25 de nov. de 2019

ACONTECEU: Atividade prática do curso SISTEMAS AGROFLORESTAIS

VIII Simpósio de Restauração Ecológica (05/11/2019)


Responsáveis: 
Dr. Antonio Carlos Pries Devide (APTA)
Dr. Domingos Savio Rodrigues (Instituto de Botânica - IBot)

Relatora: Déborah Moreira (CETESB)

O módulo implantado fica anexo a uma área de pesquisa com SAF gerida pelo pesquisador do IBot Clóvis José Fernandes de Oliveira Junior, onde desenvolve a avaliação de plantas medicinais e o efeito do manejo de culturas de cobertura no aporte de matéria orgânica e nutrientes, bem como os impactos no solo. O Dr. Clóvis é um dos membros fundadores da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba que teve início nas atividades nos idos do ano de 2012.

Área de pesquisa com SAF gerida pelo pesquisador Clóvis José Fernandes de Oliveira Junior

A atividade iniciou com todo o grupo unido em roda, sob as árvores próximas ao local de plantio, ao som das cigarras e passarinhos......
Além dos participantes do  Curso três trabalhadores contratados pelo IBot tiveram valiosa colaboração nas explicações de culturas tradicionais tais como cará, macaxeira, feijão de corda.

Foram demarcados 4 módulos de 5 linhas (8m de comprimento) com espaçamento de aproximadamente 1m.
Distribuição dos módulos na área de plantio:
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4

Distribuição aproximada das espécies plantadas no módulo:
1ª linha
2ª linha

3ª linha
4ª linha
5ª linha






Guandu
Mandioca + feijão de porco

Milho + mamona
Mandioca + feijão de porco
Banana





Guandu
Banana
Mandioca + feijão de porco

Guandu + crotalária
Mandioca + feijão de porco
Quiabo
Guandu

O


Feijão de corda

Batata doce

U

Batata doce
Guandu
Quiabo+ Feijão de corda
Mandioca + feijão de porco
E
T
E

Mandioca + feijão de porco

Gliricídia + cará moela
Guandu + cará moela+gliricídia

Cana

Mandioca + feijão de porco

L
Cana
Mandioca + feijão de porco

Mandioca + feijão de porco

Guandu

Quiabo

Feijão de corda
Guandu

Batata doce
D
E


Mandioca + feijão de porco

Guandu
Banana
Mandioca + feijão de porco


S
E
M
Milho + mamona
cana

Batata doce

Feijão de corda
Guandu
Mandioca + feijão de porco

E
N
T

Mandioca + feijão de porco

Guandu
Araruta ou zedoária
Mandioca + feijão de porco
E
S
Guandu + crotalária
Mandioca + feijão de porco

Banana

açafrão


Observações:
- carro-chefe do plantio: bananeira;
- tipos de bananas plantadas: platina, nanicão, prata, IAC 2001, conquista;
- tipos de cana de açúcar plantadas: 3046, 5000, 4039;
- espécies que compuseram o coquetel de sementes: mamona, sorgo vassoura, feijão de corda, tefrósia, feijão de porco e quiabo;
- porções das plantas utilizadas no plantio: raiz e rizomas (batata doce, açafrão, araruta, zedoária, cará), rama (mandioca, cana), mudas (banana, árvores, PANCs), estaca (gliricídia), sementes (coquetel, guandu, crotalária);
- mudas de espécies arbóreas plantadas: jatobá (plantado no canto, no módulo 1), pitanga, araçá, uvaia, cereja da mata, jabuticaba, cabeludinha, araçá-piranga (frutíferas), além de angico, babosa branca, amora, ingá, araribá e eritrina (serviço);


Identificação das espécies para posterior plantio: ênfase  em frutas nativas da família Myrtaceae
Foram implantados quatro módulos (faixas) e mais um anexo de PANC.
- no módulo 1 foram plantadas mudas de PANCs, em linha: vinagreira verde, capuchinha, ora-pro-nobis, almeirão, vinagreira–roxa;
- no local havia um sauveiro grande (em especial sob os módulos 3 e 4).


Localização aproximada da área de implantação do SAF (em amarelo), delimitado sobre imagem disponível no Google Earth.

Pela imagem, conclui-se que o módulo 1 se localiza na porção oeste do plantio (área de ocorrência das saúvas) e o módulo 4, na porção leste (onde se plantou o jatobá).

