4 de jan. de 2022

MICHEL BOTTAN, ENTREVISTADO PARA O PLANO DE AÇÃO DA REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA, CONVIDA PARA O PRIMEIRO MUTIRÃO DO ANO DE 2022, A SER REALIZADO NO SÍTIO DESPERTO, NO BAIRRO SERRINHA EM CAÇAPAVA, DIVISA COM JAMBEIRO - SP


Programação:

Início às 6:30h com yoga e meditação da paz conduzida pela Gabi 
7:00h - Café da manhã/tarde colaborativo: cada um traz algo saudável (VEGETARIANO). Obs.: evitar presunto (pois é carne)
8:00h - Início do mutirão
11:30h - Parada para almoço
13:00h - Roda de conversa sobre regeneração sistêmica 
14:00h - Mutirão 
17:00h - Encerramento com roda de conversa e dança circular
17:30h - Fogueira e por do sol (se não chover)

Formulário para inscrição, pois precisamos estimar quantas pessoas virão para o almoço:

https://forms.gle/2Jsd6Htg6TwrfSMu9 

Figura 2. Gabi e Michel e a produção agroflorestal.

Local: Estrada Municipal José Mariano, Caçapava - SP, 12282-000. http://www.desperto.com.br/ 

Q8Q6+XR Caçapava, São Paulo


https://www.google.com/maps/place/S%C3%ADtio+Desperto/@-23.2100195,-45.6901465,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x94cdade632247e4f:0xd79793a2534b17f0!8m2!3d-23.2100195!4d-45.6879578

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ENTREVISTA PARA O PLANO DE AÇÃO DA REDE AGROFLORESTAL

Data da entrevista: 10.04.2021

Local: Caçapava - SP

Por: Leandro Braz Camillo

Esta entrevista com Michel Lemos Motta Bottan (Figura 2) traz informações importantes sobre os mutirões agroflorestais e aspectos da organização da Rede Agroflorestal para fortalecer unidades de produção isoladas na paisagem. No caso do Sítio dele, está em Caçapava, na divisa com Jambeiro. Boa leitura. 

Como chegou até a vida no campo, você sempre viveu no campo, qual o caminho até a pessoa chegar a essa vida de produção rural, e o que motivou a essa escolha?

MICHEL: Eu sempre trabalhei com tecnologia… desenvolvimento de software... aí cheguei até a criar uma empresa e tudo mais... mas aquele estilo de vida não fazia mais sentido para mim né cara, de estar trabalhando com tecnologia voltada pras coisas como elas são…

E aí, nesse processo eu vi que precisava plantar a minha comida pra[LBC1]  Ter essa autonomia sobre produzir alimento. E aí fui pesquisando até que eu descobri a agrofloresta, né? Fiz um curso em 2016, com Ernst (Götsch), e aí como foi uma vivência bacana, eu resolvi virar a chave instantaneamente.

Aí eu parei de trabalhar com tecnologia, né? Do jeito que eu tava, aí eu peguei a grana que eu tinha e fui atrás de comprar um sítio, né? Então eu tive esse privilégio, né? De poder fazer isso com essa idade… já idealizando que isso seria um processo pós aposentadoria.

Então cara, eu cheguei na pegada de fazer agrofloresta (...) e fazer horticultura [LBC2] , prá poder viabilizar a produção. Mas o primeiro ano foi muito difícil, por vários motivos e antes que eu me enforcasse financeiramente eu resolvi parar com horticultura.

Então cara porque eu resolvi parar? Só tô plantando prá gente agora, prá nossa dinâmica atual. Eu tô gerando um excedente, eu quero gerar um excedente prá beneficiamento de produtos e também pros hóspedes que a gente tá recebendo no sítio, né? Galera tá vindo se hospedar com a gente, boa parte dessa galera tá querendo conhecer agrofloresta né? Então tá sendo mais essa jornada ai mesmo e focar nas frutíferas, madeira, que tem pouca plantada, mas principalmente bambu, não no contexto do saf mas no contexto do sitio ne. mais as rodas e tal…

Então é isso, horticultura por vários motivos eu não tenho uma condição favorável pra produzir. Condição ambiental, porque eu tô numa face de montanha que ela é totalmente exposta, eu tô na primeira montanha que vai virar Serra do Mar. Então eu recebo muito vento, muito vento seco.

Eu tenho problema com água, porque em toda a região secaram as nascentes, secaram as cachoeiras. Então eu só tenho um poço caipira e eu tenho as nascentes que são semi-perenes… Então agora, por exemplo, elas já estão parando de minar… Então eu não tenho água pra dar continuidade ao plantio. Mas mesmo na épocas das chuvas a gente vê que tá muito constante a questão dos veranicos… Assim, chove uma semana e depois fica uma semana com aquele solzão, entendeu? Então, dependendo do plantio que você fizer, não sustenta né? E aí, dependendo da semana em que você vai plantar, não chove… e aí você perdeu já o “time” (tempo) das coisas. Então, mesmo na época das chuvas, precisa ter irrigação cara. Não prá usar no dia a dia, mas para usar nessas janelas que não tem chuva né?

E aí a questão das estradas também. Eu tô aqui na cidade agora porque meu carro quebrou, tipo quebrou inteiro assim… Porque a estrada é muito ruim. Então o carro vai pro espaço e é um “puta” prejuízo, sabe? O custo é alto né cara? Eu gasto um jogo de pneu por ano! Porque é só morro, subida, subida, subida… Então meu contexto não é favorável. Não tenho mão de obra, não tenho nem pessoas prá me ajudar com diárias lá…

 

De que forma está a organização social do seu núcleo/território, para construção coletiva de mudanças necessárias? Existe uma organização mínima? Existe algum tipo de liderança? Existe alguma forma de ajuda mútua para alguma demanda?

