Objetivo: união de agricultores familiares da reforma agrária, produtores
orgânicos ou em conversão, técnicos e acadêmicos para instalar e manejar um sistema
agroflorestal (SAF) com a metodologia participativa de mutirão.
Programação: oficina de implantação de berço
agroflorestal com os princípios do agricultor Ernst Götsch; mutirão para a
conversão de um pomar
de citros degradado em SAF; avaliação do projeto ‘Regeneração: religando o
homem à natureza’.
Local: Lote 5 no Assentamento de Reforma
Agrária Nova Esperança, agricultora Maria Severiana (Dalva).
Data do evento: 07/05/2014
Situação local: Maria Severiana (Dalva) de
origem rural morava na cidade. Retornou ao campo por desejo próprio fixando-se no
assentamento para produzir alimento saudável e criar seus filhos. A área
escolhida para intervenção agroflorestal era um antigo pomar de citros em
terraço fluvial distante 100m de um ribeirão e nascente situada cota abaixo
(±10m) em solo de textura argilo-arenosa e presença de argila sub-superficial que
limita a drenagem e demanda a seleção de espécies mais adaptadas à saturação do
solo. O pomar foi instalado com recursos do PRONAF de maneira convencional há
sete anos a um custo de cinco mil reais. As plantas declinaram, não produziram
e também não conseguiu manter a área livre do mato, razões que a levaram a
abandonar o pomar. Optou por converter em agrofloresta para que os consórcios
proporcionem o sombreamento e a recuperação do solo e dos citros remanescentes.
Para o manejo, a vegetação espontânea (braquiária e capim rabo de burro) foi roçada
previamente para o plantio do SAF.
Parcerias: Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba - Fazenda Coruputuba, APTA – Polo
Vale do Paraíba, Faculdade Cantareira, agricultores dos assentamentos Nova
Esperança de S. J. dos Campos, Olga Benário de Tremembé, Manoel Neto de Taubaté
e Egídio Bruneto de Lagoinha e Fazenda da Toca Orgânicos.
Resumo:
1)
Oficina de plantio o método de implantação de agroflorestas
preconizado por Ernst Götsch e difundido na Fazenda da Toca Orgânicos com mecanização adaptada para
plantios em larga escala foi introduzido pelo engº agrº Osvaldinho que demonstrou
o preparo do solo entre dois citros - primeiro arrastou de lado o mato seco e
destocou a braquiária (enxada), afofou a terra (enxadão) e abriu covas de 40x40cm
(cavadeira articulada) para a bananeira plantada na posição horizontal após adição
de cinza de lenha na cova; retornou o solo preservando a posição dos horizontes
apetando bem a muda para não deixar espaços vazios; entre a bananeira e o
citros (1m) plantou guapuruvú (Schizolobium
parahyba) árvore leguminosa emergente. Informou que a bananeira deverá ser
cortada todos os anos para que o citros possa receber a luz e florescer no
tempo certo. As bananeiras rebrotarão, produzirão frutos e os resíduos são adubo
verde.
Plantio da banana. |
Palha da Braquiaria na linha do citrus. |
Guapuruvu plantado na linha do citrus, com a proteção e nutrição da palha da Braquiaria. |
2) Mutirão agroflorestal – como o método proposto demanda a mecanização
prévia ou maior dedicação/vigor d@ agricultor@ para o preparo do solo, o grupo
optou por realizar o plantio direto. Fez-se a divisão de grupos para as
seguintes tarefas: capina seletiva nos locais de plantio (enxada), coveamento (cavadeira
articulada e enxadão) e plantio. Entre os citros (5x4m) plantou-se uma bananeira
e uma arbórea de rápido crescimento para a poda. Nas entrelinhas do citros
plantaram-se árvores nativas e exóticas a cada 1,5m, alternadas com frutíferas espaçadas
entre si 6m na linha. Primeiro distribuiu-se as emergentes do futuro e as frutíferas,
em seguida, as pioneiras de crescimento rápido plantadas de maneira alternada
com as secundárias iniciais e tardias. De um lado e de outro da linha de
árvores plantou-se estacas de mandioca alternadas com margaridão (Tithonia diversifolia) em covas espaçadas
1,2m entre si. A estaca de mandioca foi disposta na posição horizontal com as
gemas voltadas para leste recebendo à frente o coquetel de sementes de adubos
verdes (feijão de porco, chícharo, tremoço, guandu, mamona e tefrósia). Nas
demais covas (citros, banana, árvores, margaridão) plantaram-se o mesmo
coquetel acrescido de milho e aveia. Todos os citros foram podados a 50cm de
altura utilizando serrote e tesoura de poda e a galhada picada (podão) e
deixada sob o solo. Richard destacou a necessidade de a desbrota deixar no
máximo três ramos por planta na sequência. Manteve-se a cobertura morta sob o
solo e falou-se que a capina seletiva deve recrutar o alecrim, amendoim do
campo, jacarandá do campo, pau-viola e outras árvores da regeneração natural. O mutirão contou com 38 participantes e abrangeu uma área de cerca de
1.000m². As mudas foram produzidas localmente ou trocadas entre participantes.
Alimentação: arroz, feijão, carne de panela c/
mandioca, macarrão com ora-pro-nóbis e mostarda, salada.
Bebidas: suco de maracujá.
Facilitadores: Osvaldo
Souza - Fz da TOCA Orgânicos e Antonio Devide pesquisador da
APTA V. Paraíba.