Relatora: Déborah Moreira
Bióloga, Mestra e Doutora em Ecologia (Ecossistemas Terrestres), pelo Instituto de Biociências - USP. Trabalhou no desenvolvimento de modelos alométricos para a estimativa de fitomassa epigéa de floresta (mata ciliar, mata atlântica) e desde 2011 atua na CETESB, no licenciamento ambiental, na Agência Ambiental de Guarulhos (Av. Papa João XXIII, 219, Bosque Maia, Guarulhos).

Relato pessoal: Há muitos anos leio sobre as experiências com sistemas agroflorestais, porém nunca havia tido a oportunidade de participar ou fazer um curso. Nos últimos anos, acompanhando processos de restauração de áreas degradadas (TCRAs), tenho visto que os métodos tradicionalmente aplicados (plantio de mudas de espécies nativas, iniciais e tardias....) não vêm trazendo resultados satisfatórios, na maioria dos casos. Entendo que tais métodos não promovem a restauração dos processos básicos do funcionamento dos ecossistemas, daí o insucesso. No entanto, continuam sendo propostos nos processos de licenciamento ambiental, sendo raros os projetos de recuperação de áreas degradadas utilizando outros métodos. Conhecendo os SAFs, acredito que devam ser mais amplamente utilizados. Assim sendo, tenho buscado conhecer mais desse assunto, a fim de poder melhor avaliar e recomendar sua utilização nas propostas de compensação ambiental. 

Revisão e adaptação para blog: Antonio Devide - Pesquisador da APTA
Imagens: Déborah Moreira e Antonio Devide


24 de nov. de 2019

ACONTECEU: MUTIRÕES AGROFLORESTAIS NO VALE DO PARAÍBA

TREMEMBÉ
Data: 23/11/2019
Local: Sítio Beija Flora, Assentamento Olga Benário
Agricultores: Carmem Faria e Valdir Nacimento
Objetivos: manejo e introdução de espécies: café, jatobá, inga, feijão de corda, quiabo, margaridão e boldo do chile






















Relato fotográfico: Carmem Faria Nascimento


xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx


TAUBATÉ

Data: 16/11/2019
Local: Ares da Piloa, em parceria com Mata do Mani
Agricultores: Tiago Prota, Giovana Soares, Anderson

Objetivo: iniciar a implantação do primeiro SAF em uma área de 250m² 


Atividade: implantação de SAF biodiverso bem adensado com aproximadamente 25 espécies de árvores nativas e exóticas em linhas. 


Nas entrelinhas das árvores foram plantados canteiros com sorgo, milheto e capim mombaça para a produção de matéria orgânica no local. 


Nos 750m² restantes serão plantadas 2 ou 3 linhas de árvores entre os canteiros de hortaliças. Essa área se destina a produção de hortaliças para o atendimento das demandas da CSA de Taubaté. 


O trabalho coletivo possibilitou fundar a primeira CSA de Taubaté em outubro/2019 e hoje em dia o trabalho envolve 17 famílias de co-agricultores. 


Relato: Tiago Prota


xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx


SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Data: 23/11/2019
Local: Sítio Guapuruvú, Lote 51 - Assentamento Nova Esperança
Agricultores Adagilson, Lúcia


Relato Mutirão no Assentamento Nova Esperança São José dos Campos, lote Adagilson.


LOCAL
No dia 09 de novembro, uma manhã chuvosa e nublada, reuniram - se no Projeto de Assentamento Nova Esperança em São José dos Campos mais um grupo desejoso em promover e experienciar o contato e o trabalho com a terra através da implantação de mais um SAF- Sistema Agroflorestal.  A experiência coletiva, o trabalho compartilhado, a disseminação dos conceitos e da filosofia da agroecologia preenchem a atmosfera e significam o momento.  

PARTICIPAÇÃO POPULAR
Mutirão articulado pelas companheiras e companheiros do assentamento em parceria com representantes do Parque Vicentina Aranha, onde realizam feira agroecológica semanalmente. Também estiveram presentes integrantes da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e do Coletivo Sustentabilidade de São José dos Campos, demonstrando a potencialidade do que é trabalhar em redes e conseguir integrar os atores sujeitos dos distintos territórios.
Antes de ir pro campo todas e todos reunidos compartilham um café e em seguida partem para área onde será implantado o SAF. É feita uma breve explanação e diálogo sobre o desenho planejado e determinado previamente pelos que elaboraram o mutirão, a fim de participar a todos antes do momento prático.

