O ano é 2020: a situação é de pandemia e as mudanças estão intensas.
Por:
Any Bittar – Economista e agroflorestora
José Miguel Garrido Quevedo – perito ambiental e agroflorestor
Thiago Ribeiro Coutinho – agroflorestor da reforma agrária e biólogo
Mariana Pimentel Pereira – agroflorestora, educadora
Julia Trommer – agroflorestora, projeto Cesta Viva para Comunidade
Chegamos em 2021, mal acreditando
o que aconteceu em 2020. A pandemia pegou o mundo de surpresa, muita coisa,
antes improvável, aconteceu e a incerteza se tornou nossa rotina, nossos
temores se multiplicaram, qual seria nosso futuro como humanidade? Ainda não
temos as respostas e nem a luz do fim do túnel, mas temos a CONFIANÇA de que a
diversidade e o sistema agroflorestal são questões chave para a preservação e
regeneração do nosso território. Nós da Rede Agroflorestal somos conscientes
dos anseios, desejos e principalmente da força incansável de seus membros;
focamos as energias em ações que possam garantir a continuidade do trabalho
desenvolvido desde o ano de 2012.
Esses são alguns dos tópicos de atuação em 2020:
1. Institucionalização da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba: Histórico, Pessoa Jurídica, eleição do Conselho Deliberativo e Plano de Ação.
2. Ações de superação da agricultura familiar no ‘novo normal: Problemas de Comercialização e mudanças climáticas, novas formas de venda de produtos (CSA e rede colaborativa).
3. Mudanças Climáticas: aumento e maior abrangência dos Incêndios Florestais e a resiliência dos SAFs.
4. Mutirões e ATER: mesmo com a pandemia aconteceram os mutirões, ações importantes na ausência de ATER e parcerias estratégicas.
5. Fortalecimento da Reforma Agrária e Agricultura Familiar.
6. Apoio e Parcerias: Participação do ISA, Instituto AUÁ, compras coletivas de mudas de banana, implementação de viveiros de mudas de frutas nativas e arbóreas.
7. Relatos de pesquisas: 4 artigos destacam os SAFs e a Rede Agroflorestal.
8. Matéria no Globo Rural: Participação de integrantes da Rede em ações de regeneração do planeta no Vale do Paraíba.
9. Considerações Gerais: Nosso balanço e expectativa para 2021.
1. institucionalização da rede agroflorestal
A Rede Agroflorestal do Vale do
Paraíba surgiu da união de diversos atores interessados em articular pessoas
para praticar e disseminar os sistemas agroflorestais (SAF) para restaurar a
paisagem na bacia hidrográfica do Paraíba do Sul.
1.1 CONSELHO DELIBERATIVO DA REDE
AGROFLORESTAL
A institucionalização da Rede
Agroflorestal foi iniciada no ano de 2016 com oficinas para elaboração da minuta
de estatuto. Em 2019 esse assunto foi retomado, com ajustes do documento e o apoio
jurídico do Instituto Auá de Empreendedorismo Social, por meio do Edital
ECOFORTE da Fundação Banco do Brasil – FBB, no âmbito do projeto ‘Rede de
produtores de cambuci e frutas nativas da Mata Atlântica’ do qual os associados
da Rede Agroflorestal são beneficiários.
Esse processo durou quatro meses,
constituiu em assembleia uma diretoria provisória e o protocolo da documentação
no cartório de registros. Foram idas e vindas de documentos via Sedex entre São
Paulo (sede do advogado) e Pindamonhangaba (sede da Rede) para atender às demandas
do cartório num processo lento.
Já imersos na pandemia de
covid-19 buscamos o auxílio da advogada Daniella Rabello que acompanhara o
processo desde 2019 e assessorara a institucionalização da Rede APOENA de
Taubaté. Após oficinas de leitura e reuniões on-line, novos ajustes no estatuto
e assembleia virtual, realizada no dia 26/08/2020, constituiu-se
definitivamente o Conselho Deliberativo da Rede Agroflorestal. Nessa etapa,
contamos com o apoio da TNC (significado em inglês: The Nature Conservancy) para
o custeio das despesas jurídicas, cartório e fundo de reserva.
Conselho Deliberativo da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba:
· Diretor Presidente: Antonio Carlos Pries Devide (pesquisador agroflorestor)
· Diretor Presidente substituto: Valdir Martins (agroflorestor)
· Diretores: Thales Guedes Ferreira (biólogo agroflorestor) e Leandro Braz Camilo (educador agroflorestor)
· Comitê de auditoria interna: Juliane Maria da Silva Ferreira (tecnóloga em meio ambiente e recursos hídricos e agroflorestora) e Animeire Bittar (economista e agroflorestora)
Em 2021 recebemos o apoio da WRI
(significado em inglês: World Resources Institute) para elaborar um Plano de
Ação que sirva de portfólio de apresentação da Rede Agroflorestal e, também,
para balizar a atuação do Conselho Deliberativo entre os anos de 2021 e 2023. O
objetivo principal é levantar as principais demandas de seus associados para priorizar
ações. A metodologia de elaboração do Plano deve se balizar em quatro eixos:
1) Revisão do histórico da Rede Agroflorestal
2) Questionário virtual para os associados responderem por aplicativo de celular
3) Entrevista com referência da História Oral Temática junto a pessoas chave
4) Dois workshops on-line:
a. Apresentar versão preliminar do Plano para correções de seus associados
b. Validar o Plano de Ação
As atividades para elaboração
desse plano já começaram. Em função da pandemia serão utilizadas ferramentas
digitais e o diálogo à distância. Em breve será disponibilizado o link de acesso
ao questionário virtual para ser preenchido por meio de aplicativo em celular.