Revisão: Keila Malvezzi
Imagens: Cristina M. de Castro, Clovis Oliveira, Keila Malvezzi
Tabela 1. Relação de
espécies
1
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Banana BRS Conquista
|
Frutos/adubação
|
2
|
Banana Prata IAC 2001
|
Frutos/adubação
|
3
|
Goiaba
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Frutos
|
4
|
Condessa
|
Frutos
|
5
|
Milho Eldorado
|
Alimento
|
6
|
Mandioca Preta, Cacau, Amarelinha
|
Alimento, propagação
|
7
|
Feijão Guandu
|
Alimento/adubação verde N
|
8
|
Feijão de Porco
|
Adubação verde tolerante à sombra
|
9
|
Chícharo
|
Adubação verde inverno
|
10
|
Tremoço
|
Adubação verde inverno
|
11
|
Aveia
|
Alimento, adubo verde inverno, carbono
|
12
|
Margaridão
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Adubação verde N, P, K
|
13
|
Mamona Preta
|
Adubo verde, óleo N, P, K
|
14
|
Guanandi
|
Madeira
|
15
|
Mogno brasileiro
|
Madeira de lei
|
16
|
Cedro rosa
|
Madeira de lei
|
17
|
Cedro canjarana
|
Madeira de lei
|
18
|
Cedro do campo
|
Madeira
|
19
|
Jatobá
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Madeira/adubação/medicamento
|
20
|
Tamboril – Orelha de nego
|
Frutos/adubação
|
21
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Pau rei
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Adubação verde/ madeira
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22
|
Guapuruvú
|
Madeira/adubação
|
23
|
Ipê rosa
|
Madeira
|
24
|
Ipê amarelo
|
Madeira
|
25
|
Paineira
|
Adubação/melífera
|
26
|
Santa bárbara
|
Madeira/extratos vegetais
|
27
|
Aroeira
|
Madeira/adubação/condimento
|
28
|
Pau jacaré
|
Madeira/adubação
|
29
|
Sibipiruna
|
Madeira/adubação
|
30
|
Anjico
|
Madeira/adubação
|
31
|
Ingá mirim
|
Adubação/alimento
|
32
|
Araçá
|
Frutos
|
33
|
Uvaia
|
Frutos
|
34
|
Pitanga
|
Frutos
|
35
|
Cabeludinha
|
Frutos
|
36
|
Tamarindo
|
Frutos
|
37
|
Amora
|
Frutos
|
38
|
Abacate
|
Frutos
|
39
|
Sabão de soldado
|
Frutos/adubo verde/artesanato
|
40
|
Jacarandá caviúna
|
Madeira/adubação verde/artesanato
|
41
|
Eritrina
|
Adubação verde
|
42
|
Marianeira
|
Adubação verde
|
43
|
Pau viola/tucaneiro
|
Adubação verde
|
44
|
Cássia / monjoleiro
|
Adubação verde
|
Avaliação:
Pedro
Alcântara – Pinda.
|
Trazer
novas pessoas para troca de experiências.
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Diurene
– MST Nova Esperança – SJCampos
|
Gostou
da nova técnica de plantio.
|
Patrick
– Fz. Coruputuba
|
1º
SAF com preparo em roçada recente. O mutirão dá resultado. Cada um sabe o que
fazer e faz do seu modo.
|
Carlão
– MST Nova Esperança – S.J. Campos
|
Gostou
do novo modo de plantio; a terra preta de cima tem minhocas após 7 anos
parada e não precisava tombar. Um tratorito ajudaria o manejo.
|
Adagilson
– MST Nova Esperança – S.J. Campos
|
O
SAF é uma escola
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Japa
– Fz. da Toca
|
Gostou
do trabalho em grupo.
|
Carmem
– MST Olga Benário – Tremembé
|
Aumentou
muito a participação do Assentamento Olga Benário.
|
Gustavo
IBS
|
Devemos
incentivar o uso de recursos do PRONAF para plantar as culturas em SAFs
|
Antonio
– APTA Pinda.
|
Líderes
de grupo devem conversar com jovens e novos integrantes. Devemos melhorar nossa
formação para não nos tornarmos tarefeiros. Valorizar frutíferas nativas.
Agricultores devem se unir e viabilizar a casa de farinha e troca de sementes.
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Richard
– Fz. da Toca
|
Método
do Ernst dá trabalho, depois é economia. Promover mais novidades. Poderia ter
feito área maior para comparar. Os SAFs têm que ter poda – poda da mandioca
(nasceu, corta) e um 2º corte quando madura; feijão de porco, também, poda.
|
Keila
– Fac. Cantareira
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Incorporar
novos ensinamentos para recuperar os solos e tornar os SAFs mais produtivos
|
Zefa
– MST Nova Esperança – S.J. Campos
|
Novo
modo de plantio muito bom, muita gente diferente.
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Dalva
– MST NEsperança/ SJCampos
|
Gostou
dos ensinamentos, vai expandir os SAFs.
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Cristina
– APTA Pinda.
|
Riqueza
de ideias; braquiária é amiga, deixou o solo coberto.
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Clóvis
– IB/SMA
|
Importante
conhecer outras formas de plantio, sugere mutirões menores toda semana
organizados por eles próprios.
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Osvaldinho
– Fz. Toca
|
MST
junta as pessoas; braquiária ajuda a conservar a terra; fazer linha, roçar e
enleirar o mato como cobertura morta.
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