MICHEL: Então, assim, a gente tá numa região que não tem presença de agricultores agroecológicosNão tinha, né? Porque esse ano parece que foi o ano em que a coisa catalisou e chegou um monte de gente querendo fazer agrofloresta em Caçapava, especificamente.

E aí eu acabei de criar um grupo aqui, prá galera de agrofloresta de Caçapava. Então tem aí, agora, um grupo de seis pessoas, mas além de mim, só tem mais um que quer plantar prá comercializar. Os outros querem fazer agrofloresta, assim, como um pomar, entendeu? 

Mas assim, a gente recebeu muitos hóspedes, a galera está nos procurando para as hospedagens por causa da agrofloresta, entendeu? Então a galera quer ir pro campo, quer entender o que é permacultura, o que é agrofloresta. Então ao invés de procurar um 'Airbnb' (plataforma on-line que ajuda a encontrar locais para hospedagem), que só vai ter um chalé, a galera pensa em se hospedar com uma galera que já passou por esse processo… 

Então a gente recebeu um grupo de amigos que tava vendo terra ali pela região de Jambeiro. Estavam alí vendo terra porque querem fazer permacultura, querem fazer agrofloresta e já foram ficar lá em casa prá poder trocar uma ideia, né? Então é isso cara, está acontecendo sim, muito forte!  

 

O que você acha de importante na produção agroflorestal?

MICHEL: Cara, eu acho assim, a horticultura com a agrofloresta dependendo da dinâmica que o cara tá, ela consome a energia da pessoa que ela fica travada prá conseguir expandir a agrofloresta.

Então a horticultura com a agrofloresta não é uma abordagem que eu recomendo, entendeu? Se o cara puder fugir...  foge, cara! 

Você pode ver a galera que faz agrofloresta com hortaliça, ela fica travada prá manejar a área, prá expandir a área, porque ela é consumida pelo operacional da hortaliça. Entendeu? Então, se der prá fazer agrofloresta, pensando em processamento ou plantios de ciclo médio e ciclo longo, o cara vai plantar de 3 meses prá cima... milho, mandioca, inhame, ou coisas semi-perenes, tipo uma beringela, uma pimenta cambuci.

Mas fugir daquele plantio recorrente, sabe? Até mesmo um repolho que leva até 90 dias, mas com um cuidado mais exigente, sabe?

Eu acho que esse tipo de cultivo tem que estar mais próximo da cidade. Eu acho que folhosas tem que ir pra área periurbana e deixa as florestas surgirem nas áreas mais rurais, mais de natureza, de proteção. Enfim, porque é pra gente conseguir fazer agrofloresta, né?

Nesse ano que eu comercializei, eu fiquei travado em 300m2, entendeu? Porque naquele espaço é mais ou menos o que você consegue fazer sozinho, entendeu? Além de uma ou outra coisa que você consegue fazer uma monoculturazinha, tipo um milho, uma mandioca. Aí trava você!

Acho que você evita isso, de aproveitar o tempo e colher as frutas lá na frente sabe? Seja banana, mamão, acerola, café, pupunha...

Acho que a agrofloresta é tipo assim... muito estruturada, do ponto de vista de você ter as colheitas a cada ciclo certinho. Só que daí traz outra complexidade né? beleza, você vai ter alí acerola, vai ter café, vai ter pupunha, e aí você vai ter que aprender a beneficiar tudo isso. Você tem que apreender a acessar o mercado com esses produtos, produtos diferentes a cada momento entendeu? É um trampo, eu vejo que é um trampo. Eu não tô nesse estágio ainda. Na verdade a gente tá no estágio da banana, ainda né? Mas a banana a gente já tá beneficiando... tem que comprar um desidratador, tem que aprender a desidratar, tem que aprender a vender... isso, no mercado. Existe uma complexidade que é de ponta a ponta, que não é só plantar... é o plantar até comercializar... Isso é geral, é prá hortaliça, mas agrofloresta traz uma complexidade maior. É uma complexidade, mas é uma oportunidade. Uma coisa é você vender banana, outra coisa é você vender banana desidratada. Então, prá você fazer uma agricultura financeiramente sustentável, a gente tem que desidratar. A gente tem que pegar o café e beneficiar, tem que pegar as outras coisa e beneficiar. E aí eu acho que falta essa etapa pro agricultor, que é a de entrar no beneficiamentoNão acho que seja um passo seguinte...

Eu li um artigo super rápido, escrito sobre isso porque eu acho que a gente tem a oportunidade de repensar uma cultura alimentar... Não um agricultor como produtor, eu nem gosto desse nome..., eu vejo que o agricultor tem a oportunidade de explorar alimentos que o consumidor não tem, entendeu? Explorar no sentido, assim, de qual é o potencial alimentício desse ou daquele alimento.

Então, saber como cozinhar, como fazer o doce, como fazer o salgado... Então, ele tem um potencial de ser um educador em uma cultura alimentar, mas se ele planta para ser produtor e não come bem o que ele planta, primeiro que ele não é uma pessoa bem nutrida, nem a família dele. E segundo que a gente deixa de criar essa oportunidade de realmente levar a cultura alimentar, entendeu? Então, eu acho que assim, para mim, hoje, se pudesse, pula hortaliças, já vai direto para o beneficiamento. Entendeu? Porque dá para beneficiar coisas de ciclo médio, já de cara, né?

