14 de set. de 2022

Relato: CURSO DE MANEJO AVANÇADO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO SITIO ECOLÓGICO

Por Carlos Alberto Silvestre 
Eng. Ambientel e coagricultor da CSA Sítio Ecológico
 
Nos dias 26, 27 e 28 de agosto de 2022 houve o curso de manejo avançado em Sistemas Agroflorestais (SAF) no Sítio Ecológico da família Martins (Regiane, Valdir, Carol e Vitor), localizado no Assentamento Nova Esperança I, bairro Vargem Grande em São José Campos - SP. 

Por: @maria.dlm9

 O curso foi ministrado de forma teórica e prática pelos Agrofloresteiros Valdir Martins (Valdirzinho) e Namastê Messerschmidt, os quais abordaram diversos temas, tais como: 

  • planejamento da propriedade; 
  • objetivo de produção; 
  • consorcio de hortaliças; 
  • sucessão vegetal e 
  • estratificação vegetal; 
  • capina seletiva; 
  • tipos de ferramentas de podas, seus cuidados e usos; 
  • tipos de podas (condução e estratificação) e 
  • funções no sistema; 
  • cuidados pessoais e com a plantas ao fazer as podas; 
  • importância do reconhecimento vegetal sua função, seu tempo de vida e seu estrato; 
  • importância do uso do material podado como cobertura do solo; 
entre muitas outras coisas que acabamos não lembrando pela quantidade abundante de informação. 

Manejo no SAF horta: poda e capina seletiva
No primeiro dia fizemos uma apresentação pessoal breve para nos conhecer, decidimos coletivamente como seriam as ações para um bom convívio no período do curso, nos alimentamos e fomos ao primeiro local de estudo onde existe um SAF horta a 'pleno vapor'. 

Linhas de diversidade com canteiros cultivados com hortaliças plantadas em consórcio. 

 


Lá foi abordado alguns dos consórcios feitos pelo Valdirzinho que consorcia couve, rabanete, alface, alho-poró, beterraba entre outras espécies em canteiros, os quais são plantados estrategicamente para que ocorra um amadurecimento da planta, sua retirada e a liberação de espaço para que sua sucessora no tempo possa crescer livre e feliz até o encerramento do ciclo desse sistema.

Os consórcios de espécies hortícolas simulam a sucessão como em um SAF.

Nesse mesmo local conversamos sobre a importância de impulsionar a informação de crescimento do sistema como um todo, uma vez que as hortaliças tinham sidas plantadas a poucos dias. Daí, para ajudarmos nesse processo, fizemos as primeiras podas nas linhas de plantas de serviços/criadoras, que intercalam a cada 3 canteiros de hortaliças. 
Poda de mamona.

Com essas podas foram 'mandadas informações' de crescimento para o seu entorno. Ali podamos feijão guandu, tefrosia, ingás, bananeiras, assa peixe, aroeiras, bem como capinamos seletivamente plantas já maduras como: picão, cosmo, caruru entre outras. 

SAF com frutíferas - manejo de guandu 
No período da tarde, depois de um belo almoço, colhemos e descascamos mandioca para o café da tarde e janta. 

 
Colheita de mandioca de mesa e descascamento.

Depois fomos a uma área com 2,5 anos de implementada onde o carro chefe era a produção de frutíferas. Lá o sistema era intercalado plantas frutíferas e de serviço com linhas capim mombaça, o qual era a principal planta de poda para recobrimento das linhas de frutíferas. 
Poda: técnica de poda para fortalecer a cicatrização e evitar lascas.

Nessa área, colhemos bastante feijão guandu, podando eles na sequência, cobrindo as frutíferas em suas linhas. No fim do dia comemos um delicioso caldinho de mandioca para fechar o dia. 

Manejando um SAF 'maduro'
No segundo dia iniciamos as atividades com um círculo em frente a casa dos Martins, com a dinâmica do “ E ai”. Nela, falamos o que aprendemos no dia anterior. Foi uma conversar muito boa pois, cada participante lembrava de uma coisa e no final tínhamos conversados sobre quase tudo que aconteceu no dia anterior. 


