Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba
8 de jun. de 2024
3 de mai. de 2024
Participe da pesquisa sobre a cultura do INHAME-CARÁ (Dioscorea)
Por
Graziela Maria Orfão Coelho (Engª Agrônoma) e Pedro
Mendes Barros (acadêmico de agronomia/Unitau) - bolsistas de pesquisa Fapesp
Antonio Carlos Pries Devide, Cristina Maria de Castro, Luis Carlos Bernacci e José Carlos Feltran – Pesquisadores
INHAME-CARÁ e os alimentos negligenciados
Mais de 7 mil espécies de plantas
já foram utilizadas como alimento e embora 30 mil sejam reconhecidas como
potenciais alimentícias, apenas quatro (arroz, trigo, milho e batata)
concentram 60% do suprimento energético da população mundial (Padulosi et al.
2013).
Cultivos negligenciados, tradicionais
ou PANC (planta alimentícias não convencionais) são denominações dadas às
espécies ou formas de consumo não comuns para a maioria da população e que não
entram nas estatísticas oficiais (Kinupp & Lorenzi, 2014).
Os carás
de chão e do ar, que oficialmente passaram a ser denominados de inhames (Dioscorea
spp.) pela Associação Brasileira de Horticultura, e que aqui será tratado por INHAME-CARÁ,
estão entre as plantas negligenciadas ou PANC (Kinupp & Lorenzi 2014). A espécie Dioscorea
alata (inhame, cará ou inhame-cará) é a mais difundida no estado de São
Paulo, enquanto na região Norte e Nordeste seja mais comum a Dioscorea cayennensis
(inhame-de-pernambuco, cará-da-costa) (Peressin & Feltran 2014). Entretanto,
pouco se sabe especificamente sobre o cultivo e consumo no Leste Paulista, que
abrange municípios do Vale do Paraíba, a Serra da Mantiqueira e o Litoral Norte.
O objetivo dessa consulta
é levantar dados sobre o cultivo e o consumo de INHAME-CARÁ do chão e do ar (Dioscorea)
por pessoas que integram a Rede Agroflorestal e outras organizações coletivas.
Os dados serão utilizados para enriquecer um artigo em elaboração sobre o tema e,
também, visa despertar um olhar sobre o potencial alimentício dessas espécies.
A consulta está sendo feita por meio do preenchimento de formulário eletrônico (celular, tablet ou computador). Para participar, basta aprovar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para autorizar o uso dos dados, conforme Resolução 466/2012. No link abaixo você terá acesso ao formulário:
Assim como ocorre com outras culturas alimentícias tradicionais, tais
como mandioca, batata-doce, feijões, arroz e diversas PANC, as pesquisas
desenvolvidas na Apta Regional de Pindamonhangaba visam levantar dados regionais
das culturas e avaliar no campo de pesquisa o desempenho produtivo e a adaptação
de acessos dessas plantas em sistema agroflorestal de produção.
Pesquisas em SAF agroecológico com o apoio da Fapesp
Esse levantamento integra o projeto ‘Inhames e barbascos em processo de avaliação e seleção para aumento da diversidade em cultivo e dos modos de produção’ - Processo: 21/00999-4, coordenado pelo pesquisador Dr. Luís Carlos Bernacci (Apta Regional de Pindorama), que tem, dentre outros objetivos, avaliar a adaptação de diferentes tipos de INHAMES-CARÁ a pleno sol e SAF na Apta Regional nos municípios de Pindamonhangaba, Pindorama e Monte Alegre, além da Fazenda Santa Elisa no Instituto Agronômico de Campinas - IAC.
Na Apta Regional de
Pindamonhangaba os inhames-carás estão sendo avaliados em sistema a pleno sol em
aleias de flemíngia (Flemingia macrophylla), podada para adubação verde;
e Sistema Agroflorestal, consorciado com capim-guatemala, manejado com poda
para cobertura do solo (mulching), banana maçã BRS Princesa e uvaia (frutas),
além das arbóreas eritrina (Erythrina verna) e gliricídia (Gliricidia
sepium), também, avaliadas para adubação verde.
A colheita realizada no ano de 2023 contou com a participação de agricultores da reforma agrária. Na colheita de avaliação do experimento no ano de 2024, que está prevista para ocorrer entre maio e junho, será possível receber pessoas interessadas em participar das avaliações dos INHAMES-CARÁS.
Para saber mais: antonio.devide@sp.gov.br
Bibliografia citada
KINUPP, V.F. & LORENZI, H. 2014. Plantas Alimentícias Não
Convencionais (PANC) no Brasil: Guia de identificação, aspectos nutricionais e
receitas ilustradas. Plantarum, Nova Odessa – SP, 768pp.
PADULOSI, S.; HEYWOOD,
V.; HUNTER, D. & JARVIS, A. 2011.Underutilized species and climate change:
current status and outlook. In S.S. Yadav; R.J. Redden; J.L. Hatfield; H. Lotze‐Campen; A.E. Hall
(Eds.) Crop Adaptation to Climate Change: 507-521. John Wiley & Sons, Inc.