Posteriormente, faremos os contatos para entrevistas com pessoas chave e para viabilizar
os meios necessários para ter a presença do maior número de pessoas nos
workshops on-line.
2. Ações de superação da agricultura familiar no ‘novo normal’
Muitas
atividades previstas para ocorrer nos núcleos que integram a Rede Agroflorestal
foram realizadas com o público restrito, em respeito ao isolamento imposto pela
pandemia.
2.1
Problemas de Comercialização e Mudanças Climáticas
As perdas de receita da agricultura
familiar foram devido à redução da venda de produtos na pandemia, porque os
pontos de venda, como as feiras-livre, ou fecharam ou tiveram o público
consumidor reduzido. Ademais os programas como o PAA – Programa de Aquisição de
Alimentos e PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar foram interrompidos.
A publicação de lei federal nº
13.987, de 7 de abril de 2020 que autorizou a entrega de produtos do PNAE para
as famílias de estudantes durante a pandemia, não reduziu as perdas dos
agricultores, porque a aquisição de alimentos do PNAE vem caindo nos últimos
anos e houve cortes na política federal, como é o caso do PAA e o fim da ATER -
assistência técnica e extensão rural com a extinção do Ministério do
Desenvolvimento Agrário no ano de 2016.
As mudanças do clima também acentuam
os prejuízos dos agricultores. Períodos prolongados de seca, chuvas
torrenciais, granizos e vendavais se tornaram frequentes e depreciam a produção
sem que as famílias sejam amparadas por políticas públicas de seguro social.
2.2 REDES COLABORATIVAS DE
PEQUENOS CIRCUITOS E CSA – COMUNIDADE QUE SUSTENTA AGRICULTURA
Uma alternativa para a crise de
geração de renda é a relação comercial na venda direta dos produtos
agroecológicos em circuitos curtos. Além do uso de aplicativo de celular para facilitar
o planejamento da produção e a entrega de cestas, as CSA – Comunidade que
Sustenta Agricultura trouxeram um grande avanço para a agricultura familiar ao
tornar consumidores co-agricultores.
Esses produtores parecem economicamente
mais ativos na pandemia, inclusive, realizando a compra de produtos de outros
agricultores que não participavam das CSA e amargavam quedas na geração de
renda com o fechamento das feiras-livre e programas governamentais de aquisição
de alimentos. Isto ocorreu no Nova Esperança, assentamento de reforma agrária de
São José dos Campos.
Atualmente, o assentamento Nova Esperança
possui três CSA: CSA Guajuvira com Thaís Rodrigues da Silva e Altamir Bastos (início em
2017), CSA Sítio Ecológico com Valdir Martins e CSA Pindorama no Sítio Nossa
Senhora Aparecida, com Gessi Braz e Luciano Reis, ambas com início das
atividades em 2020.
Para a CSA Guajuvira: “os nossos
agricultores estão inseridos numa rede de produtores no assentamento, então
eles conseguem comprar e trocar vários alimentos para compensar a escassez
temporária” (de alguns alimentos por causa dos eventos climáticos: excesso de
chuvas e escassez hídrica). Dessa forma os consumidores ou co-agricultores ao
entrar para a CSA concordam com a oferta sazonal de produtos conforme as
condições ambientais. A CSA Guajuvira conta com 47 co-agricultores.
A CSA do Sítio Ecológico
desenvolve os SAF desde o ano de 2012. Nos últimos meses foram levantados os
custos de produção, manutenção e sustento da família (custos fixos) e chegou-se
a um número mínimo de 20 co-agricultores para o início da CSA. E de maneira
muito auspiciosa, no dia 8 de agosto, véspera do Dia dos Pais, foi consolidada
a primeira atividade de colheita, separação, preparação e entrega das 20
cestas. Atualmente essa CSA conta com 29 co-agricultores. Porém, estima-se que
são necessários 50 co-agricultores para a CSA atingir o ponto de equilíbrio,
entre a soma das despesas de produção, a cobertura dos custos fixos e uma
remuneração justa para a família de agricultores. A CSA Pindorama do Sítio Nossa Senhora Aparecida também se formou em 2020 e já conta com 15 co-agricultores.
2.3 APOIO AO PROJETO CESTAS VIVAS
PARA A COMUNIDADE
A quarentena no Litoral Norte de
São Paulo agravou a vulnerabilidade socioeconômica da população de baixa renda,
excluídos, quilombolas, indígenas e caiçaras. Pois, a economia nos municípios
litorâneos é flutuante e baseada no turismo. A agricultura familiar já
enfrentava dificuldades para estabelecer-se e com a pandemia a situação agravou-se.
O mesmo ocorreu com os agricultores dos municípios próximos da Serra do Mar e do
Vale do Paraíba que abastecem o litoral com alimentos agroecológicos.
Nesse contexto, alguns grupos
voluntários e atores sociais como a Rede Brotar, Lar Arara, AG Bioconstrutora,
Comunidade que dá Suporte a Agricultura do Litoral Norte - CSA-LN, Instituto
Verde Escola Instituto Tiê, Escola de Educação Infantil Sol da Terra, Projeto
Meu Pé na Roça, se juntaram para criar o “Projeto Cestas Vivas para a
Comunidade” que visa fortalecer a soberania e a segurança alimentar e
nutricional das populações do Litoral Norte e Vale do Paraíba.
