13 de mar. de 2025

 Relato técnico do Curso Manejo Biodinâmico de Sistema Agroflorestal avançado com foco em banana, frutas nativas e araruta

Por Julia Trommer de C. Vaz, gestora ambiental, Pindamonhangaba, SP, Brasil, relatoria técnica, e Antonio Carlos Pries Devide, pesquisador da Apta Regional de Pindamonhangaba,SP, Brasil, revisor.

Figura 1. Participantes do Curso de manejo de SAF avançado com foco em bananeira, frutas nativas e araruta, Apta Regional de Pindamonhangaba, SP.

Resumo

O Curso de Manejo Biodinâmico de Sistema Agroflorestal avançado com foco em banana, frutas nativas e araruta foi realizado nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2025 na Apta Regional de Pindamonhangaba. O curso promoveu o desenvolvimento humano para o manejo de sistema agroflorestal avançado, apresentou as bases do cultivo da araruta em um SAF simples, introduziu o uso de preparados biodinâmicos e apresentou a área de pesquisas de restauração florestal com muvuca de sementes. A atividade contou com 30 participantes de 12 municípios do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais, incluindo produtores rurais, sitiantes, agricultores familiares da reforma agrária, estudantes, educadores, técnicos e pesquisadores, que participaram de um mutirão de manejo de uma área de 400m² de um SAF avançado.

 

Pesquisa participativa na Apta Regional de Pindamonhangaba

O Curso foi realizado no Setor Fitotecnia da APTA Regional de Pindamonhangaba, situado na Av. Dr. Antônio Pinheiro Júnior, nº 4009, Ponte Alta, Pindamonhangaba, SP. Essa unidade da Apta é a única no estado a possuir certificação orgânica e desde 2023 vem fazendo a transição biodinâmica com o apoio da ABD - Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica e dos SPG - Sistema Participativo de Garantia Biovitalidade da Terra e Mar de Morros.

No âmbito do Projeto Vitrine Agroecológica diversas pesquisas e cursos foram realizados na Apta de Pindamonhangaba empregando métodos participativos, que visam promover a integração social induzindo o aprendizado por meio de questionamentos aos participantes, que desenvolvem uma visão crítica no 'aprender fazendo’ em atividades que unem a prática e a teoria. Exemplo disso consta em registros no blog da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba de um curso de longa duração realizado no ano de 2019, com foco na formação de novos agricultores(as) familiares, cujas ações ajudaram a formar o SAF avançado manejado durante o curso em 2025 (Figura 2).

Figura 2. Preparo prévio da área do SAF avançado em curso de longa duração na Apta Regional de Pindamonhangaba (2019). 

O Curso de Manejo Biodinâmico de Sistema Agroflorestal avançado com foco em banana, frutas nativas e araruta foi realizado nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2025 foi realizado no âmbito da iniciativa ‘APTA Portas Abertas’ da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado e contou com o apoio da ABD, Instituto Mahle, Sítio Ecológico, ISA - Instituto Socioambiental e FUNDAG - Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola  (Figura 3).

Figura 3. Programação do Curso de Manejo Biodinâmico de Sistema Agroflorestal avançado com foco em banana, frutas nativas e araruta.

Ao longo dos dois dias foram estudadas três áreas de pesquisa: um SAF simples com o cultivo experimental biodinâmico de araruta em faixas intercalares com linhas de diversidade de gliricidia, banana e ora-pro-nobis; um SAF biodiverso avançado com foco no cultivo experimental de diversidade de bananeiras consorciadas com gliricídia, frutas nativas, araribá, macaúba, juçara e cúrcuma; e área de muvuca de sementes para restauração florestal produtiva com frutas nativas, banana, adubos verdes e culturas tradicionais.

Pesquisas em Soberania e segurança alimentar e nutricional com ênfase na araruta sob manejo biodinâmico

A primeira área de pesquisa visitada foi um SAF simples, no âmbito do Projeto Agroecologia, Soberania Alimentar e Nutricional, com horto de PANC implantado em 2010, onde a pesquisadora Drª Cristina Castro apresentou o manejo da araruta (PANC) em sistema de produção agroecológico e biodinâmico. Cristina falou do histórico do uso do solo e sobre o manejo de poda da leguminosa arbórea gliricídia, principal adubo verde utilizado para fertilizar o sistema, o seu rendimento de adubo orgânico e de estacas para o plantio, propriedades e multifunções da gliricídia no sistema produtivo (Figura 4). 