Explicação de como se faz o corte da Acacia mangium.

Depois da conversa fomos para uma região que tinha 7 anos de implementada, era muito diferente das outras áreas e dava a ideia de como as áreas anteriores ficariam daqui algum tempo. Nessa área já tinha sombra, o ambiente era mais gostoso e a diversidade de arvores era muito maior. 

Lá vimos o quanto era importante conhecer bem a planta que estava na nossa frente, saber se ela pertencia àquele estágio do sistema ou se já tinha comprido sua função. Um exemplo que foi mostrado, foi do assa peixe. Era nítido suas marcas de planta que já cumpriu sua função, ele estava com muito poucas folhas e com sua madeira sem cor e com feridas que não cicatrizavam, mostrando que estava na hora dele se despedir e se doar para as árvores que estavam cumprindo sua função no seu estágio.

 

Raleio das plantas na linha de diversidade. 

Também vimos ali mais que nas outras áreas o quanto era importe saber qual era o estrato de cada árvore, para fazemos podas que passariam informações de um sistema estratificado e em pleno crescimento. Nesse trabalho podamos a cabeça de emergentes deste estagio, como guapuruvú, acácia e cinamomo, rebaixamos os estratos altos que se sobressaiam com emergentes do futuro como o jatobá.
 
Etapa inicial do corte da Acacia mangium e guapuruvú.

Ahhh!!! Antes de tudo isso, primeiro fizemos uma capina seletiva também para diminuir a incidência de espontâneas de estagio anteriores. 

Para esse trabalho usamos motosserras, serrotes e tesouras de poda, fações. Uma coisa bem legal foi o trabalho feito pelas mulheres usando motosserra, subindo em arvores e podando lá alto, desmistificando a ideia equivocada que isso é trabalho para homens. 

 
 

 
Poda com serrote da copa do ingazeiro e beneficiamento com motosserra do tronco do guapuruvú.

Ali, ainda podamos bananeiras usando a técnica do copinho na maioria das bananeiras, deixando somente os brotos  novos tipo 'chifre'; derrubamos algumas árvores emergente com a motosserra, para ficar com a quantidade adequada ocupando esse andar. 

No final da tarde tivemos a visita ilustre da Sonia Guajajara e Eduardo Suplicy que conheceram o Sítio Ecológico e se encantaram com o trabalho feito pela família Martins, conversaram sobre as questões da reforma agrária no Brasil, o uso da Agrofloresta com ferramenta da melhoria da quantidade e qualidade de vida como um todo dentro dos assentamentos, bem como a importância de fomentar essa iniciativa com ações e leis governamentais. 
 

Namastê e Valdirzinho com Sônia e Suplicy.

No final do segundo dia teve uma fogueirinha para esquentar a noite e uns tocadores dos bão pra esquentar o coração. O pessoal contou causos e piadas para alegrar ainda mais esse dia. 

SAF com abacate - Poda de formação
No último dia, fizemos novamente o “E ai”, voltamos aos trabalhos na mesma área do dia anterior, para finalizar esse manejo. 

A tarde fomos em outra área onde o carro chefe era o abacate, vimos como fazer uma poda de condução, rebaixando um pouco a copa e retirando os galhos que poderia quebrar ao crescer mais. Ali, também, manejamos as plantas do entorno para passar a informação de um sistema em crescimento.


Poda de formação e limpeza em mangueira

Depois, no final da tarde, fizemos um fechamento breve e voltamos para nossos lares empolgados e com gostinho de quero mais....... mais plantar, para mais podar, para mais plantar.