No ano de 2020, entre março e
setembro, foram comprados e distribuídos alimentos agroecológicos no Litoral
Norte e Vale do Paraíba. O projeto arrecadou fundos via financiamento coletivo,
doações e em sua penúltima ação teve o apoio institucional e financeiro da
WWF-Brasil.
A gestão do projeto foi
descentralizada e adquiriu alimentos de agricultores e pescadores caiçaras e
agricultores agroecológicos do Vale do Paraíba, com a ajuda de diversas pessoas
e instituições, incluindo o Projeto Vitrine Agroecológica da APTA e campesinos
da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, do Assentamento Nova Esperança em São
José dos Campos. A parceria estendeu-se aos municípios de São Luiz do
Paraitinga, Lagoinha e Redenção e Natividade da Serra, com Associação Minhocas
e Akaruí.
Foram distribuídas 1.221 Cestas Vivas que totalizam cinco toneladas de alimentos agroecológicos, gerando renda para 30 famílias de agricultores e pescadores.
O projeto está em avaliação para
possível retomada em 2021 com uma articulação territorial para formar a Rede
Agroecológica Serras e Mar que visa fortalecer visando encurtar as distâncias e
fortalecer a economia local, a soberania e a segurança alimentar nos municípios
relacionados, superar a vulnerabilidade social e ampliar o mercado dos
alimentos agroecológicos no litoral.
3. MUDANÇAS CLIMÁTICAS - DESAFIOS DA
ADAPTAÇÃO DA AGRICULTURA
3.1 COMPROMISSO COM OS SISTEMAS
AGROFLORESTAIS
O ano de 2020 ficou marcado na
história do Brasil como um dos mais secos e quentes e com as maiores extensões
de terras queimadas em todos os biomas.
O Governo Federal descumpriu as
metas de combater o desmatamento, banalizou as queimadas, tentou desqualificar os
centros de ciência e tecnologia e o sistema de monitoramento e combate ao
desmatamento e incêndios florestais, restringiu a participação da sociedade
civil organizada no CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente e interrompeu o
apoio da Comunidade Europeia ao Fundo da Amazônia.
A Rede Agroflorestal do Vale do
Paraíba manifesta o repúdio à impunidade, à expansão agropecuária sobre áreas da
Floresta Amazônica, à limpeza de pastos com herbicidas e o uso do fogo no
Pantanal, à invasão de terras indígenas e quilombolas por madeireiros e mineradores,
a suspensão da reforma agrária e a perseguição dos movimentos sociais do campo
em todo o Brasil.
A Rede Agroflorestal manifesta o
compromisso em disseminar os sistemas agroflorestais para produzir alimentos e restaurar
áreas de florestas, para garantir o atendimento das metas de redução das emissões
dos gases de efeito estufa (GEE) para a atmosfera e recolocar o país em lugar
de destaque no cenário internacional no combate ao aquecimento global, mediante
os incentivos aos modelos de produção de base agroecológica que fomentam a
captura e a fixação do carbono, tal como os SAF.
3.2 INCÊNDIOS FLORESTAIS
Dos Urupês de Monteiro Lobato ao
Moderno monitoramento do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
A tradição ultrapassada de renovar
pastagens com fogo no Vale do Paraíba é crime ambiental. A prática da queimada nos
remete ao século XVIII, quando as matas deram lugar aos cafeeiros plantados
morro abaixo nos mares de morros. Isso, para facilitar os olheiros (capitão do
mato) que vigiavam o serviço da mão de obra escrava.
No ano de 2020 os focos de
incêndio se alastraram na paisagem e consumiram muitas áreas em regeneração, matas
nativas maduras e SAF. O maior incêndio ocorreu em julho/2020 e durou semanas
até ser extinguido. Consumiu boa parte da vegetação do Pico da Pedra da Mina e
da Serra Fina, nos altos da Serra da Mantiqueira.
A estiagem prolongada por mais de
seis meses, entre abril a setembro, é acompanhada de elevadas temperaturas e
baixa umidade relativa do ar. Nesse período de 2020, diversos registros foram obtidos
de whatsapp da Rede Agroflorestal, em que a mobilização popular combateu os
incêndios para proteção dos SAF e matas nativas no Vale do Paraíba.
Em Jambeiro, o agroflorestor
Michel Bottan registrou o combate ao incêndio que durou dias e noites, consumiu
pastos e matas em regeneração e chegou muito perto de seu SAF.
Em São José dos Campos, no
assentamento Nova Esperança, o fotógrafo Lucas Lacaz Ruiz registrou a
degradação pelo incêndio que atingiu o SAF do agroflorestor Luciano Reis e consumiu
boa parte da franja em regeneração da área de floresta em estágio médio da reserva
legal. As imagens revelam a paisagem desolada e a morte de animais silvestres.
A provável causa desse incêndio criminoso foi a limpeza para expansão da área
de pasto sobre a reserva legal do assentamento.
Figura 2. Incêndio criminoso no assentamento Nova Esperança é combatido pelos agroflorestores, mas degrada SAF e a reserva legal.