Figura 4. SAF simples com araruta cultivada experimentalmente sob a copa da gliricídia, apresentado por Cristina Castro na Apta Regional de Pindamonhangaba  (22 e 23/02/2025).

Da araruta, falou do seu comportamento no sistema consorciado, suas exigências, adaptação à meia sombra e áreas mais úmidas, mecanismos de tolerância ao estresse hídrico e térmico por meio do movimento do pulvino e enrolamento das folhas, além da produtividade nesse sistema de cultivo. Dessa espécie, aprofundou sobre a importância do uso do polvilho de araruta na soberania e segurança alimentar e nutricional, suas propriedades alimentícias e medicinais. O cultivo da araruta faz parte da história brasileira desde o descobrimento e antes, pois era cultivada e beneficiada pelos povos originários na Mata Atlântica. Cristina propôs em suas pesquisas o resgate cultural com o cultivo e beneficiamento desse alimento benéfico para a saúde, podendo substituir o polvilho de mandioca em muitas receitas. Algumas das espécies rizomatosas cultivadas no local são: araruta-comum - Maranta arundinacea L., araruta-ovo-de-pata - Myrosma cannifolia L.f. e araruta-taquarinha (ainda não identificada) da família Marantaceae, e ararutão - Canna edulis Ker Gawl., que apesar do nome popular, pertence a família Cannaceae.

Introdução ao uso dos preparados biodinâmicos

Em seguida, a Engª Agrônoma Ana Rezende apresentou aos participantes as bases da Agricultura Biodinâmica e sua definição, segundo Rudolf Steiner;, o histórico e a introdução no Brasil, até a fundação da Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica - ABD. Ressaltou a importância da ABD na manutenção e divulgação das metodologias, estudos e oferta de insumos, sementes, preparados biodinâmicos e a atuação como SPG - Sistema Participativo de Garantia da qualidade orgânica e Demeter. Ainda apresentou a agenda biodinâmica e o calendário biodinâmico, criado a partir das pesquisas da agricultora alemã Maria Thun, que há mais de 50 anos estudou a influência da lua e dos astros nas plantas. A agenda traz um calendário que contempla as atividades de plantio, cultivos, manejo e colheita conforme as fases da lua para auxiliar os agricultores a se manterem conectados com as forças universais, reforçando o conhecimento ancestral indígena, sendo um instrumento de reconexão entre o universo e a terra.

Ana Rezende explicou sobre os preparados biodinâmicos e suas aplicações: chifre esterco, chifre sílica e o fladen, estes foram aplicados anteriormente na área de SAF simples no âmbito das pesquisas da Dra. Cristina Castro, com objetivo em auxiliar a araruta e o desenvolvimento do sistema como um todo.

No segundo momento do dia, Ana Rezende conduziu o feitio do preparado biodinâmico fladen, explicando a importância da dinamização e da presença consciente no alinhamento do feitor com as intenções desejadas naquele preparado e no cultivo (Figura 5). Os participantes puderam auxiliar na dinamização e pulverização, realizada com ramos de folhas, semelhante ao ato de benzimento, aplicando o preparado em toda a extensão dos SAF após a poda da gliricídia e do araribá, conduzidas durante as atividades de manejo no Curso. A utilização deste preparado tem o princípio fundamental de auxiliar o processo de decomposição da matéria por meio da reorganização bioenergética do sistema.


Figura 5. Introdução ao uso do preparado fladen na agricultura biodinâmica nos sistemas agroflorestais da Apta Regional de Pindamonhangaba (22 e 23/02/2025).

Pesquisas em transição biodinâmica de Sistemas agroflorestais com foco na bananeira e frutas nativas

Ainda na parte da manhã o Dr. Antonio Devide apresentou as pesquisas realizadas em um SAF biodiverso com foco em bananas (tradicionais e novos cultivares), frutíferas nativas diversas (ênfase em Myrtaceae) e arbóreas araribá (madeira) e gliricídia (poda), palmeiras macaúba (óleo comestível) e juçara (polpa), dentre outras espécies menos frequentes.

Foi explicada a construção desse SAF em etapas, iniciada a partir de um experimento de plantio direto de estacas de diferentes diâmetros de gliricídia em grama batatais. Conforme verificado pela pesquisadora Johanna Dobereiner, no ano de 1963, essa grama nativa também realiza a fixação biológica do nitrogênio de maneira parecida ao que ocorre em plantas leguminosas, como a gliricídia, razão pela qual a área não foi arada e optou-se pelo sistema de plantio direto do SAF. A Dra. Cristina descreveu a crescente demanda por estacas de gliricídias no campo das pesquisas, iniciando este banco de matrizes em 2016 (Figura 6).


