5 de mai. de 2022
Agrofloresta é tema de Vivências em Designs Sociais no SESC São José dos Campos
3 de mai. de 2022
2ª Reunião da Rede Agroflorestal - 2022
Terça feira, 03 de maio das 18:00 até 19:30h.
Programação:
- Apresentações
- Informes
- Leitura das Memórias da 1ª Reunião
- PLEAPO - PLANO ESTADUAL DE AGROECOLOGIA DE SP - facilitador/articulista pesquisador Clóvis José Fernandes do Instituto de Botânica/IPA e um dos fundadores da Rede Agroflorestal
- Objetivo: articular a participação do Vale do Paraíba na construção do PLEAPO
- Avaliação e encaminhamentos
28 de abr. de 2022
27 de abr. de 2022
1ª Formação em CSA do Vale do Paraíba
No último feriado (21-24/Abril/2022) tivemos a 1ª Formação em CSA do Vale do Paraíba! Foram 4 dias de formação no Sítio Ecológico dentro do assentamento Nova Esperança aqui em SJC, tudo organizado pelo balaio de CSAs do Vale do Paraíba.
Na Quinta tivemos a presença da Valéria Pascoal, uma das fundadoras da CSA Brasil, falando sobre saúde numa aula bastante interativa com os participantes.
Na sexta fizemos visitas aos sítios onde estão as CSAs Pindorama e Sítio Ecológico, conhecendo as atividades dos agricultores de perto.
Já no Sábado a tarde tivemos a presença da agrônoma Luciana falando sobre planejamento de produção, uma ferramenta extremamente importante para as CSAs.
Finalizamos o 4º e último dia com uma noite cultural animada em volta da fogueira conversando sobre a história do assentamento do MST, Nova Esperança e violão.
Agradecemos também o Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos e região que deram um aporte financeiro e de estrutura para que este encontro acontecesse.
#sjc #agroecologiafamiliar #csabrasil #saojosedoscampos
Organização: Thais Rodrigues da Silva - CSA Guajuvira e equipe do Assentamento Nova Esperança
Imagens: Doni Firmino, Thais Rodrigues da Silva e Bruna
19 de abr. de 2022
1º Encontro de restauradores da paisagem de Pindamonhangaba
A restauração de áreas degradadas por meio dos SAF - Sistemas agroflorestais com o uso de árvores frutíferas nativas e plantas alimentícias não convencionais (PANC) está em crescente evolução no Vale do Paraíba paulista.
Figs. 1 e 2. Produção de PANC, destaque para os rizomas tropicais e sementes diversas para SAF.
A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba tem sido importante no fomento da restauração de áreas por meio dos mutirões agroflorestais que unem pessoas de diferentes origens. O ‘estudo da paisagem’ e o ‘aprender fazendo’ são métodos de trabalho que despertam a sensibilidade para a análise do ambiente e o aprendizado prático insere as pessoas na restauração através do manejo agroflorestal.
A APTA - Unidade Regional de Pesquisa e Desenvolvimento de Pindamonhangaba (Polo Regional) também trabalha para fortalecer a Rede Agroflorestal por meio de projetos, cursos, oficinas, dias de campo, mutirões e informações técnicas de pesquisas como subsídios à implantação de SAF.
Figs. 3 e 4. Rizomas tropicais em SAF com gliricídia, linhas externas com banana e ora-pro-nóbis.
Os SAF e a Segurança Alimentar e Nutricional são temas trabalhados em conjunto nas pesquisas. O uso das PANC na alimentação e o resgate de espécies alimentícias negligenciadas visa contribuir na promoção da alimentação equilibrada e saudável, rica em fontes de fibras, proteínas e minerais.
Figs. 5 e 6. Cultivo de amendoim amazônico, detalhe dos frutos com sementes ricas em ômega 3, 6 e 9.
Valorizar as espécies alimentícias e as frutas nativas do bioma Mata Atlântica nos projetos de restauração com SAF também fortalece a geração de renda e a valorização das propriedades rurais com um paisagismo regenerativo que fortalece os corredores ecológicos necessários para a conservação da biodiversidade.
