1 de fev. de 2021

RELATO: Mutirão Agroflorestal no Assentamento de Reforma Agrária Conquista em Tremembé

 

Data: 28/11/2020

Local: Assentamento Conquista, Tremembé/SP

Relator: Engenheiro Agrônomo Rodrigo Dametto 

Em 28 de novembro de 2020, no Sítio Benvinda Conatti, houve mais um mutirão de implantação do SAF Frutíferas, o terceiro, desde fevereiro de 2019.

Colheita do guandu

Figura 1. Colheita de guandu.

Com o foco em frutíferas da Mata Atlântica e exóticas, a implantação do SAF de seu em uma área de aproximadamente 1.000 m².  

O mutirão contou com voluntários que possuíam distintos níveis de experiências agroflorestais vindos de Lagoinha (Assentamento Egídio Brunetto), São Paulo, Taubaté, Pindamonhangaba (APTA) e Tremembé (Assentamentos Conquista e Olga Benário).

As mudas e sementes utilizadas no mutirão foram oriundas de doações e produção própria.

O desenho agroflorestal teve seu planejamento feito por agroflorestores da reforma agrária Thiago Ribeiro Coutinho, Paulo Luiz Pinto e Deise Alves. Deise escolheu a gleba de seu sítio. Thiago e Paulo atuaram na seleção das espécies, mudas, estacas e sementes.

 

Figura 2: Mapa de localização

O sítio Benvinda Conatti (https://instagram.com/sitiobenvindaconatti?igshid=jcna1y5enhwc) está localizado na rua 3 no Assentamento de reforma Agrária Conquista, em Tremembé/SP. A principal cultura atualmente é a da Lichia, Litchi chinensis. A propriedade já passou por certificação Brasil de produção Orgânica.

A intenção é diversificar a paisagem com SAFs biodiversos com espécies de frutíferas nativas da Mata Atlântica e exóticas.

Os equipamentos e ferramentas utilizadas no plantio vieram de outros membros da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba e da APTA - Polo Regional do Vale do Paraíba. O mutirão se fez com cerca de 20 voluntários.


PREPARO DO SOLO E PLANTIOS

A área do SAF apresentava cobertura com capins, principalmente braquiária e recebeu o seguinte manejo:

  • Roçada da vegetação espontânea de braquiária;
  • Aração 01 passagem;
  • Gradagem 02 passagens;
  • Abertura de sulcos para a Cana de açúcar;
  • Abertura de berços para frutíferas, milho e gliricídia;
  • Riscamento manual para semeio do hibisco, quiabo e guandu.

  

Figura 3: Plantio Cana de Açúcar para formação de barreira quebra vento


Figura 4: Uso de motocoveador para perfuração dos berços.

  

Figura 5: Thiago Ribeiro Coutinho e Michele Anita, colaboradores organizadores do Mutirão.


Figura 6: Jovens do Assentamento Olga Benário preparando as estacas de gliricídia.

 

Figura 7: Abertura das linhas de plantio.

Durante os plantios das culturas de ciclo anual fora percebido que o dimensionamento da quantidade de sementes de milho crioulo 'Palha Roxa' não cobriria todas as ruas. A intenção era reproduzir mais sementes da variedade oriunda de Cunha, que fora cultivada em Lagoinha (2018-19) e multiplicada no Polo da APTA em Pindamonhangaba (2019-20) para distribuição aos produtores. Já com hibisco tem se a intenção de produzir flores e colher seus cálices para a produção de geleias e chás.

A próxima atividade neste SAF será a manutenção e o monitoramento, com capinas seletivas, verificação do pegamento das estacas; raleamento das linhas de hibisco, plantios de enriquecimento e substituição de mudas.


Figura 8: Preparo do "barro" com topsoil e termofosfato para as estacas de gliricídia.

 

Figura 9: Diversidade de Mudas.

 

Figura 10: Vista com estacas de gliricídia.

GLIRICÍDIA - Gliricidia sepium

Essa espécie é uma árvore leguminosa que fixa nitrogênio em associação de simbiose com bactérias benéficas que se instalam nas raízes formando nódulos (bolinhas com interior avermelhado). Nessa associação a árvore converte o nitrogênio em açúcares por meio da fotossíntese. Os açúcares solúveis são essenciais para a bactéria e para o crescimento do vegetal. 

A gliricídia, no SAF, é considerada uma árvore de serviço: pode ser podada e o material da parte aérea rico em nitrogênio utilizado para a adubação das culturas em associação; é considerada um tutor para o cultivo de espécies trepadeiras, como a fava, pitaya, maracujá e outras; pode ser manejada para sombreamento e bem estar animal (sistema silvipastoril) além de forragem rica em proteína para o gado.

O preparo das estacas: corte apontando a ponta feito um lápis para fincar a estaca no fundo do berço (cova); piques (3 a 5) com facão lateralmente (isso, até altura de 40 cm a partir da base que deve ficar enterrada no solo) - é dos cortes (piques) e das laterais da 'ponta do lápis' que sairão as raízes; passar barro com a mistura de fonte de fósforo não solúvel (fósforo mineral como o termofosfato), com terra peneirada coletada das raízes de outras árvores leguminosas (sansão do campo, anjico, ingá e outras). Essa terra de raízes de leguminosas contém as bactérias (inoculante natural) para que as estacas comecem desde cedo o processo de fixação do nitrogênio. O fósforo é essencial para que a bactéria inicie seus trabalhos em simbiose com a planta.

AVALIAÇÃO 

Ao fim do mutirão uma roda de conversa, à sombra de uma lichieira, foi aberta para que cada participante apresentasse suas impressões sobre as atividades realizadas.

 APOIO:

Projetos da APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios:

- Vitrine Agroecológica: as bases das pesquisas em Agroecologia - produção de sementes e empréstimos de ferramentas.

- Avaliação de crescimento e produção de espécies florestais nativas e culturas usando os modelos 3-PG e YieldSafe - FAPESP Processo 18/17044-4: compra de sementes e coveador apra o plantio. 

Adaptação, complementação e revisão: Pesquisador Antonio Carlos Pries Devide

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