 

Como você define a Rede Agroflorestal? O que é a Rede pra você?

MICHEL: Ah! Cara, eu acho que a Rede é essa criação coletiva, que ela é expressão do que as pessoas estão precisando naquele momento, do que elas tão sentindo, sabe? Eu acho que como qualquer rede, cara, a gente entra e sai dela muitas vezes. Entendeu? Porque a gente não é feito de um nó só[AD3] . A gente está conectado em várias redes simultaneamente, né? E a gente pode tá conectado no momento, sair e se conectar outra vez, aí a gente vai ficar assim, né?

Então, eu só acho que talvez a rede precisa de alguns passos além dos processos de mutirão, que são extremamente importante. Entendeu? Mas da mesma forma, os mutirões, eu acho, que eles precisavam ser um pouquinho diferente. Entendeu? Na dinâmica de quase todos que eu fui não tava fluindo legal a dinâmica, nem para quem tava recebendo, nem para quem tava indo visitar. Eu acho, entendeu?

Porque… cara, eu acho que os mutirões... tem que parar e olhar o que tá acontecendo, né? Assim, a galera tava indo trampar no campo... Tem que olhar a dinâmica... Tavam indo muito tarde pro campo... Aí, você não consegue começar uma dinâmica com o sol rachando...

Todo mundo ao meio dia já tá desidratado, já tá com fome e aí volta do almoço e a galera já tá um pouco exausta... O sol castiga nesse horário, né? Eu acho que a gente tinha que ter uma dinâmica de mutirões um pouco diferentes[AD4] ...

Mutirões fora daqui eu não fiz, não... Foi só por aqui mesmo. Eu estive conhecendo outras dinâmicas em outras regiões, mas de SPG e tal... mas de mutirão, não... De mutirão só participei de um, da galera do “Mutirão Agroflorestal”. Mas, aí foi no formato de curso e tal..., não foi de mutirão. Foi lá em Piracicaba, na Esalq (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"/USP), lá com a galera lá..., mas é... mais em formato de curso, assim...

Então, é que eu acho que, assim, o mutirão, como eu entendo o mutirão, eu acho que aquela coisa talvez mais localizada, sabe? Tipo, é complicado, por exemplo, eu participar do mutirão... sair daqui e ir até Pinda. É um trampo cara! De Pinda. para cá, entendeu? Tanto, que assim, você não vê muita troca de pessoas de lugares mais distantes...

Então, acho que o mutirão eles surgem num contexto muito mais local, entendeu? Da mesma cidade, no máximo da cidade vizinha, sabe? Para permitir, né? e até justificar o deslocamento... de a galera chegar cedo... Então... enfim, eu acho que o mutirão para mim é muito válido cara, mas eu acho que a gente poderia ter um formato diferente... Talvez dois dias, que a galera chega talvez no dia anterior, já está lá no final de semana para render um pouquinho mais, né? E para ter troca além do trabalho né?

Cara, eu acho que só troca fica difícil a gente conseguir entregar um trabalho que gera execução que gera... um bem também, sabe? E que possa gerar, também, trocas humanas, sabe? Que as pessoas possam... as pessoas passam dançar, juntas, elas possam se alimentar com calma.

Então eu acho que tem que fazer as coisas para não ser só trabalho pesado e para chegar à noite cara, todo mundo tá cansado, vai chegar alguém e puxar um violãozinho, vai ter uma fogueira, vai ter um espaço muito mais humanizado do que do que apenas esta troca de força depois do trabalho. Entendeu?

Eu acho que a gente precisa ir para um caminho onde a gente tenha mais, assim..., que a gente consiga criar laços mais afetivos. Entendeu? Acho que a palavra é afeto, cara! Então, esses laços afetivos a gente precisa criar... costurar!

Aí, por exemplo, né? só trazer um pouquinho lá da (Rede) Apoena... a Apoena conseguiu ter a eficiência, mas acho que não teve, não conseguiu, ter o laço afetivo.

Mas, ao mesmo tempo, as pessoas estando distantes, né? como eu falei... um está em Pinda, outro está em Taubaté, eu tô em Caçapava... o pensamento, ele começa a se mover...

 

De que forma você vê a atuação da Rede Agroflorestal? Avalie as colaborações da Rede, até o presente momento, para você, para a sua comunidade e para a paisagem? E outras contribuições que queira pontuar.

MICHEL: Eu acho que tá difícil responder isso de bate pronto, assim! Mas eu acho que a Rede tem que começar pelas coisas mais simples, mais básicas... sabe? E o simples é o quê? É uma formação mínima para quem quer aprender agrofloresta. Então, vamos supor que, anualmente, ou que seja bianual, a Rede Agroflorestal faz uma formação em Agrofloresta, que vai capacitar qualquer pessoa a poder ser um agricultor agroecológico, agroflorestal [AD5]sabe? Isso é uma forma de você acolher quem tá chegando, né?

Mas isso não precisa ser um curso, cara, pode ser um projeto, assim que você chega na Rede e ganha um padrinho...uma madrinha... prá estar te acolhendo, alí, para te dar um apoio...

Mas eu acho que tem outra coisa que é a Rede entrar na educação e também entrar na questão do alimentos, entendeu? Que é uma necessidade... é trabalhoso, tem um custo... ter acesso às sementes e as mudas[AD6] ...