Figs. 7 e 8. SAF com araribá, macaúba e frutas nativas e suas contribuições como corredor ecológico.
O incentivo ao cultivo de frutas nativas deve aumentar a demanda por uma área equipada para o processamento dos alimentos, pois algumas frutas, como a palmeira juçara e a uvaia, necessitam ser despolpadas para o uso e a comercialização, gerando renda aos produtores rurais.
Fig. 9. Cerca viva de pitanga em plantio direto
É nesse sentido que se desenvolve o projeto “Sistemas Agroflorestais (SAF) com Frutas Nativas e Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) em Pindamonhangaba – SP”, executado pela APTA e Corredor Ecológico do Vale do Paraíba, com financiamento da empresa ‘Performance Specialty Products do Brasil Serviços e Comércios de Produtos Eletrônicos e de Proteção e Segurança Ltda.’ (‘Dupont’), para fortalecer a Rede Agroflorestal. Conta com o apoio da Prefeitura Municipal (Secretaria de Meio Ambiente) e do Governo do Estado (Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente).
São objetivos do projeto:
- fortalecer a Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba
- realizar oficinas de sensibilização para proprietários rurais
- pesquisar a agrobiodiversidade em propriedades rurais
- implantar SAF com ênfase em frutas nativas e PANC em propriedades rurais
- elaborar o planejamento individual das propriedades rurais (PIP)
- elaborar uma cartilha sobre o manejo e licenciamento ambiental dos SAF na propriedade rural
- reformar uma área da APTA para implantação de uma cozinha experimental
- iniciar a pesquisa sobre produção e processamento de frutas nativas e PANC em conjunto com os produtores rurais
No que diz respeito ao incentivo do processamento de alimentos, o apoio do projeto deve buscar adequar as instalações da APTA para receber equipamentos adquiridos pelo Instituto Auá, no âmbito do edital Ecoforte da Fundação Banco do Brasil. Esses equipamentos foram direcionados para a Rede Agroflorestal, para fomentar, através da APTA, a pesquisa aplicada e a capacitação de agricultores familiares. A pesquisa deve identificar as áreas de produção, as espécies nativas e exóticas utilizadas, a produção de frutos e outros dados de plantios, colheitas e processamento, a qualidade das sementes e do alimento, a produção de mudas, dentre outros aspectos.
Atividade de sensibilização do 1º Encontro de restauradores
Ocorreu na APTA, em Pindamonhangaba, um encontro envolvendo 20 pessoas, entre técnicos e proprietários rurais que visitaram pela primeira vez os sistemas de produção de base agroecológica, onde conheceram diversas PANC, frutas nativas, adubos verdes e sistemas de produção, com destaque para os SAF produtivos e com foco na restauração de áreas de proteção permanente (APP), implantados em mutirão agroflorestal, por meio de mudas e através da semeadura direta (muvuca) entorno do ano de 2013. Além disso, participaram de atividade prática.
Prática de manejo agroflorestal
A prática de manejo agroflorestal foi realizada em uma área experimental implantada em parceria com a Urbam de São José dos Campos no ano de 2021 e consistiu no plantio de uvaia, açafrão e feijão de porco.
Figs. 11 e 12. Corte do feijão de porco, plantio de uvaia e açafrão na faixa interna entre as bananeiras.
Descrição da área experimental
Linhas com bananeira BRS Princesa (tipo maçã) espaçadas 5,0x2,5m, intercalada na linha com mamona Paraguaçú em associação com as arbóreas exótica gliricídia e nativa eritrina mulungu, avaliadas em parcelas separadas quanto ao crescimento e aporte de fitomassa em poda (adubo verde).
Nas entrelinhas da banana o feijão de porco (adubo verde) foi cortado e ressemeado junto com o plantio de mudas de uvaia plantadas a cada 5,0m, associadas de cada lado com uma fileira de açafrão.
Fig. 13. Croqui do SAF simplificado para pesquisa do manejo de arbóreas para adubação verde.
