26 de dez. de 2019

FORMALIZAÇÃO DA REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA





A Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba está formalizando sua pessoa jurídica após 7 anos de intensas atividades. A campanha de financiamento coletivo será destinada às despesas de *formalização e manutenção jurídica/contábil*, por um período de 1 ano.

Vamos junt@s participar e unir forças na missão de impulsionar projetos ambientais de grande relevância coletiva!!!

Compartilhe, divulgue e contribua como puder e com o que puder!

Junte-se à nossa campanha na
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/formalizacao-da-rede-agroflorestal-do-vale-do-paraiba?fbclid=IwAR1o8DsRlMNhr_K2NNeCE9m_-W5ad60jAwtw2MF3CRbtaYUzVWeJrcuiVlE



18 de dez. de 2019

Relato de Mutirão Chácara Santana- Areias 07/12/2019


Relato de Mutirão 

Chácara Santana- Areias

07/12/2019


OBJETIVO DO MUTIRÃO...
No dia 07 de dezembro do presente ano, realizou-se um mutirão de implantação de sistema agroflorestal na cidade de Areias, localizado na região do vale histórico.
O sistema implantado teve como foco ou cultura principal as frutas nativas da mata atlântica, tais como Cambuci, uvaia, araçá roxo e vermelho, enfatizado.  
A vivência foi o início das atividades da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba na região, que também é de grande importância devido a sua localização ser parte da cabeceira do Rio Paraíba.

HISTÓRIA DO LOCAL DO MUTIRÃO...
A chácara Santana, localizada no centro da cidade está representada pela Lívia Pimentel, que reativou os trabalhos agrícolas na área da família. O local pertence à família desde a época do final do ciclo do café, meados da década de trinta, a região teve forte impacto cafeeiro e a chácara era palco de beneficiamento da cultura. Inicialmente foram apresentados os participantes junto de um delicioso café, a casa nos moldes antigos e com móveis de época , propiciaram um mergulho no tempo e no passado marcado pela relação mais próxima da terra e das relações familiares e entre vizinhos. Moradores do entorno marcaram presença, em destaque duas agricultoras com grande força de trabalho,Dna Maria e Dna Dita, que produzem alimentos e comercializam na feira local da cidade, os trabalhos iniciaram as 11h da manha  com leve atraso.










A área onde implantou o sistema foi no passado utilizado pelo avô de Livia, com plantio de roça de feijão, milho e mandioca, depois serviu como pastagem para eqüinos ficando em pousio durante aproximadamente 8 anos.
O sistema implantado foi planejado e desenhado por Livia e seu companheiro João, com intuito de servir de modelo para os demais integrantes da família que estão animados com os plantios em sistemas agroflorestais e ainda possuem pouca informação sobre, mas desejam também trabalhar com as frutas nativas.
A área escolhida possui aproximados 900m² e está localizada a cota inferior de um morro com declividade. As linhas ficaram dispostas em curva de nível em sentido leste –oeste, ficando com  boa insolação. O desenho da área plantada ficou assim:

CROQUI DO SISTEMA AGROFLORESTAL:


F--- ------N-----------F-----------N------------F-----------N----------------F----------N--------F-----------N
   mand          mand         mand              mand                 mand          mand             mand
M---------M-----------M----------M------------M-----------M---------M------M--------M-------M-------M
Milho       milho     milho      milho    milho    milho    milho  milho  milho    milho    milho  milho 
N-----------B----------N-----------B-------------N---------B-----------N--------B----------N--------B-------N
M---------M-----------M----------M------------M-----------M---------M------M--------M-------M-------M
Milho       milho     milho      milho    milho    milho    milho  milho  milho    milho    milho  milho 
F---adbd--------N----adbd-------F----adbd-------N----adbd--------F---adbd--------N-----adbd-----F
M---------M-----------M----------M------------M-----------M---------M------M--------M-------M-------M
Milho       milho     milho      milho    milho    milho    milho  milho  milho    milho    milho  milho 
N-----------B----------N-----------B-------------N---------B-----------N--------B----------N--------B-------N
M---------M-----------M----------M------------M-----------M---------M------M--------M-------M-------M
Milho       milho     milho      milho    milho    milho    milho  milho  milho    milho    milho  milho 
F---adbd--------N----adbd-------F----adbd-------N----adbd--------F---adbd--------N-----adbd-----F
M---------M-----------M----------M------------M-----------M---------M------M--------M-------M-------M
N----adbd-------B---adbd-------N------adbd-----B-----adbd--------N---adbd------B----adbd-------N---
M---------M-----------M----------M------------M-----------M---------M------M--------M-------M-------M
F---adbd--------N----adbd-------F----adbd-------N----adbd--------F---adbd--------N-----adbd-----F