Filmes: Maria de la Mora @maria.dlm9
Imagens: Lucas Lacaz Ruiz / A13, Doni Firmino, Marcelo V. da Fonseca e outr@s pessoas


31 de ago. de 2022

*IMERSÃO EM AGRICULTURA SINTRÓPICA*

Dia 3/9/2022 (sábado) das 8:00 às 12:00h

Sítio Uriguva O bom da roça


com Marília de Paula
Educadora, agroflorestora e amante da natureza

 


Atividade prática e teórica

  • Plantio de frutas nativas com adubos verdes
  • Horticultura 
  • Bonsai  
  • Secagem de plantas 
  • Bioconstrução                                                                                                                                                                                                                                    

Associação de hortaliças
Cobertura do solo com pseudocaule de bananeira
Horta agroflorestal
    


Arte da poda na produção de bonsai


Endereço Rodovia Dr. Caio Gomes Figueiredo, 5120

bairro Bonsucesso, Pindamonhangaba

Link de localização: USF BONSUCESSO (quase em frente ao posto de Saúde)

https://maps.app.goo.gl/jCsWqtL4Ehp4D9X16

Entrada do sítio inspirada em Van Gogh


Café colaborativo


Vagas limitadas!

Inscrições pelo whats 12 997903486




Para saber mais sobre o trabalho da Marília acesse o link: 

http://redeagroflorestalvaledoparaiba.blogspot.com/2016/12/


Realização: Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e APTA Vale do Paraíba

 


Apoio:






29 de ago. de 2022

CSA - O que é uma Comunidade que Sustenta a Agricultura?

 


Roda de Conversa CSA – Comunidade que Sustenta a Agricultura em Pindamonhangaba

Link de inscrição:  https://forms.gle/pMrh4TXvm2petk5C8


23 de ago. de 2022

Visibilidade e reconhecimento público para as ações da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba

Por 
Patrícia Lopes 
 bióloga, mestre em zoologia, educadora ambiental e agrofloresteira

A Rede Agroflorestal é composta por agricultores e agricultoras da reforma agrária e do novo rural que se encontram em mutirões para implantar e manejar os sistemas agroflorestais para restaurar a paisagem do Rio Paraíba do Sul. Local: Assentamento Olga Benário, Tremembé- SP. Ano: 2013.

A Rede agroflorestal do Vale do Paraíba tem um pouco mais de dez anos de atuação e até o presente momento já realizou centenas de atividades relacionadas aos mutirões, vivências e cursos agroflorestais, para implementação e manejo de SAF, bem como para disseminar a cultura agrofloresteira, seus benefícios para a produção rural, para a restauração florestal e para a consolidação da soberania alimentar.

Ao longo dos últimos dois anos - durante a pandemia e seus efeitos óbvios diante da degradação ambiental, da escassez de recursos naturais de qualidade e de saúde humana – a necessidade por produção de alimentos de qualidade, o interesse em uma nutrição adequada e a busca por mais qualidade de vida tem sido uma crescente exponencial e os reflexos das atuais demandas tem sido algo muito positivo para a Rede Agroflorestal.

A agrofloresta é um mecanismo de reconexão do ser humano com a natureza. A produção  agropecuária e florestal ligada à restauração florestal é um dos pilares da sustentabilidade do sistema. Imagem: agroflorestor Valdir Martins e os SAF do Sítio Ecológico em São José dos Campos que serão objeto do Curso de Manejo Avançado de 26 a 28 de agosto de 2022. 

O imenso potencial dos agricultores e agricultoras da região do Vale do Paraíba, que até certo ponto estava “dormente”, e os mesmos, seguiam com suas produções mediante duras adversidades, vem recebendo subsídios significativos para amplificar suas atividades e fortalecer as iniciativas dessa Rede de atores locais. 

Nos últimos anos, diversas instituições financiadoras têm demonstrado interesse em fomentar e dar suporte às propriedades que realizam suas produções nos moldes dos Sistemas Agroflorestais, agregando valor aos produtos e contribuindo de forma significativa para a restauração da paisagem. Diversas agricultoras e agricultores vem sendo beneficiados com o aumento da venda de seus produtos in natura, com a venda de sementes crioulas e com o apoio de maquinários, além da aquisição de capacitação técnica necessárias para ter autonomia e mais confiança na prestação de seus serviços.