Dados do 1º Encontro de restauradores da paisagem de Pindamonhangaba-SP
- Local: APTA - URPD Pindamonhangaba (Polo Regional)
- Data: 13/04/2022
- Horário: 7:30-12:00 h
- Programação:
- 7:30-8:00 h -Acolhimento e café colaborativo
- 8:00-9:00 h -Corredor Ecológico e Serviços Ecossistêmicos (Corredor Ecológico)
- 9:00-10:00h -Visita ao Banco de Matrizes e Mudas de PANC - PqC. Cristina Castro, APTA/SAA
- 10:00-11:00h -Modelos de Sistemas Agroflorestais com Frutas Nativas - PqC Antonio Devide, APTA/SAA; Engº Agrº Luis Fernando Sousa
- 11:00-11:30h - Avaliação e Encerramento
- Degustação de alimentos da Mata Atlântica compartilhados por todos contendo sucos de polpa de juçara e de cajá, chá de capim limão, combuchas diversas, café do Vale do Paraíba, pão de abóbora, geleia de beterraba com especiarias, castanha de amendoim amazônico dentre outros alimentos.
Fig. 14. Produtos locais do lanche compartilhado pelos participantes.
Participantes:
- Proprietários Rurais - Pedro Magalhães, Aline Lopes, Eleandra Plosch, Andreas Plosch, Marcelo Rebellato, Ana Paula do Amaral, Gabriel Bustamante Souza, Marcielle Monize, Luciano Costa, Irineu Pinto.
- APTA - Antonio Devide, Cristina Castro, Luis Fernando Oliveira.
- Corredor Ecológico - João Vitor Mariano, Giovana Neves, Carlos Silvestre.
- Instituto Auá - Thiago Mônaco e Adrian Pereira.
- IA3 - Flavia Tiaki.
14 de abr. de 2022
Cartografia Biogeográfica e da Paisagem
LANÇAMENTO:
O livro Cartografia Biogeográfica e da Paisagem Vol.III, organizado pelo Prof Eduardo Salinas Chavéz e Leonice Seolin Dias, está disponível gratuitamente no site:
https://www.estantedaanap.org/product-page/cartografia-biogeogr%C3%A1fica-e-da-paisagem-volume-iii
O capítulo 11 intitulado:
"Estudos de representações cartográficas de riscos de desastres socioambientais a partir de informações cidadãs", de autoria: Débora Olivato, Humberto Gallo Junior, Fabio L. Pincinato e Izabela de Souza, encontra-se entre as páginas 247 à 266. E apresenta algumas técnicas para levantar e cartografar informações referentes às percepções e vivências dos cidadãos/ãs sobre ameaças e riscos socioambientais do lugar onde residem.
Os três estudos demonstram a viabilidade de registrar as informações e promover espaços de diálogos e aprendizagens conjuntas- sociedade-técnicos - pesquisadores.
Boa leitura! Abraço
Débora Olivato
12 de abr. de 2022
MANEJO DE PODA PARA CONTROLE DO ÁCARO DA LICHIA
Dia de Campo na Unidade Demonstrativa Agroecológica – Sítio Benvinda Conatti, no Projeto de Assentamento Conquista em Tremembé da companheira Deise Alves.
Por: José Miguel Garrido Quevedo, Perito Federal Agrário do INCRA SP
A Cooperativa Mista de Agricultores de Tremembé e Região vêm se esforçando para incentivar a Transição Agroecológica de seus cooperados.
O Objetivo da Unidade Demonstrativa Agroecológica é propiciar caminhos buscando esta transição, particularmente na instalação de Sistemas Agroflorestais. Assim foi instalado a unidade demonstrativa apoiada pelo Instituto Auá, visando o manejo de Sistemas Agroflorestais com ênfase na Restauração, mas também com foco na produção de citros, lichia e frutíferas nativas, tais como uvaia, cambuci, grumixama, cereja do rio grande, jabuticaba e as espécies nativas para madeira, como o guanandi, louro pardo, ipês, mognos e a exótica eucalipto.
O Projeto é financiado pela Fundação Banco do Brasil - FBB, que forneceu os fertilizantes Yoorin, Ekosil, calcário, além de farinha de osso, composto pró-vaso e adubos nitrogenados torta de mamona e N organ; as sementes de adubo verde feijão de porco, feijão guandu, crotalária, nabo forrageiro e girassol, além do preparo de solo.
