18 de jun. de 2014

MUTIRÃO AGROFLORESTAL NA FAZENDA GRAMINHA, PINDAMONHANGABA – SP



Agricultor familiar: Claudio Macedo sócio fundador da APEP – Associação dos Produtores Ecológicos de Pindamonhangaba.
Objetivo: união de agricultores familiares da reforma agrária com produtores orgânicos ou em conversão, técnicos e acadêmicos de diversas origens para instalar e manejar um sistema agroflorestal (SAF) com a metodologia participativa de mutirão. 
Programação: roda com café da manhã e apresentação dos participantes; resumo do agricultor sobre a propriedade, escolha da área para o SAF e objetivos do sistema - fruticultura nativa o carro chefe; mutirão para a conversão de área degradada em SAF; oficina de ‘rocambole’ de mudas para a implantação de SAFs e restauração de áreas degradadas; avaliação do projeto ‘Regeneração: religando o homem à natureza’. 
Local: Fazenda Graminha, Pindamonhangaba - SP.
Data do evento: 23/05/2014. 
Perfilo do produtor: Cláudio Macedo é agricultor familiar tradicional de Pindamonhangaba que permaneceu na atividade por vocação. Cuida da Fazenda Graminha, herança de seu pai e seus irmãos, com pequena horticultura e fruticultura orgânica, plantações de milho (silagem) e pecuária. O agricultor participa da APEP – Associação dos Produtores Orgânicos do Vale do Paraíba e da feira orgânica na Praça São Benedito, onde comercializa a produção as 3ª e 6ªfeira. 
Escolha do local:  A área (1500m² - 60x25m) localizada no sopé da colina com declive de cerca de 20% é um divisor natural com solo raso de textura argilo-arenosa afloramento de rocha (blocos de quartzo) em pontos do terreno suscetível à erosão superficial (Figura 1). 

Figura 1. Indicação da área com mutirão agroflorestal na Fazenda Graminha, em Pindamonhangaba – SP (2014). 

   O produtor disse que realizou arações sucessivas em anos anteriores para o cultivo de hortaliças e maracujá, deixando o solo “esmiuçado” e “lavado”. A horticultura migrou para as terras baixas abandonando o solo que se degradou coberto com grama batatais (rasteira). 
Para o mutirão, o produtor utilizou arado para abrir nove riscos em nível espaçados a cada seis metros entre si e depositou composto nas laterais.
Mutirão Agroflorestal: Dialogamos sobre a situação do solo comparando a cobertura vegetal local com as de outras vertentes, tais como uma face úmida com ‘casca de barata’ ou ‘clidêmia’ Melastomataceae; face seca com braquiária e cupinzeiros e Mata Atlântica secundária com povoamento de juçara no fundo do vale. É necessário estudar e incorporar as espécies nativas da regeneração natural nos SAFs. 
Decidiu-se por realizar o plantio adensado nos sulcos formando cercas vivas biodiversas (alley cropping) e deixando a grama batatais cobrindo o solo nas entrelinhas, pois, também realiza a fixação biológica do nitrogênio (FBN).
Separados em grupos, os trabalhos foram liderados por participantes experimentadores mais antigos que assumiram o compromisso de iniciar e terminar a mesma atividade, dialogando com os novos participantes a fim de trocar informações e criar laços de amizade. 
Com riscos de arado rasos e o solo esparramado com a grama enraizada, o grupo decidiu capinar as bordaduras formando faixas de 2,0m de largura. O solo da capina retornou com calcário esparramado a lanço e incorporado com grade leve. 
O plantio da aleia foi com mudas e sementes introduzidas dos próprios participantes, com destaque para o ‘rocambole’ de coquetel de mudas produzidas em tubetes. 
A fileira central conteve a banana plantada a cada 4m em berço (30x30cm) com composto (4litros), intercalada com 2 arbóreas (pioneira e não pioneira). 
Para adicionar carbono ao sistema (palha), plantou-se 1 linha de cana de cada lado distante 1m da fileira central com a cada 2m mudas alternadas entrelinhas em ziguezague (Figura 2).
Grama batatais


Figura 2. Croqui de como ficou 1ª linha









Espécies arbóreas: pioneiras e secundárias
Coquetel adubos verdes
Cana
Espécies plantadas: juçara, pau mulato, canafístula, cambucá, ingá, araribá rosa, sabão de soldado, café, guatambu branco, guatambu vermelho, guanandi, paineira, mogno, pau viola, aroeira, capororoca, saguaraji, jequitibá rosa, ipe roxo, cambucá, babosa, eritrina, caroba, marianeira, dedaleiro, baba de boi, cedro rosa, jatobá, guapuruvú, pitangueira, araçá amarelo, goiaba, goiaba roxa, abacateiro, grumixama, cabeludinha, uvaia, cana, banana BRS Conquista e IAC 2001 (prata), açafrão.