Na última sexta-feira (19/08/2022), a emissora Band de televisão a partir do programa Terra Viva, realizou um bate papo com uma das integrantes da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, com o objetivo de entender melhor e divulgar as iniciativas que estão sendo desenvolvidas, em especial o Plano de Ação da Rede, estruturado com apoio da organização WRI Brasil. 

Samanta Pineda, repórter e advogada especialista em Direito Socioambiental para o agronegócio, conversou com a colaboradora da Rede, Patrícia Lopes – bióloga, mestre em zoologia, educadora ambiental e agrofloresteira, sobre o que é a Rede, quais os objetivos que movem as ações desse grande grupo de atores, e de que forma a sustentabilidade ambiental está sendo aplicada no Vale do Paraíba e região.

A repórter Samanta Pineda (esq.) do canal Agromais e Patrícia Lopes (dir.), bióloga que participou da elaboração do Plano de Ação da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba.

A conversa vai ao ar na terça-feira (23/08/2022) no canal Agromais às 18h00, será reprisado na quarta-feira (24/08/2022) pelo canal Terra Viva às 07h00 e a entrevista ficará disponível no canal Terra Viva do Youtube. 

* números do canal Agromais para assistir a entrevista:

Vivo -> 587

Claro -> 189 e 689

Sky -> 569

Link de acesso ao Plano de Ação da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba:
https://drive.google.com/file/d/1OoL7rM7F5qsg3OQY6P52xlVbpPj7rJDN/view

E-mail de acesso a inscrição no Curso de Manejo Avançado de Sistema Agroflorestal:
cursositioagroecologico@gmail.com

Imagens: Antonio Devide e Patrícia Lopes

AGRICULTORES APOSTAM EM SISTEMA AGROFLORESTAL PARA ALIAR LUCRO E CUIDADO COM A NATUREZA

No dia 24 de agosto de 2022, outra reportagem foi realizada no Vale do Paraíba e apresentada no programa Jornal Vanguarda, agora, pela TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo. 

As filmagens foram realizadas no assentamento de reforma agrária Conquista, com a produtora Deise Alves e contou com a participação do técnico do projeto Semeando Economia Verde na Mata Atlântica do Instituto Auá, Pedro Kawamura. Outra parte da filmagem foi realizada no campo de pesquisa da APTA em Pindamonhangaba, com o pesquisador Antonio Devide.

Deise Alves, Pedro Kawamura e Antonio Devide falam de SAF na reportagem da TV Vanguarda.

O objetivo da entrevista foi apresentar as vantagens dos Sistemas Agroflorestais para a restauração do meio ambiente e para a segurança alimentar. A matéria completa pode ser acessada pelo link abaixo.

Link: https://globoplay.globo.com/v/10878856/

Imagens: André Bias
Repórter: Tiago Bezerra

9 de ago. de 2022

COMO UMA REDE DE PESSOAS ESTÁ DISSEMINANDO SAFs PELO VALE DO PARAÍBA

 Por Antonio Carlos Pries Devide, Patricia Lopes, Leandro Braz, Thales Ferreira, Mariana Oliveira e Marina Campos


Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são uma estratégia de uso do solo que apresenta um benefício duplo: ao mesmo tempo que produzem alimentos e produtos florestais madeireiros e não-madeireiros, gerando renda no campo, restauram florestas e paisagens, gerando benefícios ambientais,

Uma paisagem brasileira que está vivenciando o processo de implementação e disseminação dos SAFs é o Vale do Paraíba Paulista. Nessa região, agricultores e agricultoras se organizaram por meio de uma rede para promover uma agricultura regenerativa e agroecológica, a Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba.

