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16 de mai. de 2014

MUTIRÃO AGROFLORESTAL NO LOTE 5 DO ASSENTAMENTO DE REFORMA AGRÁRIA NOVA ESPERANÇA I, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP



Objetivo: união de agricultores familiares da reforma agrária, produtores orgânicos ou em conversão, técnicos e acadêmicos para instalar e manejar um sistema agroflorestal (SAF) com a metodologia participativa de mutirão. 
Programação: oficina de implantação de berço agroflorestal com os princípios do agricultor Ernst Götsch; mutirão para a conversão de um pomar de citros degradado em SAF; avaliação do projeto ‘Regeneração: religando o homem à natureza’. 
Local: Lote 5 no Assentamento de Reforma Agrária Nova Esperança, agricultora Maria Severiana (Dalva).
Data do evento: 07/05/2014 
Situação local: Maria Severiana (Dalva) de origem rural morava na cidade. Retornou ao campo por desejo próprio fixando-se no assentamento para produzir alimento saudável e criar seus filhos. A área escolhida para intervenção agroflorestal era um antigo pomar de citros em terraço fluvial distante 100m de um ribeirão e nascente situada cota abaixo (±10m) em solo de textura argilo-arenosa e presença de argila sub-superficial que limita a drenagem e demanda a seleção de espécies mais adaptadas à saturação do solo. O pomar foi instalado com recursos do PRONAF de maneira convencional há sete anos a um custo de cinco mil reais. As plantas declinaram, não produziram e também não conseguiu manter a área livre do mato, razões que a levaram a abandonar o pomar. Optou por converter em agrofloresta para que os consórcios proporcionem o sombreamento e a recuperação do solo e dos citros remanescentes. Para o manejo, a vegetação espontânea (braquiária e capim rabo de burro) foi roçada previamente para o plantio do SAF.
Parcerias: Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba - Fazenda Coruputuba, APTA – Polo Vale do Paraíba, Faculdade Cantareira, agricultores dos assentamentos Nova Esperança de S. J. dos Campos, Olga Benário de Tremembé, Manoel Neto de Taubaté e Egídio Bruneto de Lagoinha e Fazenda da Toca Orgânicos

Resumo:
1)             Oficina de plantio o método de implantação de agroflorestas preconizado por Ernst Götsch e difundido na Fazenda da Toca Orgânicos com mecanização adaptada para plantios em larga escala foi introduzido pelo engº agrº Osvaldinho que demonstrou o preparo do solo entre dois citros - primeiro arrastou de lado o mato seco e destocou a braquiária (enxada), afofou a terra (enxadão) e abriu covas de 40x40cm (cavadeira articulada) para a bananeira plantada na posição horizontal após adição de cinza de lenha na cova; retornou o solo preservando a posição dos horizontes apetando bem a muda para não deixar espaços vazios; entre a bananeira e o citros (1m) plantou guapuruvú (Schizolobium parahyba) árvore leguminosa emergente. Informou que a bananeira deverá ser cortada todos os anos para que o citros possa receber a luz e florescer no tempo certo. As bananeiras rebrotarão, produzirão frutos e os resíduos são adubo verde.

Plantio da banana.
Palha da Braquiaria na linha do citrus. 
Guapuruvu plantado na linha do citrus,
com a proteção e nutrição da palha da Braquiaria. 









2) Mutirão agroflorestal – como o método proposto demanda a mecanização prévia ou maior dedicação/vigor d@ agricultor@ para o preparo do solo, o grupo optou por realizar o plantio direto. Fez-se a divisão de grupos para as seguintes tarefas: capina seletiva nos locais de plantio (enxada), coveamento (cavadeira articulada e enxadão) e plantio. Entre os citros (5x4m) plantou-se uma bananeira e uma arbórea de rápido crescimento para a poda. Nas entrelinhas do citros plantaram-se árvores nativas e exóticas a cada 1,5m, alternadas com frutíferas espaçadas entre si 6m na linha. Primeiro distribuiu-se as emergentes do futuro e as frutíferas, em seguida, as pioneiras de crescimento rápido plantadas de maneira alternada com as secundárias iniciais e tardias. De um lado e de outro da linha de árvores plantou-se estacas de mandioca alternadas com margaridão (Tithonia diversifolia) em covas espaçadas 1,2m entre si. A estaca de mandioca foi disposta na posição horizontal com as gemas voltadas para leste recebendo à frente o coquetel de sementes de adubos verdes (feijão de porco, chícharo, tremoço, guandu, mamona e tefrósia). Nas demais covas (citros, banana, árvores, margaridão) plantaram-se o mesmo coquetel acrescido de milho e aveia. Todos os citros foram podados a 50cm de altura utilizando serrote e tesoura de poda e a galhada picada (podão) e deixada sob o solo. Richard destacou a necessidade de a desbrota deixar no máximo três ramos por planta na sequência. Manteve-se a cobertura morta sob o solo e falou-se que a capina seletiva deve recrutar o alecrim, amendoim do campo, jacarandá do campo, pau-viola e outras árvores da regeneração natural. O mutirão contou com 38 participantes e abrangeu uma área de cerca de 1.000m². As mudas foram produzidas localmente ou trocadas entre participantes.
Alimentação: arroz, feijão, carne de panela c/ mandioca, macarrão com ora-pro-nóbis e mostarda, salada.
Bebidas: suco de maracujá.
Facilitadores: Osvaldo Souza - Fz da TOCA Orgânicos e Antonio Devide pesquisador da APTA V. Paraíba.
Revisão: Keila Malvezzi

