20 de nov. de 2014

RELATO DE CASO
MUTIRÃO AGROFLORESTAL NO ASSENTAMENTO OLGA BENÁRIO
Sítio da família de ROSEMEIRE FIRMINO DE JESUSTREMEMBÉ/SP
Data: 12/11/2014 (quarta-feira)

Horário: 8-17h


Resumo da vivência do agricultor: a família de Rosemeire Firmino realiza a produção de subsistência em seu lote de reforma agrária, criam algumas cabeças de gado em áreas específicas, que estão cercadas. Rosemeire relatou que adequou à área destinada ao plantio do SAF e que deixou a faixa de mata nativa intocada nas terras baixas, conforme orientação técnica, que é onde realiza a captação de água em uma cacimba. Recentemente teve um problema com um vizinho que destocou a mata ao lado (está fora da área do assentamento) e queimou. Mesmo denunciando, não houve fiscalização. Assim, teme que a continuidade da degradação ocasione a queimada de sua mata nativa (reserva legal) e consequentemente seque sua nascente, que está preservada.

Confraternização e apresentações.

Resumo do mutirão
Preparo do solo: a área inicialmente escolhida para o plantio do SAF foi roçada e era a mesma em que o rebanho bovino pastava, situada cota acima da nascente, demandando o bombeamento elétrico da água para irrigação. Como adequou o uso do solo, cercou a área para o SAF. Rosemeire informou que o gado passaria para outra área ao lado e que forneceria o complemento alimentar no cocho. Em comum acordo, após um debate de ideias com os participantes do mutirão, decidiu-se por fazer a implantação do SAF mais próximo da nascente da propriedade, cuja intervenção está amparada por lei, para incrementar a recuperação ambiental e assim promover serviços ambientais para si, o meio ambiente e a sociedade como um todo.
Sistema Silvopastoril: realizou-se um debate para a readequação do local inicialmente destinado ao plantio do SAF e optou-se por elaborar um sistema silvopastoril para o local. O sistema consiste do plantio de linhas de árvores leguminosas (leucaena, ingás, anjicos, eritrinas e outras leguminosas cujas mudas foram disponibilizadas pelos participantes), em consórcio com espécies arbustivas (guandu, flemíngia, tefrósia e outras) em linhas (faixas de 2m de largura) equidistantes cerca de 5 a 10m entre si. Ou seja, faixas estreitas de árvores alternadas com faixas largas de forrageiras. Entre as faixas arbóreas (aléias), o cultivo anual de cana, capim Napier, outras gramíneas forrageiras ou mesmo mandioca amansa, por um ou dois anos, se possível, consorciado com cultura anual (feijão de corda, abóbora e outras). O material forrageiro deverá ser consorciado com as leguminosas trepadeiras (ex.: mucuna ou lab-lab), sendo que deste último se obtém as vagens verdes e os grãos secos para o consumo humano. O material cortado deverá ser fenado ou ensilado e fornecido como suplemento alimentar. Após o período, tendo as árvores se desenvolvido acima de 2,0m de altura, libera-se a entrada do gado para o pastejo. O solo está recuperado e há alimento de qualidade no inverno para o rebanho e no local. 
Exemplo de sistemas silvopastoril em Matanzas, Cuba, implantado há um ano. No fundo, leucena, gliricídia e moringa - gado pardo suisso

Sistema Silvopastoril na Estação de Pastos e Forragens Índio Hatuey, Cuba - leucena adulta e pastejo.

Sistema agroflorestal: instalado em uma roça de mandioca de 60 dias. A braquiária espontânea foi capinada previamente deixando-se as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), tais como, caruru, beldroega, major-gomes, serralha, mastruz, almeirão e outras, que possuem valor nutricional superior às hortaliças convencionais. Realizou-se o planejamento participativo do sistema e a divisão das pessoas em grupos. Foram plantadas linhas de banana (4x5m) alternadas com árvores frutíferas a cada 1,0m e nas entrelinhas, fileiras de mandioca intercalada com linha central de cana. Nos berços de banana plantou-se açafrão e espécies diferentes de ararutas. Coquetel de adubação verde foi introduzido em todas as linhas e nas cabeceiras das mandiocas. Há necessidade de se plantar estacas de margaridão em todas as falhas.
Divisão dos grupos e definição participativa do SAF.

Irineu na seleção de mudas nativas e exóticas - frutíferas, de crescimento rápido (pioneiras) e lento (secundárias e climax), Michele e Cristina.

Abertura de fileira de cana com adubação verde - Rosemeire Firmino, Maria Lucia e Regiane.
Avaliação: positiva, os grupos trabalharam de maneira organizada. Faltaram mudas de banana, que foram retiradas parcialmente do próprio local. Diurene Paulino e Valdir Martins levaram sementes para a troca.
Avaliação participativa e preparativos para a IV Feira de Sementes de Cunha/SP.

Diurene Paulino com sementes de feijão de porco para troca e compartilhar com próximos mutirões.

Visita à propriedade: após a avaliação e almoço, realizaram-se visitas a área do Seo Geraldo/Dona Ana, que já podem realizar o desbaste (milho, principalmente) e o plantio consorciado de quiabo nas entrelinhas. A outra propriedade da Dona Vera, que se encontra acamada, necessita do apoio dos companheiros para o manejo. Seu SAF está à espera do manejo, impossibilitado devido o frágil estado de saúde, que é grave!

Tecnologias em debate: conheceram o silvopastoril e revisitaram as PANC.




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