Legenda:
F-Frutas nativas:cambuci, uvaia, araçá roxo e vermelho
N-arvores nativas: tamboril,
adbd-adubadeiras: guandu, feijão de porco,
M-margaridão
Mand-mandioca












As linhas ficaram com espaçamento de 2,5m intercaladas com margaridão e a massa do capim tirado foi acumulado nestas entre linhas onde foi instalado o margaridão.
As adubadeiras entraram nas linhas das frutíferas e das de serviço, nas linhas superiores entraram milho e na linha final mandioca.
As  frutas ficaram com 5m de espaçamento entre linhas 5m entre plantas, intercaladas com uma linha de serviço composta por árvores nativas e intercaladas com banana para utilização da biomassa para alimentar as frutas
As adubadeiras entraram nas linhas das frutas e das de serviço para serem ceifadas logo que assumirem 1,5m e alimentar o milho e a mandioca plantada.



















Os trabalhos foram pausados as 14h com almoço bem reforçado e com grande diversidade de alimentos.







Às 15:30 h retornamos as atividades e finalizamos a ação que ficou apenas com a implantação do margaridão como tarefa dos anfitriões.














No encerramento, foi falado um breve histórico da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, e suas atuações e da possibilidade de desenvolver atividades na região de areias, os moradores ficaram com a tarefa de definir um calendário entre o núcleo e repassar aos membros da Rede para divulgação e articulação de novas vivências na cidade e região.






APOIO:
- Projeto do Instituto Auá denominado Rede de produtores de cambuci e nativas da mata atlântica. 
- Projeto de 'Recuperação e proteção dos serviços ecossistêmicos relacionados ao clima e à biodiversidade no corredor sudeste da Mata Atlântica' - FAPESP - Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - coordenado pela pesquisadora Maria Teresa Vilela Nogueira Abdo - APTA de Pindorama: fortalecimento dos sistemas agroflorestais na bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul.
- Projeto Vitrine Agroecológica - APTA Pindamonhangaba.

Por: Thiago Coutinho
Imagens: Isabella Montini

15 de dez. de 2019

RELATO - CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICO-PROFISSIONAL EM AGROECOLOGIA (APTA/INCRA-SP)


RELATÓRIO SOBRE A ATIVIDADE REALIZADA NA CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICO-PROFISSIONAL EM AGROECOLOGIA (APTA/INCRA-SP) NO PROJETO DE ASSENTAMENTO CONQUISTA, TREMEMBÉ – SP, NO DIA 18 DE JUNHO DE 2019.

Por:
                           José Miguel Garrido Quevedo, Engenheiro Agrônomo, Perito Federal Agrário, Membro do Setor de Meio Ambiente e Recursos Naturais do INCRA - SP
                                 Verônica Andressa de Castro, Estudante de Graduação do curso de Engenharia Agronômica da FCA /UNESP - Botucatu

