27 de mar. de 2023

ACONTECEU: Oficinas práticas de soberania alimentar e nutricional e a governança de projetos com a Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba


Foi inaugurada do dia 16/3/2023, no Setor de Fitotecnia da APTA de Pindamonhangaba, uma cozinha experimental de apoio as pesquisas e para trabalhos de formação de pessoas no manuseio de PANC e frutas nativas.

Este projeto  é fruto da parceria da APTA com a Rede Agroflorestal, Instituto Auá e Corredor Ecológico do Vale do Paraíba. Essa parceria viabilizou a reforma da instalação e a aquisição de equipamentos. Atualmente, a cozinha experimental está equipada com 1 freezer horizontal 500 L, 1 fogão semi-industrial com 5 bocas e forno, 1 liquidificador inox de 4 L, 1 moedor multiuso, 1 balança inox, 1 despolpadeira de juçara de 20 L, 1 colheitadeira de juçara, 1 bancada inox com prateleira, 1 balança eletrônica e 1 balança mecânica e ainda está para chegar 1 despolpadeira de cambuci e frutas moles de 60 L. 

 
A aquisição dos equipamentos teve origem dos recursos da Fundação Banco do Brasil no âmbito do projeto Ecomercado coordenado pelo Instituto Auá. Já a reforma do prédio foi uma iniciativa do Corredor Ecológico em projeto desenvolvido com recursos da empresa Dupont - filial Pindamonhangaba. Em ambos os casos as organizações parceiras fortalecendo a Rede Agroflorestal.

A meta é ampliar a escala de atendimento aos agricultores e agricultoras da região, coletando informações para desenvolver pesquisas focadas nas demandas desses atores e oficinas que valorizem o conhecimento local compartilhado, promovendo simultâneamente o aprendizado coletivo prático que consiste no 'aprender fazendo' e na educação colaborativa de agricultor/a para agricultor/a.

A utilização do espaço da APTA deve ser agendada com certa antecedência com os pesquisadores responsáveis Cristina Castro e Antonio Devide, os participantes devem estar de acordo com o protocolo de pesquisa que prevê a coleta de informações, o uso de imagens, bem como o investimento dos usuários para cobrir as despesas de limpeza do espaço e manutenção dos equipamentos.

Informações e-mail:

cristina.castro@sp.gov.br e antonio.devide@sp.gov.br ou pelo whats 12-99636-9463


Histórico da atuação da APTA

No Setor de Fitotecnia da URPD de Pindamonhangaba são desenvolvidos projetos e pesquisas com enfoque em Agroecologia que abrangem a Segurança Alimentar e Nutricional e os sistemas de produção de base agroecológica, com ênfase nos Sistemas Agroflorestais. 

Tanto as PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais quanto as frutas nativas fazem parte da sociobiodiversidade que está sendo estudada com os agricultores e agricultoras do Vale do Paraíba desde o ano de 2012, tendo ênfase os participantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra representados pela Cooperativa Mista de Agricultores de Tremembé e Região - Coomatre. 

Recentemente, no ano de 2021, a APTA criou a RA.R. - Rede Agroecológica Regional, que busca ampliar a escala de atendimento as demandas por pesquisas em agroecologia com a participação da sociedade civil organizada. É nesse contexto que a APTA de Pindamonhangaba se insere, ora estritando os laços com movimentos sociais organizados, ora propondo novas formas de se fazer a ciência cidadã.

Como foi o evento - programação:

7:30-8:00 h - Acolhimento, café colaborativo e inscrições

8:00-9:00 h - Apresentação de Projetos e Parceiros: APTA, Rede Agroflorestal Vale do Paraíba, Coomatre, Instituto Auá, Corredor Ecológico do Vale do Paraíba.