É um trampo cara! Na verdade eu poderia fazer um sistema muito mais biodiverso se eu não tivesse que fazer um trampo de coletar as sementes ou se eu tivesse dinheiro para bancar todas as mudas, entendeu?

Então, eu acho que ter a casa de sementes florestais, forte... de sementes crioulas, também, para produção, né cara?... feijão, milho... é fundamental[AD7] .

Então, acho que é assim: A Rede Agroflorestal tem um histórico legal... eu acho que ainda falta o Vale saber e isso pra mim é o básico, sabe?

Então, fica difícil até de olhar lá para frente... de outras possibilidades... Pode atuar na comercialização, pode fazer um monte de coisa cara! Mas a gente tem que resolver primeiro o arroz com feijão, né?

 

O que você vê como importante para ser trabalhado, desenvolvido, para os próximos anos com a Rede Agroflorestal? Quais as principais demandas que necessitam ser trabalhadas para melhorar a sua atuação e do núcleo onde você está inserido?

MICHEL: Eu acho que é só isso mesmo... se a Rede puder fazer isso eu acho que já é um passo importante... para acolher quem chega e ajudar quem tá fazendo [AD8]né?

E eu acho que... assim... é que a gente olha muito aqui para a questão de fortalecer comunidades biorregionais, né? Então, esse distanciamento físico das pessoas dificulta as coisas. Então, prá galera que tá no assentamento, a possibilidade cria possibilidades. Entendeu? Mas para a gente que tá longe né? Porque a gente tá aqui na divisa de Caçapava com Jambeiro... a pessoa mais próximo que faz agrofloresta é o Lucas que tá em Jambeiro... mas ele tá na divisa com Paraibuna, né? Então, é mais ou menos uma hora, entendeu? (a dificuldade de contato)

Então, isso daí não cria a necessidade de troca... troca de trabalho, de maquinário, de sementes, de afeto...de tudo, entendeu? Então, eu acredito no fortalecimento dessas comunidades que estão muito próximas [AD9]Entendeu? De pessoas que estão muito próximas, formando, não necessariamente uma ecovila, sabe? Mas uma comunidade, mesmo, que consegue trocar...

Não sei se você já viu... que fala, né? de como as variedades de feijão foram criadas... que era do contexto de quase horta urbana... das pessoas muito próximas e umas plantando muito próximo as outras, e isso criar as variedades de feijão, né?

A gente tá olhando prá alguns conceitos que hoje parece que é coisa nova, né? Sobre essa coisa do biorregionalismo, né? Mas, na verdade o (Mahatma) Ghandi já falava lá em 1920... definiu, deixou claro esses conceitos... que era satyagraha... que era a ideia dele de libertação do domínio, que era de criar comunidades autônomas resilientes[AD10], onde essas comunidades vão produzir o eu alimento, vão produzir o seu tecido e controlar a sua demanda por recursos, prá que ela pudesse dizer não ao imperialismo inglês, né?

Então, assim, você trazer isso prá nossa realidade, num contexto que a gente vive hoje, tudo isso é autonomia, tudo isso é liberdade... de a gente poder plantar um alimento, de a gente poder trocar, porque autonomia não é você plantar tudo que você precisa comer, né? Você planta, mas a autonomia você conquista através da interdependência, né? Então, eu planto feijão e você planta mandioca e a gente troca... Então, assim, eu acho que fortalecer a presença desses locais é muito importante... e na verdade eu acho que é até simples de a Rede poder atuar nisso... que é o que a gente está fazendo hoje lá... a gente está virando assim, o corretor... Corretor dos imóveis do entorno, entendeu? Então a gente, assim, atua como corretor informal, sabe? E não tá ganhando nada com isso, mas a galera que tá falando que quer fazer agrofloresta e permacultura a gente chega e fala assim: Opa, chega aqui que tem um terreninho aqui do nosso lado...

Então, eu acho que a gente pode atuar nesses núcleos, sabe? E se a Rede puder ajudar a fortalecer esse movimento[AD11] ... porque, assim, tá rolando uma migração em massa agora, agora! (da cidade para o campo).

E se a Rede pegar essa galera que tá querendo fazer agrofloresta e falar assim: Meu, não se joga lá prá longe... Cola no Michel, cola no Antônio, na galera que já tá fazendo... que você vai chegar mais rápido. Então, já ajuda né? Ajuda ela e ajuda quem tá lá, entendeu? Porque vai fortalecer todo mundo. Acho que é o caminho aí...

A gente tá no bairro da Serrinha, em Caçapava, divisa com Jambeiro.

Obrigado!
Michel Lemos Motta Bottan

Links com destaques mais importantes feitos pelo entrevistador:
[LBC1]mudança de paradigmas, reconstrução pessoal
[LBC2]vontade de fazer agrofloresta
A Rede é uma [AD3]criação coletiva, a gente entra quando precisa e sai quando quer, muitas vezes.
[AD4]Melhorar a dinâmica dos mutirões: planejamento, começar mais cedo, utilizar ferramentas para fortalecer/melhorar a implantação e principalmente, fortalecer as trocas humanas (empatia).
[AD5]Capacitação em agrofloresta
[AD6]Viabilizar o o acesso às sementes e mudas
[AD7]Casa de sementes
[AD8]Acolhimento
[AD9]Fortalecer núcleos
Foco dos núcleos é o  [AD10]autoconsumo e a troca
[AD11]Fortalecer o movimento do novo rural: acesso à terra perto de núcleos 

27 de dez. de 2021

REDE EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA BUSCA AVANÇOS DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO LESTE PAULISTA

JUNTOS SOMOS FORTES!!!

