13 de jul. de 2020

Nota técnica: A Estratificação na Implantação de um Sistema Agroflorestal


Estudo de caso


MUTIRÃO AGROFLORESTAL AGROECOLÓGICO NO SÍTIO ECOLÓGICO 
DO CAMPONÊS VALDIR MARTINS 
Dia 15 de fevereiro de 2020
Por: Eng. Agrônomo José Miguel Garrido Quevedo
Colaboração de Verônica Andressa de Castro 


Figura 1: Área de instalação do sistema agroflorestal - SAF no Sítio Ecológico em São José dos Campos (SP).
            O mutirão Agroflorestal teve por finalidade completar uma área de Sistema Agroflorestal com frutíferas iniciado durante o curso “Sistema Agroflorestal Agroecológico” ministrado pelo técnico e consultor em sistemas agroflorestais Namastê Messerschmidt ocorrido em 25/Janeiro/2020 no Sítio Ecológico no Assentamento de Reforma Agrária Nova Esperança, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, estado de São Paulo, Brasil.
A seguir será ilustrado o planejamento do SAF do presente mutirão:
          
Figura 2: Croqui de parcela agroflorestal com a distribuição das espécies (sem escala) no Sítio Ecológico em São José dos Campos (SP). Elaborada por Verônica Andressa de Castro.


            Vale destacar que nas áreas sujeitas à inundação, o cambucá substituiu o abacate e o cambuci entrou no lugar da laranja pera do rio.       
            O principal desafio é o entendimento do arranjo das espécies sugerido. Segundo Miccolis et al. (2016), trata-se de um princípio fundamental nos Sistemas Agroflorestais, do qual se baseia no arranjo das espécies ou culturas que devem formar uma camada ou estrato florestal. Tais camadas de vegetação formam a estrutura florestal que precisa ser planejada, por simplificação sugere-se: estrato emergente, estrato alto, estrato médio e estrato baixo e ainda o estrato rasteiro. A primeira rua desenhada neste SAF, a linha de frutíferas, foi composta por uma espécie de estrato alto, o abacate nas áreas secas e o cambucá nas áreas úmidas. Ao lado destas espécies, é introduzido o araça-boi, espécie de estrato médio/baixo. E no centro deste módulo, o ipê, espécie nativa do estrato alto/emergente.
            Na segunda linha de plantio, considerado como a linha de diversidade e espécies de serviço, foram introduzidas as linhas de banana, no caso, espécie que pertence ao estrato médio (nanicão) e variedade que pertence ao estrato alto (Prata BR Platina), junto de uma espécie de estrato emergente, o eucalipto, no mesmo berço. A cada metro é então introduzido as espécies nativas, 35 espécies no total, entre elas: aroeira, copaíba, pau formiga, pau viola, sangra d´água, manjolim, embaúba e pororoca.




Figuras 3 e 4: Linhas de espécies nativas e frutíferas em alta densidade já instalado no Sítio Ecológico em São José dos Campos (SP).
           
            Na terceira linha, foi introduzido a espécie de estrato médio laranja pera rio, nas partes secas, e o cambuci, nas partes sujeitas à inundação. Nesta linha, será cultivado a espécie leguminosa de serviço, a gliricídia, espécie do estrato alto e o guanandi, espécie madeireira, do estrato emergente.
            Cada espécie foi associada no espaço conforme o estrato em que cada indivíduo irá ocupar de acordo com a exigência a luminosidade, a fertilidade dos solos e a disponibilidade de água existente. (Miccolis et al. (2016).
            Importante destacar que a primeira operação realizada na área foi a introdução de uma espécie de cobertura, que tem o papel de cultura de serviço, ou seja, que cobre o solo e é roçada para o fornecimento de palha sobre as linhas cultivadas: o capim mombaça.
            A fim de auxiliar a compreensão deste conhecimento o técnico Frenando Spalding da Ecoagri (ecoagri.com.br) compilou algumas informações que nos auxiliam no planejamento do Sistema Agroflorestal com foco neste entendimento.
Acesse o link e conheça a proposta de estratificação da Ecoagri: 

           

Foto 5: Área do SAF a ser implantado, onde observa-se a cobertura de capim mombaça no Sítio Ecológico em São José dos Campos (SP).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MICCOLIS, A., PENEIREIRO, F. M., MARQUES, H. R., VIEIRA, D. L. M., ARCO-VERDE, M. F., HOFFMANN, M. R., REHDER, T., PEREIRA, A. V. B. Guia técnico – Restauração Ecológica com Sistemas Agroflorestais: Como Conciliar Conservação com Produção. Opções para Cerrado e Caatinga. Brasília, Instituto Sociedade, População e Natureza / Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal. 266 p. 2016.
SPALDING, F. Planilha de estratificação e planejamento de consórcios de espécies para Sistemas Agroflorestais. Ecoagri. sem data. 


Adaptação para blog: Antonio Devide - Pesquisador da APTA Polo Vale do Paraíba antoniocarlosdevide@gmail.com

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