No assentamento Olga Benário, os
agricultores também registraram a mobilização popular no combate aos incêndios
por queimadas que são recorrentes com labaredas de seis metros de altura. Em
alguns casos houve a participação do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. Mas,
quando não há vidas humanas em risco a destruição da natureza segue ceifando
vidas silvestres com os observadores à distância.
A ausência de brigadas de
incêndio ao nível municipal e regional retrata a incapacidade de o poder público
em responder às demandas socioambientais. Mas até quando?
O INCRA – Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária, em parceria com campesinos de São José dos
Campos vinculados a Rede Agroflorestal o produziu um relatório seguido de denúncia
crime protocolizado na Polícia Ambiental, indicando o provável ponto de origem
do incêndio. O INCRA também iniciou procedimento para compra de materiais para
equipar uma brigada de incêndio no assentamento Nova Esperança.
3.3 AGROFLORESTAS SÃO MAIS
RESILIENTES ÀS MUDANÇAS DO CLIMA
Embora as mudanças climáticas impactem
todos os sistemas agroalimentares, nas agroflorestas esse efeito é relativamente
menor. Ainda que algumas culturas sejam perdidas com a escassez de água, ondas
de calor, vendavais, granizos e fortes chuvas, sempre há o que se colher em uma
agrofloresta biodiversa.
Uma cultura pode ser menos
produtiva no SAF em comparação ao seu desempenho em monocultivo, devido ao
sombreamento e à competição que ocorre entre as espécies diferentes. Porém,
quase sempre há melhoria no microclima do SAF, com temperaturas amenas, maior
umidade do ar e dissipação do excesso de radiação luminosa por causa da
interceptação das diferentes camadas (estratos) de plantas, além do contínuo
aporte de matéria orgânica ao solo que eleva a fertilidade, aumenta a atividade
biológica de microrganismos e a retenção de umidade no substrato. Esses fatores
tornam o ambiente do SAF mais resiliente aos extremos do clima, em comparação ao
monocultivo.
No cômputo geral, se uma cultura tem
seu desempenho reduzido no SAF ou se ela é perdida nos extremos climáticos, a
oferta de alimentos e renda é garantida pela biodiversidade de espécies. Ou
seja, uma espécie rústica compensa a queda de produção de outra sensível. Já na
monocultura isso não ocorre, pois se a condição do ambiente for restritiva a
lavoura tem queda de produção ou é toda perdida sem que haja meios de compensar
as perdas com outra cultura no mesmo ciclo.
As capinas seletivas nos SAF também
ajudam a enriquecer a biodiversidade e a melhorar a resiliência, pois mantêm o ‘mato
bom’ ao preservar plantas medicinais e PANC – plantas alimentícias não
convencionais.
4 APRENDER
FAZENDO: COMO OS MUTIRÕES AGROFLORESTAIS SUPREM AS DEFICIÊNCIAS DE ATER?
A Assistência Técnica e Extensão
Rural – ATER demandam profissionais preparados para o trabalho em comunidades
rurais com os sistemas agroflorestais agroecológicos.
Os mutirões agroflorestais da
Rede Agroflorestal ajudam a qualificar a mão de obra para trabalhos dessa
natureza ao englobar os diferentes perfis de produtores atuantes na região. A metodologia
aprender fazendo é sempre uma estratégia eficaz para se transformar iniciantes
em agroflorestores experimentadores. Mas tudo começa com o estudo da paisagem e
o planejamento participativo, seguido da formação de grupos de trabalho para a
implantação ou manejo agroflorestal havendo rica troca de conhecimentos acumulados
por associados experientes e a abertura para novos ensinamentos trazidos por
novos integrantes. A troca de experiências, o aprender fazendo e o ensino de
campesino a campesino são as características da ATER da Rede Agroflorestal.
4.1 ATIVIDADES EM NÚCLEOS DA REDE
AGROFLORESTAL
Os mutirões agroflorestais foram
retomados a partir de agosto/2020 e seguem ocorrendo em 2021. Porém, com a
reunião do público restrita aos participantes de cada núcleo.
Um núcleo da Rede Agroflorestal é
algo subjetivo. No nosso entendimento um núcleo abrange uma determinada porção
do território e as pessoas que nele habitam, que podem estar mais perto ou que
mantém uma relação estreita e simpática, relações sociais ou econômicas.
Dentre os núcleos da Rede
Agroflorestal, destacam-se:
· Região de São José dos Campos, Jambeiro e Caçapava;
· Região de Pindamonhangaba, Taubaté, Tremembé, Aparecida e Roseira;
· Região de Lagoinha, Cunha, São Luiz do Paraitinga, Natividade e Redenção da Serra;
· Região de Cruzeiro, Cachoeira Paulista, Areias, Silveiras e Lorena;
· Mantiqueira: municípios do alto da Serra abrangendo São Francisco Xavier, Monteiro Lobato, Gonçalves, Sapucaí Mirim, São Bento do Sapucaí e Santo Antônio do Pinhal.
· Litoral: Paraty, Ubatuba e São Sebastião.
Porém, reconhecemos que há muitas
iniciativas valiosas isoladas que podem fortalecer a Rede Agroflorestal e se
fortalecer com a troca de experiências, sementes e informações de
agroflorestores para agroflorestores. Essa é uma tarefa que precisa ser
intensificada, principalmente com agroflorestores que ingressaram no meio rural
vindo do meio urbano, quase sempre com uma rica bagagem de vida nas mais
diversas áreas do conhecimento.
