Fazenda Nova Gokula, Vila Védica, espaço de Thiago, Katiane e Gauralila
Participantes do Mutirão Agroflorestal e da Reunião da REDE.
O Mutirão Agroflorestal adotou a metodologia
participativa que incorporou os conhecimentos compartilhados sobre o manejo agroecológico
do solo com plantas adubadeiras em dois sistemas de plantio em ‘mandalas’. Analisaram-se
plantas de cobertura e PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais na
paisagem de mares de morros, suas utilidades e benefícios para a alimentação
humana e a conservação do solo. Os Grupos de trabalho respeitaram os desejos
d@s agricultor@s locais e ajudaram a criar módulos agroflorestais em mandala:
1) Módulo Tukarama - o mato mole de folha larga
(C4) refletiu a terra preta mais fértil oriunda de horta antiga.
Meninas preparam o coquetel de sementes.
2) Módulo Gauralila - a faixa inicia com sucessão
de amendoim forrageiro nativo e grama batatais, terminando dominada de capim sapê,
refletiu o início da recuperação do solo onde Gouralila adicionou a matéria
orgânica vegetal em decomposição. A área mantém goiabeiras nativas em produção,
mas o pomar de citros declina, porque o solo tem pH muito baixo, alumínio
tóxico livre para as raízes e baixa saturação de bases.
Seo Geraldo do Assentamento Olga Benário demonstrou como faz a limpeza dos rizomas de banana.
O jovem Denilson do Assentamento Olga Benário demonstrou o plantio de banana de ponta cabeça.
Esquema de plantio:
- no centro banana Conquista plantada de ponta
cabeça e mudas de couve Hare Krishna Venezuelano. Seo Geraldo ensinou a limpar
a muda retirando as raízes e desprezando plantas com broca. O jovem Denilson
ensinou a plantar a banana de ponta cabeça, que solta a raiz primeiro e dá planta
forte.
- PANC - araruta, açafrão, capuchinha, língua
de vaca/major gomes em quatro quadrantes contornado em círculo da banana
- coquetel de adubos verdes - guandu, tefrósia,
flemíngia, sesbânia, feijão de porco, crotalária juncea, mamona preta, sorgo
vassoura, milho. APTA.
- O coquetel de sementes feito por mulheres distribuiídos
em círculos as etapas do plantio, com destaque para Márcia – Olga Benário. Coquetel
de sementes florestais – cássia rosa, capitão do campo, urucum, orelha de nego,
saboneteira, araribá, jatobá, fornecidos por Evandro Paiva e outros.
- Arbóreas pioneiras e não pioneiras, sendo uma
frutífera, em três vértices.
- Ferramentas (enxada, cavadeira, enxadão,
vanga) compartilhadas e trabalho em equipe.
Para saber mais sobre Mandala - <‘roça
Kaiapó’>
Avaliação positiva. Faltaram mudas para Tukarama.
As bananeiras já plantadas estavam comprometidas com broca nos rizomas. Algumas
substituídas, outras não.
Almoço agroecológico – feijoada vegetariana, couve
e major gomes refogadas, farofa de jaca, e, salada de capuchinha , ora pro
nóbis, alface e repolho (Orgânicos de Quiririm /Renata Outubo e Mário), sobremesa
picolé natural, bebidas chá de vinagreira e capim santo.
Criançada saboreia a refeição vegetariana.
Reunião da Rede Agroflorestal do Vale do
Paraíba
- Relato da REDE na Feira de Troca de
Sementes de Cunha/SP pelo MST, APEP, Paiva Sementes Florestais; Thiago Coutinho
apresentou nossas vivências na roda 2, Ceceo relator e Antonio moderador da
roda 3; Cristina Castro (APTA/Consea), Denise Napier e Neide Durand (CEPIQ) realizaram
a oficina de PANC. Diálogos e discussões:
“Há
necessidade dos projetos em Agroecologia irem além da área técnica, devem se
integrar e ultrapassar as fronteiras do território abrangendo as relações
humanas, expressões culturais, a soberania e a segurança alimentar e ambiental,
a conservação das sementes e a defesa de um território da agricultura familiar
tradicional. O planejamento estratégico deve considerar os dilemas das fontes
de financiamento, o combate das sementes transgênicas e os agrotóxicos do
agronegócio.”