Na pandemia de Covid-19 tem sido um desafio fazer os mutirões agroflorestais acontecerem com segurança e não menos desafiador tem sido realizar as pesquisas. 

Em um retrocesso nunca visto antes no Brasil, a tentativa de desmonte do serviço público está sendo frustrada e embora deixe graves sequelas, não desistiremos e vamos nos reerguer... porque somos UM como os ramos de uma árvore que se lança ao alto para absorver a energia do Universo e se fortalecer...

Imagem: Lucas Lacaz Ruiz / A13

Há 10 anos que os SISTEMAS AGROFLORESTAIS estão na pauta das Instituições Públicas e Privadas de Ciência e Tecnologia do Vale do Paraíba.

No ano de 2021, durante o XII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (CBSAF 2021), foram apresentados diversos trabalhos sobre SAF desenvolvidos no Leste Paulista. 

Aqui, divulgaremos informações resumidas e importantes, resultados da união da APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - Polo Regional Vale do Paraíba, INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, UNESP - Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" - Instituto de Ciência e Tecnologia - Departamento de Engenharia Ambiental, IPA - Instituto de Pesquisas Ambientais da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, Universidade Federal Fluminense e Instituto Auá/Edital Ecoforte.

Mas esses trabalhos não seriam possíveis sem o protagonismo das famílias camponesas que implantam e manejam os Sistemas Agroflorestais e que também participam de diversas pesquisas cujos resultados são apresentados para que possam se beneficiar e ajudar a divulgar os avanços dos SAF na região.

Em resumo, são sete trabalhos que abordam o estado da arte sobre os SAF no estado de São Paulo à luz da Resolução 189, os resultados do Plano de Ação da Rede Agroflorestal, contribuições dos SAF para o aumento do componente arbóreo no Assentamento Nova Esperança de São José dos Campos, a caracterização da produção de bananas em SAF no Leste paulista, produção de araruta e cúrcuma em sistema agroflorestal, sobre o controle biológico da broca da bananeira e levantamento de matrizes de frutíferas nativas. 


Articular a Rede Agroflorestal para transformar a paisagem regional

ESTADO DA ARTE DOS TRABALHOS SOBRE SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Autores: Klécia Gilli Massi, Rafael Bignotto Beltrame, Humberto Gallo Junior, Antonio Carlos Pries Devide

ResumoO estado de São Paulo possui muitas propriedades rurais com sistemas agroflorestais (SAF), com diferentes arranjos no campo e distintas características ambientais, ecológicas e florísticas. Além disso, múltiplos indicadores têm sido adotados para avaliá-los. Assim, o objetivo deste estudo foi organizar, sistematizar e avaliar as informações sobre os SAF no estado de São Paulo para observar a existência de arranjos agroflorestais diversificados nas propriedades. A metodologia utilizada na pesquisa foi uma busca de artigos científicos nas bases de dados Scopus, ISI-Web of Science e Google acadêmico, Scielo e de instituições governamentais com os termos em língua inglesa e portuguesa: "Agrofloresta*" ou "Agrosilvipastoril" ou "Silvipastoril", e "Mata Atlântica" e "Cerrado" e "São Paulo", publicados entre 1990 e 2021, com dados empíricos, textos completos acessíveis em inglês, espanhol ou português, revisados por pares ou que passaram por uma banca revisora. Trinta indicadores foram usados para avaliar os estudos. Foram sistematizados 53 estudos. A maior parte dos SAF avaliados foi biodiverso, com média de 29,3 espécies por local e grande variação entre as áreas amostradas (de duas a 194 espécies). No que tange à idade, os SAF tiveram entre 1 e 25 anos e média de 10,9 anos. Os SAF avaliados foram em média de 3,7 ha. Os principais produtos agrícolas produzidos dentro dos SAF estudados foram banana, hortaliças e outras frutas exóticas e nativas. Quanto à localidade, os trabalhos estiveram bem distribuídos pelo estado e a maior parte deles foi realizado em áreas do Bioma Mata Atlântica. 

Palavras-chave: agrofloresta; estatística descritiva; indicadores; Resolução SMA 189



Link de acesso: https://www.researchgate.net/publication/357355450_ESTADO_DA_ARTE_DOS_TRABALHOS_SOBRE_SISTEMAS_AGROFLORESTAIS_NO_ESTADO_DE_SAO_PAULO


PLANO DE AÇÃO DA REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA

  • Autores: 
  • Antonio Carlos Pries Devide, 
  • Patrícia Lopes, 
  • Leandro Braz Camillo, 
  • Thales Guedes Ferreira, Anna Cláudia Leite, Rodrigo Dametto Faria Santos, Mariana 
  • Oliveira

    Resumo: A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba se constitui como um grupo de pessoas conceituadas em implantar, manejar e estudar os sistemas agroflorestais (SAF), para restaurar a paisagem com princípios na agroecologia. Há 10 anos organiza mutirões que potencializam o apoio mútuo e chamam a atenção para novos valores sobre o ensino, assistência técnica (ATER) e pesquisa com a participação popular. O objetivo do trabalho é apresentar as demandas levantadas, que envolvem questionários aos agricultores e não agricultores, oficinas e reunião técnica. Responderam aos questionários 71 agricultores da reforma agrária e novo rural. Os principais fatores que limitam a produção agroflorestal são os poucos recursos financeiros e ausência de crédito, déficit de mão de obra, insumos, ATER e apoio à comercialização. Dos 58 técnicos que responderam ao questionário, a maioria conheceu a Rede Agroflorestal em mutirões e 55% se sente capaz de manejar SAF e as principais especialidades são Ciências Agrárias e Sociais Aplicadas. Como metas do Plano de Ação, elencadas por esses atores devem fortalecer uma governança; divulgação dos SAF por meio de mutirões agroflorestais organizados; melhorar a capacitação e o ensino formal; organizar o trabalho dos coletores e produtores de sementes e mudas; e fortalecer a comercialização de produtos agroflorestais. 