4.2 PARCERIAS EM AÇÕES
DECENTRALIZADAS
No ano de 2020 a articulação entre os núcleos Tremembé, Lagoinha e São José dos Campos contou com atuação do agroflorestor Thiago Ribeiro Coutinho que também é bolsista do Projeto de Pesquisa FAPESP 2018/17044-4/Conexão Mata Atlântica. Esse projeto apoiou a implantação em Cunha, realizada por cinco famílias e supervisionada pela tecnóloga em Agroecologia Marccella L. Berte, de módulos de SAF e restauração florestal num total de 9.565 m².
No assentamento Olga Benário, em
Tremembé, os mutirões agroflorestais começaram primeiro, em agosto, e no
assentamento Conquista, em dezembro. No Olga Benário a organização está
avançada no manejo dos SAF desde o início da Rede Agroflorestal. Foram beneficiadas
12 famílias e uma área coletiva, totalizando 28.000 m² e no Assentamento
Conquista, cinco famílias, num total de 5.000 m² de SAF implantados.
A parceria do INCRA, APTA, MST e Rede Agroflorestal na execução do Curso de Longa Duração sobre Agroecologia (2019) serviu de fomento para introdução dos SAF no assentamento Conquista, que atualmente conta com a ajuda de agroflorestores experientes do assentamento Olga Benário. A equipe de trabalho fortalecida nessa união viabilizou o manejo agroflorestal e integrou atividades sazonais, como a colheita da safra de lichia orgânica do Sítio da Deise Alves.
Figura 4. Articulação no assentamento Conquista foi fruto do Curso de Longa Duração em Agroecologia (2019) e parceria com assentamento Olga Benário e Egídio Bruneto (Lagoinha).
Em São José dos Campos, no
Assentamento Nova Esperança, cinco famílias foram beneficiadas para implantar
5.000 m² de SAF. Em Lagoinha, estão sendo implantados cerca de 26mil m² de SAF
e um hectare de muvuca de sementes florestais, por meio de brigada de trabalho
que contou com a força dos agricultores locais organizados por Thiago Coutinho.
Foram beneficiadas 20 famílias do assentamento Egídio Bruneto em quatro núcleos
e uma área coletiva.
Em São Luiz do Paraitinga, o agroflorestor contratado pelo projeto Conexão Mata Atlântica, Ismael Soares Filho, implantou, em sistema de brigada, cerca de um hectare de muvuca de sementes florestais e está reintroduzindo a leguminosa arbórea gliricídia (Gliricidia sepium) para ser manejada como adubo verde e forrageira em sistemas silvipastoris, formando pequenos módulos e um banco de produção de estacas, que abrangem 12 famílias num total de 10.000 m².
Lagoinha, São Luiz do Paraitinga, Pindamonhangaba, Tremembé e São José dos Campos receberam as gliricídias e um mix de sementes e materiais propagativos de culturas estratégicas para aos agricultores implantarem os SAF, sistemas silvipastoril e áreas de restauração florestal com semeadura direta de muvuca de sementes florestais.
4.3
Projetos de apoio aOS mutirões AGROFLORESTAIS
Dois projetos apoiaram os
mutirões da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba
· Projeto de Pesquisa FAPESP 2018/17044-4 ‘Avaliação de crescimento e produção de espécies florestais nativas e culturas usando os modelos 3-PG e YieldSafe’ coordenado pela pesquisadora Dra. Maria Teresa Vilela Nogueira Abdo – APTA Centro Norte.
· Projeto de Ciência Cidadã ‘Vitrine Agroecológica: as bases das pesquisas em agroecologia’, coordenado pelo pesquisados Antonio Carlos Pries Devide – APTA Vale do Paraíba.
Ações: aquisição de motocoveadores
e motopoda, montagem de telado de produção de mudas no Polo em Pindamonhangaba,
orientação técnica e distribuição de materiais propagativos para implantação /
expansão das áreas de SAF (sementes de adubos verdes - feijão de porco,
crotalária, sorgo, guandu, tefrósia e flemíngia -, sementes de milho variedade
e quiabo, ramas de genótipos de mandioca, hastes de variedades de cana com
aptidão para açúcar e melado e estacas de Gliricidia sepium para
adubação verde) (Figura 5). Além das sementes e mudas, o projeto também forneceu
assessoria técnica para adaptar o plantio das espécies em módulo de SAF.
Os materiais foram fornecidos aos agricultores dos Núcleos Tremembé (assentamentos Olga Benário e Conquista), Lagoinha (assentamento Egídio Brunetto) e São José dos Campos (assentamento Nova Esperança), aos beneficiários do projeto FAPESP de Cunha (OSCIP SerrAcima – responsável Marina Valadão e tecnóloga em Agroecologia Marccella L. Berte - A semeadura direta por meio da muvuca de sementes é usada pela primeira vez em Cunha-SP. – Serracima), São Luiz do Paraitinga (OSCIP Akaruí – responsável técnica Daniela Coura) e Redenção da Serra (Projeto Conexão Mata Atlântica - responsável técnico Dagoberto Meneghini).
Outra proposta que vem sendo trabalhada é a adoção do esquema utilizado para implantação de SAF com a semeadura direta de sementes florestais, trabalho preconizado por técnicos do ISA - Instituto Sociambiental e da iniciativa Caminhos da Semente (https://www.caminhosdasemente.org.br/). Nesse arranjo, preconiza-se que nas entrelinhas sejam mantidos os capins (marandu, braquiária, ou outro), que deverão ser roçados e a massa acumulada nas linhas de plantio (Figura 6).