New Jersey
PERESSIN, V.A. &
FELTRAN, J.C. 2014. Inhame: Dioscorea alata L. In Aguiar, A.T.E.; Gonçalves,
C.; Paterniani, M.E.A.G.Z.; Tucci, M.L.S. & Castro, C.E.F. Boletim 200:
Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas, 7: 215-217.
26 de abr. de 2024
Curso de Formação de Viveiristas e Produção de Espécies Nativas da Mata Atlântica
23 de abr. de 2024
Seminário: Sementes Florestais e Áreas de Muvuca
Pesquisa, Monitoramento e Resultados Preliminares no Vale do Paraíba
O Vale do Paraíba,
região rica em biodiversidade e história,
será palco de um encontro significativo para os profissionais e entusiastas da área ambiental: o Seminário sobre Sementes Florestais e Áreas de Muvuca.
Organizado
por especialistas e instituições renomadas, o seminário tem como foco a apresentação de dados de pesquisas sobre qualidade de sementes
florestais e de áreas de restauração
com muvuca de sementes. Visa, também, a capacitação de agricultores/as coletores/as de sementes florestais e técnicos/as
que atuam em programas de restauração florestal
Temas em destaque incluem:
● O Projeto de pesquisa sobre a Qualidade de Sementes e das Áreas de Muvuca no Vale do Paraíba, Antonio Devide – Pesquisador da APTA;
● O que é a Muvuca de sementes? Giovanna de Oliveira Bernardes dos Santos
– Assessora técnica de Restauração Florestal do ISA/Redário/ Caminhos da Semente
●
O
Redário e resultados da Expedição Restauração e Redes de Sementes – 2023, Edézio Miranda – Restaurador Ecológico da
Agroícone/Caminhos da Semente/Redário
● Resultados preliminares do Monitoramento de áreas de muvuca, Klécia Gili Massi - Professora do Instituto de Ciência e Tecnologia. Departamento de Engenharia Ambiental. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e Beatriz Rivaldo – bolsista da Unesp-ICT SJC/Fundag
● Resultados preliminares das pesquisas sobre Qualidade de Sementes coletadas no Vale do Paraíba, Professor Júlio César Raposo de Almeida – Departamento de Ciências Agrárias da Unitau, Elisandra Riva – responsável técnica do Laboratório de Sementes da Unitau e Déborah Aguiar – bolsista Unitau/Fundag
●
Visita ao Laboratório de Análise de Sementes da Unitau com Elisandra Riva – responsável técnica do Laboratório de Sementes e Déborah Aguiar
– bolsista Unitau/Fundag.
● Próximos passos: Contribuições na construção participativa da agenda da restauração 2024
● Avaliação e fechamento
Além das apresentações técnicas, o seminário contará com
visita ao laboratório e espaços para networking, proporcionando uma rica troca de experiências e conhecimentos entre os participantes.
Detalhes do Evento:
● Data: 30/04/24
●
Local: Unitau - Taubaté
- SP
●
As
inscrições devem ser feitas através
do link inscrição.
● Público-alvo: Técnicos de restauração, pesquisadores, professores, estudantes, agricultores/as e coletores/as de sementes, gestores públicos e interessados no tema.
●
Endereço: Departamento de Ciências
Agrárias, Auditório, Estr.
Mun. Prof. Dr. José Luís Cembraneli, 5000 – Jardim
Sandra Maria
Não perca a oportunidade de participar deste importante seminário e contribuir para o avanço das pesquisas e práticas de restauração florestal no Vale do Paraíba. Junte-se a essa jornada de aprendizado, colaboração e conscientização ambiental!
Para mais informações entre em contato pelo e-mail: tamborilproducao@gmail.com
Sobre o Vale do Paraíba
Localizado entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, o Vale do Paraíba é uma região estratégica para a conservação da Mata Atlântica e outras formações vegetais. Com uma diversidade de ecossistemas e desafios ambientais, a região serve como um laboratório vivo para estudos e projetos de restauração e conservação ambiental. A região tem vocação para empreendimentos florestais sustentáveis. Porém, é carente de pesquisas que deem sustentação ao avanço desse setor, ligando o conhecimento popular e acadêmico para modificar a paisagem.
Sobre Muvuca de Sementes
Dentre os métodos promissores de restauração se destacam a semeadura direta
de florestas por meio de ‘muvuca’ de sementes e os sistemas
agroflorestais sucessionais
biodiversos. A muvuca é uma técnica de restauração ecológica que gerou um arranjo socioprodutivo na região
mato-grossense da bacia do rio Xingu, conhecido
por ‘Rede de Sementes do Xingu’ (RSX) e ganhou destaque no Vale do Paraíba no ano de 2017 como oportunidade
de negócios para famílias coletoras de sementes florestais, gerando renda e inserindo o componente humano nas atividades de restauração florestal.
Muitos produtores rurais e agricultores familiares que iniciaram
a coleta de sementes
para abastecer suas áreas de sistemas agroflorestais, há mais de 10 anos, estão coletando
sementes e reunindo
uma quantidade maior
de sementes que possibilita
instalar áreas de restauração com muvuca em larga escala, inclusive, vindo a abastecer
projetos de pesquisa
e editais.