    Palavras-chave: política pública; agricultura familiar; agroecologia; planejamento participativo

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355397_PLANO_DE_ACAO_DA_REDE_AGROFLORESTAL_DO_VALE_DO_PARAIBA


    CONTRIBUIÇÕES DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO NDVI DO ASSENTAMENTO NOVA ESPERANÇA I EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS -SP

    Autores: Débora Guerreiro Silva, Antonio Carlos Pries Devide

    Resumo: A introdução dos Sistemas Agroflorestais (SAF) na reforma agrária no Vale do Paraíba do Sul ocorreu em 2013, com mutirões organizados pela Rede Agroflorestal. O objetivo deste trabalho foi caracterizar as contribuições dos SAF no incremento da vegetação arbórea e verificar o reforço na formação de um corredor ecológico no assentamento Nova Esperança I, em São José dos Campos - SP. Foram aplicadas técnicas de sensoriamento remoto para análise NDVI de sete unidades de produção com SAF e outras sete sem SAF a fim de comparar a cobertura do solo. O maior índice de área recoberta por vegetação arbórea foi obtido nas unidades com SAF, enquanto as demais apresentaram os maiores índices de áreas de solo exposto, pastagens degradadas, gramíneas e agricultura. Os SAF contribuem com a formação de corredor ecológico que liga as várzeas do Rio Paraíba do Sul ao fragmento de Mata Atlântica na transição com a Serra da Mantiqueira. 

    Palavras-chave: sensoriamento remoto; reforma agrária; corredor ecológico; restauração florestal

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355448_CONTRIBUICOES_DOS_SISTEMAS_AGROFLORESTAIS_NO_INDICE_DE_VEGETACAO_NDVI_DO_ASSENTAMENTO_NOVA_ESPERANCA_I_EM_SAO_JOSE_DOS_CAMPOS_-SP


    PRODUÇÃO DE BANANA EM SISTEMA AGROFLORESTAL NO LESTE PAULISTA

    Autores: Antonio Carlos Pries Devide, Julia Mesquita Trommer, José Miguel Garrido Quevedo

    Resumo: A bananeira está presente em sistemas agroflorestais (SAF) em diversos biomas brasileiros. A prospecção tecnológica é importante para incentivar a expansão desse modelo de produção. O objetivo dessa pesquisa é apresentar um panorama sobre o cultivo de banana no Leste Paulista, caracterizar o perfil dos produtores de um grupo de compra de mudas certificadas e a preferência por cultivares; além do perfil de pessoas que cultivam bananas em SAF, levantado por meio de questionário com aplicativo de gerenciamento remoto de pesquisa, caracterizando-se, também, a localização e área cultivada, aspectos fitotécnicos e fitossanitários, geração de renda e demandas tecnológicas. A bananeira está presente em 2mil hectares, destacando-se São Bento do Sapucaí, na Serra da Mantiqueira e Ubatuba, no Litoral Norte. Adquiriram mudas certificadas agricultores familiares e o novo rural, com preferência por Grande naine e Prata Anã. Foram respondidos 50 questionários por esses atores que cultivam até 25% da área com aptidão em até 1,0ha de pequenas propriedades no Vale do Paraíba (84%) e Serra do Mar (12%). Predomina o manejo agroflorestal (64%) e consórcios com culturas agrícolas (26%). A regeneração de plantas nativas e a ocorrência de fauna é superior nestas áreas (55%), em comparação ao entorno. Metade das pessoas cultivam variedades locais. Predomina o comércio in natura (44%) em venda direta ao consumidor (46%). Os respondentes conhecem o cultivo de banana em SAF (92%), 86% participam da Rede Agroflorestal e a prioridade para o investimento público recai sobre ATER (40%) e pesquisas de manejo agroflorestal (54%). 

    Palavras-chave: tecnologia de produção; fruticultura; política pública 

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355548_PRODUCAO_DE_BANANA_EM_SISTEMA_AGROFLORESTAL_NO_LESTE_PAULISTA