Imagem da feirinha do Pré-Assentamento Egídio Brunetto, Lagoinha - SP

MENINO DA ROÇA

A Reforma Agrária é apenas uma possibilidade, ou melhor, uma oportunidade que Deus nos dá para o progresso de pessoas simples e do bem.
O Brasil assistiu a migração nordestina para centros de trabalho. O auge dessa procura por emprego foi à colheita de cana-de-açúcar, legiões de pais de família vinham se escravizar voluntariamente e pingar o suor na labuta da colheita, do ouro, do agronegócio em São Paulo e da soberba do homem. A injustiça social chegara ao limite. A exploração humana fazendo a riqueza de alguns poucos.
A Reforma Agrária da década de 80 se contrapôs a essa lógica. A resistência camponesa fez despontar pequenas ilhas onde a possibilidade de viver na terra era diferente. Foi uma época onde os Projetos de Assentamento eram resistência ao modelo exploratório do agronegócio. Houve uma conjuntura política favorável, governos de centro-esquerda possibilitaram o sonho que depôs um presidente na década de 60. Teve na figura de Franco Montoro e Mário Covas uma abertura política que proporcionou o “pingar” dessas “ilhas de sonhos”. O módulo mínimo de fracionamento estabelecido pelo INCRA era generoso, lotes que giravam em torno de dois dígitos.
Fomos visitar uma família de migração nordestina, as baianas Rosangela e Alexandra do Projeto de Assentamento Conquista em Tremembé, que são um exemplo vivo da migração citada no parágrafo anterior. Apesar de um contexto distinto do que foi descrito nos parágrafos anteriores, no que se trata ao setor canavieiro do estado, essa família representa a trajetória de seus antepassados, ícones desse processo humano de deslocamento. Elas criam seus filhos no lote da mãe. Três famílias vivem daquele módulo estabelecido na década de 90. Teve o levantamento do meio físico para determinação da capacidade de uso das terras e consequente determinação do módulo rural de cada lote estabelecido por estudos do Engenheiro Agrônomo Dorival Bertolini, do Instituto Agronômico de Campinas, que prestou serviços ao Instituto de Terras do Estado de São Paulo. Ele deslumbrou o futuro para 30 anos, a terra conquistada como possibilidade de sustento a cada grupo familiar. Este território dominado pelas baianas é composto pela terra dela, da cunhada, da sogra e outro cunhado. Formam três ou quatro lotes agregados de uso contínuo. Um solo que nos remete a terra preta de índio, a várzea de inundação ou planície de inundação, que são áreas marginais a recursos d’água sujeitas a enchentes e inundações periódicas que sendo sistematizadas são de grande valor para produção de produtos agroecológicos. São de uma fertilidade e de um frescor que fazem brotar alimento como fruto do labor humano. Interessante notar que a principal técnica agroecológica utilizada por este grupo familiar é o pousio. “Terra que nasce mato é terra fértil, terra que não nasce mato não produz alimento”. As ervas espontâneas são ceifadas periodicamente e ficam em processo de decomposição por às vezes até seis meses, só depois, então, que são cultivados e devido ao frescor do solo possibilitam a umidade correta para o cultivo das olerícolas.  Relatou-nos que a produção de abóbora, repolho e brócolis-japonês eram extraordinárias.
O Projeto de Assentamento Conquista de Tremembé é o grande fornecedor do CEASA de Taubaté, sai dessas áreas sistematizadas grande parte do alimento hortifrutigranjeiro desta Região do Vale do Paraíba. Esta sábia agricultora sabe com a “palma da mão” descrever seu território. Caminha pelas trilhas descrevendo as possibilidades de produção: terra de abobrinha, de mandioca, de repolho, de batata-doce e ainda preserva sem saber, respeitando o Código Florestal Brasileiro, as áreas de preservação permanente dos mananciais de recursos hídricos. Apresenta um ponto fundamental, a honestidade do caráter desta família. O brilho do olhar do presidente da cooperativa dos produtores desse assentamento exala honestidade e, em sua generosidade, presenteou-nos com bananas agroecológicas de uma doçura imensurável. Caminhamos no território e presenciamos o “coração de mãe” daquele lote. Mais uma família foi recebida para ter como lugar de trabalho o sustento de sua família, chamou-nos a atenção a simplicidade da moradia em madeira, mas de um capricho e beleza rústica impressionante. Uma Reforma Agrária como oportunidade. Ao nos despedirmos reconheci aquele neto que nos impressionou na roda de abertura da Oficina no lote da Deise Alves, a F3[1] para 2030, este é o legado que deixaremos para 2030.