Nesta semana a Rede Agroflorestal está publicando, com apoio do WRI Brasil e da TNC Brasil, um Plano de Ação, com estratégias para acelerar e dar escala aos esforços para implementação sistemas agroflorestais e a comercialização dos produtos gerados. No plano, a Rede traça objetivos para expandir os SAFs na região com a ambição de restaurar até 80 mil hectares hoje degradados.

https://bit.ly/rede-agroflorestal


Oportunidades no Vale do Paraíba Paulista

O Vale do Paraíba tem as condições e motivações necessárias para ver o crescimento de um grande movimento pela restauração de paisagens e florestas e implantação de modelos agroflorestais.

O Vale sofreu com degradação histórica do solo e há grandes áreas que podem ser restauradas. A região está no eixo de ligação entre as regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro e, portanto, está em uma localização ideal para garantir aos produtores o acesso a grandes mercados consumidores.

A aplicação da Metodologia ROAM no Vale do Paraíba quantificou essa oportunidade e mostrou que há uma importante vocação agroflorestal na paisagem. As análises identificaram um passivo de 70 mil hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e 10 mil hectares de Reserva Legal (RL). Alguns modelos de SAFs que não envolvem poda ou corte poderiam ser aplicados nessas áreas. O estudo, publicado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente com apoio do WRI Brasil em 2017, também identificou as motivações, sendo a geração de renda uma das mais relevantes. E mostrou que a restauração de paisagens e florestas na bacia pode resultar numa melhora de 32% do PIB agropecuário na região.

Atores engajados multiplicam os SAFs

É na tentativa de explorar a vocação da paisagem que a Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba surgiu. Ela foi criada entre os anos de 2011 e 2012, a partir de experiências e trocas de informações de agricultores familiares e produtores rurais locais interessados na agroecologia.

A Rede Agroflorestal organizou mutirões para implantação de SAFs, promoveu capacitações e trocas de experiências, e possibilitou a articulação entre os as pessoas. Em 2021, a Rede foi formalizada como uma associação sem fins lucrativos para a promoção da agroecologia.

Esse engajamento dos agricultores locais é fundamental para garantir o sucesso dos Sistemas Agroflorestais na paisagem. Desde que foi fundada, a Rede já mobilizou mais de 50 mutirões de implantação de SAFs, evolvendo a participação de mais de mil produtores rurais e 66 instituições diferentes (Tabela 1). Nesses mutirões, a troca de informações é grande, e os produtores e produtoras aprendem na prática – um conhecimento que podem levar porteira adentro, para produzir em suas próprias áreas.

Tabela 1. Levantamento dos Registros da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba

Já foram implantados por meio da Rede cerca de 70 Sistemas Agroflorestais, sendo a maior parte deles em São José dos Campos (17 SAFs), Lagoinha (15), Tremembé (14) e Pindamonhangaba (4), mas há produtores plantando agroflorestas em outros 15 municípios da região.

Um dos SAFs existentes na região, da Fazenda Coruputuba, foi destacado na websérie As Caras da Restauração, produzida pelo WRI Brasil. Conheça essa história no vídeo abaixo.

https://wribrasil.org.br/ascarasdarestauracao/patrick-assumpcao-agrofloresta-vale-do-paraiba

Estratégias para disseminar SAFs pelo Vale

O importante envolvimento de agricultores e agricultoras e os muitos mutirões agroflorestais promovidos pela Rede fazem do Vale do Paraíba uma paisagem chave na restauração de paisagens e na agroecologia. Porém, mesmo com esse envolvimento os números ainda são modestos perto da ambição necessária de restauração no país. Afinal, o Brasil todo tem como meta restaurar mais de 12 milhões de hectares, e o estado de São Paulo, 300 mil hectares. Como o Vale do Paraíba pode contribuir para esses compromissos?