    PRODUÇÃO DE ARARUTA E CÚRCUMA EM SISTEMA AGROFLORESTAL

    Autores: Cristina Maria de Castro, Antonio Carlos Pries Devide

    Resumo: Os sistemas de cultivo que combinam árvores, frutas e espécies anuais em arranjos produtivos, como os sistemas agroflorestais (SAF), são estratégicos, pois promovem e conservam a sociobiodiversidade e fortalecem a segurança alimentar e nutricional. Adaptadas ao cultivo em áreas semi-sombreadas, a araruta (Maranta arundinacea) e a cúrcuma (Curcuma longa) são plantas ricas em compostos bioativos, que lhes conferem propriedades funcionais inigualáveis. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o desempenho produtivo da araruta e da cúrcuma em SAF, com fileiras da leguminosa arbórea gliricidia (Gliricidia sepium) espaçada 6x3m, intercalada nas fileiras externas com bananeiras (Musa spp.) e mamoeiros (Caryca papaya) e tutorando ora-pro-nobis (Pereskia aculeata). O manejo da gliricídia com poda e o desbaste das bananeiras foi realizado na primavera-verão, com todos os resíduos vegetais gerados sendo devolvidos ao solo. Nesta área, a produção total de rizomas de cúrcuma e araruta foi avaliada por um período de 5 anos (2013 a 2017). A produtividade (t/ha) para os anos 15,4 (cúrcuma). Esses valores são satisfatórios para a densidade utilizada (17.500 plantas/ha), comparado às monoculturas comerciais que empregam 30.000 plantas/ha. A correlação da produção de cúrcuma com a precipitação foi alta (0,88), enquanto para araruta foi baixa (0,02). O potencial produtivo da araruta e da cúrcuma pode ser explorado em SAF, justificando pesquisas para aperfeiçoar o manejo agroflorestal. 

    Palavras-chave: cultura alimentar; segurança alimentar e nutricional; Maranta arundinacea; Curcuma longa

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355648_PRODUCAO_DE_ARARUTA_E_CURCUMA_EM_SISTEMA_AGROFLORESTAL


    AVALIAÇÃO DO MANEJO DA BROCA DA BANANEIRA COM CONTROLE BIOLÓGICO EM SISTEMA AGROFLORESTAL

    Autores: José Miguel Garrido Quevedo, Rudson Haber Canuto, Guilherme Silva Godoy, Hélio Minoru Takada, Antonio Carlos Pries Devide, Cristina Maria de Castro

    Resumo: A cultura da banana está presente na maioria dos sistemas agroflorestais (SAF) do Brasil, por sua rápida produção de frutos, recobrimento do solo e aporte de fitomassa no pseudocaule, que aberto longitudinalmente e disposto sobre o solo na forma de telha transfere sua rica seiva mineral ao redor de culturas consortes de valor econômico. Não é costume no manejo agroflorestal utilizar os restos culturais da bananeira para adubar a própria touceira. O moleque-da-bananeira (Cosmopolites sordidus) é um besouro que sobrevive em restos culturais e danifica os bananais no mundo todo, causando redução de produtividade e levando o bananal à extinção ao introduzir o fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubenseO objetivo desta pesquisa foi avaliar o controle biológico de C. sordidus em SAF através do manejo de pseudocaule na forma de telha e queijo, com e sem isolado de Beauveria bassiana estirpe IBCB66. Há diferentes espécies de curculinídeos atacando a cultura da bananeira no Vale do Paraíba. Para este SAF, uma isca tipo telha foi mais eficiente para C. sordidusOutro curculionídeo capturado foi Metamasius sp. com maior presença na isca tipo queijo com fungo. Sua mobilidade superior, se comparado a C. sordidus, e a consequente infecção por B. bassiana, possibilita disseminar o controle biológico no SAF. São necessárias novas pesquisas de longa duração sobre os efeitos do manejo do pseudocaule das diferentes variedades de banana em relação ao controle biológico e à dinâmica das espécies de curculionídeos no SAF. 

    Palavras-chave: Beauveria bassianaCosmopolites sordidusMetamasius sp.; agroecologia; manejo do pseudocaule 

    Link: https://www.researchgate.net/publication/357355408_AVALIACAO_DO_MANEJO_DA_BROCA_DA_BANANEIRA_COM_CONTROLE_BIOLOGICO_EM_SISTEMA_AGROFLORESTAL


    LEVANTAMENTO DE MATRIZES E CONSERVAÇÃO NA ROÇA DE FRUTAS NATIVAS

    Autores: Thiago Ribeiro Coutinho, Mariana Pimentel Pereira

    ResumoA ocupação territorial a partir da invasão colonizadora dá início a um modo de produção caracterizado pela intensa destruição ambiental. Tem -se a perda da biodiversidade e, simultaneamente, a perda dos conhecimentos e das culturas alimentares no entorno das espécies nativas frutíferas. A esses fenômenos dá-se o nome “erosão genética” e “erosão cultural”, respectivamente. Para o enfrentamento da dupla problemática, criar estratégias para a valorização do trabalho que comunidades camponesas e sujeitos do campo vêm desenvolvendo no sentido da promoção da etnobiodiversidade por meio da “conservação na roça”, é aliada nas alternativas encontradas. O objetivo da pesquisa é apreender a conservação na roça de frutíferas da família Myrtaceae nativas do bioma da Mata Atlântica. A coleta de dados envolveu a observação participante, caminhada transversal, intervenção educadora ambientalista e entrevista semiestruturada. A identificação das matrizes utilizou as informações de coletores e mateiros da região do Vale do Paraíba, somando-se a aplicação do questionário semiestruturado. Como resultados foram identificados dois eixos centrais, o primeiro ligado à botânica, coleta de sementes, produção de mudas, identificação das espécies e o mapeamento da ocorrência no território. O segundo eixo combina o mapeamento e a interação dos sujeitos atuantes nas atividades produtivas que envolvem os esforços para constituir as cadeias produtivas da sociobiodiversidade e consequente conservação. A experiência abriu caminho para o início da construção de pomares de sementes, fortalecimento da apropriação e os esforços na disseminação das técnicas agroflorestais, bem como a salvaguarda dos materiais genéticos como crucias para o enfrentamento da crise socioambiental global

    Palavras-chave: Conservação na Roça; Sociobiodiversidade; Sustentabilidade; Etnobotânica; Banco de Germoplasma.

