Data: 29/09/2021 das 8 as 15 horas.
Por: Ceceo Chaves - Engenheiro Agrônomo da URBAM, membro fundador da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba, responsável por articular os agricultores para implantação de SAF experimentais na APTA - Polo Regional do Vale do Paraíba entre os anos de 2014-2016.
Objetivo: capacitar os funcionários da URBAM, empresa pública de São José dos Campos, que atuam em atividades de recomposição florestal.
Metodologia/ Conteúdo programático: Visita aos módulos de restauração florestal e banco de sementes de adubação verde da APTA. Técnicas de plantio e manejo de espécies utilizadas para adubação verde, cercas vivas e cordões vegetados em sistemas de restauração florestal. Manejo da matéria orgânica nos sistemas. Métodos de restauração com sementes X restauração com mudas.
Local: Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio, Polo Regional Vale do Paraíba – Avenida Dr. Antônio Pinheiro Junior, 4009 - Pindamonhangaba SP.
Professores/facilitadores: Antonio Carlos Pries Devide e Cristina Maria de Castro, pesquisadores da APTA.
Introdução
Participaram desta capacitação 18 funcionários da URBAM , sendo que 17 não tinham praticamente nenhuma experiência com agroecologia, adubação verde e os temas abordados. Todos trabalharam até o momento apenas com arborização urbana, paisagismo , viveiros e sistemas de restauração florestal simplificados que utilizam apenas plantios das mudas nativas exigidas nas compensações determinadas pela CETESB. Esses sistemas simplificados geralmente são pouco eficientes, com alta mortalidade de mudas, desenvolvimento lento e altos custos de manutenção , principalmente com a roçada das gramíneas espontâneas e reposição de mudas. Ao encerrar o processo de compensação (geralmente 36 meses após a conclusão do plantio), a diversidade de espécies arbóreas é muitas vezes baixa, predominando espécies pioneiras de crescimento mais rápido que geralmente são as espécies menos ameaçadas e de menor importância ecológica.
Objetivos:
Essa capacitação visou mudar a realidade dos trabalhos de restauração florestal realizados pela URBAM, empoderando os funcionários na compreensão da dinâmica dos sistemas, tornando-os ativos nos processos de decisão e não apenas meros executores das ordens dos responsáveis técnicos. Com emprego de plantas de serviço (adubação verde) e manejo da matéria orgânica espera-se aumentar a eficiência da mão de obra empregada, reduzindo a necessidade de roçadas e reposição de mudas e um desenvolvimento mais rápido das mudas nativas com resultado final mais biodiverso e ecologicamente relevante.
Desenvolvimento das atividades:
Conhecendo um módulo de SAF:
O dia iniciou com visita ao módulo SAF mais recente da APTA, (macaúba, frutas nativas, banana, mandioca , gliricídia e outras plantas de serviço) onde o pesquisador da APTA Antonio Devide apresentou uma breve introdução aos sistemas agroflorestais e de restauração florestal produtiva com emprego de plantas de serviço (adubações verdes) e as diversas vantagens em relação aos sistemas de restauração simplificados sem o emprego de outras plantas além das árboreas nativas (Figura 1).
Atividade prática:
Após conhecer um modelo de sistema já implantado como exemplo, o grupo realizou a prática de plantio escalonado de um pequeno módulo de 500 m2 com plantio de Eritrina (árvore nativa da mata atlântica, pioneira de rápido crescimento) feijão de porco e mamona como adubação verde, banana BRS Princesa, tipo maçã, cultivar da Embrapa tolerante ao mal do panamá e quiabo. Estas espécies plantadas inicialmente são pioneiras, de rápido crescimento para recobrimento da área. Posteriormente numa 2° etapa de plantio serão plantadas espécies secundárias de crescimento mais lento e que se desenvolvem melhor nos ambientes parcialmente sombreados e mais protegidos proporcionados pelas plantas de recobrimento.
Conhecendo outros sistemas de restauração produtivos:
Após a prática de plantio foi realizada visita a outros módulos de restauração mais antigos, instalados na APTA. No “SAF Olho D’água” cuja implantação iniciou em janeiro de 2012 e encerrou em 2013 os visitantes puderam conhecer as diferenças entre os plantios realizados a partir de sementes e os realizados com mudas. Nessa área de 2000 m² foi realizado plantio no espaçamento comercial em área total de banana BRS Conquista, cultivar tolerante às principais doenças que atacam a cultura da banana juntamente com diversas árvores nativas como o guapuruvú e a palmeira jerivá e as frutíferas grumixama, araçá, cabeludinha, entre outras.
Em seguida o grupo conheceu uma área de pouco mais de 1 hectare , vizinha ao SAF olho d’água onde foi realizado um plantio de restauração exclusivo com sementes, em área total no sistema muvuca de sementes. Nessa área foram semeadas diversas espécies de adubação verde como feijão de porco e crotalária (exóticas) com adubações verdes nativas como o Anil (Indigofera tinctoria) e diversas espécies arbóreas nativas como pau viola, jatobá, sangra d'água e outras (Figura 2).
O pesquisador ressaltou as vantagens do plantio por sementes, que é realizado muito mais rápido e com baixo custo e ´menor necessidade de mão de obra em relação ao plantio de sementes. Um diferencial específico desse plantio é o uso de espécies nativas como adubação verde (o anil por exemplo) ao invés de apenas as espécies exóticas mais comumente utilizadas.
No período da tarde foram visitados ou 2 módulos de SAF mais antigos da APTA , implantados em 2011, o SAF Pupunha e o SAF Banana. Nesses locais falou-se sobre a importância de fechar a área com cerca viva (nesse caso cerca de margaridão) para reduzir efeito de borda e a entrada de sementes de gramíneas indesejadas nos sistemas com o vento. Conheceram as espécies exóticas ornamentais que ocupam espaços no sistema e podem ser consideradas invasoras embora realizem a função ecológica ocupando o extrato herbáceo no sistema. Também viram os rizomas de cúrcuma espalhados na área que se desenvolvem espontaneamente com o início das chuvas, podendo ser colhidos todos os anos sem a necessidade de replantio posterior. Em ambos os módulos, as bananeiras plantadas inicialmente foram retiradas do sistema devido ao sombreamento proporcionado com o avanço do desenvolvimento das árvores nos sistemas (Figura 3).
Ao final conheceram o horta/coleção de PANCs apresentada pela pesquisadora Cristina Castro com diversas espécies que toleram sombra e podem ser cultivadas nos sistemas agroflorestais, e o banco de sementes de adubação verde podendo conhecer as diversas espécies e suas aplicações na restauração florestal.
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