9:00-10:30 h – Oficina sobre frutas nativas com experiências dos associados da Rede Agroflorestal Natália Martín e Pedro Procópio do Sítio Flor da Rainha

10:30-11:30 h – Oficina sobre o Ora-pro-nóbis - barrinha de cereal com professor Ederaldo Godoy - Projeto “Ecoprodução de proteína vegetal a base de ora-pro-nóbis” - CATALISA ICT – SEBRAE

9:00 – 11:00 h – de maneira simultânea foi realizada visita aos experimentos da APTA com sistemas agroflorestais com o excedente de participantes – com Antonio Devide

11:30 – 14:00 h – Integração, troca de experiências e almoço com a degustação de PANC e frutas nativas com Denize Napier

14:00 - 16:00 h – Oficina de construção do Regimento Interno da Rede Agroflorestal a partir dos Grupos de Trabalho (GT)

16:00 h – Assembleia Geral Extraordinária da Rede Agroflorestal

17:00 h – Encerramento

Oficinas

Foram três oficinas, sendo a primeira de extração da polpa de juçara, cujos cachos foram colhidos em Ubatuba e Pindamonhangaba sendo a atividade coordenada por Natália Martins e Pedro Procópio.

Colheita de juçara higienizada


Seleção de juçaras maduras e retiradas das verdes e verdolengas

Material selecionado para despolpa

Polpa que será misturada com suco de limão e banana nanica bem madura

Sementes de juçara para o plantio

Natália Martins finaliza o produto com degustação

Outra oficina foi sobre a planta comestível ora-pro-nóbis no âmbito do projeto desenvolvido pelo professor Ederaldo Godoy no projeto de Ecoprodução de proteína vegetal a base de ora-pro-nóbis.

Professor Ederaldo Godoy explica o projeto de ora-pro-nóbis

A terceira oficina foi de apresentação da alimentação preparada a partir de PANC por Denize Napier do CPIC - Centro de Práticas Integrativas Complementeares da Prefeitura de Pindamonhangaba com a ajuda de Patrícia Caro.

 Denize apresenta os pratos com PANC

 Arroz azul com cunhã (Clitoria)
Chaia, outra PANC utilizada
  
Angu com ora pro nóbis 

 

 

 







Farinha de milho com chaia e outras PANC


 Cará moela, coração de bananeira e melão cruá

 Salada de vinagreira roxa com flores

 salada de quiabo com azedinha e flores

Visitas guiadas

Foi oferecido aos participantes interessados em conhecer os experimentos da APTA uma visita guiada. Foram vistos os SAF Macaúba que visa estudar a adaptação de cultivares de banana e frutas nativas em consórcio com a palmeira macaúba, araribá e a arbórea gliricídia manejada com poda para adubação verde.

Em outra área conheceram as pesquisas com cará - Dioscorea, plantado a pleno sol e em SAF, sendo o projeto financiado pela FAPESP e coordenado pelo pesquisador do IAC Luis Carlos Bernacci. Neste projeto foi apresentado o dado de conservação do solo fornecido pela pesquisadora Isabella Clerici De Maria que ressalta a maior quantidade de argila dispersa em água nas áreas de manejo intensivo (cará a pleno sol mecanizado) em comparação ao cará em SAF e a floresta (testemunha). O teor de argila dispersa é um indicativo de conservação do solo. Quanto menor o teor, maior a conservação.

Outras áreas visitadas: 

horto de PANC em SAF com gliricídia, banana e araçá; área de aleias com faixas de flemíngia, pitangueira, tefrósia e capim guatemala, SAF Olho dágua (plantado por mudas e semeadura direta/muvuca).

Cessão de uso dos equipamentos

Após o almoço foi realizada reunião com Gabriel Menezes - diretor do Instituto Auá, e os representantes de núcleos da Rede Agroflorestal - APTA (Antonio Devide, representando a pesquisadora Cristina Castro), Fazenda Nova Gokula (Gouralila represnetando os demais membros da fazenda que estiveram no evento) e  Coomatre, representando o MST Lagoinha e Tremembé (Deise Alves) - para assinatura de termo de cessão de uso com expplicações obre o uso responsável, compartilhado e o papel dos coordenadores na estruturação das cozinhas e da comunidade para participar do proojeto de SAF.

Gabriel Menezes / Auá apresenta o projeto Ecomercado

Deise Alves representando a Coomatre oficializa o recebimento dos equipamentos
Goura lila representando a Fazenda Nova Gokula oficializa o recebimento dos equipamentos
Antonio Devide representando a APTA Pindamonhangaba oficializa o recebimento dos equipamentos
Cerimônia de cessão de uso dos equipamentos com o Instituto Auá e a Rede Agroflorestal

Em um prazo de 30 dias o pesquisador Antonio Devide irá encaminhar um questionário para o mapeamento da situação de cada unidade visando plçanejar estratégias para superar as dificuldades e fomentar o trabalho dos núcleos.