5. Fortalecimento da Reforma Agrária e da Agricultura Familiar
No processo de aquisição de áreas
improdutivas para a reforma agrária um item importante é o cumprimento dos
requisitos do Licenciamento Ambiental na CETESB. O assentamento Egídio Bruneto
em Lagoinha necessitava da obtenção da Licença de Instalação antes do
vencimento da Licença Prévia. Em 2020, o INCRA promoveu um processo
participativo que contou com a coordenação do acampamento para a coleta de
dados de vegetação e recursos hídricos para elaboração do laudo para o
protocolo do pedido de Licença de Instalação (LI) na CETESB.
Foram definidos o formato dos
lotes e a quantificação das áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação
Permanente. A LI permitirá a regularização ambiental do projeto de assentamento
agroecológico, a seleção e homologação de 55 famílias num futuro próximo.
A Prefeitura Municipal de
Lagoinha, por meio da sua equipe de governo, permitiu o uso da Sala da
Cidadania onde ocorreram reuniões e oficinas com o uso de computadores e
auxílio técnico para o preenchimento dos formulários e editoração das
certidões (Figura 7). A Prefeitura também emitiu as
certidões necessárias para o protocolo na CETESB.
Figura 7. Prefeitura de Lagoinha apoia o INCRA na regularização das 55 famílias acampadas no assentamento Egídio Brunetto, com sala de informática e apoio técnico para o mutirão que cumpriu com os requisitos para solicitar a Licença de Instalação na CETESB.
Esse processo participativo foi
possível porque há um histórico de mutirões agroflorestais promovidos pela Rede
Agroflorestal, APTA e INCRA, que aproximaram os atores locais da Prefeitura. O
contato com a engenheira agrônoma Isabel Cristina Nascimento da Motta da
Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente foi fundamental
para concluir os trabalhos.
6. Apoio e Parcerias
6.1
Instituto Socioambiental – ISA e INICIATIVA Caminhos da Sementes
A compra de sementes de árvores
nativas para a implantação de muvuca de sementes florestais cresceu no Vale do
Paraíba. Inicialmente, o trabalho era restrito a um pequeno grupo de coletores e
alguns técnicos; nos últimos anos foi incrementado com o ingresso de
agricultores familiares com o incentivo do ISA por meio da compra de sementes.
Diversos agroflorestores
trabalham na coleta, no beneficiamento e na venda das sementes. Áreas de muvucas
florestais foram instaladas em todo o estado de São Paulo. Uma dessas áreas,
com sementes florestais coletadas em Lagoinha, Tremembé e Cachoeira Paulista,
foi implantada no Polo Regional Centro Norte, em Pindorama, sede do projeto
FAPESP coordenado pela Dra Teresa Abdo. O ISA viabilizou a compra das sementes
dos agricultores locais e forneceu assessoria técnica para a implantação de
áreas de muvucas no Vale do Paraíba.
No ano de 2020, foram coletados
cerca de 700 kg de sementes florestais de 30 espécies arbóreas no Vale do
Paraíba, gerando renda de 40 mil reais para cerca de 15 agroflorestores
coletores de Tremembé, Lagoinha, Cruzeiro e Cunha.
6.2
Instituto Auá de Empreendedorismo Social
A parceria com o Instituto Auá se
deu por meio do projeto ‘Rede de Produtores de Cambuci e Frutas Nativas da Mata
Atlântica’, no âmbito do edital da ECOFORTE da Fundação Banco do Brasil – FBB. O
projeto fomentou o acesso dos agricultores da Rede Agroflorestal às
experiências com frutas nativas, assessoria técnica para a instalação de quatro
cozinhas experimentais de processamento dessas frutas e a aquisição de equipamentos
para o processamento.
Os quatro núcleos beneficiados
foram:
o
Lagoinha – Assentamento Egídio Bruneto;
o
Tremembé – Assentamento Conquista e Olga
Benário,
o
Bairro do Ribeirão Grande - Fazenda Nova Gokula
de Pindamonhangaba;
o
Setor de Fitotecnia do Polo Regional Vale do
Paraíba (APTA/SAA).
O objetivo é impulsionar a
exploração de frutas nativas adaptadas aos distintos ambientes da região. Como
exemplo, o Ribeirão Grande em Pindamonhangaba apresenta aptidão edafoclimática para
o cultivo da palmeira juçara (Euterpe edulis) para produção de polpa dos
frutos (‘açaí da juçara’).
No eixo da BR-116, a cozinha a
ser instalada na APTA promoverá a pesquisa sobre o processamento experimental
das frutas nativas e PANC em sistemas de produção agroecológica. Essa ação está
atrelada aos projetos ‘Vitrine Agroecológica’ e ‘Soberania e Segurança
Alimentar e Nutricional’ e visa estabelecer o monitoramento e a coleta de dados
técnicos junto aos produtores, que poderão beneficiar sua produção experimental
na APTA. Essa parceria é essencial para estruturar a cadeia de produção das
frutas nativas.
Em Lagoinha, a unidade se insere no
circuito Cunha – São Luiz do Paraitinga, com via de acesso por estrada de terra
até a BR-116, chegando ao Polo Regional e aos centros consumidores.