Troca de experiências: visita ao bananal com manejo adensado das touceiras com várias famílias - os participantes sugeriram o desbaste e a condução das touceiras formando mãe-filha-neta; o enriquecimento do pomar formando quintal agroflorestal com frutíferas nativas que toleram a sombra, tais como: cabeludinha, uvaia, juçara como o carro chefe, destacando a importância da presença de embaúbas como árvores nativas que reciclam o fósforo e são poleiros naturais para aves, morcegos e outros animais dispersam sementes. Mas antes, deve ordenar a criação de galinhas. O produtor apresentou a área de hortaliças e a coleção de espécies de plantas não convencionais (PANCs).









Troca de mudas e sementes: todos devem realizar a troca de mudas e sementes nos mutirões. Neste, as mudas de Guanandi - Fazenda Coruputuba; da APTA - mogno (de sementes do Seo Ovídio-Assentamento Nova Esperança), Canafístula (de sementes de Evandro de MG), Maracujá roxo nativo (de sementes do agricultor Cláudio da Fazenda Graminha); Thiago Coutinho e Pedro - Monguba, Pau Ferro, Ingá, Ipê Verde (Sítio do Borba) e Edson Oliveira (rocambole com diversidade de espécies da Faculdade de Roseira).

Oficina: Edson Oliveira (FARO) apresentou o “rocambole” de mudas, um sucesso entre os participantes, pois possibilita levar para o campo um número considerável de mudas (50 por rocambole). Estas são retiradas dos tubetes e organizadas na ordem de plantio de acordo com o sistema desejado (implantação ou enriquecimento), enroladas em lona plástica. 
Apresentou algumas espécies para os presentes começarem a identificá-las e reconhecer suas funções no sistema. 







Avaliação:
Marcos: bom, soma das partes é maior que todo.
Natália - São Luiz Paraitinga: agradeceu e espera iniciar um SAF no seu sítio.
Claudio: gostou da implantação do sistema e de fazer parte da Rede.
Micheli: gostou e lembrou a festa no Assentamento Lagoinha.
Nicolas: agradeceu o aprendizado em juntar a prática com a teoria.
Ana: gostou bastante e vai cuidar melhor do que já tem na sua área.
Vera: gostou muito e enquanto existir quer participar.
Ana Salles: cada vez mais pessoas; sugere buscar mais conhecimentos e observar o que já deu certo.
Edson: agradeceu, está retornando para a Rede e trabalha com coleta de sementes e viveiros. Colocou-se à disposição para ajudar.
Gustavo-IBS: nova realidade nos com SAFs que visitou e vai organizar com Edson oficina para vivericultores no Assentamento Olga Benário.
Geraldo: satisfeito em estar nos mutirões e de ajudar a tocar a Rede Agroflorestal. Claudio Locatelli: visitar área antes do mutirão para ver as condições e sugerir o manejo do solo. 
Antonio: Faltou cobertura do solo, fazer mais uma linha no meio com sobra de mudas e adubos verdes ou ir aumentando a faixa já plantada adensando ou expandindo o plantio.
Carmem: cada local é diferente, aprendeu o rocambole, sugeriu identificar as espécies nos mutirões para todos irem aprendendo.
Pedro: pensa projeto conjunto focado em produtos comuns; o grupo da Rede não deve ser “tarefeiro”, deve promover cursos e oficinas rápidas de 1 hora. O grupo deve introduzir abelhas nos sistemas.
Rudson-IBS: agregou conhecimentos e trocou experiências que vai aplicar no dia a dia no trabalho com os agricultores familiares assentados. Tem contato com UNITAU e produtor assentado para parceria.
Cristina Eustáquia: gosta muito da vivência, pois adquire muitos conhecimentos.
Cristina Castro: muito bom; cada área é diferente com novos aprendizados.

Parcerias: 
Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba; 
Fazenda Coruputuba;
APTA – Polo Vale do Paraíba; 
Faculdade Cantareira; 
Agricultores dos assentamentos Olga Benário de Tremembé, Manoel Neto de Taubaté e Egídio Bruneto de Lagoinha. 


Participantes: 20 pessoas das cidades de Pindamonhangaba (APTA), Tremembé/Assentamento Olga Benário, Lagoinha/Assentamento Egídio Bruneto, técnicos do IBS e da Faculdade de Roseira, Fazenda Nova Gokula, agricultores familiares de Taubaté e São Luiz do Paraitinga.

Almoço: arroz, feijão, jiló, costela, mandioca amarela, couve. Sobremesa: doce de Lima da Pérsia (cidra) colhida na área da Carmem e feito pela D. Ana/Seo Geraldo, com o queijo do Cláudio Macedo. Muito bom!

Relatora: Cristina M. de Castro – APTA
Revisão: Antonio C. P. Devide - APTA



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