É aí que entra o Plano de Ação. O documento define seis estratégias principais, que passam por tópicos importantes, como governança, capacitação e acesso a mercados:

1. Fortalecer a governança da Rede Agroflorestal e Plano de Ação

2. Fomentar ações de disseminação dos sistemas agroflorestais para restaurar a paisagem regional

3. Promover mutirões agroflorestais no Vale do Paraíba

4. Promover a capacitação e o ensino formal sobre sistemas agroflorestais

5. Fortalecer o trabalho dos coletores de sementes florestais e dos produtores de mudas e sementes

6. Apoiar a estruturação da comercialização da produção agroflorestal

O plano também apresenta sugestões de diferentes tipos de SAFs a serem implementados de acordo com os interesses de cada agricultor. Há desde os Quintais Agroflorestais, formados ao redor da moradia com arranjos voltados para espécies alimentícias, condimentares e árvores para fins de segurança alimentar até sistemas silvipastoris, que mesclam a criação de animais.

Com oportunidades e motivações identificadas, articulação local e um plano coeso o Vale do Paraíba pode se transformar em um grande polo de SAFs do país. O WRI Brasil acredita nesse potencial e atua, por meio de projetos como e, Pró-Restaura e o Cities4Forests, para apoiar os produtores locais a destravar os potenciais, acelerando e dando escala à restauração de paisagens e florestas.

Autores: Antonio Carlos Pries Devide é pesquisador científico da APTA Vale do Paraíba, Patrícia Lopes é fundadora da empresa Soul da Terra, Leandro Braz Camillo é técnico do projeto Conexão Mata Atlântica e Thales Guedes Ferreira é produtor rural no Sítio dos Ipês em Cachoeira Paulista, ambos são membros da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e lideraram a elaboração do Plano de Ação. Marina Campos é Especialista em Restauração Florestal na TNC Brasil. Mariana Oliveira é Especialista em Restauração Florestal na WRI Brasil.


Referências bibliográficas

COUTINHO TR, DEVIDE ACP, ABDO MTVN. Paraíba River Basin Agroforestry network: teaching methodology, participatory research and rural extension in Agroecology promotion. EURAF, Nuoro. 2021. (Apresentação de Trabalho/Congresso).


Veja como foi a apresentação do Plano de Ação da Rede Agroflorestal

Data: 8 agosto de 2022, das 18h-19:50h

Programação:

  • Abertura do Conselho Deliberativo da Rede Agroflorestal por Antonio Devide
  • A palavra de Mariana Oliveira representando a WRI e apoiadores do Plano de Ação
  • Apresentação dos principais resultados do Plano de Ação por Patrícia Lopes 
  • Debate de ideias e caminhos futuros com todos os participantes

A apresentação do Plano de Ação foi disponibilizada na íntegra no whatsapp da Rede Agroflorestal.


Patrícia Lopes apresentou a metodologia e os resultados do Plano de Ação.

A palavra aberta aos 16 participantes do lançamento do Plano de Ação.








8 de ago. de 2022

LANÇAMENTO DO PLANO DE AÇÃO DA REDE AGROFLORESTAL

O lançamento do Plano de Ação da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba ocorrerá em reunião virtual com acesso pela plataforma Zoom, no dia 8 de agosto (2ª feira) das 18h às 19:30h.

Poderão participar os membros, simpatizantes e defensores das agroflorestas, da agroecologia, da agricultura familiar, da reforma agrária, da restauração ecológica e de todos os assuntos correlacionados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

Programação:

  • Abertura oficial do Conselho Deliberativo da Rede Agroflorestal
  • A palavra de Mariana Oliveira representando a WRI e os demais apoiadores do Plano de Ação
  • Apresentação dos principais resultados do Plano de Ação por Patrícia Lopes 
  • Debate de ideias e caminhos futuros com todos os participantes

Topic: Rede Agroflorestal Vale do Paraiba

Time: Aug 8, 2022 18:00 Sao Paulo

Join Zoom Meeting

https://wri.zoom.us/j/93655341605

11 de jul. de 2022

II Formação em CSA no Vale do Paraíba CSA - Comunidade que Sustenta a Agricultura

 "Da cultura do preço para a cultura do Apreço"


A CSA Brasil e o coletivo de CSAs do Vale do Paraíba, tem o prazer de convidar para o II Curso de Formação em CSA. 