Construção do Regimento Interno da Rede Agroflorestal

A construção do regimento interno é uma atividade que envolve os GT - Grupos de Trabalho que foram criados por ocasião do Plano de Ação da Rede Agroflorestal e abrangem as seguintes áreas: 

  • GT Mutirão - tem a finalidade de articular o calendário de mutirões e vivências, bem como estruturar as equipes dos núcleos envolvendo os agricultores e agricultoras e os técnicos para juntos melhorarem o planejamento participativo dos mutirões e dos SAF, indicando, inclusive, as posturas desejáveis e indesejáveis dos associados no que tange essa organização, bem como as esferas para dirimir dúvidas. Também ficou como prerrogativa desse GT estruturar a ATER de agricultor/a para agriculto/a e os convêncios com instituições de ciência e tecnologia para promover estágios de vivência e obrigatórios nas áreas dos/as agricultores/as.
  • GT Projetos - tem a finalidade de fomentar a formação de equipes para estudo de editais e elaboração de projetos, bem como criar as bases do regimento interno que estão relacionadas a como deve funcionar o fluxograma dos projetos (registro, formação de equipes, coordenação, prestação de contas, etc.), indicando as posturas desejáveis e indesejáveis dos associados no que tange a contratação de projetos com a Rede e as esferas para dirimir dúvidas. 
  • GT Comunicação - tem a finalidade de formar uma equipe de comunicadores que irão promover a difusão das informações e principalmente criar as bases do funcionamento desse GT no regimento interno, indicando inclusive as posturas desejáveis e indesejáveis dos associados no que tange o uso da logomarca e divulgação da Rede e dos SAF, bem como as esferas para dirimir dúvidas. 
  • GT Comercialização - visa estabelecer as bases da comercialização dos produtos agroflorestais, regular o uso de logomarca da Rede Agroflorestal atestando a origem de produtos agroflorestais, realizar pesquisa para levantar as unidades de produção e criar roteiros de venda, bem como plataforma de e-commerce, dentre outras ações. Também é uma prerrogativa deste GT indicar as posturas desejáveis e indesejáveis dos associados no que tange a comercailçização de produtos e as esferas para dirimir dúvidas. 
  • GT Sementes - esse GTvisa potencializar o trabalho dos coletores e produtores de sementes que está sedo estruturado junto a Coomatre, bem como fomentar com que os recursos genéticos estratégicos de culturas e frutas nativas, como exemplo, se tornem de uso geral pelas famílçias camponesas. Também é uma prerrogativa deste GT indicar as posturas desejáveis e indesejáveis dos associados no que tange a ao manejo dos recursos genéticos e as esferas para dirimir dúvidas. 
  • CD - Conselho Deliberativo: tem a finalidade de organizar as bases do funcinamento físico financeiro da Rede Agroflorestal, apoiar os GT. 

Os participantes foram divididos em GT para com o apoio de uma pessoa coordenadora e outra secretariando para preeencherem um quadro com linhas (itens a inserir sobre como a Rede deve atuar/se estruturar) e colunas (que indicavam o que é desejável e o indesejável para a pessoa associada), juntamente com a esfera para deliberar sobre determinado assunto. 

GT Projetos 


Assembleia Geral Extraordinária

Ao final da tarde os presentes se reuniram no auditório da APTA para a AGE que visou apresentar o histórico da fundação da Rede Agrofloprestal e o balancete do ano de 2022, bem como o ingresso de novos membros associados.

Assembleia Geral Extraordinária com apresentação das contas de 2022 e ingresso dos associados

Parcerias: 

APTA Regional RAR – Rede Agroecológica Regional da APTA, Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, Coomatre, MST Vale do Paraíba, Instituto Auá, Corredor Ecológico do Vale do Paraíba 

GT Comunicação: 

Marcielle Monize, Lucas Lacaz / A13 e Monique Oliveira foram responsáveis pela cobertura e veiculação de material de divulgação no instagran: rede.agroflorestal <https://www.instagram.com/p/CqOBVtBu_L9/> e facebook.

Por Antonio Devide - pesquisador da APTA de Pindamonhangaba