Imagens: Cristina M. de Castro, Clovis Oliveira, Keila Malvezzi


Tabela 1. Relação de espécies
1
Banana BRS Conquista
Frutos/adubação
2
Banana Prata IAC 2001
Frutos/adubação
3
Goiaba
Frutos
4
Condessa
Frutos
5
Milho Eldorado
Alimento
6
Mandioca Preta, Cacau, Amarelinha
Alimento, propagação
7
Feijão Guandu
Alimento/adubação verde N
8
Feijão de Porco
Adubação verde tolerante à sombra
9
Chícharo
Adubação verde inverno
10
Tremoço
Adubação verde inverno
11
Aveia
Alimento, adubo verde inverno, carbono
12
Margaridão
Adubação verde N, P, K
13
Mamona Preta
Adubo verde, óleo N, P, K
14
Guanandi
Madeira
15
Mogno brasileiro
Madeira de lei
16
Cedro rosa
Madeira de lei
17
Cedro canjarana
Madeira de lei
18
Cedro do campo
Madeira
19
Jatobá
Madeira/adubação/medicamento
20
Tamboril – Orelha de nego
Frutos/adubação
21
Pau rei
Adubação verde/ madeira
22
Guapuruvú
Madeira/adubação
23
Ipê rosa
Madeira
24
Ipê amarelo
Madeira
25
Paineira
Adubação/melífera
26
Santa bárbara
Madeira/extratos vegetais
27
Aroeira
Madeira/adubação/condimento
28
Pau jacaré
Madeira/adubação
29
Sibipiruna
Madeira/adubação
30
Anjico
Madeira/adubação
31
Ingá mirim
Adubação/alimento
32
Araçá
Frutos
33
Uvaia
Frutos
34
Pitanga
Frutos
35
Cabeludinha
Frutos
36
Tamarindo
Frutos
37
Amora
Frutos
38
Abacate
Frutos
39
Sabão de soldado
Frutos/adubo verde/artesanato
40
Jacarandá caviúna
Madeira/adubação verde/artesanato
41
Eritrina
Adubação verde
42
Marianeira
Adubação verde
43
Pau viola/tucaneiro
Adubação verde
44
Cássia / monjoleiro
Adubação verde



Avaliação:
Pedro Alcântara – Pinda.
Trazer novas pessoas para troca de experiências.
Diurene – MST Nova Esperança – SJCampos
Gostou da nova técnica de plantio.
Patrick – Fz. Coruputuba
1º SAF com preparo em roçada recente. O mutirão dá resultado. Cada um sabe o que fazer e faz do seu modo.
Carlão – MST Nova Esperança – S.J. Campos
Gostou do novo modo de plantio; a terra preta de cima tem minhocas após 7 anos parada e não precisava tombar. Um tratorito ajudaria o manejo.
Adagilson – MST Nova Esperança – S.J. Campos
O SAF é uma escola
Japa – Fz. da Toca
Gostou do trabalho em grupo.
Carmem – MST Olga Benário – Tremembé
Aumentou muito a participação do Assentamento Olga Benário.
Gustavo IBS
Devemos incentivar o uso de recursos do PRONAF para plantar as culturas em SAFs
Antonio – APTA Pinda.
Líderes de grupo devem conversar com jovens e novos integrantes. Devemos melhorar nossa formação para não nos tornarmos tarefeiros. Valorizar frutíferas nativas. Agricultores devem se unir e viabilizar a casa de farinha e troca de sementes.
Richard – Fz. da Toca
Método do Ernst dá trabalho, depois é economia. Promover mais novidades. Poderia ter feito área maior para comparar. Os SAFs têm que ter poda – poda da mandioca (nasceu, corta) e um 2º corte quando madura; feijão de porco, também, poda.
Keila – Fac. Cantareira
Incorporar novos ensinamentos para recuperar os solos e tornar os SAFs mais produtivos
Zefa – MST Nova Esperança – S.J. Campos
Novo modo de plantio muito bom, muita gente diferente.
Dalva – MST NEsperança/ SJCampos
Gostou dos ensinamentos, vai expandir os SAFs.
Cristina – APTA Pinda.
Riqueza de ideias; braquiária é amiga, deixou o solo coberto.
Clóvis – IB/SMA
Importante conhecer outras formas de plantio, sugere mutirões menores toda semana organizados por eles próprios.
Osvaldinho – Fz. Toca
MST junta as pessoas; braquiária ajuda a conservar a terra; fazer linha, roçar e enleirar o mato como cobertura morta.






