14 de abr. de 2019

ACONTECEU: RELATO DE MUTIRÕES AGROFLORESTAIS - 2018


Pré-Assentamento Egídio Brunetto, LAGOINHA – SP
29/11/2018

Por: 
Antonio Carlos Pries Devide - pesquisador Polo Regional do Vale do Paraíba - APTA
Thiago Ribeiro Coutinho - biólogo agricultor do Pré-assentamento Egídio Brunetto

Local e contexto
Aconteceu em Lagoinha em lote de reforma agrária a implantação de um sistema agroflorestal – SAF em área de 600 m² localizada no terço inferior de colina, tendo cota abaixo cerca de 30 m um ribeirão desprovido de mata ciliar.

O objetivo do SAF foi produzir sementes de milho crioulo Palha roxa, alimentos saudáveis em sistema agroecológico, potencializar a regeneração ambiental, proteger o ribeirão cuja nascente abastece os lotes de reforma agrária e capacitar pessoas para implantar e manejar os SAFs no assentamento.


O sistema foi concebido com linhas de banana, mandioca e árvores frutíferas alternadas com adubação verde. O preparo do solo consistiu de roçada de gramíneas e poda de alecrins e aroeiras e capina de faixas de 3,0m de largura para o plantio.

Conjuntura socioambiental
A fazenda que dá origem ao Acampamento Egídio Brunetto abrange uma área de mais de mil hectares, localizada na região da estrada Barro Vermelho, próximo das cabeceiras do Rio PAraitinga, no município Lagoinha.
A área é estratégica para a conservação do solo e da biodiversidade que abrange as nascentes do Rio Paraíba do Sul. Anteriormente, a fazenda era cultivada com pastagens extensivas até as margens do rio Paraitinga. Atualmente cerca de 55 famílias com mais de 100 pessoas estão divididas em lotes de reforma agrária com cerca de 10 a 16 hectares cada, conforme a situação (área de baixada ou encosta) e a necessidade de proteção ambiental (topo de morro, vertentes e mata ciliar). 

Os agricultores desenvolvem atividades estratégicas para a capacitação técnica em Agroecologia. Dentre as quais se destacam a formação da Biblioteca e Escola de Agroecologia Ana Primavesi na sede da antiga fazenda, onde é feita a formação pedagógica dos trabalhadores rurais e a alfabetização de adultos. 

Forram realizadas duas ações intitulada "Semana de Agroecologia", que reuniu mais de 200 pessoas de diversas origens, que vivenciaram atividades tais como palestas, oficinas e mutirões abrangendo os temas Sistemas Agroflorestais, Homeopatia na agropecuária, sistema silvipastoril, apicultura, etc. com apoio da APTA, CATI, OSCIP Akarui (listar todos os apoiadores), Serracima, Defensoria Pública e outros parceiros.

O objetivo da articulação em Agroecologia é promover um modelo de ocupação que seja mais independente em termos financeiros, através da autossuficiência de nutrientes requeridos para a agropecuária por meio do aporte de matéria orgânica e da intensa reciclarem de nutrientes promovidos pelos sistemas agroflorestais.


Sítio no Ribeirão Grande, Pindamonhangaba – SP
20/12/2018


Local e manejo na implantação
Aconteceu em Pindamonhangaba, a implantação de um sistema agroflorestal em área de 600 m² localizada em várzea com forte influência das águas pluviais e drenagem de montante.


O objetivo instalar uma área de referência em tecnologias sustentáveis, produzir alimentos saudáveis em sistema agroecológico com foco em culturas tolerantes a inundação do solo, potencializar a regeneração ambiental na transição várzea-encosta, capacitar mais pessoas para implantar os sistemas agroflorestais na região do Ribeirão Grande e pesquisar o desempenho da palmeira juçara em SAF.


O sistema consistiu de linhas de cultivo de banana, inhame, taioba com juçara, frutas e árvores nativas alternadas com adubação verde de lírio-do-brejo. O preparo do solo consistiu de roçada do lírio e capina de faixas de 4,0m de largura para o plantio. Os rizomas de lírio foram amontoados entre as faixas de plantio para servirem futuramente de adubo orgânico e a fitomassa de folhas proveniente da rebrota para poda e adubo verde; ao lado, recebeu ramas de batata-doce e abacaxi.
.


Conjuntura socioambiental
A região da Mantiqueira é um refúgio de vida selvagem e a conexão de Mata Atlântica na transição entre terras baixas e encosta mistura características de ambos ambientes sendo natural que essa maior complexidade resulte também em maior biodiversidade de espécies.

Dentre os impactos ao ambiente que pode causar se destacam a redução da cobertura florestal por meio da progressiva fragmentação, principalmente na transição de terras baixas para encosta e contaminação dos cursos d’água com efluentes de estábulos para criação de bovinos para leite, pecuária extensiva em pastagens mal manejadas, produção de eucalipto em larga escala. O maior impacto está relacionado ao eucalipto através da pulverização aérea com helicóptero. A área rural do Ribeirão Grande é considerada o principal balneário de Pindamonhangaba em função da grande quantidade de nascentes e ribeirões. Isto atrai cada dia mais pessoas que buscam adquirir terras de parcelamentos de antigas fazendas para fins de chácaras lazer. 

Nesse contexto, a atividade visou dar início aos trabalhos entorno de uma Escola de Agroflorestas e Arquitetura Sustentável, priorizou a implantação de sistema agroflorestal e roda de diálogo sobre bioconstrução, com ênfase no tratamento de efluentes por meio de biodigestor anaeróbio para água negra e digestão com tambores de plástico para água cinza.



Imagens: PHOTOS LUCAS LACAZ RUIZ /A13

Nenhum comentário:

Postar um comentário