu estado mais rugoso, ao mesmo tempo que há uma maior concentração de sabores.

6.b) Período extensivo de colheita: Com mais ou menos quatorze dias de duração, no qual, ademais de contemplar o período anterior, considera aproximadamente os quatro últimos dias da lua nova (os frutos recém começam a ganhar o máximo de turgor) e os três primeiros dias depois da lua cheia, onde os frutos começas a ter menos quantidade de suco (período extensivo de “águas acima”). Se consideram a colheita de: milho verde, ervilha, favas verdes, feijões, pepinos, alfaces, acelga, aipo, vagens verdes, hortaliças com flores como couve-flor, brócolis, alcachofra, berinjela, espinafre, feijão verde, cebolas largas ou de ramas, tomates e pimentões rugosos, para consumo imediato, para cidras, grãos pré germinados, morangos, amoras, cerejas, mangas, abacates, laranjas, limões, mamão, melancias, melões, abóboras, goiabas, carambolas, pinhas, fruta do conde, ameixa, pêssego, uvas, figos, maracujá, jabuticaba, goiaba, maçã, pera, nêspera, acerola, etc.

7) Influência das fases lunares para colheita de grãos secos, cereais e conservar alimentos: A melhor lua para colher e conservar grãos secos e alimentos que durem mais tempo em bom estado, tenham melhor sabor e sejam mais resistentes contra o ataque de insetos e microrganismos quando armazenados, é a lua minguante. Dentre o grupo de colheita de grãos secos destacam-se: milho, arroz, gergelim, aveia, trigo, cacau, cevada, coco, feijão, grão-de-bico, girassol, amendoim, lentilha, soja, sorgo e sementes de forma geral.

 

Referência Bibliográfica:

RIVERA, Jairo Restrepo. A Luna- El Sol nocturno em los trópicos y su influencia em la agricultura. Servicio de Información Mesoamericano sobre Agricultura Sustenible, 1ª edição, Manágua, 2004. 214 p.