4 de fev. de 2014

REGENERAÇÃO AGROFLORESTAL DE OLHO DÁGUA

Mutirão Agroflorestal no Assentamento de Reforma Agrária Nova Esperança I, Vargem Grande, São José dos Campos/SP

Data: 17/01/2014


Objetivo: Preparar agricultores familiares, profissionais de assistência técnica, ensino, pesquisa e extensão rural para instalar e manejar sistemas agroflorestais (SAFs) adotando a metodologia participativa de mutirão agroflorestal.

Contexto local: a família da dona Diurene e do seo Gaminha habitam a parte alta de uma microbacia onde tenta cultivar um pomar, parte perdida para o fogo. A área mais baixa é alagada, tem uma nascente e um lago onde as crianças pescam; na área ciliar há uma horta.
        Vista da propriedade com destaque do solo preparado para o SAF.



Recursos genéticos de planejamento


Escolha da área: 1) contenção da erosão do solo e proteção do olho d’água. Devido à alta umidade do fundo do vale, há maior resiliência em relação à área de topo (pomar), onde o fogo é feroz.

Problemas: o casal relatou que no assentamento só havia toco de eucalipto, depois a terra foi arada e tomada pela braquiária, que quando seca, queima.
O solo arenoso de fraca estrutura e queimado, descoberto e exposto à enxurrada erode assoreando a nascente. 

Vista do SAF após o plantio, ao fundo o lago.

Programação: oficina de implantação de SAF através de mutirão agroflorestal, reunião de avaliação, informes e encaminhamentos para organização do MST.

Breve resumo: O Mutirão Agroflorestal contou com 20 participantes e consistiu do planejamento participativo e implantação de um SAF de 3.000m²
com linhas de bananeiras alternadas inicialmente com canteiros de hortaliças e cota acima, em solo exposto em terreno inclinado, com linhas de árvores madeiráveis de diferentes estratos intercaladas com frutíferas.
As bananeiras BRS Conquista e IAC 2001 (4x4m) foram divididas em duas quadras visando multiplicação e distribuição de perfilhos aos assentados.
Nas entrelinhas foram plantadas espécies florestais intercaladas com frutíferas, para formar um sistema biodiverso multiestrato. Em todas as entrelinhas de bananeiras e entre as linhas de milho se plantou adubação verde (guandu, mamona Preta, tefrósia, sorgo).


Croqui:







Relação de espécies implantadas no SAF biodiverso multiestrato:
Banana (4x4) com araruta e açafrão
Lado direito da área – banana Conquista
Lado esquerdo da área – banana IAC 2001

Arvores diversas (entre linhas da banana, na linha a cada 2 metros)
Abacate – 4
Acerola
Aldrago (adubadeira) – 10
Amendoin do campo -1
Anonácea – 2
Araçá boi – 3
Araçá do campo – 2
Araucária – 2
Balsamo – 4
Baru – 1
Cabeludinha - 1
Café – 7
Cássia
Castanha do maranhão (manguba) – 2
Dedaleiro – 4
Embaúba – 2
Goiaba - 15
Goiaba roxa -1
Guanandi – 50
Ingá - 2
Ipê – 2
Jabuticaba – 1
Jatobá
Manga – 1
Mogno – 20
Nêspera – 2
Oiti (adubadeira) – 6
Palmito da serra – 1
Pau-brasil – 2
Pitanga
Saboneteiro – 7
Sangra dágua
Santa Bárbara –
Sapucaia - 4
Sibipiruna – 2
Triplaris – 3
Urucum – 2
Uvaia – 1

Culturas anuais:
Milho (linha das árvores)
Mandioca (apenas para tirar ramas plantada na parte superior da área e na parte de baixo, açafrão no lugar da mandioca)
Açafrão

Culturas semi-perenes
Vinagreira
maracujá – mudas plantadas nos tocos das árvores queimadas.

Plantas adubadeiras:
Margaridão: na parte de cima onde o solo é mais seco foi plantado deitado e na parte baixa, em pé. A estaca em pé tem raízes mais profundas, porém até o total pegamento, a muda é frágil e qualquer esbarrão prejudica o pegamento, enquanto que a estaca deitada demora mais para brotar, porém apresenta número maior de brotações.

Coquetel de adubação verde - feijão de porco, girassol, guandu, tefrósia, mamona, milho, crotalária

AVALIAÇÃO
O público do mutirão foi 30% menor em relação ao habitual. Para muitos, isso resultou em eficiência no processo, melhor organizado. Diurene e Gaminha estabeleceram um pré-desenho na área pré-coveada para a banana (cultura raiz) e souberam repassar isso no planejamento participativo. Para os próximos mutirões deve ser elaborado o croqui em papel pardo para ficar registrado e memória do módulo agroflorestal.



Confraternização.




Facilitador: Antonio C. P. Devide - pesquisador da APTA
Fotos: Imagens cedidas por Silvia Cardinalle do IBS - Instituto Biosistêmico
Relator: Clóvis Oliveira- pesquisador do Instituto de Botânica
Revisor: Antonio Devide (APTA)

REALIZAÇÃO: