21 de fev. de 2022

MUTIRÕES DE PLANTIO AGROFLORESTAL NO SÍTIO NOSSA SENHORA APARECIDA - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP

Datas: 30 de janeiro, 03, 06 e 13 de fevereiro de 2022
Local: Sítio Nossa Senhora Aparecida, Assentamento Nova Esperança, São José dos Campos-SP

 

Figura 1. Equipe do mutirão agroflorestal do dia 06/02/2022.

Por 
Débora Olivato
Pesquisadora do Programa CEMADEN Educação - Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, MCTI - Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovações

Humberto Gallo Junior
Pesquisador do Instituto de Pesquisas Ambientais - IPA/SIMA-SP, Taubaté/SP

Luciano Reis
Agroflorestor do Sítio Nossa Senhora Aparecida e coordenador da CSA Pindorama

Neste início de 2022, foram realizados diversos mutirões no Sítio Nossa Senhora Aparecida, localizado no Assentamento Nova Esperança em São José dos Campos – SP para o reflorestamento de uma área degradada, com base no sistema agroflorestal (Figura 1).

Esse é mais um dos projetos sustentáveis que o Sítio acolhe. Outros exemplos de projetos desenvolvidos são o manejo orgânico, a inserção da produção de hortaliças nos moldes da agricultura sintrópica, a expansão das áreas de sistemas agroflorestais (SAF), produção de shimeji e a formação de uma Comunidade que Sustenta a Agricultura familiar – CSA.

O terreno reflorestado foi um topo de morro, próximo a uma área de preservação permanente com nascentes, que sofreu um incêndio ocasional em 2020 (Figura 2). Dentre os objetivos desta ação estão a recuperação ambiental por meio da SAF com um consórcio de mudas de espécies florestais e frutíferas com ênfase nas nativas e diversidade de Citrus, para o aumento da recarga hídrica e combate ao escoamento superficial da água da chuva.

Figura 2. Área de restauração com SAF visando o reforço da re/carga hídrica e combate à erosão.

Esse conjunto de ações, orquestrado pelo agroflorestor Luciano Reis, teve o apoio do Instituto Auá, por meio do projeto Semeando Economia Verde na Mata Atlântica, e de outras instituições, como a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, a CSA Pindorama, a Biblioteca Lucio Reis, Adubamente e Empresa de Consultoria Ciranda Ecológica.  

Os mutirões ocorreram nos dias 30 de janeiro, 03, 06 e 13 de fevereiro de 2022, numa área de 2 hectares, onde foram constituídas 07 linhas para o plantio de 21 espécies, sendo elas: algodoeiro, angico branco, araçá amarelo, araçá do campo, aroeira pimenteira, aroeira preta, babosa branca, canafístula, copaíba, cabeludinha, goiaba, guapuruvu, figueira branca, guaratã, guaritá, ingá, jacarandá, mutambo, sabão de soldado, tamanqueira, sangra d'água, urucum, grumixama, guanandi e ipê branco (Figura 3).

Figura 3. Mudas de citros (sacolas) e diversidade de nativas (bandejas).

Para adubação dos berços utilizou-se potássio (ekosil = rocha moída), calcário, torta de mamona e composto orgânico. A adubação verde foi formada por um coquetel de sementes contendo feijão de porco, feijão guandu, nabo forrageiro, crotalária, urucum, aroeira pimenteira e quiabo caturrão. Ainda foram plantadas abóboras em 3 linhas, no pé das mudas. 

A realização do plantio direto, com a distribuição adequada das espécies nos 07 canteiros apenas roçados, teve como base a filosofia do SAF, a partir do estudo da paisagem, dos grupos, funções e preferências ecológicos das espécies arbóreas utilizadas, com orientações de Antonio Carlos Devide, da Rede Agroflorestal Vale do Paraíba, do consultor Vinícius Favato (Ciranda Ecológica) e do agroflorestor Luciano Reis (Figura 4).

Figura 4. Diálogo sobre estudo da paisagem, grupos e preferências ecológicas das espécies utilizadas para fins de organização das mudas com base em consórcios para o plantio.

O plantio direto foi feito em linhas (Figura 5), com citros a cada 4 metros, intercalados com espécies florestais e frutíferas nativas. No primeiro mutirão (30/01), por exemplo, foram plantadas 7 linhas com 50 metros (350 metros lineares), com mudas nativas e frutíferas a 1 metro de distância uma da outra e entre linhas de 3 metros. No mutirão do dia 06/02 foram plantadas 6 linhas, totalizando 210 metros lineares (Figura 5). O espaçamento de 3 metros entre as linhas será utilizado para o plantio futuro de batata inglesa com semeadura de capim marandú (Andropogon gayanus).

 
Figura 5. Faixas roçadas para o plantio direto de mudas e adubação verde intercalada com faixa de vegetação nativa com berços abertos com motocoveador e capina seletiva da braquiária para o plantio de diversidade de mudas nativas.

O grupo de voluntários foi acolhido pela família do sitiante com muito carinho. Foi realizado café comunitário e almoço com produtos orgânicos colhidos no próprio sítio. Em todas as etapas houve medidas de segurança para evitar a transmissão do COVID-19, como uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social e muito respeito. A realização dos mutirões proporcionou muito aprendizado e troca de experiências, demonstrando a importância dos trabalhos desenvolvidos em rede.

Edição para o blog

Antonio C. P. Devide – Pesquisador da APTA Vale do Paraíba

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