Figura 6. Plantio direto de estacas de gliricídia na grama batatais (2016), entrelinhas com adubação verde e cultivo de quiabeiro (2017), situação do SAF após trituração do guandu (2018) e SAF biodiverso com três anos de idade (2019). Fonte: Devide et al., 2018.

O amplo espaçamento das estacas possibilitou o plantio experimental de variedades antigas e novos cultivares de bananeiras de maneira alternada com a gliricídia, na linha, para serem avaliadas dentro de um sistema agroecológico de produção com baixo uso de insumos externos.

No terceiro ano de manejo desse sistema as entrelinhas foram roçadas e após passar um riscador de quatro linhas espaçadas ca. 1,0 m entre si sob a grama batatais semeou-se adubos verdes (guandu e crotalária) nas linhas laterais com as duas linhas centrais recebendo as sementes de quiabeiro. Após o corte da crotalária, sendo a colheita do quiabo finalizada e realizada uma poda do guandu, este foi roçado rente ao solo com um trator compacto, dando início ao plantio de enriquecimento agroflorestal com frutas nativas intercaladas entre a palmeira macaúba e araribá alternados a cada 5 m em linha central na faixa entre as linhas de gliricídia/banana.

A construção desse SAF se deu no âmbito de trabalhos desenvolvidos na região com coleta de sementes e produção de mudas de espécies frutíferas nativas. Esse SAF recebeu diversos mutirões para o enriquecimento e aumento da diversidade. As pesquisas de doutorado com guanandi na fazendo Coruputuba serviram de base para a introdução e manejo de espécies nativas com interesse econômico em madeira, como o araribá, e óleo, como a macaúba, plantadas com a técnica de quincôncio, alternando o plantio dessas espécies, garantindo um espaçamento de ca. de 10 metros entre indivíduos da mesma espécie na linha.

Ao longo dos anos foi feita a análise do crescimento dos componentes e o manejo de poda da gliricídia para elevar a copa visando evitar os danos por geada e ventos, além do aporte de matéria orgânica rica em nitrogênio para a bananeira. Por outro lado, os resíduos da desbrota e colheita das bananeiras foram canalizados para a linha de frutas nativas, araribá/macaúba, abrindo-se o pseudocaule ao meio, colocando-o sobre o solo no entorno das mudas a fim de transferir a seiva rica em potássio, recebendo as folhas secas picadas por cima, evitando-se, dessa forma, atrair insetos praga como as brocas para a base das touceiras. Concentrar os resíduos no entorno das culturas também visa possibilitar a mecanização da área com tratorito para o plantio de cúrcuma nas entrelinhas do sistema.


Figura 7. Apresentação do SAF avançado e as práticas de manejo empregadas na Apta Regional de Pindamonhangaba (22 e 23/2/2025).

O desenvolvimento do SAF, com as espécies arbóreas ocupando o estrato alto, resultou em queda na produção de bananas pelo sombreamento. O histórico e resultados parciais dessa pesquisa até o ano de 2019 foram reunidos no Documento 118 “Sistemas Agroflorestais: experiências no âmbito da APTA” (BERNACCI et. al, 2021).

 

Manejo do SAF avançado durante o Curso

O agroflorestor Valdir Martins explanou sobre a estratificação e a importância de realizar o planejamento do espaçamento para criar os “andares” produtivos e garantir a entrada de luz no sistema para garantir o desenvolvimento e produção das espécies. Valdir falou sobre a necessidade do manejo das gliricídias com as podas constantes que além de favorecer a entrada de luz, rejuvenesce o sistema, pois repassa os hormônios de crescimento, devido à renovação radicular, para a araruta no caso do SAF simples e para as outras espécies nos outros SAF apresentados.

Na segunda parte do Curso, foi introduzida aos participantes as bases tecnológicas para o manejo do SAF biodiverso avançado, sob orientação do agroflorestor Valdir Martins e o Engº Carlos Silvestre, que apresentaram os equipamentos e ferramentas (escada, facão, serrote, motosserra, tesoura de poda e lima), explicando os cuidados para o uso e preparação destes. Em seguida, com a ajuda de participantes experientes no tema, foi explicado o uso dos equipamentos de segurança (EPI) para o manejo de poda em altura, tais como: cinturão, talabarte, óculos, capacete, bota e luvas (Figura 8).