Já a TNC (The Nature Conservancy) proporcionou o plantio por muvuca, onde o solo foi preparado por meio de gradagens a fim de controlar a braquiária e deixar o solo solto. Depois foi passado o tratorito fazendo linhas em sulco num espaçamento de três metros para permitir que se fizesse a passada de roçadeira para incorporar matéria orgânica na linha. Nesta linha de plantio foi semeado as sementes de 80 espécies de nativas, mais os adubos verdes guandu, feijão de porco e crotalária, além de milho e abóbora. Na lateral destas linhas foi plantado manivas de mandioca.
O grande desafio desta agricultora é tornar o carro chefe do lote, o produção de Lichia, orgânico. O convívio com o ácaro da erinose e o tratamento com homeopatia e a adubação orgânica vem sendo o manejo aplicado. Este ano vai ser realizado o manejo da poda que até os dias atuais vêm se mostrando como o melhor forma de controle para a infestação pelo ácaro da erinose da lichia. Trata-se da poda preventiva e poda de controle permitindo que a atividade da lichicultura seja conduzida de forma satisfatória.
31 de mar. de 2022
1ª Reunião da Rede Agroflorestal - 2022
Programação:
- Apresentações: 18-18:30h
- Informes: 18:30-19:30h
- Plano de Ação (prioridades e publicação)
- Formação de Grupos de Trabalho
- Projetos em andamento em 2022 (Pinda. e Lagoinha)
- Regimento interno (calendário de oficinas para elaboração)
- Avaliação e encaminhamentos
"Podemos ir trocando impressões sobre a proposta que está nessa imagem. Onde fala Plenária aberta - leia-se: Assembleia Geral. Representantes de Núcleos são pessoas que transitam no território e tem facilidade de atualizar os assuntos que precisam ser de conhecimento público. Muitas vezes nem todas as pessoas conseguem participar. Principalmente para os assentados de reforma agrária. Ter um representante de núcleo articulando um assentamento, uma região, ajuda muito. Por exemplo, o nosso amigo Guilherme Ferrão lá na Mantiqueira, dando um acompanhamento maior nas atividades da Rede, repassando as informações na região que atua, trazendo demandas, impressões..."
"Onde consta Conselho diretor, leia-se: Conselho Deliberativo - está trabalhando para finalizar a institucionalização da Rede. Mas o mais importante nesse processo é a participação de todos na elaboração de um Regimento interno. Muitas questões precisam ser respondidas: Quem é da Rede? O que é preciso para fazer parte da Rede? Precisa criar uma mensalidade? Precisa ter carteirinha? Qualquer pessoa pode falar em nome da Rede? Como a Rede pode se fazer presente nos conselhos municipais? Como podemos elaborar e encaminhar propostas para que políticas públicas de apoio aos SAF sejam criadas em cada município? ..."
"Os GT são Grupos de Trabalho. Muitas atividades já acontecem, mas quase sempre as pessoas não se enxergam como parte de um GT. É importante organizar essas dinâmicas e estabelecer padrões (essa palavra não é muito boa). Por exemplo: pré requisitos para fazer um mutirão - vistoria prévia com facilitadores (agricultorxs e/ou técnicos), avaliação com a pessoa da localidade + estudo da paisagem + definir o foco do SAF + definir se a situação demanda restauração ou já pode iniciar com a produção... metodologia do mutirão: roda de apresentação + acolhimento + cantoria/dança circular + estudo da paisagem + apresentação da proposta de trabalho + formação de equipes + avaliação e calendário de mutirão + almoço + confraternização + troca de sementes e mudas. Não somos tarefistas!!!"
Lista de pessoas que confirmaram a presença:
-Guilherme
- Marcielle
- Ana
- Goura
- Oliver
- Renata Egydio
- Doni
- Pedro/São Luiz do Paraitinga - Sítio Flor da Rainha
- Guilherme Ferrão
- Cacau
- Rogério Rabelo
- Leonardo
- José Miguel
- Bruno Pardal
- Isabela
- Valdir Martins
- Lucas Lacaz Ruiz
- Vinícius Favato
- Any Bittar
- Fabio
- Eduardo Bellesini
23 de mar. de 2022
...é desafiador sair ilesa dos momentos em que olhar e mãos ganham sentido de profundeza.