HISTÓRICO DO GRUPO
 O lote é o do agricultor Adagilson que já vem trabalhando com agrofloresta desde as primeiras ações da Rede Agroflorestal neste assentamento em meados de 2012, portanto uma área de experimentação e produção em sistema agroflorestal.
O grupo participante do mutirão é composto por diversos sujeitos com distintas experiências e contato com a terra, perpassando desde pessoas que tiveram o primeiro contato no mutirão até pessoas que tem uma longa caminhada de trabalho com a terra. Unindo e conectando os propósitos se reúnem para celebrar a terra e cuidar dela e juntos compartilhar experiências e saberes formando uma fraterna rede de troca.

PLANEJAMENTO E ATIVIDADE
A área já estava pré-preparada por implemento mecanizado e dividida em quatro linhas, sendo duas maiores aproximadamente (42m) e três menores (18m). 
Nas linhas foram plantados de 6 x 6 metros bananas, com eucalipto no mesmo berço, com a função de planta de serviço, entre as bananas 5 árvores seguidas sequencialmente, um ingá e no mesmo berço um coquetel de sementes com jatobá, sabão de soldado, juçara, entre outras, além de estacas de gliricídia que vieram da APTA.

As árvores do futuro, ingá e a gliricídia como plantas de serviço; depois uma nativa – cedro, ipê, aldrago; um citrus ou Cambuci; uma frutífera de estrato alto – manga, abacate, jenipapo e uma frutífera de estrato baixo – cabeludinha, uvaia, pitanga. 
Nas laterais das linhas das árvores foram plantados inhame em ambos os lados e mandioca de 1 x 1 metro com quiabo entre as árvores. As mudas foram produzidas pelo casal Carmem e Valdir, assentados da reforma agrária na Comuna Olga Benário, onde desenvolvem atividades como coletores de sementes florestais e produção de mudas.
Não houve inserção de insumos externos, apenas o recurso que já existia no organismo agrícola (cinza de fogão, esterco) e os resíduos de podas de árvores do município de São Jose dos Campos que o agricultor recebe da prefeitura e usa para enriquecer seu sistema agroflorestal.

INSTRUTOR
O educador popular Valdirzinho (Valdir Martins) foi quem orientou o mutirão e compartilhou com o grupo o que sabe e aprendeu nesses anos de agrofloresta e agricultura, buscando através da prática do aprender fazendo possibilitar aprendizagem, somando-se ao conhecimento de outros que também partilham da ciência da agrofloresta.

AVALIAÇÃO
O trabalho fluiu muito bem e pontualmente ao meio dia encerrou-se a atividade de campo e seguiu-se para o almoço agroecológico e avaliação da atividade. O almoço, como sempre, muito farto e saboroso, próprios da abundância que a terra nos oferece e das mãos amorosas que cultivam a terra e preparam o alimento.
Ao final, uma roda de avaliação com o compartilhamento dos olhares e impressões de cada um, sugestões para elaboração dos mutirões e construção de calendário no assentamento.

PARCERIAS
*Prefeitura Municipal de São José dos Campos – doação de mudas e fornecimento dos resíduos de poda para cobertura do solo (cavaco) e produção de cinzas (fertilizante).
**Parque Vicentina Aranha – articulação popular dos frequentadores/consumidores da Feira Agroecológica para participar dos mutirões agroflorestais.
***APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, tem sido parceira por meio de pesquisadores que lá atuam, e seus projetos de forte impacto, como o Vitrine Agroecológica (recursos da FUNDAG) desenvolvido com pesquisadores do Polo Regional Vale do Paraíba de Pindamonhangaba e o projeto AVALIAÇÃO DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS E CULTURAS USANDO OS MODELOS 3-PG e YieldSafe (recursos da FAPESP), que mantém um bolsista vinculado ao Polo Regional Centro-Oeste de Pindorama. Esses projetos apoiam a infraestrutura dos mutirões e visam ampliar as áreas com sistemas agroflorestais na bacia hidrográfica do Paraíba do Sul.

****Instituto Auá – manutenção de bolsista em projeto de coleta de sementes e marcação de matrizes de frutas nativas com a elaboração de inventário sobre a ocorrência dessas espécies no Vale do Paraíba. Recursos da Fundação Banco do Brasil (Ecoforte). 


Relatora -Mariana Pimentel Pereira
Revisão -Thiago Ribeiro Coutinho

Fotos-Lucas Lacaz