[1] Este termo foi um paralelo à Genética.

9 de dez. de 2019

ATIVIDADES DE FORMAÇÃO PARA A REGENERAÇÃO AGROFLORESTAL

Agricultoras e Agricultores da REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA se unem para promover a capacitação popular para a restauração florestal, 
com atividades que vão desde mutirão a cursos de curta e longa duração.
Agende-se!!!
Participe!!!
Toda ação é uma reação positiva ao sistema vigente em crise!!!
Transforme-se e ajude a transformar o mundo e a dar sentido a vida das pessoas!!!
Plantar é garantir que nosso futuro comum seja abundante em todos os sentidos: mais vida, mais floresta, mais água, mais fauna, mais cuidado com os seres vivos e não vivos, mais respeito e conexão com as coisas sagradas do Criador...
Venha participar da REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA!!!

DIA 17/12/2019 

MUTIRÃO AGROFLORESTAL EM TREMEMBÉ/SP COM AGRICULTORAS NÉIA E JANAÍNA 

Sítio Recanto Agroecológico - Assentamento de Reforma Agrária Conquista

DIA 24 A 26/02/2020 

CURSO DE SISTEMA AGROFLORESTAL AGROECOLÓGICO EM FRUTICULTURA EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP,
COM O AGRICULTOR VALDIR MARTINS E O TÉCNICO NAMASTÊ MESSERSCHMIDT

Sítio Ecológico e Corredor Ecológico

DIA 14/12/2019 

MUTIRÃO AGROFLORESTAL EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP COM A AGRICULTORA ANINHA MENDES

Articulação: Sítio Beija flora, Sítio Aparecida, Sítio ecológico, Biblioteca Lúcio Reis, MST, Rede Agroflorestal e Rede APOENA

DIA 14/12/2019 

MINICURSO DE PLANTIO COM MUVUCA DE SEMENTES EM CRUZEIRO-SP, COM O AGRICULTOR THALES GUEDES FERREIRA

Articulação: Sítio dos Ipês, Agroicone, Caminhos da Semente, ISA, The Nature Conservancy



7 de dez. de 2019

ACONTECEU Mutirão Agroflorestal no Sítio Nossa Senhora Aparecida


RELATO TÉCNICO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA AGROFLORESTAL
Por: Antonio Devide - pesquisador da APTA
Data: 30/11/2019
Local: Assentamento de Reforma Agrária Nova Esperança, São José dos Campos
Beneficiários: famílias dos agricultores Sr. Gessi e seu filho Luciano Correia dos Reis

Facilitadores na instrução - Antonio Devide - Pesquisador, Valdir Martins e Luciano Corrêa - agricultores do Assentamento Nova Esperança, Valdir Nascimento e Carmem Faria - agricultores do Assentamento Olga Benário.

Participantes do mutirão agroflorestal no sítio Nossa Senhora Aparecida
Objetivos: implantar um SAF na divisa do lote, acolher e instruir os frequentadores da Feira Agroecológica do Parque Vicentina Aranha de São José dos Campos sobre SAF.


Perfil dos participantes: agricultores da reforma agrária e técnicos associados da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba. Co-agricultores que participam do trabalho coletivo da CSA Guajuvira (comunidade que sustenta a agricultura) que envolve os consumidores para o planejamento, implantação e manejo de sistemas de produção de base agroecológica. Em troca, recebem cestas com alimentos saudáveis a preço justo. Outro público, novo para os SAF, participa de uma biblioteca Lúcio Reis de SJ Campos que promove ações de formação popular em São José dos Campos.
A reflexão, estar presente, a respiração... nos traz prá perto de nós mesmos, nos traz prás coisas do Criador, nos traz prá Terra e prá perto Dele.
Programação:
8:00h   Recepção com café da manhã farto.
9:00h   Apresentações, respiração e conexão com o Poder Superior
9:30h   Estudo da paisagem
10:00h Planejamento participativo
10:30h Mutirão agroflorestal
13:00h Avaliação coletiva
Almoço farto com produtos exclusivos da roça agroflorestal

