Data: 28/11/2020
Local: Assentamento Conquista, Tremembé/SP
Relator: Engenheiro Agrônomo Rodrigo Dametto
Em 28 de novembro de 2020, no Sítio Benvinda Conatti, houve mais um mutirão de implantação do SAF Frutíferas, o terceiro, desde fevereiro de 2019.
Figura 1. Colheita de guandu.
Com o foco em frutíferas da Mata
Atlântica e exóticas, a implantação do SAF de seu em uma área de aproximadamente
1.000 m².
O mutirão contou com voluntários que
possuíam distintos níveis de experiências agroflorestais vindos de Lagoinha (Assentamento Egídio Brunetto), São
Paulo, Taubaté, Pindamonhangaba (APTA) e Tremembé (Assentamentos Conquista e Olga Benário).
As mudas e sementes utilizadas no
mutirão foram oriundas de doações e produção própria.
O desenho agroflorestal teve seu
planejamento feito por agroflorestores da reforma agrária Thiago Ribeiro Coutinho, Paulo Luiz Pinto e Deise Alves. Deise escolheu a gleba de seu
sítio. Thiago e Paulo atuaram na seleção das espécies, mudas, estacas e
sementes.
Figura 2:
Mapa de localização
O sítio Benvinda Conatti (https://instagram.com/sitiobenvindaconatti?igshid=jcna1y5enhwc)
está localizado na rua 3 no Assentamento de reforma Agrária Conquista, em Tremembé/SP.
A principal cultura atualmente é a da Lichia, Litchi chinensis. A
propriedade já passou por certificação Brasil de produção Orgânica.
A intenção é diversificar a
paisagem com SAFs biodiversos com espécies de frutíferas nativas da Mata
Atlântica e exóticas.
Os equipamentos e ferramentas utilizadas no plantio vieram de outros membros da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e da APTA - Polo Regional do Vale do Paraíba. O mutirão se fez com cerca de 20 voluntários.
PREPARO DO SOLO E PLANTIOS
A área do SAF apresentava cobertura com capins, principalmente braquiária e recebeu o seguinte manejo:
- Roçada da vegetação espontânea de braquiária;
- Aração 01 passagem;
- Gradagem 02 passagens;
- Abertura de sulcos para a Cana de açúcar;
- Abertura de berços para frutíferas, milho e gliricídia;
- Riscamento manual para semeio do hibisco, quiabo e guandu.
Figura 3:
Plantio Cana de Açúcar para formação de barreira quebra vento
Figura 4:
Uso de motocoveador para perfuração dos berços.
Figura 5:
Thiago Ribeiro Coutinho e Michele Anita, colaboradores organizadores do Mutirão.
Figura 6:
Jovens do Assentamento Olga Benário preparando as estacas de gliricídia.
Figura 7:
Abertura das linhas de plantio.
Durante
os plantios das culturas de ciclo anual fora percebido que o dimensionamento
da quantidade de sementes de milho crioulo 'Palha Roxa' não cobriria todas as ruas. A
intenção era reproduzir mais sementes da variedade oriunda de Cunha, que fora cultivada em Lagoinha (2018-19) e multiplicada no Polo da APTA em Pindamonhangaba (2019-20) para distribuição aos produtores. Já com hibisco tem se a
intenção de produzir flores e colher seus cálices para a produção de geleias e
chás.
A
próxima atividade neste SAF será a manutenção e o monitoramento, com capinas
seletivas, verificação do pegamento das estacas; raleamento das linhas de
hibisco, plantios de enriquecimento e substituição de mudas.
Figura 8:
Preparo do "barro" com topsoil e termofosfato para as estacas de
gliricídia.
Figura 9:
Diversidade de Mudas.
Figura 10:
Vista com estacas de gliricídia.
GLIRICÍDIA - Gliricidia sepium
Essa espécie é uma árvore leguminosa que fixa nitrogênio em associação de simbiose com bactérias benéficas que se instalam nas raízes formando nódulos (bolinhas com interior avermelhado). Nessa associação a árvore converte o nitrogênio em açúcares por meio da fotossíntese. Os açúcares solúveis são essenciais para a bactéria e para o crescimento do vegetal.
A gliricídia, no SAF, é considerada uma árvore de serviço: pode ser podada e o material da parte aérea rico em nitrogênio utilizado para a adubação das culturas em associação; é considerada um tutor para o cultivo de espécies trepadeiras, como a fava, pitaya, maracujá e outras; pode ser manejada para sombreamento e bem estar animal (sistema silvipastoril) além de forragem rica em proteína para o gado.
O preparo das estacas: corte apontando a ponta feito um lápis para fincar a estaca no fundo do berço (cova); piques (3 a 5) com facão lateralmente (isso, até altura de 40 cm a partir da base que deve ficar enterrada no solo) - é dos cortes (piques) e das laterais da 'ponta do lápis' que sairão as raízes; passar barro com a mistura de fonte de fósforo não solúvel (fósforo mineral como o termofosfato), com terra peneirada coletada das raízes de outras árvores leguminosas (sansão do campo, anjico, ingá e outras). Essa terra de raízes de leguminosas contém as bactérias (inoculante natural) para que as estacas comecem desde cedo o processo de fixação do nitrogênio. O fósforo é essencial para que a bactéria inicie seus trabalhos em simbiose com a planta.
AVALIAÇÃO
Ao fim do mutirão uma roda de
conversa, à sombra de uma lichieira, foi aberta para que cada participante
apresentasse suas impressões sobre as atividades realizadas.
- Vitrine Agroecológica: as bases das pesquisas em Agroecologia - produção de sementes e empréstimos de ferramentas.
- Avaliação de crescimento e produção de espécies florestais nativas e culturas usando os modelos 3-PG e YieldSafe - FAPESP Processo 18/17044-4: compra de sementes e coveador apra o plantio.
Adaptação, complementação e revisão: Pesquisador Antonio Carlos Pries Devide
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