11 de jul. de 2022

II Formação em CSA no Vale do Paraíba CSA - Comunidade que Sustenta a Agricultura

 "Da cultura do preço para a cultura do Apreço"


A CSA Brasil e o coletivo de CSAs do Vale do Paraíba, tem o prazer de convidar para o II Curso de Formação em CSA. 

Tendo como base os princípios que norteiam essas Comunidades, vamos trabalhar nestes 4 dias os caminhos para se estruturar uma Comunidade que Sustenta a Agricultura. 

O curso começa no dia 28 de julho às 09h e termina no dia 31 de julho às 14h

A coordenação será de Claudia Vivacqua e Wagner Santos, com a participação da Nutricionista Valéria Paschoal e da Eng. Agrônoma Luciana Gomes e apoio das CSAs da Região. 

Contribuição financeira: R$ 300,00 e pedimos a doação de alimento para as refeições do curso.

Hospedagem: Possibilidade de hospedagem solidária e de camping (informar as demandas na inscrição)

Endereço: Sítio Ecológico, Assentamento Nova Esperança I em São José dos Campos

Por favor preencha a ficha de inscrição abaixo:

https://forms.gle/3PsmMCrswj14Mt6k9


5 de jul. de 2022

Relato do 1º Encontro de Produtores de Cúrcuma do Leste Paulista

 Por
José Miguel Garrido Quevedo
Engº Agrônomo, Mestre - Perito Agrário - INCRA/SP

Cultivo agroflorestal de cúrcuma na APTA em Pindamonhangaba.

O 1º Encontro de Produtores de Cúrcuma do Leste Paulista aconteceu no dia 24 de junho no setor de fitotecnia da APTA - Agência de Tecnologia dos Agronegócios, em Pindamonhangaba. Tivemos apresentações on-line de resultados de pesquisas e sobre a cadeia da cúrcuma.

Apresentações de Cristina Castro (APTA) e Ademar Menezes Junior (Kampo de Ervas).

O Dia de Campo teve por objetivos: Apresentar os sistemas de produção agroecológica desenvolvidos na APTA, a colheita,  o processamento artesanal, o preparo da cúrcuma para a comercialização e a troca de experiências de produtores de cúrcuma que apresentaram seus produtos e a experiência da empresa Kampo de Ervas.

A cúrcuma (Curcuma longa L. ) na APTA é cultivada em Sistemas Agroflorestais, a saber:

  • Em SAFs multidiversos, sendo utilizado como extrato baixo como no SAF Macaúba, Sistema Agroflorestal com banana, gliricidia, macaúba, frutíferas nativas e palmito juçara.
  • Em Aleias, com o cultivo da cúrcuma na entrelinha de flemíngia (Flemingia macrophylla), adubo verde perene multicaule que se desenvolve bem em áreas inundáveis.
  • Em SAF instalado por muvuca de sementes, onde já se encontra na forma perene desde o ano de 2013.
  • Em SAF com feijão guandú (Cajanus cajan), este ainda não implantado, apresentando-se como opção de cultivo.
Curcuma consorciada com milho palha roxa

Cúrcuma em aleia de flemíngia.

O cultivo da cúrcuma se dá em sistema semi-sombreado, melhor dizendo, em meia sombra, onde alcança as maiores produtividades, que gira entre 800 gramas até 3 quilos por planta a depender das condições de solo e clima que são oferecidos às mesmas. 

Um fator importante para seu cultivo é a cobertura do solo com cobertura morta. Assim, o SAF é manejado a fim de garantir a cobertura do terreno. 

 

O agroflorestor Valdir Martins e o pesquisador Antonio Devide explicam os benefícios do guandu e o plantio direto de cúrcuma nas entrelinhas, seguido da poda a meia altura para adubação verde.

Colheita da cúrcuma em SAF para verificar a produção de rizomas.

O espaçamento utilizado entre plantas varia de 0,50 a 1,00 metro entre linhas e 20 a 25 centímetros entre plantas. Algumas áreas da pesquisa foram encanteiradas com o trator e nos SAF o berço foi preparado com o enxadão. Recomenda-se o uso de um rizoma por berço, preferencialmente o rizoma chamado primário (cabeça ou mãe).