O Instituto Auá também contratou
a bolsista Mariana Pimentel Pereira, agroflorestora e educadora assentada em
Lagoinha, para desenvolver o trabalho de pesquisa de mapeamento de matrizes de
espécies de frutas nativas (uvaia, grumixama, cambucá, araçá e outras) em risco
de extinção a catalogação de matrizes de frutas nativas em cinco municípios do
Vale do Paraíba.
6.3
Projeto Vitrine Agroecológica ARTICULA AS PESQUISAS E A Compra coletiva de mudas DE
NOVOS CULTIVARES de banana
A crescente demanda por mudas de
banana fez com que diversos agroflorestores buscassem o apoio da APTA para obter
mudas de variedades antigas e novas cultivares melhoradas.
A bananeira é o carro chefe da
maioria dos SAF e em função de seu rápido crescimento, frutifica com cerca de
um ano, produz abundante quantidade de fitomassa rica em seiva mineral
(potássio e outros minerais). Ao colher um cacho de banana de 25kg são gerados cerca
de 50kg de resíduos adicionados ao sistema de produção, sendo que mais de 90%
desse montante é o pseudocaule constituído por mais de 80% de seiva. Para cada
cacho de 25kg são adicionados mais de 36 litros de seiva mineral ao sistema de
produção. O pseudocaule cortado na forma de telha, aberto longitudinalmente, deve
ser colocado no entorno das mudas de frutas nativas em associação p.ex. que se
beneficiam da seiva.
O potássio é o transportador de
açúcares na planta e atua na abertura e fechamento dos estômatos, que são
estruturas celulares presentes aos milhares nas folhas das plantas. O potássio
governa a abertura e o fechamento dos estômatos, respectivamente para a captura
do carbono do ar e para evitar a perda de água sob condições ambientais desfavoráveis
(seca, calor, ventos fortes, baixa umidade do ar).
O grupo de compra coletiva de mudas
de banana micropropagadas (cultivo de meristema), produzidas por empresa
certificada pelo MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, busca
melhorar os níveis técnicos dessa cultura em relação às principais doenças. Participaram
desse grupo agroflorestores e técnicos das regiões do Vale do Paraíba, Serra do
Mar, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira.
Ao todo foram adquiridas 1.940
mudas das variedades do grupo Prata: Prata anã, Platina e FHIA18; Grand Naine e
BRS Princesa, beneficiando-se dois agroflorestores de Gonçalves; dois da
Fazenda Nova Gokula e o Polo Regional (APTA/SAA) de Pindamonhangaba; uma
agricultora de São Luiz do Paraitinga e outro de São Sebastião (Litoral Norte);
dois de Taubaté, sendo um da Rede APOENA; e três de Tremembé (Assentamentos
Olga Benário e Conquista).
A expectativa é desenvolver a
pesquisa participativa para monitorar o comportamento dos novos genótipos que
são mais tolerantes às doenças: Mal-do-Panamá (Fusariose de solos) e
Sigatoka-negra (fungo que ataca as folhas). Essa pesquisa está sendo montada
com apoio da agroflorestora Julia Trommer de São Luiz do Paraitinga.
Entretanto, a Rede Agroflorestal alerta
quanto aos princípios da Agroecologia para que os atores regionais identifiquem,
cataloguem, resgatem e mantenham planteis de variedades antigas de banana, tais
como a banana Prata Mel, São Tomé (vermelha ou roxa), Figo e Marmelo (cozinhar),
Ouro, entre outras variedades regionais adaptadas. Dessa forma, ampliam-se a
agrobiodiversidade da cultura.
6.4
Viveiros de produção de mudas arbóreas
Através do projeto FAPESP 2018/17044-4 foi adquirido um telado para a produção de mudas arbóreas com ênfase em frutíferas para acelerar o plantio de enriquecimento dos SAF.
No Assentamento Conquista, a
produtora Deise Alves recebeu a doação de estrutura e tubetes para produção de
mudas de um viveiro mantidos por agroflorestores cooperados que deve entrar em
funcionamento no ano de 2021.
7. Relatos de pesquisas
Quatro trabalhos destacam o papel
da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba em tempos de pandemia, através do
Conexões, Pesquisa cidadã, Frutas Nativas e a Rede em Tempos Outro,
foram redigidos por seus
integrantes e apresentados em simpósios:
7.1 O. artigo ‘Conexões que
transformam a sociedade e o ambiente: ações da Rede Agroflorestal do Vale do
Paraíba no assentamento Nova Esperança I de São José dos Campos/SP, Brasil’ foi
apresentado no 1º Simpósio de Biogeografia. Esse artigo é parte da monografia
de Anna Cláudia Leite. Foi selecionado e publicado como capítulo de livro da
Editora ANAP.
O conteúdo relata as mudanças na
biogeografia do assentamento e no comportamento das pessoas, com base na
história oral temática e revisão bibliográfica. Autores: Antonio Carlos Pries
Devide; Anna Cláudia Leite; Suzana Lopes Salgado Ribeiro; Cristina Maria de
Castro; José Miguel Garrido Quevedo.
Link:
7.2 O artigo ‘Pesquisa cidadã
fortalece a segurança alimentar e nutricional na integração campo-cidade na
Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte’, foi apresentado pelo
estagiário da APTA/SAA Rudson Haber Canuto – EAD Agroecologia/UNITAU, no XII Simpósio
de Reforma Agrária da UNIARA.