Estudo da paisagem:
Do alto de uma colina de divisa com lote de reforma agrária vislumbramos um cenário com vista à 360graus. No costado a imponência da Serra Mantiqueira e a Mata Atlântica. Vista à frente, de um e de outro lado os ‘pastos sujos’ dos lotes de reforma agrária. À frente, no primeiro plano, os diversos modelos de SAF do Sítio Nossa Senhora Aparecida cota abaixo, com frutas nativas e exóticas, café e muita horta em meio à produção de bananas. 
Adiante, na colina oposta, duas situações: ao lado esquerdo um lote convencional com produção de mandioca em monocultura e ao lado direito o lote agroecológico de Aninha Mendes, onde vai acontecer o próximo mutirão agroflorestal do dia 14/12/2019, em que será instalada uma faixa agroflorestal para divisa das propriedades visando adequação da propriedade para atender à conformidade da certificação de produto orgânico. Mais ao fundo observa-se a cidade de São José dos Campos.
Estudou-se as plantas indicadoras: onde tinha sapê o solo era mais ácido e onde tinha só braquiária a terra já estava melhor. Soubemos que a acidez não é de todo nociva, pois muitos fungos (micorrizas) e bactérias (Rhizóbios p.ex.) que sobrevivem em solos ácidos promovem o crescimento e são benéficos às plantas. Então, o bom manejo não deve visar apenas a eliminação total da acidez - que de maneira moderada pode ser até boa, pois, evita que as chuvas lavem os nutrientes do solo -, mas devemos utilizar espécies de plantas que cresçam e que produzam massa vegetal que pode ser adicionada ao solo por meio de podas para assim elevar os teores de matéria orgânica e consequentemente de nutrientes.



Planejamento participativo e Mutirão Agroflorestal:
O estudo da paisagem análise sistêmica dos impactos da história de uso das terras pelos ciclos econômicos: de monoculturas (cana, café, pastagem e eucalipto) que suprimiram a Mata Atlântica e as culturas pré-colombianas associadas a floresta; que trouxeram o plantio ‘morro abaixo’ do café cuja dinâmica no relevo de mares de morros gerou forte escoamento superficial da água da chuva e processo erosivo, empobrecendo os solos de nutrientes e minerais que passaram a entulhar as nascentes e cursos d’água; da invasão de capins exóticos que têm elevado poder calorífero e que no advento do fogo impede a regeneração natural da floresta. 

O pesquisador Antonio Devide da APTA falou das plantas adubadeiras (a maioria que foi utilizada eram de leguminosas – feijão de porco, crotalária, guandu, tefrósia e gliricídia), mas também tinha mamona preta Paraguaçu e o sorgo vassoura.

O agricultor Valdir Nascimento do assentamento Olga Benário levou as mudas de frutas nativas e exóticas e de árvores em geral que produz no Sítio Beija flora em Tremembé e explicou a função de cada uma delas nos SAF. O agricultor Luciano complementou explicando a necessidade de arranjá-las para que cada uma ocupe o estrato certo no SAF. Explicou ainda que cada andar (extrato em altura) deve ser preenchido com espécies plenamente adaptadas a quantidade de luz disponível (Estratos/luz disponível: emergente = 70-80%, alto 50-60%, médio 30-45%, baixo 15-25% e rasteiro = menor que 15%).