Origem das sementes dos SAFs e Muvucas
Contato
29 de jan. de 2024
MANIFESTO CONTRA TERMOELÉTRICA
Termelétrica coloca em risco todo o trabalho desenvolvido pelos integrantes da
REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA E LITORAL NORTE!
A REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA E LITORAL NORTE é contra a instalação da Termoelétrica no Vale. A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba se constitui como um grupo de pessoas interessadas em implantar, manejar e estudar os sistemas agroflorestais (SAF) com a participação popular para restaurar a paisagem com princípios na agroecologia. Há 10 anos organiza mutirões que potencializam o apoio mútuo e chamam a atenção para novos valores sobre o ensino, assistência técnica (ATER) e pesquisa.
Temos registrado, ao longo de 10 anos, 53 mutirões e 28 capacitações que envolveram mais de mil agricultores (as) e 250 não agricultores (as), abrangendo 41 municípios e 66 instituições públicas e privadas. Coutinho et al. (2021) estimam que esses registros representem apenas 30% das atividades efetivamente realizadas no período de 2011 a 2021. As atividades da termoelétrica podem comprometer estes trabalhos desenvolvidos com tanto empenho nestes anos.
O licenciamento de uma termelétrica de grande porte em Caçapava-SP que segue avançando, colocando em risco o meio ambiente e principalmente a saúde da população do Vale do Paraíba, pois se construída, está termoelétrica utilizará gás natural, liberando substâncias poluentes e tóxicas como gás metano, monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio. A magnitude dessa poluição é alarmante, equiparando-se à emissão anual de centenas de milhares de veículos. O impacto ambiental será significativo, afetando a flora e a fauna da região, com consequências que podem perdurar por décadas.
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado aponta três fontes principais de poluentes atmosféricas:
- Monóxido de Carbono (CO) - Emissão de 3.303 toneladas por ano
- Óxidos de Nitrogênio (NOx) - Emissão de 2.541 toneladas por ano
- Hidrocarbonetos Totais (HC) - Emissão de 579 toneladas por ano,
que “são substâncias precursoras (produtoras) do ozônio. Todo este conjunto de substâncias tóxicas provocam e agravam doenças respiratórias como bronquite, asma, alergias, enfisema e inflamações de regiões com mucosa no corpo e humano. Além de outros impactos ao meio ambiente como chuvas ácidas e danos à vegetação1 (até os alimentos como verduras que comemos vão sofrer danos)”, explica Gatti¹.
Os óxidos de nitrogênio, no que diz respeito aos danos ao meio ambiente, tem
como exemplo a redução da permeabilidade das membranas celulares que impede
as trocas gasosas das folhas e prejudica a realização da fotossíntese.
20 de jan. de 2024
Relato sobre o Mutirão do Plantio de Juçara, ocorrido na Igreja Céu do Vale-Ribeirão Grande-Pindamonhangaba-SP.
Por André Luís de Souza - Assentamento Luís Carlos Prestes - Taubaté
Na ida para a Comunidade da Igreja Céu do Vale, no bairro Ribeirão Grande em Pindamonhangaba, vários sentimentos e sensações despertaram em mim. Primeiro foi a incerteza por não saber de como iria rolar o mutirão.
Depois, quem seriam as pessoas que iriam compor os nossos momentos de diálogo, de trocas de afetos e do despertar de sentimentos e por último, de como seria a distribuição dos trabalhos, tais como: separar as mudas, fazer os berçários, plantio só da juçara em áreas alagadas ou da mistura com a muvucas das sementes, etc.
Posso afirmar que já na ida para o local nos deparamos com muitas paisagens que nos remete a paz, a estética e a integração. Com a chegada fomos todos bem recepcionados. Tivemos um tempinho para tomar o café e depois todos encaminhados para uma roda de conversa com o intuito de nos apresentar, falar das nossas motivações e da vontade de estar aberto a aprendizagens novas. Ali na apresentação senti que a conexão e a rede de afetos e significados se expandiram nos tornando uma coisa só pertencentes a esse planeta maravilhoso de tantas possibilidades e de situações.
O fato de ter deixado os meus compromissos para somar a outros no plantio da Juçara, não só me despertou um olhar cuidadoso, mas como aquele que adota uma semente para ver germinar, crescer e dar seus frutos.
Acho que para quem foi nessa vivência do mutirão fica difícil de mensurar o quanto foi saudável participar de um momento único, de encontrar com nós mesmos integrados a Mãe Terra.
Agradeço aqui, especialmente a Deise da Rede Agroflorestal que me convidou para fazer parte desse mutirão. Por isso digo, que este mutirão foi único e irrepetivel e estará marcado em nossas memórias, pois cada gesto, cada olhar, cada lançamento de sementes, cada cântico perpetuou a nossa vida. Que os astros possam acolher o que nós plantamos naquele dia e para aqueles que não puderam participar, tentem viabilizar vivências de mutirão, principalmente quando for para plantar porque o planeta precisa dessas atitudes para regenerar a nossa Mãe Terra que grita por socorro.
Rede Agroflorestal: https://www.instagram.com/p/C2KeF2rr8Lu/