Figura 8. Exposição com explicações sobre o uso de ferramentas, equipamentos e materiais de segurança na Apta Regional de Pindamonhangaba (22 e 23/2/2025).

Após as instruções, Valdir e Carlos conduziram, no modo de pesquisa participativa, a capina manual com a retirada de toda a trapoeraba de algumas faixas que haviam sido cortadas por funcionário da APTA para servir como cobertura morta sobre a fitomassa seca da poda de gliricídia depositada na linha da banana. Dr. Antonio ressaltou que a trapoeraba deixa de ser uma espécie invasora-problema com a estiagem prolongada que ocorre no outono-inverno.

Em seguida, explicaram a condução da poda no araribá e posteriormente da gliricídia, iniciando-se o manejo com os participantes do curso. O manejo de poda do araribá foi realizado retirando-se os ramos laterais e elevando a copa para ocupar o estrato alto. Na gliricídia, realizou-se a redução do número de pernadas e elevação da copa para uma pernada alta sobre as bananeiras, ou rebaixando duas ou três pernadas na linha onde a bananeira maçã foi replantada (Figura 9).


Figura 9. Manejo de SAF biodiverso em transição biodinâmica na Apta Regional de Pindamonhangaba, SP.

No segundo dia de curso, Valdir explicou como deve se realizar a condução das touceiras de banana e a escolha das plantas que devem ser eliminadas, identificando a planta-mãe, filha e neta. Nesse sistema, eliminou-se o excesso de perfilhos e as touceiras foram conduzidas no sentido de uma “mãe” fornecer uma brotação “filha” que por sua vez irá fornecer uma brotação “neta”. O pseudocaule cortado perpendicular na forma de telhas de 1,20 cm de comprimento foi disposto como cobertura do solo no entorno das frutas nativas.

Valdir apresentou a técnica do “copinho” após o corte do pseudocaule, que deve ser rente a base com a ponta do facão inclinada no sentido do centro do caule para eliminar o meristema (Figura 10). Assim, a deposição dos ovos se torna inviável para o “moleque da bananeira”, nome genérico dos curculionídeos que têm como característica o rostro proeminente e atacam, além da bananeira, diversas palmeiras, causando grandes danos ao rizoma e ao estipe, respectivamente.


Figura 10. Demonstração da técnica do “copinho” na eliminação das bananeiras para controle do “moleque da bananeira”.

Resumo do manejo: Durante o curso foi manejada uma área de pesquisa em SAF avançado com 400 m² (10 x 40 m), consistindo de poda dos seguintes componentes: araribá e outras espécies do estrato alto, como pau ferro e jatobá, retirando-se as ramificações laterais para formação de fuste reto; poda da gliricídia para se manter como quebra vento e reduzir o efeito da geada sem sombrear excessivamente as bananeiras; e condução das touceiras de banana, fortalecendo as plantas que irão frutificar, aumentando a luminosidade e fornecendo matéria orgânica para o sistema, cobrindo o solo por completo de forma a não prejudicar a cúrcuma (Figura 11).

 

Figura 11. Imagem das atividades de manejo do Curso nas áreas de SAF avançado.

Pesquisas de semeadura direta de muvuca de sementes com ênfase em frutas nativas

Dr. Antonio Devide realizou uma apresentação na área de muvuca de sementes com foco em frutas nativas regionais, uso da bananeira na restauração e outros componentes da sociobiodiversidade, como milho variedade, com o objetivo de apresentar esta técnica inovadora de restauração como alternativa aos proprietários rurais e projetos no ramo da restauração ecológica produtiva em reserva legal e APP (Figura 12).


Figura 12. Visita técnica na área de restauração com muvuca de sementes florestais na Apta Regional de Pindamonhangaba (22 e 23/2/2025).

Essa área de pesquisa foi semeada com a muvuca em 2023 e vem sendo enriquecida a cada manejo anual. Antonio, Valdir e Carlos utilizaram essa área como laboratório para explicar o comportamento de algumas espécies utilizadas como placenta e criadoras das espécies que virão a ser as principais espécies no sistema, no caso de frutíferas e árvores nativas, aprofundando o tema das diferentes fases de sucessão e estratificação, que são conceitos relevantes para o entendimento do manejo dos sistemas agroflorestais.

Caracterização dos participantes

O Curso recebeu ao todo 30 participantes de diferentes localidades do Vale do Paraíba, principalmente de Pindamonhangaba, Taubaté e São José dos Campos, além de dois participantes do Sul de Minas Gerais.