Tendo como base os princípios que norteiam essas Comunidades, vamos trabalhar nestes 4 dias os caminhos para se estruturar uma Comunidade que Sustenta a Agricultura. 

O curso começa no dia 28 de julho às 09h e termina no dia 31 de julho às 14h

A coordenação será de Claudia Vivacqua e Wagner Santos, com a participação da Nutricionista Valéria Paschoal e da Eng. Agrônoma Luciana Gomes e apoio das CSAs da Região. 

Contribuição financeira: R$ 300,00 e pedimos a doação de alimento para as refeições do curso.

Hospedagem: Possibilidade de hospedagem solidária e de camping (informar as demandas na inscrição)

Endereço: Sítio Ecológico, Assentamento Nova Esperança I em São José dos Campos

Por favor preencha a ficha de inscrição abaixo:

https://forms.gle/3PsmMCrswj14Mt6k9


5 de jul. de 2022

Relato do 1º Encontro de Produtores de Cúrcuma do Leste Paulista

 Por
José Miguel Garrido Quevedo
Engº Agrônomo, Mestre - Perito Agrário - INCRA/SP

Cultivo agroflorestal de cúrcuma na APTA em Pindamonhangaba.

O 1º Encontro de Produtores de Cúrcuma do Leste Paulista aconteceu no dia 24 de junho no setor de fitotecnia da APTA - Agência de Tecnologia dos Agronegócios, em Pindamonhangaba. Tivemos apresentações on-line de resultados de pesquisas e sobre a cadeia da cúrcuma.

Apresentações de Cristina Castro (APTA) e Ademar Menezes Junior (Kampo de Ervas).

O Dia de Campo teve por objetivos: Apresentar os sistemas de produção agroecológica desenvolvidos na APTA, a colheita,  o processamento artesanal, o preparo da cúrcuma para a comercialização e a troca de experiências de produtores de cúrcuma que apresentaram seus produtos e a experiência da empresa Kampo de Ervas.

A cúrcuma (Curcuma longa L. ) na APTA é cultivada em Sistemas Agroflorestais, a saber:

  • Em SAFs multidiversos, sendo utilizado como extrato baixo como no SAF Macaúba, Sistema Agroflorestal com banana, gliricidia, macaúba, frutíferas nativas e palmito juçara.
  • Em Aleias, com o cultivo da cúrcuma na entrelinha de flemíngia (Flemingia macrophylla), adubo verde perene multicaule que se desenvolve bem em áreas inundáveis.
  • Em SAF instalado por muvuca de sementes, onde já se encontra na forma perene desde o ano de 2013.
  • Em SAF com feijão guandú (Cajanus cajan), este ainda não implantado, apresentando-se como opção de cultivo.
Curcuma consorciada com milho palha roxa

Cúrcuma em aleia de flemíngia.

O cultivo da cúrcuma se dá em sistema semi-sombreado, melhor dizendo, em meia sombra, onde alcança as maiores produtividades, que gira entre 800 gramas até 3 quilos por planta a depender das condições de solo e clima que são oferecidos às mesmas. 

Um fator importante para seu cultivo é a cobertura do solo com cobertura morta. Assim, o SAF é manejado a fim de garantir a cobertura do terreno. 

 

O agroflorestor Valdir Martins e o pesquisador Antonio Devide explicam os benefícios do guandu e o plantio direto de cúrcuma nas entrelinhas, seguido da poda a meia altura para adubação verde.

Colheita da cúrcuma em SAF para verificar a produção de rizomas.

O espaçamento utilizado entre plantas varia de 0,50 a 1,00 metro entre linhas e 20 a 25 centímetros entre plantas. Algumas áreas da pesquisa foram encanteiradas com o trator e nos SAF o berço foi preparado com o enxadão. Recomenda-se o uso de um rizoma por berço, preferencialmente o rizoma chamado primário (cabeça ou mãe).

Cúrcuma no espaçamento 1,0x0,20m em aleia de flemíngia (esq.) e tefrósia (dir).