Por Dábila Cazarotto*
Escrevo porque é desafiador sair ilesa dos momentos em que olhar e mãos ganham sentido de profundeza.
Das caminhadas que meu pensamento faz, eis que mais uma delas ganha realidade na tessitura dos meus dias.
Sim, lá onde o dia começa antes do amanhecer: dormir com a lua de farol na janela aberta, acordar com café e atenção para não pisar em cobra, dividir em pão e palavras a vontade de fazer com que as coisas cresçam e deem certo para todas e todos juntos da terra!
Acordar o irmão que acorda o filho, que acorda um caminho longo a ser seguido. Pegar as mudas que mesmo caladas, ecoam os seus cânticos de verdejar o dia que aflora. É roça, é boi, fio, enxada e facão. É a vida tentando dilatar entre os canteiros do latifúndio. Vida que se faz comunitária, transpassa lote do outro na tecnologia social de cooperar para que unidos possam crescer.
Quando chegamos no lote de Kombi, percebi buracos cavados no chão. Minha mente tropeçou na surpresa de ver maneiras tão redondas de se fazer furo na terra. Ver tantos buracos levou para um lugar distante dentro de mim.. "a gente já nasceu com tantos furos no peito e as contradições da vida só fazem eles crescerem, né?".. Penso:
- quem faz os buracos dentro da gente?
- quantos buracos cabem em cada corpo?
- porque deixamos fazer?
- como tapar buracos?
- como semear remendos?
Provocações fazem dança dentro da cabeça, enquanto isso, o corpo pega nutrientes, esterco, gel para hidratar o solo, enxada e mudas. Lá vamos.. de buraco em buraco, preparando as camadas para plantar as árvores do sistema agroflorestal: a gente intercala uma árvore nativa, com uma bananeira, no final somos 4 e plantamos +/-30! Somos poucos e fazemos muito no que é possível!
Olhei para longe, as colinas do Vale tem essa mania de encantar, ainda mais de manhã quando o sol entra nelas. Olhar para longe me fez perceber a grandeza do perto. Após o trabalho, não havia mais buracos eles não deixaram de existir mas, sim, ganharam novos significados de direções. Buracos que não fazem mais furo no sentido para baixo, agora buraco virou semente em ninho de árvore para criar vida e alimento, limpar água e ar, ser casa para bicho voador... Buraco, agora, vai cutucar o céu com esperança da partilha entre os diversos que se unem em um propósito comum.
Pisco olho e sinto uma quentura. Ela não vem do Sol de fora, é de dentro do tórax que cresce acho que com tais pensamentos e vivência ao lado dos companheiros, algum buraco foi "replantado" aqui dentro deste corpo.
Aprendo novamente que plantar é cura!
Estar juntos na fúria da Esperança em luta também!
Que nossas escolhas sejam coletivas e compartilhadas, igual colheita de São João!!!
Agradeço por estar com vocês!
Até abril,
Lagoinha, 20 de Março de 2022.
Dábila Cazarotto - autora do texto e imagens.
*participante da vivência agroflorestal do MST (janeiro/2022) (short laranja), participante da Ciranda e da Inauguração da Biblioteca 'Joel Gama' da Escola Popular Ana Primavesi no Assentamento de Reforma Agrária Egídio Brunetto e do lançamento do livro "Krenak, o menino de braços compridos" (19/03/2022), da Marcha Mundial de Mulheres e Teia dos Povos.
10 de mar. de 2022
A Lua – O Sol noturno nos trópicos e sua influência na agricultura
Tradução: José Miguel
Garrido Quevedo e Thiago Ribeiro Coutinho.
Rede Agroflorestal Vale
do Paraíba.