O artigo relata as metodologias
de pesquisas do projeto Vitrine Agroecológica no fomento da formação popular
para atuar em Agroecologia e Sistemas Agroflorestais e registra as relações campo-cidade
na Região Metropolitana entre Litoral Norte e Vale do Paraíba na pandemia.
Autores: Antonio Carlos Pries Devide; Rudson Haber Canuto; José Miguel Garrido
Quevedo; Cristina Maria de Castro; Sylvia Helena de Espíndola Salles.
7.3 O trabalho ‘Construção
participativa da cadeia produtiva de frutas nativas da Mata Atlântica no Vale
do Paraíba, região Sudeste, Brasil’ foi apresentado no II Simpósio Educação
Ambiental e Transição para Sociedades Sustentáveis - Municípios que Educam para
Sustentabilidade, na modalidade Relato de Experiência, área temática Processos
Formadores (Educação Formal e Não Formal) ESALQ-USP: OCA.
A apresentação abrange o processo
de formação da Rede de Produtores de Frutas Nativas da Mata Atlântica, que
abrange a identificação de matrizes, coleta de sementes, produção de mudas e
implantação de pomares em sistema agroecológico de produção. Autores: Mariana
Pimentel Pereira, Thiago Ribeiro Coutinho e Antonio Carlos Pries Devide.
7.4 A Rede Agroflorestal em
Tempos Outros... foi um artigo demandado pelo SESC – São José dos Campos. O
objetivo foi registrar a origem da Rede Agroflorestal e a situação dos
agricultores e populações locais no início da pandemia. Foram estabelecidos
contatos com agricultores do Vale do Paraíba e técnicos do Litoral Norte (Rede
Caiçara), que forneceram elementos para traçar um panorama geral da situação da
comercialização de alimentos, geração de renda e combate à insegurança
alimentar e nutricional. Autor: Antonio Devide.
8.
Matéria Globo Rural
No mês de novembro a equipe de
reportagem do Globo Rural esteve no Vale do Paraíba para gravar a reportagem
especial de aniversário da edição nº 41, exibida no dia 10/01/2021, que abordou
a Vida Secreta das Árvores: as árvores conversam? pensam? sentem?
Foram visitadas áreas de SAF em
Pindamonhangaba na Fazenda Nova Gokula e no Pólo Regional da APTA, e no Sítio
Ecológico em São José dos Campos. A agricultora Gouralila falou da importância do
alimento como um ser vivo para nutrir e dar vida às pessoas. O pesquisador
Antonio Devide apresentou as relações funcionais que ocorrem entre as espécies
num SAF. O agroflorestor Valdir Martins apresentou a CSA – Comunidade que Sustenta
Agricultura como modelo de produção em Rede de Cooperação que aproxima as
pessoas da cidade à vida no campo como forma de promover a reeducação alimentar
e comportamental.
A matéria foi elaborada pelos
repórteres e editores do Globo Rural: Nelson Araújo e Mariana Fontes.
Link:
9. Considerações Gerais
Para fechar a primeira matéria do
ano de 2021 nada melhor do que fazer uma revisão das atividades da Rede
Agroflorestal do Vale do Paraíba... Digo, de algumas ações porque teve muito
mais trabalho!!! Cada Núcleo, cada SER que integra a REDE tem uma história
especial para contar que precisa e merece ser valorizada!!!
É com esse espírito de
valorização que a REDE AGROFLORESTAL DO VALE DO PARAÍBA agradece a todos
integrantes e parceiros por manterem-se ativos durante a pandemia.
Esse momento demanda uma revisão
de como o comportamento da sociedade nos levou ao isolamento e reforça a tese
de que a biodiversidade é o único caminho para nos mantermos vivos e saudáveis.
Que 2021 seja um ano de boas
revelações e muito trabalho para os Sistemas Agroflorestais!
Neste artigo relatamos como foi o
ano de 2020 para os integrantes da Rede Agroflorestal e registramos os
trabalhos para uma boa nova no ano de 2021.
Gostaria de participar da rede
ResponderExcluirBom dia. Conecte-se pelo facebook e pelo whats app. Com o fim da pandemia os mutirões devem recomeçar e vc poderá ter contato presencial com os trabalhos.
ExcluirBacana, valeu por compartilhar.
ResponderExcluirEstou começando a entender como funciona a REDE, eu e minha companheira Nadia estamos comprando um sitio em São Luis do Paraitinga e gostariamos de estar cada vez mais presentes no funcionamento da REDE.
valeu, um abraço.
Sejam bem vindos Eduardo e Nadia. Em Lagoinha tem o Assentamento Egídio Brunetto, Thiago e Mariana, e em Catuçaba diversas novas experiências com SAF estão se consolidando com apoio de Ismael. Procure essas pessoas. Se conecte via facebook e whats app para receber mais informações.
ResponderExcluirLa figura del perito economista es esencial en la evaluación y análisis de situaciones económicas y financieras. Estos profesionales altamente cualificados aportan su experiencia en la interpretación de datos económicos, el análisis de riesgos y la valoración de activos. Ya sea en el ámbito legal, empresarial o de consultoría, los peritos economistas desempeñan un papel crucial en la toma de decisiones informadas. Su capacidad para aplicar modelos económicos, realizar proyecciones y ofrecer recomendaciones estratégicas los convierte en actores clave en el éxito de proyectos y la resolución de problemas financieros complejos.
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