    Link (para livro de resumos): https://www.sbsaf.org.br/xiicbsaf-anais


    Boa leitura!


    22 de dez. de 2021

    Mutirões e Vivências são retomados no Vale do Paraíba em 2022


    No ano de 2022 algumas atividades já estão agendadas.

    Imagem: Lucas Lacaz Ruiz

    Em Lagoinha, os mutirões foram reiniciados em 2021 com o plantio de muvucas de sementes florestais, coleta e beneficiamento de sementes florestais para atender projetos de restauração. 

    Em São José dos Campos, as atividades também foram retomadas para implantação de experimento no Sítio Ecológico com a implantação e manejo de SAF com membros da CSA Sítio Ecológico, CSA Guajuvira e CSA Sítio Nossa Senhora Aparecida. 

    Essas atividades foram desenvolvidas com toda cautela, tomando os devidos cuidados diante da pandemia de covid-19. Assim, a participação foi restrita ao pessoal local e alguns visitantes e por isso não foram divulgadas para o público externo.

    Em 2022, já com os avanços positivos da vacinação, haverá nos dias 15 e 16 de janeiro uma Vivência no Assentamento Egídio Brunetto, em Lagoinha, organizada pelo casal Daniella e Higor. A unidade familiar é referência na produção hortícola em Sistemas Agroflorestais desde os primeiros anos de ocupação. Daniella também é a pessoa que lidera o preparo de conservas, banana chips, doces, com receitas tradicionais resgatadas na comunidade, que utilizam os produtos da terra, como ora-pro-nóbis e o açafrão. A atividade demanda um investimento de R$120,00 que cobre as despesas de hospedagem (barracas) e alimentação agroecológica. Mais detalhes são obtidos pelo fone (12) 99680-0656.


    O lote de reforma agrária vem sendo manejado desde o ano de 2017 com sistemas agroflorestais. A meta é transformar toda a unidade de produção em SAF, com diferentes modelos de sistemas, alguns com foco em hortícolas, outros visando a fruticultura e a restauração das matas do rio Paraitinga. O assentamento é referência na articulação popular que conta com o apoio governamental e instituições do terceiro setor para a estruturação da rede de coletores de sementes florestais.



    Em São José dos Campos, o mutirão liderado pelo camponês Valdir Martins e seus familiares, tem o objetivo de plantar mudas arbóreas para enriquecer os sistemas agroflorestais e promover a arborização do Sítio Ecológico, referência de Sistemas Agroflorestais Agroecológicos (SAFAS) no Vale do Paraíba. A atividade será realizada no dia 15 de janeiro e deve iniciar às 8:00h. É necessário confirmar a presença, levar gêneros alimentícios e utensílios para alimentação compartilhada, mudas e ferramentas próprias para o plantio. 



    O projeto do Sítio ecológico é um projeto familiar que envolve a comunidade local e inspira mudanças em uma escala que já supera as fronteiras do assentamento. São 10 anos de desenvolvimento das agroflorestas com o registro de muitos mutirões, vivências, cursos, oficinas e pesquisas realizadas em parceria com diversas instituições de ciência e tecnologia do Vale do Paraíba. Mais informações devem ser obtidas com Valdir Martins pelo telefone (12) 99620-6611. 


    Pedimos a máxima cautela aos participantes: usem máscara o tempo todo, não compartilhem utensílios, e só compareçam se estiverem totalmente imunizados (vacinados). Ótimos eventos!

    Participação dos membros da Rede Agroflorestal no CBSAF 2021


    Nesta postagem compartilhamos alguns trechos do Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais (CBSAF2021) com a participação dos membros da Rede Agroflorestal nas Rodas de Conversa.

    Infelizmente, só as pessoas inscritas ou que receberam a inscrição de cortesia e receberam uma senha poderão acessar. Lembramos que a oferta de vagas de cortesia foi apresentada de maneira ampla através do whatsapp da Rede Agroflorestal. Todos os que solicitaram vaga receberam a senha.

    [RODA DE CONVERSA] ECONOMIA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL: Redes Agroflorestais e Organização Social no Território

    Data: 14/12/2021
    Copie o link e cole na barra de busca da internet: 
    https://eventos.congresse.me/xiicbsaf/edicoes/xii-congresso-brasileiro-de-sistemas-agroflorestais-1-edicao/conteudos/roda-de-conversa-economia-e-organizacao-social-redes-agroflorestais-e-organizacao-social-no-territorio/sala-de-transmissao


    Palestrante: Thiago Coutinho - assentamento Egídio Brunetto, Lagoinha/SP.
    Palestrante: Janaína Anacleto - assentamento Conquista, Tremembé/SP.


    [RODA DE CONVERSA] POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: Potencial de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) em SAFs e Resgate das Culturas Alimentares

    Data: 16/12/2021
    Copie o link e cole na barra de busca da internet:
    https://eventos.congresse.me/xiicbsaf/edicoes/xii-congresso-brasileiro-de-sistemas-agroflorestais-1-edicao/conteudos/roda-de-conversa-politicas-publicas-e-legislacao-ambiental-potencial-de-plantas-alimenticias-nao-convencionais-pancs-em-safs-e-resgate-das-culturas-alimentares/sala-de-transmissao


    Palestrante: Cristina Maria de Castro - APTA - Polo Regional Vale do Paraíba, Pindamonhangaba/SP.
    Palestrante: Valdir Martins- assentamento Nova Esperança I, São José dos Campos/SP.
    Palestrante: Jorge Ferreira - Sítio São José, Paraty/RJ.