1) Introdução
Muitos estudos consideram a luminosidade
lunar essencial para a vida e o desenvolvimento das plantas. Diferentemente da
luz solar que recebemos, a luz lunar exerce diretamente uma forte influência na
germinação das sementes, quando sutilmente seus raios luminosos penetram com
relativa profundidade, quando comparada com a força dos raios solares que não
conseguem penetrar em sua intimidade. Parece que o excesso de pressão que
exerce os fótons solares sobre os vegetais não permite o intercâmbio de
substâncias nutritivas que as plantas necessitam para seu crescimento normal,
ficando, por tanto, a missão de estímulos sedutores a luminosidade lunar para
que as sementes germinem fortes e sadias.
Por outro lado, está demonstrado, que a
intensidade da fotossíntese é bem superior em todas as plantas a partir da lua
crescente até o desenvolvimento pleno na lua cheia, o qual está compreendido
entre os três dias depois da lua crescente até três dias depois da lua cheia,
fenômeno atribuído cientificamente ao incremento da intensidade da luz lunar
sobre o nosso planeta.
2) Influência das fases da lua no
movimento da seiva das plantas:
Uma exemplificação: Quando cortamos as madeiras para as construções na fase da lua no quarto crescente até a lua cheia, as madeiras duram bem pouco, porque suas fibras estão carregadas com o máximo de água, que quando secas continuam com as fibras abertas, cheias de ar. As madeiras racham e resistem pouco as intempéries. Quando cortadas na lua minguante duravam mais e são mais resistentes a deterioração, por que a madeira tinha menos água e ao secar suas fibras ficavam fechadas, resistente ao tempo e aos insetos.
Por outro lado, associado a esta prática
das fases lunares, o corte das madeiras é feito no final de outono e nos meses
de inverno, época onde praticamente todas as árvores têm perdido as folhas e
sua atividade fotossintética se encontra reduzida.
Assim a prática dos campesinos é o corte
das árvores madeireiras estar limitado quase exclusivamente aos quatro meses do
ano que se escrevem sem a letra R, como são maio, junho, julho e agosto.
Outro exemplo de conhecimento campesino é
a semeadura de grãos na lua minguante, como milho e feijão a fim de se evitar a
proliferação de carunchos, ou ainda, o plantio de culturas que enramam como
batata, mandioca e abóbora na lua minguante e na lua nova.
3)Influência das fases lunares na
fruticultura: Podas – A tarefa das podas e as limpezas de árvores enfermas, se
centralizam na fase da lua minguante até a lua nova, evitando podridões e
obtendo-se uma rápida e melhor cicatrização. A plena lua nova é considerada
como a fase onde tudo se limpa. Todas estas atividades não são executadas entre
a lua crescente e a lua cheia, (período intensivo “águas acima”) porque a seiva das plantas e das
árvores está nos brotos e nas partes mais novas das mesmas, muitas plantas ou
árvores podem debilitar-se e até morrer se não estão bem nutridas e bem
fortificadas. Em compensação, esta fase lunar – crescente e cheia – é ideal
para colher frutos em seu estado mais rugoso, tais como, mamão, pinha, manga,
fruta do conde, limões, tomates, pêssego, uva, carambola, ciriguela, goiaba,
melão, melancia, amora, etc. Para a realização de podas em árvores novas,
período de formação de copa e produção de estacas, se recomenda realizar estas
atividades entre a lua nova e a lua crescente, com a finalidade de estimular o
rebrote vegetativo dos mesmos; por outro lado, este período lunar – nova e
crescente – é o mais apropriado para o transplante de plantas de um lugar para
outro, e é o espaço ideal para a poda de raízes das árvores ornamentais tipo
bonsais. Finalmente, a poda dos brotos vegetativos, no cultivo do morango, se
deve realizar durante a influência da lua minguante, para evitar o
debilitamento do cultivo e a queda da produção de frutos.
4) Influência das fases lunares no semeio
e transplante de plantas que crescem e frutificam acima da terra: Parece que a
norma comum seguida nas “épocas do passado” era semear na lua crescente (depois
dos três primeiros dias da lua nova, até os últimos dias de lua cheia – período
extensivo “águas acima”), de preferência dois ou três dias antes da lua cheia,
todas as plantas que crescem em altura e dão frutos, como tomates, pimentas,
berinjelas, pimentões, pepinos, feijão, favas, allho porró, couve chinesa e
outros legumes. E os cereais, cevada, aveia, arroz, trigo, milho, etc.