Reunião da REDE
- Banco de sementes: não dá para
depender do banco de sementes da APTA porque não houve investimento na unidade
e há só um funcionário para cuidar de tudo. Os agricultores devem realizar a
conservação de suas sementes e organizar o banco comunitário em cada localidade
do Vale (São José dos Campos, Tremembé e Pindamonhangaba), bem como buscar capacitação
para a produção de sementes. A REDE pode tentar fazer a organização com apoio
de lideranças, realizando um cadastro de cada participante (o quê tem de
sementes? quando e quanto tem?). Mas precisa do comprometimento das lideranças
do grupo para a criação dos bancos comunitários de sementes.
-Territórios da agricultura familiar:
é necessário integrar-se com outros projetos focados na agroecologia, tal como
a SerrAcima de Cunha, a Akarui de São Luiz do Paraitinga, o IPEMA do Litoral Norte
e o PUPA de São José dos Campos, para que possamos trocar informações sobre
organização social, técnicas agroecológicas e permaculturais, bancos de sementes
e também nos fortalecermos quanto REDE. É possível que a SerrAcima participe do
mutirão de fechamento no Assentamento Olga Benário, Tremembé (10/12/2014). É
possível que a Akarui atenda alguns agricultores interessados em sistema
silvopastoril e pastejo Voisin. É possível que o IPEMA nos auxilie em vivência de
SAF com cambucá na propriedade de Washington Mourão, Ubatuba.
- Adubação das bananeiras: a agrofloresta
recupera a terra, porém, quando a terra está muito degradada (e quase sempre
está degradada no Vale do Paraíba) a adubação de plantio com fósforo e adubação
de cobertura com potássio ajuda no desenvolvimento e produção da bananeira, que
geralmente é o carro-chefe do SAF. Assim, também produz abundante biomassa. O
peseudocaule aberto em telha fertiliza as plantas companheiras de valor
econômico, como a juçara e outras frutíferas nativas consortes (cambuci,
cabeludinha, araçás, grumixama, uvaia e outras Myrtaceas).
- Questões ambientais: não há certezas
sobre as possibilidades de manejo do SAF em mata ciliar, como exposto no
exemplo do corte do eucalipto. Se já estiver lá e se for plantado no SAF, pode
retirá-lo depois? O pessoal da Secretaria de Meio Ambiente Estadual da Unidade Taubaté
não atende o projeto ‘Regeneração’ porque a coordenação estadual enviou os
técnicos para dar atendimento em outras regiões do Estado de São Paulo. Enquanto
isso, o Vale do Paraíba fica à margem do desenvolvimento sustentável.
- Rumos para o ano 2015... Avaliação
do ‘Projeto Regeneração: religando o
homem à natureza’. Completou 12 meses de trabalho altruísta realizando 20
mutirões agroflorestais abrangendo 700 treinamentos práticos e teóricos participativos
sobre SAF e o estudo da paisagem. Identificou demandas sobre banco de sementes,
pastejo Voisin e Silvopastoril, reuso e tratamento da água (Permacultura),
dentre outros temas. Aqui no Vale do Paraíba, apenas a Akarui receberá o PDRS Microbacias
II (SAF) em 2015. Assim, devem-se criar laços da Akarui com o IBS e a REDE para
que os agricultores situados nas terras baixas possam ser assistidos de alguma
maneira no ano de 2015.
- Lideranças: todos são líderes no
nosso Grupo, porém, exercer a liderança depende da dedicação para a continuidade
do trabalho, a multiplicação das sementes, seguir trocando informações com
outr@s agricultor@s e participando do planejamento participativo. Entende-se
que o líder ideal é composto pelas melhores qualidades de todos os participantes.
Identificaram-se os nomes:
MST - São José dos Campos: Valdir,
Rejane, Dalva, Zefa, Carlão, Adagilson, Maria Lúcia, Daniel, Maria e Diurene. Tremembé
– Valdir, Carmem, Michelle, Geraldo, Ana, Márcia, Meire, Jessica, Denise,
Ricardo Celso, Jô. Taubaté e Tremembé - necessária reconstruir as lideranças Taubaté
(Jurema e Seo Paulo) e criar vínculos no Assentamento Conquista de Tremembé (Augustinho,
Silmara).