Figura 14. Origem dos participantes do Curso de manejo de SAF avançado ministrado na Apta Regional de Pindamonhangaba (22 e 23/2/2025).

O Curso reuniu público diversificado composto principalmente por pessoas ligadas à terra, entre agricultores, proprietários rurais e assentados da reforma agrária, além de técnicos de diversas áreas (Figura 15), predominando homens na faixa de 40 e 50 anos e 30 a 40 anos e mulheres entre 40 e 50 anos (Figura 16).

Figura 15. Perfil dos participantes do Curso de manejo de SAF avançado ministrado na Apta Regional de Pindamonhangaba (22 e 23/2/2025).

Figura 16. Gênero e faixa etária dos participantes do Curso de manejo de SAF avançado ministrado na Apta Regional de Pindamonhangaba (22 e 23/2/2025).

 

Troca de experiências

Durante as rodas de apresentação e de trocas de experiências foi possível conhecer melhor o perfil dos participantes e as produções agroecológicas e orgânicas em desenvolvimento. Alguns destes, o produtor de café agroflorestal sombreado, da Fazenda Campo Místico em Bueno Brandão - MG descreveu seis talhões de produção agroflorestal iniciados em 2017. Na Serra da Mantiqueira, o produtor Milton Roberto compartilhou suas experiências na produção de banana orgânica, explicou como realiza o manejo das bananeiras e compartilhou barrinhas de bananinhas ‘Nana Banana’ com os participantes. O engº agrônomo e professor da Universidade de Taubaté Julio Cesar Raposo descreveu suas pesquisas com palmeiras contribuindo para o entendimento sobre a fenologia reprodutiva e aproveitamento do jerivá e juçara. A pesquisadora Tatiana Cabral de Vasconcelos citou os projetos que coordenou com a Rede Agroflorestal na implantação de SAF em assentamentos de reforma agrária no Vale do Paraíba, destacando a importância dos mutirões e do diálogo com as instituições de pesquisa, como a Apta, para o fortalecimento dos projetos na região. A veterinária e pesquisadora da USP Flávia Malacco relatou sua experiência na elaboração de rações alternativas para bovinos e da necessidade de abertura de pecuaristas para uma nova perspectiva de produção em sistemas silvipastoril devido à constante reclamação de queda da produtividade e ausência de pastagens de qualidade diante dos extremos climáticos. Outros participantes auxiliaram nas explicações sobre segurança no trabalho, uso adequado de EPI e equipamentos de escalada na coleta de sementes (Robson Correa). A Dra. Cristina Eustáquia e seu companheiro o arquiteto Irineu Pinto relataram os projetos de restauração de uma nascente com muvuca de sementes com ênfase na juçara em sua propriedade rural em Pindamonhangaba, que conta com o apoio do Corredor Ecológico do Vale do Paraíba e tem como instrutores Valdir Martins e Carlos Silvestre. Muitas experiências foram comentadas sobre os SAF em assentamentos de reforma agrária no Vale do Paraíba: Nova Esperança em São José dos Campos com as famílias camponesas, entre elas o Sítio Ecológico de Valdir Martins. Também participaram agricultores dos assentamentos Egídio Brunetto e Macuco, de Lagoinha e Conquista, de Tremembé.

Demandas apontadas

- Necessidade de mais pesquisas aplicadas sobre SAF;

- Novos cursos de manejo de SAF avançado;

- Cursos para uso de equipamentos (motosserra e motopoda);

- Fortalecer e reconhecer os produtos agroflorestais;

- Organizar a comercialização e a cadeia produtiva dos produtos agroflorestais;

- Mais viveiros de mudas nativas para SAF.


Referências bibliográficas

https://revistapesquisa.fapesp.br/o-legado-de-johanna-dobereiner/

https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/view/8713

https://www.iac.sp.gov.br/media/publicacoes/iacdoc118.pdf

https://redeagroflorestalvaledoparaiba.blogspot.com/2019/06/relato-de-atividade-do-curso-de-longa.html

https://redeagroflorestalvaledoparaiba.blogspot.com/2021/12/rede-em-ciencia-e-tecnologia-para-o.html

https://www.researchgate.net/publication/357355408_AVALIACAO_DO_MANEJO_DA_BROCA_DA_BANANEIRA_COM_CONTROLE_BIOLOGICO_EM_SISTEMA_AGROFLORESTAL

TEXTO ADAPTADO PARA O BLOG POR: ARTHUR LUIS FERMIANO DA SILVA

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