5) Influência das fases lunares no semeio
e transplante de plantas que desenvolvem debaixo da terra: Semeiam-se na lua
minguante (depois dos três últimos dias da lua cheia, até os três primeiros
dias de lua nova, período extensivo “águas abaixo”) todas as plantas que se
desenvolvem abaixo da terra, como cenouras, nabos, batatas, beterrabas, cebolas
de cabeça, alhos, rabanetes, etc.
Observação importante: Todas as plantas
que nascem rente a terra, como alfaces, acelgas, espinafres, couve de folhas,
cujo produto para consumo são as folhas frescas, deverão ser semeadas na fase
lunar minguante, por que quando se semeiam na lua crescente, tendem a subir a
flor prematuramente, fenômeno mais comum com as alfaces.
6) Influência da lua na colheita de
frutos, hortaliças, legumes frescos e grãos verdes para consumo imediato: A colheita de frutos, hortaliças, legumes frescos e grãos verdes para o consumo
imediado pode ser dividido em dois períodos:
6.a) Período intensivo de colheita: Com aproximadamente
sete dias de duração, compreendidos entre os três depois da lua crescente, até
três dias depois da lua cheia (período intensivo de “águas acima”). É o momento
onde frutos, hortaliças, legumes, grãos verdes e milho verde se encontram em seu
estado mais rugoso, ao mesmo tempo que há uma maior concentração de sabores.
6.b) Período extensivo de colheita: Com mais ou menos quatorze dias de
duração, no qual, ademais de contemplar o período anterior, considera
aproximadamente os quatro últimos dias da lua nova (os frutos recém começam a
ganhar o máximo de turgor) e os três primeiros dias depois da lua cheia, onde
os frutos começas a ter menos quantidade de suco (período extensivo de “águas
acima”). Se consideram a colheita de: milho verde, ervilha, favas verdes,
feijões, pepinos, alfaces, acelga, aipo, vagens verdes, hortaliças com flores
como couve-flor, brócolis, alcachofra, berinjela, espinafre, feijão verde,
cebolas largas ou de ramas, tomates e pimentões rugosos, para consumo imediato,
para cidras, grãos pré germinados, morangos, amoras, cerejas, mangas, abacates,
laranjas, limões, mamão, melancias, melões, abóboras, goiabas, carambolas,
pinhas, fruta do conde, ameixa, pêssego, uvas, figos, maracujá, jabuticaba,
goiaba, maçã, pera, nêspera, acerola, etc.
7) Influência das fases lunares para
colheita de grãos secos, cereais e conservar alimentos: A melhor lua para colher e conservar
grãos secos e alimentos que durem mais tempo em bom estado, tenham melhor sabor
e sejam mais resistentes contra o ataque de insetos e microrganismos quando
armazenados, é a lua minguante. Dentre o grupo de colheita de grãos secos
destacam-se: milho, arroz, gergelim, aveia, trigo, cacau, cevada, coco, feijão,
grão-de-bico, girassol, amendoim, lentilha, soja, sorgo e sementes de forma
geral.
Referência Bibliográfica:
RIVERA, Jairo Restrepo. A Luna- El Sol nocturno em los trópicos y su influencia em la agricultura. Servicio de Información Mesoamericano sobre Agricultura Sustenible, 1ª edição, Manágua, 2004. 214 p.
21 de fev. de 2022
MUTIRÕES DE PLANTIO AGROFLORESTAL NO SÍTIO NOSSA SENHORA APARECIDA - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP
Datas: 30 de janeiro, 03, 06 e 13 de
fevereiro de 2022
Local: Sítio Nossa Senhora Aparecida,
Assentamento Nova Esperança, São José dos Campos-SP
Por Débora OlivatoPesquisadora do
Programa CEMADEN Educação - Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, MCTI - Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovações
Humberto Gallo JuniorPesquisador
do Instituto de Pesquisas Ambientais - IPA/SIMA-SP, Taubaté/SP
Luciano ReisAgroflorestor do Sítio
Nossa Senhora Aparecida e coordenador da CSA Pindorama
Neste início de 2022, foram realizados diversos mutirões no Sítio Nossa Senhora Aparecida, localizado no Assentamento Nova Esperança em São José dos Campos – SP para o reflorestamento de uma área degradada, com base no sistema agroflorestal (Figura 1).