APEP – Thiago Coutinho, Thiago
Junqueira, Kathiane, Irineu, Cristina Eustáquia, Pedro Magalhães, Cláudio
Macedo e Laerte Evaristo.
Parte técnica, Thiago Coutinho, Keila,
Cristina, Antonio, Marcos, Ana, Clóvis, Patrick e outros.
- Construindo relações: o trabalho participativo
da REDE também ajudou a construir melhores relações entre o MST e o IBS (ATER).
A ferramenta participativa de mutirão agroflorestal aproximou agricultor@s e
técnicos do Instituto BioSistêmico, que está experimentando o trabalho coletivo,
a troca de informações, o compartilhamento do conhecimento teórico e prático e o
resgate de valores da agricultura tradicional utilizando o SAF para melhorar o
ambiente e assim torná-lo menos inóspito à vida d@s própri@s agricultor@s. Nomes
do IBS – Rudson, Mayra e Ceceo; Samira e Gustavo (que partiram).
- Divulgação: existe uma determinação
em espalhar pelo Vale do Paraíba os SAF e precisamos fazer isso divulgando
ações de maneira independente, porque nem os eventos organizados pela APTA são divulgados
na plataforma governamental, demonstrando que não há o interesse da imprensa oficial
em divulgar essa articulação. Assim, deve-se incentivar o compartilhamento das
informações via e-mail, facebook e outras vias digitais.
- Banco de sementes - atualmente o
banco da APTA que originou as sementes de leguminosas, PANC, cana, mandioca e
outras tuberosas, está esvaziado. Há demanda para que a produção seja
descentralizada visando à reprodução e a multiplicação dessas espécies, a domesticação
e a seleção daquelas mais adaptadas a cada realidade cultural e ambiental, bem
como o intercâmbio dos materiais.
Dialogou-se que o banco de sementes
não deve ficar na APTA mas descentralizado, pois, como Mário (Quiririm) relatou,
é difícil reproduzir sementes de polinização aberta sem haver contaminação e a legislação
ambiental não esclarece os limites da transgenia, não preserva a biodiversidade
das sementes crioulas como acontece com o milho. Precisamos nos articular para
exigir que os territórios da agricultura familiar sejam protegidos.
- Troca de Sementes, Mudas e Revistas de
Agroecologia: Valdir Nascimento (MST) enviou frutos de tomate cereja, sementes
florestais/jatobá e uvaia; Ângela (APEP) levou sementes de dois tomates
amarelos (perinha e débora) que cultiva na quarta geração e vende na feira da
Praça São Benedito /Mércia; Evandro (Paiva Sementes) enviou garrafas pet de
sementes florestais de cássia rosa, orelha de nego, saboneteira, urucum,
canafistula, uva japonesa, capitão do campo, ‘anjico’; Cristina Castro (APTA) trouxe
adubação verde, PANC e sementes de Cunha; Antonio (APTA) trouxe mudas próprias
e àquelas doadas pelo viveiro de Pindamonhangaba; Luiz e Henrique (Sete
Montanhas) trouxeram mudas de palmeira juçara para o plantio posterior à colonização
inicial das plantas adubadeiras; Thiago Junqueira e Gouralila Gonçalves (Nova Gokula)
trouxeram mudas da Feira de Sementes de Cunha.
Ângela (APEP) fala das sementes de vagem que levou para a troca.
Planejamento/capacitação – APTA,
3/12/2014. No dia Mundial de Combate ao Agrotóxico, a Rede Agroflorestal do
Vale do Paraíba manifesta seu protagonismo na capacitação participativa se
organizando para resistir e combater a contaminação pelo agrotóxico do
agronegócio.
Gauralila presentei os participantes com incenso e sachê de flores desidratadas.
Como chegar a Nova Gokula - Estrada Jesus
Antonio de Miranda s/n Bairro Ribeirão Grande – SP. Se possui GPS insira as
seguintes coordenadas: Latitude: 22°46’21.01″S Longitude: 45°27’51.65″O
Contato: Thiago Junqueira <thijunqueira@hotmail.com>
PRÓXIMO MUTIRÃO:
- 10/12/2014 – Tremembé: agricultora
familiar Márcia Barbosa dos Santos, Assentamento Olga Benário, Kanegae
(22º54’37,35’’ S 45º34’10,82’’ W). Reservas fone: 99706-9427.
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