Em seguida foi feito o planejamento do SAF com base no desejo do agricultor Luciano. Que ficou com duas linhas de B- bananeiras espaçadas 4m entre linhas e 3m na linha. Na linha foi associada com F- fruta, de um lado G- gliricídia (estacas) e de outro A- árvore não frutífera (esquema). Entre essas duas linhas abriram-se sulcos onde se plantou rizomas de açafrão e coquetel de sementes de adubos verdes. O objetivo desse coquetel foi restaurar os solos para no futuro poder plantar lavouras mais exigentes. Luciano deve realizar o manejo seletivo das plantas menos vigorosas (corte como adubo verde), deixando as mais vigorosas para o futuro (quiabo, guandu e mamona) a fim de obter produção de frutos e sementes respectivamente.

Ou seja:
B             G            F             A             B             G            F             A             B             G            F             A            

Linha de coquetel de sementes de adubação verde + quiabo + açafrão

Linha de coquetel de sementes de adubação verde + quiabo + açafrão

Linha de coquetel de sementes de adubação verde + quiabo + açafrão

Linha de coquetel de sementes de adubação verde + quiabo + açafrão

F             A             B             G            F             A             B             G            F             A             B             A            


Enquanto um grupo de pessoas preparava o coquetel de sementes, outro grupo iniciava a abertura dos berços de plantio. Carmem Faria Nascimento (Sítio Beija Flora/Tremembé), que também produz mudas, e Thais Rodrigues da Silva (CSA Guajuvira/SJ Campos) se encarregaram de instruir a distribuição de maneira a formar os estratos adequados.
Implantação do SAF.
Avaliação: a didática foi facilitadora para o aprendizado do grupo. O método adotado pela Rede Agroflorestal  chamado de ‘aprender fazendo’ possibilita o diálogo e um profundo aprendizado compartilhado entre agricultores e técnicos.

Exemplo do aprendizado: a questão da orientação do plantio da bananeira vem sendo intensamente avaliada nos lotes de reforma agrária do Assentamento Nova Esperança. Valdir Martins e Luciano frisaram que em terreno declivoso, ressecado e suscetível aos ventos frontais, o processo de plantio é o seguinte:
i. As mudas de rizomas de bananeira devem ser limpas para retirada das raízes mortas e da terra aderida, que pode conter ovos de nematóides e de brocas.
ii. Os berços devem ser profundos abertos a 40 x 40 x 40 cm;
iii. Orientar as mudas no fundo dos berços com o corte transversal do pseudocaule (tronco) a 45graus e com o corte que ligava o rizoma a bananeira mãe para cima. Ou seja, inclinadas de maneira que haja certa demora para emissão das folhas, para que assim se enraízem primeiro e de maneira profunda a fim de suprir a grande área foliar com a captação de água e nutrientes do solo.
iv. O corte da muda de rizoma deve ser virado para cima, porque é do lado oposto que sairão os rebentos, obrigando o aprofundamento no solo, o que aumentará o ancoramento e a resistência ao tombamento.

Visita aos SAF: visitamos os SAF também chamados de agricultura sintrópica. Consiste de linhas de agrofloresta com ênfase em fruticultura de nativas em que a bananeira é o carro-chefe no ciclo curto. Entre essas linhas são cultivadas hortaliças (2 ou 3 canteiros) na mesma lógica dos SAF - consórcio de culturas, plantio simultâneo e escalonamento da colheita no tempo.

Luciano explica o sistema de policultivo de hortícolas em Agricultura sintrópica.
Parcerias
- Feira Agroecológica - Parque Vicentina Aranha
- Rede APOENA
- Espaço Terra de Monteiro Lobato
- Sítio Ecológico
- CSA Guajuvira
- REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA
- Biblioteca Lúcio Reis
- APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios através dos projetos: "Vitrine Agroecológica" e “Avaliação de crescimento e produção de espécies florestais nativas e culturas usando os modelos 3-PG e YieldSafe” - Apoio FAPESP.


Imagens: Luciano, Lucas Lacaz Ruiz e outrxs

PRÓXIMO MUTIRÃO

Sítio da Aninha Mendes é o mais arborizado à direita - local do próximo mutirão dia 14/12/2019.
Próximo Mutirão:
Aninha Mendes à direita de bone vermelho é a beneficiária do próximo mutirão no dia 14/14/2019 em São José dos Campos.