Cúrcuma no espaçamento 1,0x0,20m em aleia de flemíngia (esq.) e tefrósia (dir).

Na APTA há dois períodos de colheita, com um ano de cultivo e com dois anos de cultivo a depender das condições edafoclimáticas proporcionadas às plantas. Também tem a cúrcuma soca semi-perene que se regenera nos SAF, sendo colhida de maneira extensiva. 

Boas produtividades são alcançadas no segundo ano de plantio na maioria das vezes. A colheita ocorre quando as folhas secam no outono-inverno, sendo os rizomas colhidos de forma manual através do enxadão. 

Lavagem e classificação dos rizomas.
Rizomas de cúrcuma lavados e selecionados para o processamento artesanal.

Assim que colhidos os rizomas são lavados com mangueira com pressão para retirada de terra, momento que são separados os rizomas filho (dedos) e mãe (cabeças), reservando-se as cabeças para novos plantios porque regeneram plantas mais viçosas devido à maior quantidade de reservas e gemas.

Em seguida,  ocorre uma importante operação: o branqueamento, que consiste em colocar os rizomas filhos em sacos de rafia furados no fundo, imersos em um tambor com água fervente por 15 minutos. 

Com esta operação evita-se que haja o surgimento de brotos e ocorre uma transformação do amido no rizoma (gelatinização) que permite um produto de melhor qualidade. 

Cozimento da cúrcuma para interromper o metabolismo e gelatinizar o amido. 
Estrutura de baixo custo para o processamento artesanal da cúrcuma.

Posteriormente, são espalhados pelo terreiro deixando-se dois dias na sombra e por cerca de 30 dias a pleno sol para secagem em camada fina até que se tornem uma 'madeirinha' difícil de se quebrar. Nesse período é importante a cobertura dos rizomas com lona plástica no final do dia para que os mesmos não peguem o sereno noturno ou chuvas ocasionais.

Rizomas de cúrcuma cozidos.

 
Rizomas de cúrcuma após o cozimento que será levado para secagem a pleno sol em terreiro.

O Rendimento do processamento é de 1.000 kg de rizoma fresco (1 tonelada) para cerca de 100 kg de rizoma seco.

A APTA vem comercializando a sua produção com a empresa Kampo de Ervas a um valor de R$ 25,00 o quilo da cúrcuma seca, sendo que foi necessário a apresentação do selo de produto orgânico para alcançar este valor de venda. Fortalecer a criação de um arranjo produtivo local (APL) para a cúrcuma, favorecendo a expansão da lavoura em sistemas agroflorestais agroecológicos, também foi um dos objetivos do evento.

Participaram técnicos, produtores e produtoras de nove municípios: São Bento do Sapucaí, Santo Antônio do Pinhal, São Francisco Xavier e Piracaia, na Serra da Mantiqueira, e Taubaté, São José dos Campos, Pindamonhangaba, São Luiz do Paraitinga e Lagoinha, no Vale do Paraíba.

Trouxeram e apresentaram seus produtos elaborados com cúrcuma: Alda do assentamento Egídio Brunetto de Lagoinha (óleo e xarope de cúrcuma) e Marília de Paula de Pindamonhangaba (cúrcuma desidratada).

Programação:

24/6/2022 - sexta-feira (manhã)

  • 8:00- Recepção
  • 8:30h – Resultados de pesquisas sobre cúrcuma e perfil produtores 
  • – Drª Cristina Maria de Castro e Dr. Antonio Devide – pesquisadores da APTA Regional/URPD-Pindamonhangaba
  • 9:00h – Uso da cúrcuma na empresa Kampo de Ervas 
  • – Ademar Menezes Junior – professor e empresário rural (on-line)
  • 10:00h - Visita de campo em áreas de produção orgânica (colheita da cúrcuma)
  • 10:40h – Oficina de beneficiamento artesanal de cúrcuma
  • 11:30h - Avaliação
  • 12:00h – Encerramento e confraternização

Coordenação: Cristina Maria de Castro e Antonio Devide - APTA

Imagens: José Miguel Garrido Quevedo, Antonio Devide, Guilherme Ferrão.