Na APTA há dois períodos de colheita, com um ano de cultivo e com dois anos de cultivo a depender das condições edafoclimáticas proporcionadas às plantas. Também tem a cúrcuma soca semi-perene que se regenera nos SAF, sendo colhida de maneira extensiva. 

Boas produtividades são alcançadas no segundo ano de plantio na maioria das vezes. A colheita ocorre quando as folhas secam no outono-inverno, sendo os rizomas colhidos de forma manual através do enxadão. 

Lavagem e classificação dos rizomas.
Rizomas de cúrcuma lavados e selecionados para o processamento artesanal.

Assim que colhidos os rizomas são lavados com mangueira com pressão para retirada de terra, momento que são separados os rizomas filho (dedos) e mãe (cabeças), reservando-se as cabeças para novos plantios porque regeneram plantas mais viçosas devido à maior quantidade de reservas e gemas.

Em seguida,  ocorre uma importante operação: o branqueamento, que consiste em colocar os rizomas filhos em sacos de rafia furados no fundo, imersos em um tambor com água fervente por 15 minutos. 

Com esta operação evita-se que haja o surgimento de brotos e ocorre uma transformação do amido no rizoma (gelatinização) que permite um produto de melhor qualidade. 

Cozimento da cúrcuma para interromper o metabolismo e gelatinizar o amido. 
Estrutura de baixo custo para o processamento artesanal da cúrcuma.

Posteriormente, são espalhados pelo terreiro deixando-se dois dias na sombra e por cerca de 30 dias a pleno sol para secagem em camada fina até que se tornem uma 'madeirinha' difícil de se quebrar. Nesse período é importante a cobertura dos rizomas com lona plástica no final do dia para que os mesmos não peguem o sereno noturno ou chuvas ocasionais.

Rizomas de cúrcuma cozidos.

 
Rizomas de cúrcuma após o cozimento que será levado para secagem a pleno sol em terreiro.

O Rendimento do processamento é de 1.000 kg de rizoma fresco (1 tonelada) para cerca de 100 kg de rizoma seco.

A APTA vem comercializando a sua produção com a empresa Kampo de Ervas a um valor de R$ 25,00 o quilo da cúrcuma seca, sendo que foi necessário a apresentação do selo de produto orgânico para alcançar este valor de venda. Fortalecer a criação de um arranjo produtivo local (APL) para a cúrcuma, favorecendo a expansão da lavoura em sistemas agroflorestais agroecológicos, também foi um dos objetivos do evento.

Participaram técnicos, produtores e produtoras de nove municípios: São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, São Francisco Xavier e Piracaia, na Serra da Mantiqueira, e Taubaté, São José dos Campos, Pindamonhangaba, São Luiz do Paraitinga e Lagoinha, no Vale do Paraíba.

Trouxeram e apresentaram seus produtos elaborados com cúrcuma: Alda do assentamento Egídio Brunetto de Lagoinha (óleo e xarope de cúrcuma) e Marília de Paula de Pindamonhangaba (cúrcuma desidratada).

Programação:

24/6/2022 - sexta-feira (manhã)

  • 8:00- Recepção
  • 8:30h – Resultados de pesquisas sobre cúrcuma e perfil produtores 
  • – Drª Cristina Maria de Castro e Dr. Antonio Devide – pesquisadores da APTA Regional/URPD-Pindamonhangaba
  • 9:00h – Uso da cúrcuma na empresa Kampo de Ervas 
  • – Ademar Menezes Junior – professor e empresário rural (on-line)
  • 10:00h - Visita de campo em áreas de produção orgânica (colheita da cúrcuma)
  • 10:40h – Oficina de beneficiamento artesanal de cúrcuma
  • 11:30h - Avaliação
  • 12:00h – Encerramento e confraternização

Coordenação: Cristina Maria de Castro e Antonio Devide - APTA

Imagens: José Miguel Garrido Quevedo, Antonio Devide, Guilherme Ferrão.