Esse é mais um dos projetos sustentáveis que o Sítio acolhe. Outros exemplos de projetos desenvolvidos são o manejo orgânico, a inserção da produção de hortaliças nos moldes da agricultura sintrópica, a expansão das áreas de sistemas agroflorestais (SAF), produção de shimeji e a formação de uma Comunidade que Sustenta a Agricultura familiar – CSA.
O terreno reflorestado foi um topo de morro, próximo a uma área de preservação permanente com nascentes, que sofreu um incêndio ocasional em 2020 (Figura 2). Dentre os objetivos desta ação estão a recuperação ambiental por meio da SAF com um consórcio de mudas de espécies florestais e frutíferas com ênfase nas nativas e diversidade de Citrus, para o aumento da recarga hídrica e combate ao escoamento superficial da água da chuva.
Esse conjunto de ações, orquestrado pelo agroflorestor Luciano Reis, teve o apoio do Instituto Auá, por meio do projeto Semeando Economia Verde na Mata Atlântica, e de outras instituições, como a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, a CSA Pindorama, a Biblioteca Lucio Reis, Adubamente e Empresa de Consultoria Ciranda Ecológica.
Os mutirões ocorreram nos dias 30 de
janeiro, 03, 06 e 13 de fevereiro de 2022, numa área de 2 hectares, onde foram
constituídas 07 linhas para o plantio de 21 espécies, sendo elas: algodoeiro, angico
branco, araçá amarelo, araçá do campo, aroeira pimenteira, aroeira preta, babosa
branca, canafístula, copaíba, cabeludinha, goiaba, guapuruvu, figueira branca, guaratã,
guaritá, ingá, jacarandá, mutambo, sabão de soldado, tamanqueira, sangra d'água,
urucum, grumixama, guanandi e ipê branco (Figura 3).
Para adubação dos berços utilizou-se potássio (ekosil = rocha moída), calcário, torta de mamona e composto orgânico. A adubação verde foi formada por um coquetel de sementes contendo feijão de porco, feijão guandu, nabo forrageiro, crotalária, urucum, aroeira pimenteira e quiabo caturrão. Ainda foram plantadas abóboras em 3 linhas, no pé das mudas.
A realização do plantio direto, com a
distribuição adequada das espécies nos 07 canteiros apenas roçados, teve como
base a filosofia do SAF, a partir do estudo da paisagem, dos grupos, funções e
preferências ecológicos das espécies arbóreas utilizadas, com orientações de Antonio
Carlos Devide, da Rede Agroflorestal Vale do Paraíba, do consultor Vinícius
Favato (Ciranda Ecológica) e do agroflorestor Luciano Reis (Figura 4).
O plantio direto foi feito em linhas (Figura 5), com citros a cada 4 metros, intercalados com espécies florestais e frutíferas nativas. No primeiro mutirão (30/01), por exemplo, foram plantadas 7 linhas com 50 metros (350 metros lineares), com mudas nativas e frutíferas a 1 metro de distância uma da outra e entre linhas de 3 metros. No mutirão do dia 06/02 foram plantadas 6 linhas, totalizando 210 metros lineares (Figura 5). O espaçamento de 3 metros entre as linhas será utilizado para o plantio futuro de batata inglesa com semeadura de capim marandú (Andropogon gayanus).
O grupo de voluntários foi acolhido pela família do sitiante com muito carinho. Foi realizado café comunitário e almoço com produtos orgânicos colhidos no próprio sítio. Em todas as etapas houve medidas de segurança para evitar a transmissão do COVID-19, como uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social e muito respeito. A realização dos mutirões proporcionou muito aprendizado e troca de experiências, demonstrando a importância dos trabalhos desenvolvidos em rede.
Edição para o blog
Antonio C. P. Devide – Pesquisador da
APTA Vale do Paraíba