23 de out. de 2023

Formação prática em Horta Agroflorestal - por Renata Siegmann

Relato da Renata Siegmann em relação a sua participação no curso gratuito:  “Formação prática em Horta Agroflorestal: Compartilhando conhecimento agroflorestal com ações práticas” com os instrutores Altamir Bastos e Valdir Martins, que ocorreu nos dias 6, 7 e 8 de Outubro no Sítio Guajuvira - Assentamento Nova Esperança em São José dos Campos.  A Realização foi da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e o apoio do Fundo Casa Socioambiental.

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Dediquei os últimos anos a aprofundar meu conhecimento e prática em Sistemas Agroflorestais. Isso me levou a trabalhar em diversas fazendas que utilizam essa forma de agricultura, me envolver em mutirões e cursos de diversos mentores. Acredito que essa jornada nunca acaba e esse é o grande sentido dela: Conectar, aprender, praticar e repetir.


Conforme o tempo foi passando, só foi ficando mais claro que a Agrofloresta é solução para muitos problemas que enfrentamos hoje: Perda de biodiversidade, solos deficientes de nutrientes e biologia, desertificações, dependência de insumos químicos, pragas, erosão, compactação do solo e a lista segue. O próprio Valdir chamou nossa atenção durante o curso: “Precisamos buscar uma agricultura que não seja de deserto”.


Chegando na formação, pude conectar com os outros participantes, dentre eles, alunas do curso de Agronomia da Esalq que pra minha surpresa compartilharam que nem mesmo adubação orgânica faz parte do currículo do curso, muito menos práticas regenerativas de agricultura. Desde o início já deu pra sentir que formações como essa, carregam um potencial enorme de difundir e preparar produtores, profissionais e pesquisadores para se juntar nesse movimento de reflorestar terras e corações. 


Durante os 3 dias do curso, passamos por todas as etapas de elaboração de uma Horta Agroflorestal: Preparação da terra, modelamento dos canteiros, adição de matéria orgânica (muita matéria orgânica) tanto nos caminhos como claro, no canteiro, adubação, irrigação, consórcios de hortaliças e espécies arbóreas, manejo e plantio. Nos momentos que a chuva caiu forte, aproveitamos para repassar a parte teórica e ouvir sobre o trabalho interessantíssimo dos coletores de semente que também fazem parte da Rede Agroflorestal. As partes que não entram na programação oficial completam a experiência, como comer amora e Uvaia do pé e ouvir do Altamir sobre como o CSA (Comunidade que sustenta a Agricultura) é um modelo de responsabilidade compartilhada onde consumidores se transformam em co-agricultores. 


E como a gente assume essa responsabilidade? De produzir alimento sem degradar o solo e o ecossistema que estamos inseridos? Justamente, aprendendo a linguagem desse ecossistema. Sabendo como ele opera, podemos participar para contribuir com seu funcionamento. Naquela área do Sítio Guajuvira, onde trabalhamos naqueles dias, falamos todos a mesma língua de forma prática. A cobertura de solo vira alimento e protege os microorganismos, além de minimizar a necessidade de irrigação. Os troncos de madeira colocados nos caminhos minimizam a compactação e vão se transformando em solo graças aos decompositores. As árvores de poda que ficavam em uma linha a cada três de hortaliças, receberam poda drástica. Espécies como o Ingá, Assa Peixe e Boldo são ótimas de rebrota e vão produzir bastante matéria orgânica e hormônios de crescimento pro resto do sistema. Sem falar dos consórcios de hortaliças que seguindo as combinações certas de sucessão e estratificação, funcionam como uma mini-floresta e trazem a vantagem da diversidade como controle biológico. 


No fim do curso reforcei meu compromisso do fazer, de estar em campo com agricultores experientes, de praticar e colocar a mão na massa. Saí de lá não só inspirada, mas muito mais capacitada para implementar um SAF horta. 


Queremos salvar o planeta com Agrofloresta, mas precisamos fazer isso salvando a nós mesmos e isso se faz produzindo alimento. A agrofloresta deve ser acima de tudo produtiva, só assim ela se torna sustentável do ponto de vista econômico, social e também ecológico. Como o Altamir compartilhou: “Nosso alimento deveria ser nossa prioridade nº 1” então que seja da melhor forma possível: Agroflorestal.


Obrigada a todos os envolvidos nesse trabalho lindo. Eu sigo nessa jornada de Conectar, aprender, praticar e repetir.


Desenho feito pela Renata no dia do curso 


2 comentários:

  1. Poxa... Deu vontade de ter participado. Pareceu um curso completo, ouvindo o relato. Muito obrigada.

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  2. Olá terá mais 2 capacitações fique de olho no Instagram da rede

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